Marcelo Rebelo de Sousa disse o que tinha e havia para dizer sobre o descalabro deste governo face ao tratamento, ou melhor, ao abandono, que o Estado dispensou aos cidadãos que tiveram de enfrentar, sós, o avanço dos fogos.
Falou bem, mas ter-se-á apercebido que, ao anunciar um novo ciclo, que deverá sair da Assembleia da República, ofereceu a Costa o melhor motivo para se demitir e provocar eleições, aproveitando o estado calamitoso em que Passos deixa o PSD?
Não sei se António Costa optará por aceitar esta prenda desde já, mas que não lhe bastará uma vitória contra a moção de censura do CDS, isso parece claro, uma vez que o Presidente da República mostrou bem que só lhe dará mais uma oportunidade. Este governo precisa de maior legitimação parlamentar para responder a Marcelo Rebelo de Sousa, seja através do pedido de um voto de confiança, seja através de eleições legislativas.
Do orçamento já ninguém fala, afinal parece agradar à direita e à esquerda (coisa esquisita, não?), embora nada lá se encontre que consubstancie a tal nova política florestal, nem uma reformulação dos nossos sistemas de prevenção, de combate e de comunicação em casos de catástrofes.
O que poderá travar António Costa a aceitar tamanha oferta? Apenas o receio de esvaziar os partidos à sua esquerda, porque precisa deles para legitimar a imagem de que se trata de uma governação de esquerda e aproveitar a boa imagem que a "geringonça" goza junto dos apoiantes dos partidos que a sustentam.
A ver vamos, mas não coloco nem um cêntimo no resultado deste jogo!