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sábado, 30 de julho de 2016

FRELIMO – Da Libertação ao Terrorismo

A FRELIMO foi, formalmente, constituída em 25 de Junho de 1962, após a integração de Movimentos já existentes, como a UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique), A MANU (Mozambique African National Union) e a UNAMI (União Nacional Africana para Moçambique Independente), que estavam sedeados em países diferentes e eram apoiados em etnias moçambicanas, também, diferentes. Eduardo Mondlane, com o apoio do presidente Julius Nyerere, da Tanzânia, conseguiu conciliar estes três estruturas que se opunham à ditadura fascista e colonialista de Salazar.
Eduardo Mondlane foi nomeado presidente desta nova organização e o Rev. Urias Simango, vice-
Samora Machel e Eduardo Mondlane
presidente. O movimento que, ainda, não tinha uma ideologia política marcante, rapidamente chegou à conclusão que o recurso à luta armada era inevitável e passou a enviar os seus quadros para instrução militar na Argélia. Após o regresso de uma grande parte de operacionais, com instrução militar, em 1963, a Frelimo decidiu-se, então, pela luta armada, que começou em 25 de Setembro de 1964 com ao ataque ao posto de Chai, em Cabo Delgado e ao de Cóbue, no noroeste do Niassa, junto ao Lago.
Nesta altura, o presidente dos E.U.A. era Lyndon Johnson, que deixou de apoiar os Movimentos Anti-Colonialistas, ao contrário da que tinha feito o seu antecessor na Casa Branca, John Kennedy, mas, com as independências das antigas colónias da Bélgica, da Holanda, da Espanha e da França e com o apoio dos países asiáticos e dos países comunistas, a Assembleia Geral da ONU, mudou de maioria o que levou a que a política colonialista do regime de Salazar passasse a ser, sistematicamente, condenada. A partir dessa altura, o MPLA, em Angola, passou a ser, declaradamente, apoiado pela antiga União Soviética, tendo o mesmo sido feito pela China, relativamente à FRELIMO, país para onde foram receber formação política alguns quadros deste movimento, nomeadamente, Samora Machel.
Com o seu regresso, começaram as conflitualidades no seio da Frelimo, com o ressurgimento dos grupos que, em 1962, se juntaram na criação da frente única e com a agravante do surgimento das clivagens étnicas. No período de 1967 a 1970, a luta armada estagnou e até terá sofrido uma certa regressão e é, nesta altura que deserta da Frelimo o Chefe Maconde, Lázaro Kavandame.
A família Simango, em 1973, no Cairo
Com este aparente impasse, a linha Maoista, alicerçada na ala militar chefiada por Samora Machel, começa a construir a “sua Frelimo”, com a contestação à sua direção política, da responsabilidade de Eduardo Mondlane e que veio a culminar com seu o assassinato, em Dar-es-Salaam, em 3 de Fevereiro de 1969.
Com o desaparecimento de Mondlane, foi formado, em Abril de 1969, um Conselho de Presidência, constituído por Urias Simango, Samora Machel e Marcelino dos Santos. A fação Maoista ganhou, assim, o controlo do movimento, colocando dois elementos no Conselho de Presidência. Pouco tempo depois, em Outubro de 1969, rompeu-se o compromisso, com a dissidência de vários elementos, nomeadamente, Urias Simango, Paulo Gumane, Joana Simeão, padre católico Mateus Gwengere (que condenou o recrutamento de jovens para a luta armada, em vez de os incentivar a continuarem os seus estudos) e outros, que acabaram por ser eliminados no“campo de extermínio” de Metelela. 
"Julgamento Popular" em Nachingwea. O rev.  Uria Simango e o padre Mateus Gwengere obrigados a confessar  crimes que não cometeram perante Marcelino dos Santos e Samora Machel

O domínio total da linha Maoista foi consolidado, com eleição para a presidência da Frelimo de Samora Machel, tendo ficado a vice-presidência a cargo de Marcelino dos Santos. Com o desaparecimento da ala moderada, a luta armada recrudesceu. O centro de instrução da Frelimo, em Nachingwea, na Tanzânia começou a ficar repleto de instrutores militares e políticos chineses. Passado algum tempo, a Frelimo passou a contar com guerrilheiros chineses, alguns deles, atiradores especiais, sobretudo, na zona a sul de Tete. As mortes de ativistas pertencentes aos movimentos dissidentes foi uma constante, o fornecimento de minas anti-carro e anti-pessoais aumentou, bem como o de novo armamento, mas, em termos políticos no interior do território, a aceitação da Frelimo não aumentou substancialmente, uma vez que os moçambicanos começaram a ver as suas machambas destruídas, conjuntamente com o roubo dos seus bens essenciais, em particular, o gado, o milho e a mandioca.
Com a Revolução de 25 de Abril de 1974, que colocou fim à ditadura e, apesar de o programa do MFA apontar para a Autodeterminação das Colónias, com vista à sua Independência, os ataques às nossas tropas continuaram muitos meses após essa data.
O lema da Frelimo era “A Independência, já”, uma vez que a OUA reconheceu a FRELIMO como o único representante do povo moçambicano, o que seria de calcular, porque o Continente Africano era e continua a ser dominado por regimes autocráticos e, para esses ditadores, não seria prudente, nem seguro que se pusesse em prática um processo de Autodeterminação, que culminasse num processo de independência livre, justo e aceite por todos os moçambicanos, sob a supervisão da ONU.
É óbvio que a orientação Maoista da FRELIMO impedia qualquer processo democrático e, mesmo antes do acordo de Lusaka, começou com prisões eliminações físicas de opositores, com a complacência de alguns comandos militares portugueses que ordenaram às tropas portuguesas para não se imiscuírem nesses assuntos.
Após a independência, a FRELIMO mostrou, ainda mais, o seu lado terrorista, com a deslocação de centenas de milhares de moçambicanas e moçambicanos, nomeadamente, velhos, inválidos, testemunhas de Jeová, prostitutas, homossexuais, militares portugueses, etc., num misto de métodos
Mãe solteira moçambicana sendo julgada num "Campo de Reeducação"
nazis e maoistas, para “campos de reeducação”, especialmente no Niassa, onde a grande maioria morreu devido aos trabalhos forçados, fome, sede, várias doenças ou abatidos, pura e simplesmente, porque o comandante do campo não gostava deles, um verdadeiro “Holocausto” à dimensão de Moçambique. Os prisioneiros políticos de maior nomeada foram todos assassinados, tendo alguns morridos de uma forma atroz (queimados vivos numa vala), entre os quais, o Rev. Urias Simango, Adelino Guambe, Lázaro Kavandame, Paulo Gumane, Arcanjo Kambeu, Pedro Mondlane, Júlio Nihia, Silverino Nungo, Joana Simeão, que tinham sido condenados à morte por um partido, a Frelimo e não pelo estado moçambicano que ainda não era, na altura, independente.
Estes julgamentos sumários foram efectuados na base da Frelimo, em Nachingwea, na Tanzânia, presididos por três figuras sinistras, Samora Machel, Sérgio Vieira e Marcelino dos Santos, rodeados por multidões, completamente alucinadas pelos maoistas, que gritavam “Morte, Morte, Morte” e essa foi a sentença para todos eles. Na doutrina Maoista, estes processos eram “Justiça Popular”.

Prisioneiros no "Campo de Extermínio de Metelela", já condenados à morte. A drª. Joana Simeão está com um vestido branco

 
Recordo estes acontecimentos, para que eles não se venham a repetir em qualquer lugar do nosso Mundo.
 
Ovar, 30 de Julho de 2016
Álvaro Teixeira