28/08/2017 por João Mendes 25 comentários
Foto: Diário de Notícias
Li por aí algures, não me recordo bem onde, que a finalidade do candidato Ventura é a de permitir ao PSD de Passos Coelho ensaiar um novo tipo de discurso, a anos-luz da matriz social-democrata que o passismo fechou a sete chaves numa gaveta, para ver o que sai dali. Começou com generalizações sobre a comunidade cigana e os apoios sociais, ao melhor estilo da extrema-direita nacional, e foi cavalgando ondas de populismo, até chegar à reintrodução da pena de morte.
A polémica ganhou dimensão mediática, que, presumo, seria precisamente aquilo que André Ventura e a direcção do PSD pretendiam, custou-lhe o apoio do CDS, algo estranho considerando a quantidade de saudosistas do Estado Novo que militam no partido, porém, sem grandes surpresas, garantiu-lhe um novo aliado, ainda que temporariamente: o PNR. José Pinto Coelho, considerou Ventura “um dos meus” e até lhe dirigiu um convite para se juntar ao seu partido. No entanto, alguns dias e muitas críticas depois, Ventura demarcou-se do PNR e o líder fascista respondeu, acusando Ventura de roubar o discurso ao seu partido, afirmando ainda que o candidato do PSD lhe terá enviado a seguinte mensagem:
Importa, portanto, saber se o PSD subscreve as propostas e o discurso do seu candidato a Loures, nomeadamente no que diz respeito à reintrodução da pena de morte. Para quem tanto puxa dos galões europeus para disparar chumbo grosso sobre PCP e BE, seria bom recordar a direcção do PSD que a União Europeia há muito baniu a pena capital e a ela se opõe, mesmo quando os alvos são “pedófilos homicidas” ou terroristas. Porque hoje são os “pedófilos homicidas” e os terroristas, amanhã estamos todos sujeitos.
É urgente que PSD esclareça o país sobre se vai seguir o exemplo do seu parceiro húngaro no PPE na cruzada pelo retrocesso civilizacional. Até ver, é apenas cúmplice deste perigoso ensaio populista, demagogo e radical. E, a julgar pela recente tomada de posição do antigo governante social-democrata, Feliciano Barreiras Duarte, o problema é mais grave do que aparenta.