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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Mensagem de Julian Assange sobre censura na internet

por Bruno Santos

O futuro da Humanidade é a luta entre seres humanos que controlam as máquinas e as máquinas que controlam seres humanos.

A Internet representou uma espécie de revolução na nossa capacidade de nos educarmos uns aos outros, facto que originou uma verdadeira explosão democrática e abalou o núcleo dos poderes instituídos. Uma das consequências dessa explosão foi o florescimento de super Estados Digitais como a Google, o Facebook e os seus equivalentes chineses, que se integraram na Ordem existente e passaram a exercer controlo absoluto sobre o discurso e a informação. Não se trata de uma simples acção correctiva. A persuasão oculta exercida de modo intensivo por instrumentos controlados pela Inteligência Artificial representa hoje uma séria ameaça à própria existência da Humanidade.

Entre as brumas da memória


Dica (698)

Posted: 17 Jan 2018 01:44 PM PST

Philip Roth: “Ninguna de las conductas más extremas que han salido en los periódicos me sorprende”

«El autor analiza el movimiento #MeToo, la presidencia de Donald Trump y su retirada de la escritura en una entrevista con 'The New York Times'.»

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17.01.1944 – Françoise Hardy

Posted: 17 Jan 2018 09:10 AM PST

Françoise Hardy faz hoje 74 anos. Em 20015, em luta contra um cancro, anunciou que tinha posto fim à carreira. Mas venceu o dito cancro e não passou de mais um hoax uma notícia que circulou esta semana anunciando a sua morte. Pelo contrário, está bem viva e leio hoje que trabalha num novo álbum com doze canções, que, diz ela,  «parle de choses en rapport avec mon âge». Nada mal!

Seja como for, quando desaparecer, nós, «les garçons et les filles de son âge», ficaremos para sempre a dever-lhe memórias de ternura e de inocência. Voltar a ouvi-la, nos seus primeiros tempos, devolve-nos uma ingenuidade que parece hoje irreal, quase impossível que alguma vez tenha existido.

Do seu álbum de 2012:
E, inevitavelmente, o início de tudo (1962), a canção ícone que ficou para sempre, com letra e música de sua autoria:
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Mas que país é este?

Posted: 17 Jan 2018 07:27 AM PST

Ninguém me contou, isto está mesmo na página do Facebook da PSP:

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Toca a vender a alma ao diabo

Posted: 17 Jan 2018 03:31 AM PST

«A recomendação é de Ferreira Leite para o presidente-eleito Rui Rio e já deu que falar: desunhe-se, se preciso for venda a alma ao diabo para correr com a esquerda do estribo do gabinete do Dr. Costa, se não mesmo da sua mesa, sabe-se lá onde essa gente se instalou. A bem dizer, Rio já tinha dito isso, sem ter que invocar o inconveniente diabo, que tem entre os laranjas a má fama de nunca chegar a horas. A tomar por certo o que correu o risco de anunciar durante a sua campanha, o objetivo de Rio é mesmo esse. Perdendo dentro de dois anos, vai já adiantando que a moral e os bons costumes recomendam que dê uma mão ao estouvado do Dr. Costa para o aliviar das más influências.

PUB Imagino os sorrisos de auto-condescendência no Bloco e no PCP. Afinal de contas, se o intuito da direita ao renovar-se é condensar a sua política no objectivo estratégico de se aliar ao PS no temor de que, preso a acordos com a esquerda, aquele partido amanse os seus compromissos europeus e outros avulsos, a começar pelo patronato que ama as leis laborais troikistas e pelos interesses que estremecem quando se fazem contas às rendas, então as esquerdas não poderiam exibir melhor certificado de competência e vitória. Nunca a esquerda foi tão evidentemente definida como o eixo da política pela direita. É aliás cândido que Rio tenha feito dessa subserviência ao PS um mote de campanha, e é não menos arrebatador que os incentivos que recebe, já de vitória no bolso, lhe peçam que não saia dessa sua linha de rumo.

Claro que para o PSD isso é suicidário. Votem-em-mim-para-eu-apoiar-o-PS é uma frivolidade, para os eleitores mais crédulos mais vale então votar no PS. Isso já se verificou em minúscula escala na última eleição, noutro quadrante, e não deixa de ser curioso que o PSD, à direita, acredite que se reforça com uma política que anuncia o seu próprio fracasso como alternativa. Mas é assim mesmo e a realidade impõe-se contra os cálculos: para a direita económica, o único desígnio presente é dar a maioria absoluta ao PS, sozinho ou em bloco central, na esperança de o trazer ao redil da saudosa tradição liberal, os mercados a tomarem conta da segurança social e da saúde, já para não esquecer os transportes de Lisboa e Porto que estavam prometidos a quem de direito. O conforto de alma, o fim de sobressaltos e da incerteza sobre a relação de forças, que os ministros são tão volúveis, tudo advoga esse bloco central, para uma direita que prefere perder por cem a perder por mil.

Acresce que esta linha diabista tem muitos entusiastas. Para a esquerda, é o cenário de sonho: a haver incerteza sobre se o PS se alia a Rio, nem é preciso fazer campanha sobre a necessidade de uma posição forte para que Portugal não retorne à pasmaceira da austeridade. Para o PS também não é mau, os que acham que o bloco central é uma segunda pele ficam aliviados e os que acham que o PSD deve ser reduzido a uma periferia política ficam animados. Para o CDS, interessante, fica com algum espaço, mesmo se a catadura de Rio lhe pode ganhar alguma “classe média”.

Fica um problema, que não é de somenos. Tal estratégia tem um preço de regime. O bloco central é uma coisa nos anos oitenta, saídos da revolução e com aflições constitucionais, e outra nos tempos de crise dos partidos quarentões. Assim, o único bloco central que os poderes económicos pretendem é mesmo a maioria absoluta do PS para que o tempo volte para trás. Tanto pior para as direitas.

Por isso, sem querer desmerecer a primazia do conselho de Ferreira Leite, repito com ela: Dr. Rio, venda mesmo a alma ao diabo, que nesse comércio espiritual é de aproveitar o momento em que a cotação vai alta. É a lei do mercado, percebe?»

Francisco Louçã

5 cruzeiros e passeios de barco para descobrir Portugal

por admin

A partir do rio e do mar, em cruzeiros e passeios de barco, propomos 5 programas para um fim de semana à descoberta de uma face diferente do país. Se conhece o país de norte a sul e Portugal já não tem muitos segredos para si, venha descobrir um ponto de vista diferente. Nos cruzeiros e passeios de barco que podemos fazer pelos nossos rios e costa há muito que encontrar e experimentar. Velhas paisagens que conhecemos tão bem ganham uma nova perspectiva, cores e sabores. Do Douro à Ria Formosa, venha connosco num cruzeiro à procura de um país que nem sabíamos que existia!

1. Douro

Para além dos passeios de algumas horas que pode fazer na foz do Douro, até Barca de Alva há muito rio para descobrir. Há cerca de 60 operadores, com 147 embarcações, 20 das quais são barcos-hotéis. Os cruzeiros do Douro estão em pleno crescimento e em 2017 deverão chegar ao milhão de turistas.

Rio Douro

Rio Douro

Curiosamente, já não são só os estrangeiros a vir conhecer a Régua ou o Vale do Côa de barco. Há cada vez mais passageiros portugueses em busca destas belíssimas paisagens e da sua tranquilidade. Das arribas brutas do Douro Internacional ao rendilhado dos socalcos das vinhas, é uma sucessão de vistas magníficas.

2. Alqueva

O Grande Lago do Alqueva já marca a paisagem desde 2004 mas ainda é um ilustre desconhecido para muitos portugueses. As estruturas necessárias ao turismo têm levado algum tempo a ser construídas, mas já há peças suficientes para nos levar até ao Alentejo.

paisagens mais bonitas de PortugalAlentejo

O clima ameno durante todo o ano convida a mais escapadelas e também aqui podemos fazer passeios de barco. Da marina da Amieira ou do cais da barragem partem cruzeiros curtos para conhecer a vida natural e as aldeias. Existem também diversos percursos com durações entre uma hora e um dia inteiro com almoço numa das aldeias ribeirinhas do Alqueva.

3. Tejo

Ao chegar ao mar, o maior dos rios portugueses oferece uma vista única sobre Lisboa. Para a apreciarmos as hipóteses são muitas e variadas, conforme a carteira e os gostos de cada um. À vela, o Leão Holandês e a Teimoso Tours oferecem cursos de vela e passeios de duas horas. A Palma Yatchs leva-nos a ver o pôr do sol e a comer sushi.

cidade mais bonita do MundoPonte 25 de Abril

Se quiser seguir direcção oposta, rio acima, o cenário muda. Vamos encontrar muita vida selvagem com a Rio-a-Dentro e descobrir os avieiros com a Ollem. Se nunca visitou as ilhotas e recantos que o Tejo forma a poucos quilómetros da capital, é uma oportunidade imperdível.

4. Sado

Com a Serra da Arrábida a preencher-nos a vista, o fim do Sado é um palco fabuloso. Os programas durante todo o ano são variadíssimos e até incluem as iguarias da região. A observação de Golfinhos, os Roazes Corvineiros que aqui moram, é relativamente fácil e comum se for com quem percebe.

praias mais bonitas da Arrábida

Serra da Arrábida

A Sado Arrábida tem licença para observar cetáceos e conta com uma taxa de sucesso de 95% nos passeios que organiza. Há ainda almoços e provas comentadas por enólogos da região e sunset parties na companhia do vinho local. Para conhecer apenas a paisagem, há mini-cruzeiros que passam pelas praias com almoços a bordo.

5. Ria Formosa

Entre Faro e Vila Real de Santo António, a Ria Formosa é um pedaço muito especial do Algarve. O turismo não pára aqui, mas é fácil de nos isolarmos do mundo. Entre os bancos de areia, ilhéus e formações que a maré cria e recria todos os dias, é possível programar uma escapadela romântica ou um fim-de-semana a dois e aproveitar o melhor que o Algarve tem para nos dar.

locais para visitar no AlgarveRia Formosa

A Passeios Ria Formosa propõe um jantar num veleiro ancorado numa das lagoas da Ria. Oferecem-lhe o transporte até ao barco, onde o menu inclui ostras e outros mariscos, vinho fresco e sobremesa. Se preferir jantar enquanto navega, a Active Bookings leva-o para um passeio, enquanto degusta champanhe “Moët & Chandon”. Com partidas em Olhão e Faro, a Natura Algarve oferece propostas românticas.

Fonte: quilometrosquecontam.com

Rui Rio daqui a dois anos? Vá para a sala de espera do diabo

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, In Expresso Diário, 17/01/2018) 

Daniel

Daniel Oliveira

Fazer previsões a dois anos de distância é absurdo. Muita coisa pode acontecer a um governo que ainda está a meio do mandato. E muita coisa pode acontecer nos meses anteriores às eleições. Há, no entanto, algumas coisas que sabemos pela experiência das últimas décadas. Que só ao fim de muito tempo, por cansaço acumulado, governos caem em tempos de recuperação de rendimento e emprego. Vivemos muito embrenhados nos casos mediáticos, mas continuam a ser as condições materiais de vida dos cidadãos que determinam, antes de tudo, o seu voto. Mesmo o PSD e o CDS, que conseguiram um dos piores resultados da direita nacional nas últimas eleições, só ficaram (coligados) à frente do PS porque no ano anterior reduziram drasticamente as medidas de austeridade, permitindo um alívio nas carteiras dos portugueses.

Não há, com os dados que conhecemos, nada que aponte para a derrota do PS e do conjunto da esquerda nas próximas eleições. Mesmo os incêndios tiveram, se olharmos para as sondagens e para as eleições autárquicas depois de Pedrógão (mas antes de outubro), pouco efeito no sentido de voto. E é difícil um governo passar por maior tragédia do que aquelas. Quanto à degradação da qualidade dos serviços públicos, que se agudiza desde o início do século, pouco se pode fazer dentro dos constrangimentos europeus que a maioria do país aceita. Andamos apenas a adiar o colapso. Dificilmente algum governo conseguirá fazer o milagre de continuar a ter um superavit primário e não rapar no fundo do tacho do Serviço Nacional de Saúde e do Estado Social.

O que pode acontecer à “geringonça” é interno à “geringonça” e será, mais do que o PSD, determinante para a divisão de votos. Se as pessoas perceberem que Bloco de Esquerda e PCP estão empenhados, de forma ativamente crítica, numa solução à esquerda, os três partidos partilharão os resultados de um mandato globalmente positivos. Se os sinais de rutura forem claros ou mesmo explícitos, o PS terá condições para conquistar uma maioria absoluta.

Compreendo o raciocínio que Rui Rio, de forma um pouco cândida, tentou explicar a Pedro Santana Lopes: se o PSD disser que não viabiliza um governo minoritário de António Costa os eleitores de centro-direita tenderão a votar útil no PS, para que ele governe sozinho. Ele não disse que eram os de centro-direita, mas digo eu. Porque, como indicam todos os estudos de opinião, a esmagadora maioria dos eleitores tradicionais dos três partidos da “geringonça” estão satisfeitos com esta solução. Mesmo os eleitores socialistas parecem, depois da experiência de Sócrates, confiar mais num PS dependente de outros partidos do que numa maioria absoluta. E os eleitores do BE e do PCP, mesmo que gostassem de ver este governo ir mais longe, preferem ver os partidos em que votaram a determinar aspetos fundamentais da governação do que a ouvi-los apenas a protestar, na oposição.

Na realidade, a “geringonça” agrada, segundo todas as sondagens, a mais pessoas do que aquelas que votaram nos três partidos que a construíram. Ignorar isto é construir castelos no ar. Claro que se a economia e o emprego correrem mal tudo isto muda. Mas, com os dados que temos, o discurso baseado na ideia de “libertar o governo das garras da extrema-esquerda” dirige-se aos convertidos. Não tem qualquer efeito num eleitorado de centro que não se sente no meio de um processo revolucionário. O país não vive nas redes sociais nem é representado pelos colunistas.

Os apelos ao bloco central também não têm qualquer futuro. Bem sei que muitos se convenceram que António Costa fez nascer a “geringonça” por mero taticismo. Também foi isso. Todos os momentos históricos misturam estratégia e tática, premeditação e conjuntura. Mas quando Costa deu este passo, que tudo indica que já tinha sido discutido com o PCP antes das eleições, olhou para o futuro. Percebeu que com dois partidos médios à sua esquerda as maiorias absolutas iam ser cada vez mais excecionais. Sem quebrar o tabu ficaria eternamente dependente da direita para governar. E Costa, que é tudo menos falho de instinto político, sabe o que está a acontecer aos partidos socialistas e social-democratas que se mantiveram num bloco central anacrónico: estão a morrer. Do PASOK ao SPD, passando pelos socialistas holandeses. É por isso que o PSOE se recusa a qualquer entendimento com o PP e o Labour virou à esquerda. Mesmo o SPD resiste até ao limite na renovação do acordo com a CDU. António Costa não descobriu a pólvora. O bloco central só não foi dinamitado onde não havia qualquer alternativa. Só se fosse louco é que Costa preferia depender do PSD, tendo de lhe ceder e deixando livre o espaço de crescimento à sua esquerda. Só haverá um governo socialista dependente do PSD se BE e PCP o quiserem. E se o derem a entender antes das eleições até é provável que ofereçam uma maioria absoluta ao PS. Com os dados que temos hoje, esse é um filão sem futuro.

Não sei se Rui Rio trabalha para os próximos dois anos ou tem uma visão que ultrapassa as próximas eleições. Se o seu prazo de validade são as próximas legislativas, não há grandes razões para o PSD estar otimista. Resta-lhe a mesma estratégia de Passos: esperar que as coisas corram mal na economia. E, desta vez, tentar que os portugueses não notem a sua esperança. Se, pelo contrário, pensa para depois de 2019, tem tempo para se construir como alternativa.

Se não se perder em diatribes liberais que agradam a meia dúzia de colunistas, Rui Rio pode representar com eficácia a direita nacional. Basta acrescentar ao programa que a direita tem há anos (fazendo dele menos alarde ideológico do que Passos Coelho) um vago patriotismo simbólico. E, como estilo de liderança, alimentar um distanciamento altivo em relação ao burburinho mediático, que lhe é natural e o distingue de Marcelo. Rui Rio tem tudo para ser melhor cavaquista do que Cavaco. Tem o perfil ético que sempre faltou ao anterior Presidente da República e partilha com ele o gosto pelo exercício um pouco mais musculado do poder. Mas precisa de pelo menos seis anos para receber o poder como quase todos os últimos primeiros-ministros o receberam: por cansaço ou falhanço de quem está no governo. A questão é se resiste a tão longa travessia do deserto. Se é para daqui a dois, apenas mudou o turno dos que fazem política na sala de espera do diabo.

Fazem tudo para nos assustar, mas as razões objetivas desmentem-nos!

por estatuadesal

(Por Jorge Rocha, in Blog Ventos Semeados, 17/01/2018)

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Todos os meses a Associação Gandaia da Costa da Caparica organiza, sob a égide do escritor Reinaldo Ribeiro, um debate sobre um ou mais temas da atualidade. No de ontem, e por ser o primeiro do ano, decidiu-se que ele seria de Mesa Aberta, ou seja, disponibilizando-se o espaço de troca de ideias para aquelas que a assistência entendesse como as mais pertinentes.

Vindo a talhe de foice alguns dos temas de recente atualidade - incêndios vs. indicadores económicos, trumpismo, guerra na Síria, aquecimento global, ameaça nuclear - duas atitudes vieram ao de cima: as mais abertamente otimistas e as depressivamente pessimistas.

Não preciso de me alongar muito em que lado de tais posicionamentos me situei: as ideias que professo levam-me a ir mais além do que a célebre fórmula de Gramsci, assumindo-me como otimista na Razão e muito, mas muito, otimista na vontade.

É verdade que os quotidianos telejornais justificam o temor de muitos quanto à nossa aproximação de um inevitável Apocalipse, seja na forma de um inverno nuclear, seja no de uma fome generalizada, seja no de guerras à escala global motivadas por grandes migrações de populações devastadas por inundações, secas e outros efeitos das alterações climáticas.

Essa atitude leva-me a evocar o terror em que Virginia Woolf ou Stefan Zweig terão vivido os seus derradeiros dias antes de se suicidarem, convencidos da inevitabilidade da vitória nazi, que tenderia a dar-lhes o  mesmo destino, que aos de milhões de seus semelhantes, sujeitos por essa altura a encarneirarem-se para os fornos crematórios.

Socorro-me por isso de um trecho do artigo hoje publicado no «Diário de Notícias» por Viriato Soromenho Marques em que este lembra que “as melhores armas desenvolvidas entre 1939 e 1945, com a exceção da bomba atómica, foram produzidas pela Alemanha. Os melhores submarinos, os melhores carros de combate (como o Tiger e o Panther), os primeiros aviões a jato (Heinkel He 178), os primeiros equipamentos de visão noturna, os primeiros mísseis de cruzeiro (V1), os primeiros mísseis balísticos (V2). Contudo, e apesar das suas pioneiras "armas secretas", a Alemanha perdeu a guerra. Os erros políticos e estratégicos na condução da guerra, multiplicando as frentes, subestimando os inimigos e sobrestimando as forças próprias, esmagaram os ganhos da superioridade tecnológica e do talento militar, esgotaram o espaço de manobra que é uma condição indispensável para a vitória.”

É, pois, a própria História a ensinar-nos que, se formos suficientemente inteligentes e determinados no esforço de contrariarmos as ameaças mais intimidantes, elas acabarão por ser vencidas.

Esta lição também é verdadeira para outro dos temas, que temos na ordem do dia: a estratégia inaceitável das grandes empresas - e estamos aqui a falar da EDP e da Galp - para contrariarem a governação socialista escusando-se ao pagamento de impostos. Algo que os grandes operadores de televisão por cabo também andam a teimar como forma de recusarem o seu contributo para o financiamento do cinema nacional.

Aqui nem se compreende a tibieza com que o governo tem tratado este assunto: sendo impostos decididos legitimamente pelos poderes  legislativo e executivo, não pode haver contemplações com quem se quer ufanar de incumprimento das obrigações fiscais. No Parlamento, o ministro da Economia proclamou o óbvio: "Porque não é aceitável que as empresas digam que não querem pagar porque concordam ou não com o Governo, porque concordam ou não com o imposto. Não nos é perguntado a nenhum de nós, e é essa a natureza dos impostos, se concordamos ou não, não é perguntado a quem tem obrigações fiscais. A única resposta que [a EDP e a Galp] têm de dar é cumprir as suas obrigações fiscais". Agora Manuel Caldeira Cabral só tem de ser consequente com tais palavras e fazê-las cumprir. Tanto mais que as reservas agora levantadas pela empresa de Mexia nunca existiram enquanto Passos Coelho foi primeiro-ministro. Se isto não é a tentativa de boicote ao governo atual, não sei que mais será preciso demonstrar.

Mas esse tal capitalismo em pantanas, que se procura eternizar, mesmo já não tendo condições geográficas para se expandir e assegurar o seu imprescindível crescimento - chegado o tempo da globalização para onde pode agora ampliar-se? Para Marte? Para Alfa de Centauro? - vem ensaiando uma nova tática a nível internacional, que mais não constitui do que uma recauchutagem da Terceira Via: quando surgiu na paisagem política francesa, Emmanuel Macron, era tido como um banqueiro próximo dos socialistas (como se essas duas condições não se excluíssem por natureza…).

Candidato ao Eliseu, conseguiu destruir o Partido, que o tinha feito ministro (que acaba agora de vender a sede histórica de Marselha, depois de já o ter feito com a de Paris e ainda mantendo-se abaixo da linha de água a nível financeiro), apresentando-se como um político independente, mas situado na matriz de centro-esquerda, o que tendo em conta a alternativa (Marine le Pen) acabava por representar um mal menor.

A surpresa que muitos dos antigos deputados e outros altos quadros do Partido Socialista, que se mudaram de armas e bagagens para o seu movimento En Marche, é que, quer na emigração, quer nos refugiados, quer sobretudo no indecoroso aumento das desigualdades de rendimentos entre os muito ricos e os demais extratos da população, o banqueiro confirmou a sua natureza. A revisão das leis fiscais, agora  apresentada, não desmerece da de Trump, que consegue exatamente o mesmo: a redução dos impostos para a minoria mais abastada e o agravamento da dos demais. Daí que haja já quem se comece a interrogar se não vendeu a alma ao Diabo. Que, afinal, em vez de andar a iluminar as expetativas dos principais apaniguados do PSD, parece andar à solta por terras gaulesas.

Uma Sociedade de Idosos


Uma Sociedade de Idosos

por estatuadesal

(Por Dieter Dillinger, in Facebook, 17/01/2018)

idosos

Voltando ao Hospital Amadora Sintra verifiquei que todos os acamados que vi e nas urgências eram pessoas muito idosas.

O vizinho do meu amigo tem 86 anos e quase não dá conta de si e o da outra cama deve andar por perto.

Efectivamente, no ano passado devem ter falecido umas 112.000 pessoas e terão nascido 87.200. O país terá perdido 24.800 pessoas ou, principalmente, nascituros.

Não é nada que não esteja previsto, sem qualquer estudo demográfico, sociológico ou o quer que seja.

Basta a olhar à nossa volta, ver os idosos familiares e amigos partirem e reparar que só existe classe média com dois cônjuges a serem explorados e nenhum ou um filho.

Por um lado será um mal, mas por outro nega a tese dos milionários e seus representantes políticos da falta de sustentabilidade da Segurança Social.

A esperança de vida atingiu os 81,5 anos em 2017, mas com ela aumenta a mortalidade e até diminui o número de pensionistas, pela simples razão de que não ficamos por cá.

Temos 2,8 milhões de pensionistas que deverão descrescer nos próximos anos e décadas, mesmo vivendo mais. Quanto maior for o volume dos idosos maior será a mortalidade, já que a mortalidade infantil ronda os 3 por mil e durante a maior parte da vida morre-se por acidente e, mesmo assim, já morreram 2.500 pessoas por ano na estrada e agora andam perto das 500. O INEM, os helicópteros de salvamento no mar e transporte de acidentados e doentes, os bombeiros e hospitais salvam muitas vidas por ano.

Para aumentar a natalidade é fundamental isentar das fórmulas que acomodam a sustentabilidade das pensões para baixo a todos os casais que tenham dois ou mais filhos. Com os filhos já estão a garantir a sustentabilidade futura da segurança social.

Por outro lado, as empresas e o Estado devem ser mais amigos das crianças a nascer e proporcionar alguns meios e horários para que os trabalhadores possam cuidar da sua prole.

Se os multimilionários dos gigantes empresariais tipo Pinto Doce, Continente e outros não fazem nada, um dia não terão clientes.

Portugal já só tem uns 10,3 milhões de habitantes e reparem os milionários exploradores que os idosos tendem a gastar muito pouco, excepto medicamentos e cuidados de saúde.

Não será, pois, pela descida das pensões de reforma, como querem os representantes PPD/PP dos milionários, que se encontra a sustentabilidade da segurança social. Ela assegura-se por si, mas à custa do número de habitantes.

O Diabo responde

por José Gabriel

"O PSD deve vender a alma ao diabo para pôr a esquerda na rua" (Manuela Ferreira Leite).
Tendo diligenciado contactos com fontes ligadas ao Diabo, venho esclarecer que o dito não está interessado na compra da alma do PSD. Mais informam esses mediadores que o Mafarrico conta obter de borla esse insignificante bem - tão insignificante que bem difícil é de encontrar.
Finalmente, pede que não o macem mais com tolices, pensando ter deixado bem claro o seu desinteresse por tráficos com tal gente ao ter faltado às repetidas evocações feitas pelo anterior líder laranja.

EXORCISMO

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 17/01/2018)

ExorcismoCartoon in Blog 77 Colinas

Afinal o Diabo não estava para vir, o mafarrico já cá estava e ainda está, tomou conta do PS. É o Diabo da esquerda ou, para respeitarmos o facto do PSD também ser de esquerda, como insiste Manuela Ferreira Leite, da extrema-esquerda.

Quando todos pensávamos que Rui Rio se candidatou à liderança do PSD para libertar o partido do Diabo do Passos Coelho, somos surpreendidos: afinal as diretas do PSD foram uma luta entre duas visões estratégicas, Passos defendia que o Diabo ainda havia de vir, Rui Rio acha que o Diabo já cá está e encarnou no PS.

Poucas horas de ter ajudado Rui Rio a ganhar as diretas do PSD, Manuela Ferreira Leite veio dizer ao que vinham: entregar a alma ao diabo para libertar o PS da esquerda. Mais clara não podia ser, não era o PSD que estava mal, a generosidade dos militantes do PSD é tanta que o que os motiva é libertar o PS da amaldiçoada esquerda. Um escândalo: onde é que se viu o PS estar nas mãos da esquerda em vez de governar com a direita?

Até o senhor da CIP confirmou o seu empenho neste exorcismo: "precisamos de libertar o PS da esquerda para que se façam as reformas necessárias"; e o homem nem pediu pouco e referiu logo as reformas que exigem dois terços do parlamento, isto é, umas revisões da Constituição.

Digamos que se exorcizarem o PS tirando o Diabo do corpo do António Costa o líder do PS passa a ser uma espécie de António José Seguro, mas um pouco mais escuro.

Talvez não fosse má ideia recordar a Manuela Ferreira Leite e ao senhor da CIP que ainda há quem respeite a palavra, para já não referir a assinatura em acordos parlamentares, ainda por cima acordos que foram celebrados para cumprir as exigências de um Presidente chamado Cavaco Silva. Talvez a Dra. Manuela não se recorde, mas este governo está apoiado por uma maioria consolidada em acordos e princípios exigidos pelo seu amigo Aníbal. Anda por aí quem revogue num dia o que era irrevogável um dia antes, mas quando está em causa gente honestas os acordos são para cumprir.

Já Rui Rio foi um pouco mais abrangente, quer que todo o parlamento conte. Ainda bem, porque o PSD pretendia governar porque a sua minoria parlamentar funcionava como maioria se os deputados do PCP e do BE só fossem considerados em questões secundárias, ou quando os seus votos apenas serviam para votar moções de censura propostas pela direita. Nunca o parlamento foi tão inclusivo como agora, todos os deputados contam e nesta legislatura já vimos por mais de uma vez maiorias parlamentares formadas pelos votos dos deputados da direita e do PCP e BE, como no caso da TSU.

Das vantagens de pagar ao Nogueira & Associados para não falarem de fome à hora do telejornal

por helenafmatos

A APAV, em parceria com a Intercampus, voltou a aplicar em 2017 o inquérito que já tinha realizado em 2012 sobre "Criminalidade e Insegurança", em que questionou os portugueses sobre o "sentimento de segurança" face à zona residencial e aos bens pessoais, sobre o "sentimento de segurança em termos pessoais" e a "experiência pessoal nos últimos 12 meses".

Os dados divulgados esta quarta-feira, que resultam de 600 entrevistas feitas entre 24 de outubro e 11 de novembro a pessoas com 15 ou mais anos, residentes em Portugal continental, indicam "uma tendência para a expressão de um menor sentimento de insegurança por parte da amostra, quando comparados com os resultados obtidos em 2012".

Como uma das explicações para o aumento do sentimento de segurança dos portugueses, Carmen Rasquete [secretária-geral da APAV] apontou o facto de haver "mais paz social neste momento".

A responsável lembrou que em 2012 estava-se "no centro da crise económica" e "existia muito o sentimento de negativismo, de pessimismo quanto ao futuro, não só em questões de criminalidade como em questões pessoais", relacionadas com a "insegurança sobre o futuro e a própria vida".

Ladrões de Bicicletas


A desigualdade, causa e consequência da crise.

Posted: 16 Jan 2018 02:13 PM PST

Discute-se também a desigualdade que sustenta e reproduz o poder dos de cima, mais interessados em discutir a pobreza e alimentar a cultura do assistencialismo do que em falar das leis e instituições estruturantes de um sistema que produz pobreza e doença em grande escala.
Questão central: no discurso dos economistas dos media não entra o conceito de poder e de classes.

Variedades de plutocracia

Posted: 16 Jan 2018 09:07 AM PST

A caracterização da política económica da administração Trump tem motivado muitos debates, alimentados não só pela dificuldade genérica em enquadrar este presidente nas categorias tradicionais da política norte-americana como pelas inconsistências entre o discurso, a prática, as promessas e as concretizações. Neste contexto, a caracterização recentemente sugerida por Nouriel Roubini – Trump como um pluto-populista, ou um plutocrata sob uma capa populista – parece-me sintética e acertada. Tanto nos protagonistas (com a administração com a mais íntima relação de sempre com a super-elite empresarial) como no conteúdo (da desregulação financeira e ambiental à reforma fiscal), a Trumponomics realmente existente tem tido como fio condutor o reforço dos mecanismos de transferência do rendimento de baixo para cima e em particular para os muito ricos, a coberto de um discurso populista.
O populismo de Trump é, claro está, um populismo xenófobo e reaccionário – triádico, na tipologia proposta por John Judis que o João Rodrigues aqui tem trazido: procura mobilizar as classes médias e populares contra a ameaça do ‘outro’ (os imigrantes, os beneficiários de apoios sociais, os outros países) para quem é remetida a culpa pela degradação das condições de vida, em contraste com o populismo diádico progressista, que procura defender as classes populares das elites que as subordinam. Em todo o caso, em matéria de política económica, o populismo triádico de Trump é mais discursivo do que efectivo: apesar do discurso abertamente racista e de algumas medidas pontuais odiosas, Trump não alterou significativamente a política de imigração, por exemplo, tal como não alterou significativamente a orientação da política comercial livre-cambista, aliás largamente favorável aos interesses das empresas norte-americanas. Já a componente plutocrata vai avançando decisivamente: estima-se que 60% dos ganhos proporcionados por esta reforma fiscal serão capturados pelos 1% mais ricos da população norte-americana, agravando simultaneamente a elevada desigualdade e o défice federal.
Mas não é só na versão trumpista que encontramos uma fusão tóxica entre política-espectáculo e distribuição de baixo para cima. Aqui mais perto, e depois de ter conseguido suscitar entusiasmos pouco avisados entre algum centro-esquerda aquando das eleições presidenciais, é Macron quem tem vindo a implementar reformas fiscais e regulatórias que beneficiam sobremaneira os mais ricos e vulnerabilizam os trabalhadores, a despeito de um discurso e imagem pretensamente pós-ideológicos mas mais adequadamente caracterizados como uma perfeita expressão do extremo centro, para usar a expressão de Tariq Ali. Também neste caso, segundo um estudo acabado de publicar, as medidas com impacto sobre o rendimento das famílias que entrarão em vigor em 2018 beneficiarão principalmente os 2% mais ricos.
O viés plutocrático destes dois actores políticos tão distintos em termos de estilo, que segundo certas narrativas constituiriam exemplos paradigmáticos das alternativas políticas com que nos confrontamos, demonstra bem como esta é na realidade uma falsa e insuficiente escolha. Ao mesmo tempo, mostra também a dimensão do recuo histórico das alternativas progressistas e do muito trabalho que estas têm pela frente.

Epílogo?

Posted: 16 Jan 2018 04:47 AM PST

«James M. Buchanan (1919-2013, Nobel da economia em 1986) é nome a reter. Com o alargamento do sufrágio eleitoral nos Estados Unidos, ao longo do século XX, tornaram-se cada vez maiores as forças a pedir mais redistribuição. Era preciso contrariá-las. Buchanan deu das principais armas para convencer os muitos, isto é, também alguns daqueles que perdiam com menos distribuição. A segurança social é um esquema "ponzi", entre gerações, chutou, logo seria necessário acabar com ela. Os burocratas e sindicalistas seguem os seus próprios interesses, argumentou, logo todos ganham em votar contra eles. E por aí fora. Passos, com a ajuda da Troika, vendeu deste peixe e parte grande do povo, embora cada vez menor, foi comprando. E até aqueles que ganharam alguma coisa, enquanto proprietários ou empresários, não sendo os grandes, grandes, terão chegado à mesma conclusão, quando viram que os filhos apanhavam de tabela, nas rendas mais altas, nos ordenados mais baixos, na necessidade de sair para o estrangeiro. O ciclo parece ter chegado ao fim. Rio poderá ter sido mais um prego nessa caixa que se fecha. Terá mente e força?»
Pedro Lains (facebook)

Monsaraz–Provavelmente a vila mais charmosa de Portugal

Não há palavras para descrever esta pequena vila histórica alentejana que possam exprimir com justiça aquilo que se sente e que se contempla quando se visita este pequeno recanto. Falamos de Monsaraz, aquela que é, provavelmente, a vila mais charmosa de Portugal. E não exageramos: a simplicidade das suas casas caiadas de branco em harmonia com as suas ruas de xisto fazem de Monsaraz um local único em Portugal. Haveria outras vilas que aqui poderiam ser mencionadas. Marvão, por exemplo, que fica a norte de Monsaraz é outro exemplo de charme e encanto. Ou Ponte de Lima, a vila mais antiga de Portugal, que se destaca sobretudo pelo seu carisma e dinamismo. E há ainda o caso especial de Sintra, uma vila única em Portugal, repleta de palácios e palacetes. Mas o charme e o encanto de Monsaraz são únicos e fazem desta vila alentejana um local completamente diferente de outros em Portugal.

património mundialMonsaraz

Monsaraz, a airosa vila medieval de Monsaraz, mantêm a sua magia de outrora como poucos lugares no mundo. Feita de cal e xisto, este lugar sussurra-nos, por entre o eco dos nossos passos nas suas ruas, magníficas histórias de reis audazes, cavaleiros templários, gentes bravas e damas de beleza singela.

Monsaraz

Suspensa no tempo, a histórica povoação alentejana, uma das mais antigas de Portugal, é um destino obrigatório na sua lista de lugares a visitar no Alentejo. Especialmente depois de, em 2017, ter vencido na categoria “Aldeias Monumento” do concurso 7 Maravilhas de Portugal – Aldeias.

O que ver e visitar em Monsaraz?

As muralhas que circundam a vila guardam uma povoação acolhedora, onde a luz acaricia os pitorescos e tradicionais lares das hospitaleiras gentes desta terra. Descobrir Monsaraz é viajar no tempo e desfrutar da História no presente. E há tanto para ver e sentir nesta encantadora máquina do tempo, bem no coração do Alentejo! Como as suas ruas são ancestrais, Monsaraz oferece um espaçoso parque de estacionamento perto das muralhas, para que os seus visitantes possam visitá-la como deve ser: a pé e despreocupadamente.

AlentejoMonsaraz - Guizel

Aprecie o imponente e peculiar cerco muralhado que abraça esta vila-museu do Alentejo, erguido durante as Guerras de Restauração. Esta muralha previa, no seu plano, a construção do Forte de São Bento, originalmente em forma estrelada, os Baluartes de São João e do Castelo e a Ermida de São Bento. Estava igualmente planeada a construção de três torres em Monsaraz: a primeira, no marmelão de São Gens; a segunda, na herdade das Pipas; a última, na herdade de Ceuta.

MonsarazMonsaraz

A cerca muralhada de Monsaraz tem quatro grandes portas por onde pode entrar na vila. A principal, a Porta da Vila, está protegida por dois torreões semicilíndricos e tem, a encimar o seu arco gótico, uma lápide consagrada à Imaculada Conceição, em 1646, por El-Rei D. João IV. A Porta d’Évora, no lado norte da muralha e também de arco gótico, protege-se por um cubelo. As restantes, d’Alcoba e do Buraco, são portas de arco pleno. Virando costas às entradas, a vista sobre os campos do Alentejo é… soberba.

Monsaraz

Monsaraz

Percorra a muralha até ao castelo de Monsaraz. Construído por D. Dinis, no século XIV, está classificado como Monumento Nacional. Por volta de 1830 e após desactivação de funções militares, a antiga praça de armas do castelo passou a servir como uma espécie de praça de touros. Aqui e durante as festas em honra de Nosso Senhor Jesus dos Passos, decorre uma tourada tradicional anualmente, uma tradição secular indispensável para as gentes de Monsaraz.

MonsarazMonsaraz - Joe Price

O castelo de Monsaraz é um ponto turístico único e excepcional em Portugal, pois é um dos mais esplêndidos mirantes sobre o maravilhoso espelho-de-água da Barragem de Alqueva, o maior lago artificial da Europa e uma das maiores obras portuguesas do nosso século. Caminhe devagar até ao Largo D. Nuno Álvares Pereira e entre na deslumbrante Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lagoa. Erguida sobre as ruínas de uma igreja gótica, destruída devido à peste negra que assolou a região, este monumento religioso, do século XVI e em xisto regional, é de autoria de Pêro Gomes.

fim de semana românticoMonsaraz

A matriz de estilo renascentista apresenta um belíssimo frontão, decorado por um painel de azulejos e uma Cruz da Ordem de Cristo, em honra de Nossa Senhora da Conceição. No seu interior, estude com atenção e deixe-se encantar pelo túmulo de Gomes Martins Silvestre, cavaleiro templário, primeiro alcaide e povoador de Monsaraz. Construído em mármore de Estremoz, tem esculpido, na sua face frontal, um cortejo fúnebre onde desfilam dezassete figuras.

MonsarazMonsaraz

Também sobre as ruínas do seu antecessor desfeito no terramoto de 1755, está o Pelourinho oitocentista. Em mármore branco de Estremoz, este símbolo da jurisdição e autonomia de Monsaraz está situado mesmo em frente à Igreja Matriz. Já que está no Largo D. Nuno Álvares, aproveite e desfrute da riqueza arquitectónica e histórica dos edifícios aí localizados. A Casa Monsaraz, também conhecida como Novos Paços da Audiência, de finais do século XVII, ostenta o brasão de armas da vila; o Hospital do Espírito Santo e Casa da Misericórdia, que englobam a Igreja da Misericórdia. Esta última construção religiosa do século XVI, de arquitectura sóbria e simples, alberga uma imagem do Senhor Jesus dos Passos, padroeiro da vila.

Monsaraz

Na Travessa da Cadeia encontra os Antigos Paços da Audiência. Estes funcionaram, durante séculos, como sede administrativa e tribunal de Monsaraz. Quando a gestão do concelho passou para Reguengos, este edifício tornou-se na escola primária e, mais tarde, no posto de turismo. Entre e veja o fresco medieval O Bom e o Mau Juiz. Nele, estão representados o Juiz da Terra (o Bom Juiz), que segura uma vara vermelha, e o Juiz de Fora (o Mau Juiz), que segura uma branca.

locais para visitar no Alqueva

Monsaraz

Enquanto o Mau Juiz recebe pagamentos tanto de ricos como de pobres (dinheiro e perdizes, respectivamente), o Bom Juiz apenas recebe a bênção dos anjos que o guardam. A sátira à corrupção da justiça da época é a interpretação mais habitual para este fresco. Contudo, poderá apenas ser um documento ilustrativo da luta dos concelhos para terem os seus próprios juízes, eleito de entre os seus, em vez de juízes de fora, nomeados pela Coroa.

pequenos paraísosMonsaraz

Sinta o sol pôr-se e sob a sua luz rosada, reflectida nas fachadas brancas das casas de Monsaraz, passeie à toa pelas ruas e travessas da vila e contemple a Capela de São José, onde os presos recebiam os ofícios divinos; a Casa da Inquisição, cuja designação não deixa dúvidas; a Casa do Juiz de Fora, doada à Universidade de Évora; a recentemente restaurada Igreja de Santiago. Vá até à antiga Cisterna, que dizem ter sido uma mesquita originalmente. E não perca a oportunidade de conhecer a Capela de São João Baptista, também conhecida por Cuba, devido à sua curiosa forma cúbica de influência mourisca. Descubra as Ermidas de São Bento, São Lázaro, Santa Catarina e São Sebastião, todas tão diferentes, todas tão especiais e únicas.

MonsarazMonsaraz

Agora que a noite o envolve no seu acolhedor manto de estrelas, sente-se à mesa num dos restaurantes de Monsaraz. Saboreie os melhores pratos tradicionais alentejanos, como as migas ou o borrego. Quanto a vinho alentejano, aprecie um bom Reserva Monsaraz com a sua fabulosa refeição, enquanto a vista sobre o Lago do Alqueva completa o seu nirvana sensorial. E não acabe a noite sem admirar o espectáculo de constelações e planetas, que brilham mais intensamente no firmamento de Monsaraz.

A aldeia histórica mais bem conservada de Portugal

por admin

Apenas que visitou esta pequena aldeia histórica no concelho do Sabugal pode constatar que é um caso único e exemplar no que diz respeito ao estado de conservação da mesma. Falamos de Sortelha, a aldeia mais bem conservada de Portugal. Dentro das suas muralhas foram respeitados todos os traços históricos da aldeia original e tudo se mantém tal como era há uns séculos atrás. Existem aldeias históricas espalhadas um pouco por todo o país, umas mais famosas do que outras, umas mais bem conservadas do que outras. As mais conhecidas pelo público talvez sejam Piódão ou Monsanto, mas estas duas destacam-se sobretudo pela sua singularidade: Piódão parece um presépio aninhada na serra e Monsanto foi construída no meio de blocos gigantes de granito. Mas é Sortelha, sem dúvida, que leva o troféu de melhor trabalho de conservação e reconstrução.

sortelhaSortelha

Coroada por um castelo assente num formidável conjunto rochoso a 760 m de altitude, Sortelha mantém intacta a sua feição medieval na arquitectura das suas casas rurais em granito. Fazia parte da importante linha defensiva de castelos fronteiriços, edificados ou reconstruídos na sua maior parte sobre castros das antigas civilizações ibéricas e o seu nome deriva da configuração do terreno em rochedos escarpados que envolvem a aldeia em forma de um anel (sortija, em castelhano), tendo as muralhas sido erguidas também em forma circular.

aldeia mais bonita de Portugal

Sortelha

A entrada faz-se por uma porta gótica sobre a qual vê-se um balcão (Varanda de Pilatos), com aberturas (mata-cães) por onde se lançavam toda a espécie de projectéis contra os atacantes. Antes da entrada, merecem atenção um bonito pelourinho, rematado pela esfera armilar, símbolo de D. Manuel I e o edifício onde funcionaram os Paços do Concelho, ambos do tempo daquele rei. Na ombreira de uma outra porta, virada para poente, duas ranhuras na pedra representam medidas métricas (a maior, uma "vara" e a mais pequena um "côvado"), que serviam de aferição aos comerciantes medievais, num tempo em que os sistemas métricos não eram uniformizados.

fim de semana românticoSortelha

Na igreja matriz, do séc. XIV, encontra-se um interessante trabalho do tecto hispano-árabe, e a talha dourada do altar-mor, acrescentada na época barroca. O encanto desta aldeia reside na sua atmosfera medieval, onde as casas todas construídas em pedra de granito e geralmente de um só andar, se alicerçam na rocha e acompanham a topografia do terreno. Fora das muralhas cresceu uma outra aldeia moderna, infelizmente em moldes arquitectónicos desenraizados da tradição.

Sortelha

Em redor de Sortelha a paisagem tem a beleza rude das grandes pedras de granito e das matas de castanheiros que as acompanham. Na localidade de Casteleiro, na estrada para Belmonte, situava-se a estância medicinal das Águas Radium, que foram consideradas entre as mais radioactivas do mundo. Poderá ainda fazer um saudável percurso a pé seguindo a antiga via romano-medieval, por onde passavam os peregrinos para Santiago de Compostela.

Sortelha

Duas interessantes vilas perfilam-se a cerca de 20 km de Sortelha merecendo, sem dúvida, uma visita: Belmonte, na direcção do Poente e Sabugal, a Norte. Para Sudeste, os amantes de turismo verde têm à disposição na Reserva Natural da Serra da Malcata percursos para observação de flora e de fauna numa paisagem rica em relíquias de mata mediterrânica. O lince ibérico é o símbolo da Reserva. Criatura bastante fugidia e desconfiada, prefere o esconderijo das matas, pelo que será necessária muita perseverança para o ver.

O que ver e visitar em Sortelha?
1. Castelo e Muralhas

Localizado a uma altitude de 760 metros, o Castelo é visível a uma larga distância. As suas origens remontam ao século XII, tendo sido mandado construir por D. Sancho I. Foi designado Património Nacional em 1910. As muralhas de Sortelha têm 4 entradas: Porta Nova, Porta Falsa, Porta da Vila (ou Porta do Concelho) e outra Porta Falsa junto ao Castelo. É possível subir até ao topo da Muralha e percorrê-la admirando a vista magnifica que nos é oferecida ao longo do passeio.

2. Torre Sineira

A Torre Sineira encontra-se na estrada que dá acesso à entrada principal da muralha. Está localizada no topo de um penedo e é acessível através de um caminho de pedra e umas escadas esculpidas na rocha. Subir até à Torre é garantia de uma vista fabulosa sobre Sortelha e os vales que a rodeiam.

3. Igreja Matriz

A Igreja Matriz (também conhecida por Igreja de Nossa Senhora das Neves) apresenta uma fachada muito bem preservada. Data originalmente do século XIV, tendo sido alvo de remodelações durante o século XVI. Está localizada no Largo da Igreja, junto à Porta Nova. Junto à Igreja é ainda possível observar 2 sepulturas em pedra.

4. Antiga Casa da Câmara e Cadeia

Com origens no século XVI, este edifício de 2 pisos foi outrora utilizado como Cadeia (no piso inferior) e Câmara (no piso superior). Está localizada no Largo do Pelourinho e foi em tempos mais recentes usada como escola, tendo entretanto sido igualmente desactivada.

5. Cabeça da Velha

Sortelha está rodeada de rochas e penedos de várias formas e feitios. Com um pouco de imaginação é possível ver as mais diversas figuras formadas pela disposição das pedras. Uma das mais conhecidas é a Cabeça da Velha. Quando lá for, tente encontrá-la!

6. Jardim do Anel

Diz-se que o nome Sortelha deriva da palavra castelhana “sortija” usada para designar um anel e que poderá estar relacionado com um jogo antigo em que os cavaleiros tinham de fazer com que as setas passassem no centro de um anel. O próprio brasão de armas de Sortelha é composto por um castelo e um anel. O Jardim do Anel é um pequeno espaço junto às muralhas onde é possível avistar algumas esculturas em pedra onde se inclui, claro está, um anel.

7. Pelourinho

Localizado no sopé do Castelo, este Pelourinho de estilo manuelino foi construído no século XVI (1510).

8. Passos da Via Sacra

Conjunto de vários Passos da Via Sacra, espalhados pela área da aldeia, construídos no séc. XVIII. São de estilo barroco.

9. Torre do Facho

Torre de formato quadrado implantada no pano de muralha. Para aceder a este local temos que subir umas escadas adossadas à muralha, portanto é necessário alguma cautela mas acreditem que vale a pena, porque as vistas tanto para a aldeia como para os montes em redor, são fabulosas.

10. Casa dos Falcões

Esta casa localiza-se logo à entrada da Porta da Vila, e constitui um belo exemplar de arquitectura vernacular. É uma construção do séc. XVI, embora com alterações posteriores.

Depois do BPN, BPN, BES e BANIF, supõem-se que exista um forte controlo sobre os produtos bancários, certo?

por j. manuel cordeiro

Errado.

Tal como explica Helena Garrido na Antena 1, aos balcões da Caixa Económica do Montepio Geral está a ser vendido um produto chamado "Capital Certo", o qual de certo apenas tem o risco associado.

Com efeito, o produto em causa não é do banco, mas sim da Associação Mutualista, estando a ser publicitado no banco como tendo retorno  de investimento garantido. Acontece que as letras miudinhas referem que é preciso ler as condições e estas, depois de uma vastidão de páginas (cerca de 40), com complicadas condições, dizem que o retorno, afinal, não é garantido.

Mas ainda pior é o Banco de Portugal ter proibido a venda deste tipo de produtos  aos balcões dos bancos e este continuar a ser vendido. E, igualmente inacreditável, é o produto não estar sujeito a nenhuma fiscalização.

Será que não se aprende nada neste país? E admite-se que a lei, tão escrupulosamente aplicada aos cidadãos, seja apenas uma linha de orientação para a banca, ainda para mais depois das fraudes por ela praticadas?

A revista Proteste já recentemente alertado os clientes para se manterem afastados deste produto. Apesar de, em 2013, ter afirmado que o "Montepio Capital Certo é uma alternativa de poupança a considerar". Sendo o mesmo produto, é caso para, novamente, se questionarem as recomendações desta revista.

Aqui fica o podcast com os detalhes do caso.

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Leitura adicional:

- Montepio vende produtos da mutualista sem distinção clara face a depósitos (Público)

- Qual é coisa, qual é ela, parece o Montepio, mas não é o Montepio? (Eco)

Entre as brumas da memória


Posted: 16 Jan 2018 02:26 PM PST

O preconceito faz mal à saúde (Mariana Mortágua)

«Há uma substância capaz de fazer face a sintomas associados a várias doenças graves, entre elas o cancro. Os seus benefícios estão comprovados. Tem efeitos secundários, mas não mais que muitas drogas legais, como antidepressivos ou analgésicos fortes. Quem precisa de aceder à canábis para uso terapêutico, ou quem acompanha a situação, conhece a revolta de saber que há um tratamento mais indicado que, por ignorância e preconceito, não está legalmente disponível. Eu já a senti.

O debate na Assembleia da República foi clarificador. Ninguém nega os benefícios do uso terapêutico da canábis, o que torna frágeis os argumentos contra a legalização. De todas as posições, a mais incompreensível, de tão conservadora, é a do PCP.»

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Carta à República

Posted: 16 Jan 2018 11:52 AM PST

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Lisbon, your pilarete’s town

Posted: 16 Jan 2018 09:28 AM PST

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Assim vão as eleições «democráticas»

Posted: 16 Jan 2018 07:00 AM PST

Banco Mundial admite que manipulou dados sobre o Chile contra o Governo de Bachelet.

Este tipo de factos é já preocupantemente habitual e põe em causa a saúde de eleições em democracia. E ainda por cima:

«O economista-chefe do Banco Mundial disse que os índices de competitividade chilenos serão corrigidos e recalculados. Nos últimos quatro anos, por exemplo, a queda do Chile foi provocada, quase em sua totalidade, pela alteração da metodologia de análise, não por mudanças nas medidas permanentes do ambiente comercial do país. “Com base nas coisas que estávamos medindo antes, as condições comerciais não pioraram no Chile sob a administração de Bachelet”, completou Romer.»

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Não há fatalidades

Posted: 16 Jan 2018 03:37 AM PST

«Quem, por estes dias, se refere à tragédia de Tondela como prova de uma qualquer “maldição” que se abateu sobre a sua população omite que essa "maldição" é a negligência com que o Estado central e local trata funções suas que não considera sensíveis. A segurança do edifício de um clube recreativo no interior do país ou a execução de um ordenamento florestal adequado são matérias que emanam de deveres básicos de um Estado organizado.

PUB Falar em maldição é também, por isso, ignorar a dor das famílias afectadas e a insegurança que se vai instalando quanto à capacidade de resposta das administrações públicas para o que foram feitas e isso é o essencial, não uma fatalidade.

De cada vez que uma tragédia destas acontece, abre-se fogo legítimo sobre a responsabilidade dos líderes políticos nacionais e locais, mas também sobre a história. As décadas de receitas político-económicas que defendem Estados mais magros e menos regulados não geram apenas mais iniciativa privada e menos Estado. Quando este se desliga de certas competências, as delega nos privados ou as extingue e gera indefinições, a (já histórica) cultura laxista do risco encontra um terreno fértil para continuar a desenvolver-se, especialmente pelas franjas do licenciamento e da fiscalização. E no papel de protagonistas podem estar tanto interesses poderosos como amiguismos locais.

O que se passou na associação recreativa de Vila Nova da Rainha é associado, na sua origem, ao voluntarismo, ao desconhecimento, ao desleixo, a portas que abriam para dentro ou estavam trancadas, a materiais altamente inflamáveis, inadequados e de instalação deficiente. Mas essas são mais consequências do que razões. Estas são a forma como o poder local fiscaliza e como continuam por definir as responsabilidades e poderes da Autoridade Nacional de Protecção Civil a delegar nos bombeiros. Porém, perante riscos semelhantes de segurança que começam a evidenciar-se em outras áreas, como em edifícios escolares, os bombeiros não apagarão todos os fogos.

Um exemplo: depois do incêndio da torre Grenfell em Londres, que matou mais de 70 pessoas no verão passado, os bombeiros bem invocaram que os seus poderes legais não teriam nunca chegado para evitar a catástrofe. O problema era dos materiais.

Estes casos vão mostrando ainda uma linha que vai dividindo cidadãos: os de segunda, que são as vítimas, os mais desfavorecidos, os mais vulneráveis, os de menores recursos; e os de primeira, os outros a quem nunca nada disto acontece.»

Lurdes Ferreira