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sábado, 23 de setembro de 2017

Para os meninos e para as meninas



por estatuadesal
(José Pacheco Pereira, in Sábado, 17/09/2017)
JPP
Pacheco Pereira
Não contem comigo para ter de fazer as prevenções do costume, destinadas a comprovar que não sou machista. Quero a plena emancipação das mulheres e tenho uma ideia do que o impede e dos obstáculos enormes que existem.

A recente polémica, muito ainda da silly season, sobre livros de exercícios escolares "para os meninos e para as meninas" revela um dos problemas de uma parte da esquerda que se dedicou ao policiamento do "politicamente correcto" e àquilo a que chama "causas fracturantes". Essa parte da esquerda une o Bloco a uma minoria significativa do PS, que envolveu o Governo num processo absurdo de excitação política acerca de nada, ou quase nada.

domingo, 26 de março de 2017

Em ti, Dijsselbloem (estatuadesal)

 

(Isabel Moreira, in Expresso Diário, 25/03/2017)
 
ISA_MOR
 
Em ti, Dijsselbloem, está o que está em todo o lado, o sexismo que nas tuas palavras põe alimentos e mulheres no mesmo cesto e toda uma visão heteronormativa do mundo.
Em ti, Dijsselbloem, está, no entanto, especificamente, o desprezo pelo outro, a vontade de aniquilar esse outro, num olhar de moral calvinista, a vontade de varrer da Europa quem tens por miseráveis.
Em ti, Dijsselbloem, está, afinal, a vontade ativa de ignorar as causas da crise dos países europeus, está afinal o que sempre esteve, uma ética punitiva a aplicar aos boçais do sul entre os quais também habitam os que durante muito tempo validavam o teu discurso acusando-nos de vivermos “acima das nossas possibilidades”.
Em ti, Dijsselbloem, está a prova de que a xenofobia e o racismo, a extrema-direita, infiltraram-se nos partidos que se dizem, como o teu, “sociais-democratas”, para vitória de quem quer pregar, precisamente, a segregação em vez da união, o tal do desprezo pelo outro que te sai pela boca.
Em ti, Dijsselbloem, está a o norte e o sul, os “fundadores” e os “servidores”, com pronta ajuda do ministro das finanças alemão (era para o país dele que falavas, quando vomitaste?).
Desengane-se quem diz que só está em causa uma clivagem ética e moral e não, também, uma clivagem ideológica.
Vi quem escrevesse que seria assim, por ter sido um homem “de esquerda” a dizer o que disse. Acontece que Dijsselbloem representa precisamente o fenómeno de desmaterialização da esquerda (que felizmente não aconteceu em Portugal). É um homem que há muito dá mostras de pertencer ao campo da direita austera, arrogante e moralista.
Justamente o que é extraordinário é ver a extrema-direita crescer nos seus partidos formais e esticar os ramos para dentro de outros partidos e através deles para instituições europeias.
Foi o caso do partido trabalhista holandês, que lá fez o seu caminho tendo um Dijsselbloem à sua frente, à frente do governo e à frente do Eurogrupo, que não disse uma única palavra verdadeiramente diferenciadora do discurso da extrema-direita e que morreu nas últimas eleições.
Quem não morreu foi a extrema-direita.
Em ti, Dijsselbloem, ouvimos o que destrói (e já destruiu) a Europa.
 
Ovar, 26 de março de 2017
Álvaro Teixeira