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segunda-feira, 19 de junho de 2017

A Conspiração Contra a América


Será importante que a parte da América a quem ainda resta bom senso recupere o controlo. A resistência contra o abuso de poder pode não ser suficiente por si só.

No livro A Conspiração Contra a América, de Philip Roth, o autor recria um cenário histórico alternativo em que Charles Lindbergh teria ganhado as eleições contra Franklin D. Roosevelt em 1940, alterando radicalmente o curso da História. Após a vitória de Lindbergh, ganha contorno no romance uma América colaboracionista do regime nazi e progressivamente anti-semita e persecutória.
Em 2016, a eleição de Donald Trump induziu o efeito quase alucinatório de nos fazer sentir presos entre duas realidades: a realidade atual e uma realidade alternativa — tal como poderia ser descrita por Roth — mas que se tornou subitamente a nossa realidade. Quase seis meses após a eleição, as consequências têm provado ser não menos ominosas do que na obra de Roth. Para além das fraturas ideológicas profundas que esta eleição causou, e das lutas internas em curso, as decisões trumpistas têm sido representativas da intolerância, paranóia, ignorância e corrupção que têm manchado todos os dias esta administração, criando o caos na sociedade.
Mas é a investigação sobre o conluio de Trump e dos seus oficiais com o Kremlin que tem gerado os choques mais difíceis de sustentar. Até onde chega o nosso conhecimento, a administração Trump está a ser investigada por obstrução à justiça (a começar pelo Presidente), lavagem de dinheiro e empréstimos suspeitos debaixo da mesa, e por propor um pacto à Rússia de interferência cibernética nos resultados das eleições em troca do fim das sanções económicas contra aquele país.
Tem sido (demasiado) fácil mergulhar nos threads infindáveis no Twitter de advogados e juristas americanos a definir as consequências legais e a especular sobre os cenários que se podem desenrolar num futuro próximo, e que podem levar a acusações formais de traição e conspiração contra a América ao mais alto nível executivo. Todas as atenções estão centradas no Special Counsel Robert Mueller, o homem que conduz uma investigação independente à atual administração. Não por acaso, Mueller corre o risco de ser despedido, desencadeando uma crise constitucional na América muito mais perigosa e subversiva do que o Watergate.
Nenhum romancista foi capaz de ir tão longe na previsão deste cenário político, até há três anos considerado impensável. Isto apesar de Stephen King ter previsto um Presidente louco semelhante a Trump em The Dead Zone, de 1979. É inegável que este contexto político enfraquece o papel da América a um nível global e fragiliza a sua influência, cada vez mais minada pela megalomania russa, pelo wahabismo saudita galopante e outros jogadores que estão a mover as peças do jogo dos tronos em circunstâncias nem sempre conhecidas pelo público, mas a verdade é que não convém a ninguém (a não ser a senhores de guerra) uma América dilacerada por conflitos.
Será importante que a parte da América a quem ainda resta bom senso recupere o controlo antes que a administração Trump se aproveite de um evento global de grande impacto para introduzir um estado de emergência, lançar uma nova guerra internacional e pôr em perigo a democracia. Pois se há lição a reter da obra de Philip Roth é que a resistência contra o abuso de poder pode não ser suficiente por si só.

Fonte: Negócios

quinta-feira, 8 de junho de 2017

"Trump simplesmente mentiu", diz ex-diretor do FBI perante o Senado

James Comey está a ser ouvido no Senado. O ex-diretor do FBI afirmou que "não tem dúvidas" de que a Rússia interferiu nas eleições de 2016.


© Reuters

O ex-diretor do FBI James Comey, demitido no passado mês de maio por Donald Trump, compareceu esta quinta-feira perante o Senado, onde está a ser ouvido sobre a alegada ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas do ano passado.
Numa audição transmitida internacionalmente, o ex-diretor acusou Donald Trump de ter difamado o FBI, ao afirmar que a agência não estaria a fazer o seu trabalho. "A Casa Branca quis difamar-me", disse. Trump "mentiu, pura e simplesmente", sublinhou.
James Comey garantiu "não ter dúvidas" de que a Rússia interferiu nas eleições presidenciais de 2016. Reconhece, no entanto, que não acredita que tenha havido qualquer alteração nos votos.
Depois, acrescentou que Donald Trump não lhe pediu especificamente para desistir da investigação à ingerência russa nas presidenciais.
Na sequência de um jantar com Donald Trump, James Comey admitiu que decidiu documentar a conversa, o que nunca aconteceu com os anteriores presidentes Barack Obama e George W. Bush, por “estar preocupado que o Presidente pudesse mentir”. Documentar as conversas, justificou, foi a forma que encontrou para "defender a integridade do FBI".
O ex-diretor da agência admitiu que foi surpreendido quando ficou a saber que tinha sido demitido pelo Presidente norte-americano, uma vez que, garantiu, Trump lhe terá repetido por várias vezes que estaria a fazer um “excelente trabalho”.
“Fiquei confuso quando vi na televisão que o Presidente me tinha despedido devido à investigação sobre a Rússia… Não fez qualquer sentido para mim”, afirmou Comey.

Fonte: Notícias ao Minuto