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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O NOVO PÁTIO DAS CANTIGAS

O NOVO PÁTIO DAS CANTIGAS

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 16/11/2017)

palhete

Os populistas têm o dom de para todos os problemas encontrarem uma solução óbvia, se o país não progride é porque os políticos são incompetentes e corruptos, arranja-se um honesto, se há crime a causa está nas penas, adota-se a pena de morte. Tudo é fácil de resolver, basta que apareça o salvador certo, na hora certa. Poderão haver bons populistas e maus populistas, populistas de direita e populistas de esquerda, populistas fascistas e populistas democratas. Os populistas são simpáticos, mais inteligentes, mais lógicos, mais compreensíveis, mais honestos, mais competentes, mais brilhantes, receberam dons que os outros não receberam.

Marcelo trouxe uma nova forma de populismo, ele resolve todos os problemas com afetos, se há um problema Marcelo vai lá, dá beijinhos e abraços, posa junto da velhinha com o ar mais sofrido deste mundo, diz uns bitaites na hora, manda recados ao governo, define novas prioridades na hora e segue viagem, mais um grande problema que o país resolveu, venha o próximo.

O país resolve problemas a um ritmo nunca visto e está esclarecido como nunca esteve, se há uma dúvida Marcelo esclarece, se é necessário comentar Marcelo comenta, se um problema carece de uma solução o Marcelo resolve, tudo na hora, em direto, sem reflexão, sem a chatice de ouvir técnicos, sem a seca dos debates parlamentares, tudo resolvidinho logo ali.

Para Marcelo tudo se resolve na hora, problemas de séculos cuja solução demorará décadas são resolvidos com meia dúzia de beijinhos, uns abraços, algumas selfies e umas respostas dadas com passo apressado porque o irrequieto presidente já está a caminho de resolver outro problema. Antes do jogo da bola, já de noite, dá um pulo à barragem vazia e logo ali dá uns recados via jornalistas, de caminho serve umas sopas e a caminho do xixi ainda telefona para Lisboa para saber o que se passa na maldita capital.

Afinal, não havia razões para o atraso ou para o subdesenvolvimento, pede-se ao chefe da Casa Civil para telefonar aos autarcas para mobilizarem as velhinhas, manda-se o motorista encher o depósito, avisam-se as televisões e lá vai Sua Exª. mais a sua comitiva resolver o problema. Começa-se com os afetos, reúne-se com o autarca e de seguida o professor de direito e comentador televisivo que sabe de tudo, arranja logo ali uma solução, manda o governo resolver tudo num par de dias.

Que pena o Professor Marcelo e todo o seu imenso amor mais a sua sapiência não terem aparecido mais cedo, no século XIX, quando o atraso do país era evidente, porque não uns tempos antes, quando esgotados os negócios das especiarias, do ouro e dos escravos o país entrou em decadência. Marcelo está a passar ao país uma mensagem muito perigosa, a de que há uma solução milagrosa para tudo, que só não é adotada porque falta alguém tão sabichão e bondoso como ele.

É uma pena que o Professor Marcelo não tenha razão, que os grandes problemas não se resolvam com a sapiência dos nossos juristas, convencidos que todos os males se resolvem com decretos-leis bem escritos, que o atraso económico não se resolva com mezinhas, que a chuva não comece a cair com procissões e rezas do cardeal, que a saúde não se defenda com pulseiras com bolinhas, que a seca não se resolva com visitas noturnas às barragens, que o crescimento acima dos 3% não resulte de encomendas ou palpites presidenciais.

Marcelo tem a virtude de mobilizar o povo, mas se é verdade que a mobilização coletiva ajuda a resolver os problemas, também não é verdade que os problemas sejam assim tão simples de resolver. O desenvolvimento não é um jogo de futebol, não basta ter uma boa claque e um estádio cheio a empurrar a equipa. Os grandes problemas do país, resultam de atrasos de séculos ou dos desafios atuais ou do futuro e exigem muito mais do que bitaites acompanhados de muito amor e afeto. É esta a falsa ideia que o populismo marcelista está a fazer passar.

Com Marcelo há muita gente que fica convencida de que basta dar muitos beijinhos para que o petróleo comece a jorrar na Estrela.

É uma pena que, como diz o povo, isto não vá lá só com cantigas.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

O REI FALOU! Calem-se…


Estátua de Sal

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 18/10/2017)

marcelo_rei1

O Excentíssimo Sr. Presidente da República, quero dizer o REI, porque amigo do Povo como todos os Reis, falou e disse! Mas o que disse? Nada! Como todos os Reis…

Mas, como parêntesis, eu não posso ser considerado um adepto incondicional deste Rei porque, antes mesmo dele ser eleito, eu escrevi umas diatribes acerca do cujo e às quais, como estão escritas, eu não posso renegar! Foram escritas e publicadas no meu Blog, esse que todos conhecem!, nos dias 11 e 13 de Dezembro de 2015, O Marcelo nada!O MARCELO NADA (2).

Mas ele hoje falou e disse! O quê? Pouco mais que nada. Mas o Rei Marcelo é o supremo Comandante-em-chefe de todas as Forças Armadas, e chefe maior da Nação, o que quer dizer o seu principal responsável. O responsável supremo, melhor dito.

Ou não? Será ele apenas decorativo? Pois não parece! Pois ele quer saber de tudo e sobre tudo opinar…embora não emitindo veementes avisos como o outro…

Ele comanda, como disse ( mas será que é apenas decorativo?), tudo o que são Forças Armadas, da terra, do mar e dos céus, armadas e não armadas, e já agora ele é, para além disso, dono de tudo o que é político e não político, para além de todos os beijos e abraços e também das selfies

Mas, perante a calamidade, da qual todos devemos pedir desculpa às vítimas pela nossa inoperância e alheamento, os militares que ele tão galhardamente comanda foram para o terreno? Isso era com as chefias…

Demiti-los e já! E os tais meios humanos que faltavam e não apareceram, ficaram onde? Nos quartéis! Fazendo escalas e jogando à sueca, para nào falar em jogos mais “hard”? Isso é com as chefias…

Mas então para que serve o Sr. Presidente, Comandante-Em-Chefe de todas as Forças Armadas e Rei daqui e de além mar, pois temos a Madeira e os Açores para além das Berlengas e das Selvagens, num momento de crise aguda? Para inspeccionar as tropas em desfile, para beijar e para ” selfiar”! E para falar…Mas só!

Ele revista as tropas, certifica-se que estão bem alinhadas, fazem-lhe continência e ele segue hirto e educado. Como manda o protocolo, dele e dos outros todos! Mas que manda? Nada!

Aí ele faz, sem dúvida, de figura decorativa! Mas, no caso premente, o que faltou? O Exército! E todo o mundo notou, Sr. Presidente-Rei-Em-Chefe! Culpa do Governo? Não, de V.Exª, quer dizer, das chefias…já me ia esquecendo…

Mas mais, para além dos meios humanos que todos reclamavam (não há bombeiros para acorrer a mais de quinhentos fogos, já lhe ocorreu?)  faltou também a sua larga e extensivamente frota, de tudo o que imaginar se possa, pois eu vejo-a amiúde desfilando aqui pelas ruas da Póvoa e pavoneando-se como que dizendo: “nós existimos”!

Mas elas têm tudo para desfilar, assim como desfilam no dia glorioso da Pátria e da grei, para além de Camões e das Comunidades, como desfilam todos os arsenais que reservadamente possuímos! Só não desfilam os submarinos pois estes, para além de boiarem na Doca de Santos, só andam pelos fundos dos mares, cumprindo funções de elevadíssimo risco…pois estão debaixo de água e isso é sempre um risco!

Mas, veja bem, ainda há quem pergunte, e só pode ser alguém que da sua própria Pátria mostra asco, para que servem as Forças Armadas e, concomitantemente, note a insinuação, o seu Comandante-Em-Chefe! Para desfilar, dizem eles, do fundo da sua enorme ignorância. Deus lhes perdoe, já que a Pátria tal não pode fazer…

Mas é isso, Sr. Presidente: Sua Exª disse nada, e nada é o que eu esperava ouvir, e sem surpresa!

Mas agora, digo-lhe com toda a franqueza Sr. Presidente, esperava mais de si! Para além de, sem quaisquer tibiezas, ter exigido do PM a demissão da Ministra e de toda a gente do aparelho de Estado, que como dizem os doutos comentadores falhou, enfim, que não da sua, o único imune a qualquer responsabilidade  como qualquer Rei deve ser, S. Exª, tal como a totalidade dos comentadores, opinadores, opinadores disto e daquilo e de tudo e de nada, sabedores e especialistas em tudo e até na “vox- populi”, não referiu nunca aquele pequeno pormenor: é que foram ateados mais de quinhentos fogos numa só noite!

A S. Exª, um ser tão arguto e de pensamento mais rápido que o do Lucky Luck, não lhe surgiu nada? Uma pequena estranheza que fosse? Nenhum assessor, na ausência de sua lembrança ( o Senhor pode ser dotado mas na intempérie de informaçào há sempre algo que pode escapar pois ninguém é sobre-humano, embora haja quem assim faça por parecer…), lhe insinuou sequer: Mas, Sr. Presidente  e Comandante-Em-Chefe de todas as Forças Armadas, do mar,da terra e do céu, é que são mais de quinhentos …! Eu sei, disse V. Exª seca e distraidamente…

E foi assim a decisiva intervenção das nossas Forças Armadas, neste inaudito e inusitado conflito entre as forças do bem e do mal, do mafarrico contra as gentes ordeiras, com o seu Comandante Supremo na chefia!

Tão grandiosa foi a vitória, pesem as mais de trinta vítimas (pedimos-lhe desculpa), que resta apenas dizer: Parabéns incendiários…great job!

PS: Perante as tamanhas alarvidades que eu tenho ouvido, as minhas banalidades são pormenor…