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sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Ladrões de Bicicletas


O governo que cuide da economia e o défice cuidará de si mesmo

Posted: 11 Jan 2019 01:33 AM PST

O vídeo de hoje dá continuidade ao anterior ao aprofundar a relação do défice público com a economia do país. Trata-se de divulgar, em linguagem acessível a todos, o conceito de “finanças públicas funcionais”, defendido por Abba Lerner, que está banido dos cursos de Economia:

Uma das formas mais eficazes de dissipar a mais grave de todas as confusões semânticas consiste em salientar que a dívida privada difere da dívida pública por ser externa... Uma variante da falsa analogia é a declaração de que a dívida pública representa um encargo injusto para os nossos filhos, que são assim obrigados a pagar as nossas extravagâncias. Muito poucos economistas precisam de ser recordados de que, se os nossos filhos ou netos pagarem parte da dívida nacional, esses pagamentos serão feitos aos nossos filhos ou netos e a mais ninguém. Tomando-os no seu conjunto, eles não ficarão mais pobres fazendo os pagamentos do que mais ricos ao recebê-los. [Abba Lerner, The Burden of the National Debt, 1948]

Esta citação de Lerner encontra-se num texto do economista e académico sueco Lars Syll, aqui. Para quem não puder ler o artigo, deixo a tradução deste parágrafo:

Tanto para Keynes como para Lerner, era evidente que o Estado tinha a capacidade de promover o pleno emprego e um nível de preços estável - e que deveria usar os seus poderes para o fazer. Se isso significava que tinha de contrair uma dívida e (mais ou menos temporariamente) desequilibrar o seu orçamento - que assim fosse! A dívida pública não é boa nem má. É um meio para alcançar dois objectivos macroeconómicos abrangentes - o pleno emprego e a estabilidade dos preços. O que é sagrado não é ter um orçamento equilibrado ou reduzir a dívida pública por si, independentemente dos efeitos sobre os objectivos macroeconómicos. Se "finanças sãs", austeridade e orçamentos equilibrados significam aumento do desemprego e preços desestabilizadores, então têm que ser abandonados.


A pergunta que não desaparece

Posted: 10 Jan 2019 02:20 PM PST

Numa semana em que se anunciaram grandes investimentos, cuja lógica está bem exposta no editorial do AbrilAbril - por trás da propaganda a submissão- ficámos a saber que a multinacional Vinci, que controla a ANA, já recuperou, em cinco anos, um quinto do que pagou pela ruinosa, para o Estado português, privatização dos aeroportos nacionais.
Perante este blindado capitalismo predador e perante a degradação dos serviços públicos em muitas áreas, fruto de anos de compressão do investimento público imposta por regras europeias igualmente blindadas, é preciso não esquecer a pergunta em que aqui temos insistido: como se destrói um velho Estado?
Em jeito de nota de rodapé, peço-vos só que reparem no facilitador na foto da cerimónia Governo-Vinci, e isto para usar o termo apropriado para a advocacia dos grandes negócios, que já conseguiu a proeza de estar em vários lados ao mesmo tempo, estando sempre no mesmo lado, na realidade, e que, já agora, tem a distinção de ter o seu nome inscrito num dos principais símbolos do porno-riquismo da capital. Toda uma economia política encarnada.

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