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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A história tem um lado certo

Celso  Filipe
Celso Filipe | cfilipe@negocios.pt16 de agosto de 2017 às 23:00

A história tem um lado certo

Charlottesville "é uma história com dois lados", declarou o Presidente dos Estados Unidos referindo-se aos confrontos entre supremacistas brancos e nazis e defensores dos direitos humanos, alegadamente conotados com a extrema-esquerda. Primeiro, Trump desvalorizou os acontecimentos, num segundo momento, condenou os supremacistas brancos e, por fim, partilhou as responsabilidades.
Donald Trump tem razão em afirmar que se trata de uma história com dois lados. Mas faltou-lhe a segunda parte da narrativa. Há um deles que está decididamente do lado errado da história e não merece complacência na avaliação. Defender o princípio da supremacia de uma raça sobre as outras é claramente um pensamento estuporado e antidemocrático, seja a democracia de direita, de esquerda, ou do centro. O nazismo já nos mostrou o quão odiosa pode ser a tese da supremacia racial.
Trump quis ser salomónico, distribuindo as culpas, de forma a satisfazer até muitos daqueles que votaram em si e encontram acolhimento na plataforma "alt-right", do seu ex-conselheiro Steve Bannon. Fez mal, porque há uma responsabilidade inicial, a de quem apregoa princípios que ofendem a natureza humana.
Donald Trump deixou de ter rumo e lidera ao sabor dos seus caprichos. Por isso, Douglas McMillion, CEO da Walmart, saiu do comité de aconselhamento do Presidente, argumentando que este perdeu uma oportunidade de unir o país "rejeitando as acções chocantes dos supremacistas brancos". Já antes, pelas mesmas razões, Kenneth Frazier, director executivo da farmacêutica Merck, e os CEO da Under Armour e Intel haviam tomado idêntica opção.
O Presidente dos EUA começa assim a perder apoios significativos entre empresas que julgava serem o seu respaldo para dar corpo ao lema do "Make American Great Again". Até porque no plano económico existem muitas dúvidas de que a economia norte-americana possa crescer este ano 3%, pressuposto no qual a Casa Branca baseia o seu Orçamento. "É profundamente enganador" e, se houver uma redução de impostos, "resultará num défice orçamental significativamente maior, o que aumentará a dívida nacional para níveis sem precedentes", avisa Simon Johnson, professor no MIT, num artigo publicado na edição de ontem do Negócios.
E a conjugação destes factores, como já se disse, pode impelir Trump a procurar inimigos externos (Coreia do Norte, Venezuela e Irão) para reconstruir um clima de coesão interna que as suas acções têm vindo a erodir. O perigo é esse.

domingo, 13 de agosto de 2017

Trump e a extrema-direita

13/08/2017 por j. manuel cordeiro



Recorte: The Guardian
O presidente disse que condenou o “ódio, fanatismo e violência em muitos lados” no sábado. E repetiu a frase “em muitos lados” para enfatizar. Um porta-voz da Casa Branca amplificou mais tarde as declarações do presidente, dizendo ao The Guardian: “O presidente estava condenando o ódio, fanatismo e violência de todas as fontes e de todos os lados. Houve violência entre manifestantes e contra-manifestantes hoje “.
Mas houve uma forte reacção à recusa de Trump em denunciar os radicais de extrema-direita que atravessaram as ruas carregando tochas flamejantes, gritando epítetos raciais e atacando os seus oponentes.
Os confrontos começaram depois dos nacionalistas brancos terem organizado uma reunião em torno de uma estátua do general confederado Robert E Lee, a ser futuramente removida, e culminou com um carro sendo deliberadamente conduzido contra um grupo de pessoas que protestavam pacificamente contra a manifestação da extrema-direita, matando uma pessoa e ferindo pelo menos 19. [The Guardian]

Um carro é conduzido contra aqueles que “protestavam pacificamente” e Trump vem falar, com enfatização, de violência vinda de muitos lados. Evidenciando que foi uma mensagem pensada para assim ser dita, um porta-voz da Casa Branca repetiu o argumento do “ódio, fanatismo e violência de todas as fontes e de todos os lados”. Que não sobrem dúvidas. A presidência norte-americana, ao procurar igualar ambos os lados em termos de violência, optou conscientemente por desvalorizar os actos da extrema-direita.
Tal como escreveu J. K. Rowling, foi um grande dia para Trump se ter esquecido de usar o Twitter.
Hoje Trump esqueceu-se do Twitter
@ Twitter
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Percurso de James Alex Fields contra os manifestantes
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Fonte: Aventar