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sábado, 10 de março de 2018

Esta tipa não se enxerga?

por j. manuel cordeiro

"O CDS-PP pretende que o ministro das Finanças e o Governador do Banco de Portugal prestem esclarecimentos após o parecer da Comissão Europeia sobre a venda do Novo Banco."

O futebol e os conluios judiciais são um melhor filão, vão por mim

por estatuadesal

(In Blog Aspirina B, 09/03/2018)

FUTEBOL1

Bom, está visto que, com este governo, o jornalismo acusatório, alarmista e de casos tem muito poucas hipóteses de prosperar.

A exploração da tragédia dos incêndios até à náusea, raiando a pornografia, viu-se sem sustento sério para uma responsabilização do Governo e acabou por esmorecer e perecer com um relatório e o arrefecimento nocturno.

O Presidente da República tentara ajudar à batucada, mas a culpabilização do Governo não colou nas populações, que conhecem melhor as causas dos incêndios do que o Presidente, acabando até este por se refrear perante as observações de excesso de protagonismo, aproveitamento de função não executiva, deslocações à milagreiro e lamechice.

Mário Centeno, o alvo mais apetecido da direita chafurdola, primeiro no caso SMS/ António Domingues/ CGD e, depois, no caso “bilhetes para o Benfica em troco de benefícios fiscais para o filho de L. F. Vieira”, acabou triunfando sobre a sacanagem e sobre as mentiras e a pulhice do Correio da Manhã e seus replicadores. O roubo de Tancos também animou as hostes, mas, por ser demasiado claro que Azeredo Lopes não tinha como função guardar os armazéns de armamento e que a Constança de qualquer modo já ia ser abatida, passou, e passou com uma gargalhada, mal apareceram as armas acompanhadas de um bónus. O caso serviu, isso sim, para pôr a descoberto as práticas pouco ortodoxas e os esquemas, quando não os crimes, de alguns militares e para mostrar que algo ia muito mal no exército, mas não por culpa do ministro.

O caso mais recente da ponte mais movimentada do país que estaria na iminência de colapsar porque o Governo não autorizava as obras de manutenção foi também, em menos de 24 horas, pelo cano, com a corrente, com a ventania, com o que quiserem. Mas, com os esclarecimentos dos protagonistas (LNEC, Ministério as Finanças, Infraestruturas de Portugal, ministro das Infraestruturas, etc.), foi sem dúvida para um lugar de inertes onde a Visão vira demais.

Os jornalistas deviam, pois, ter sempre à mão uns leques ou uns cubos de gelo que lhes moderassem os calores no exercício do quarto poder.

Há vidas que são uma quadratura do círculo

por helenafmatos

henrique pereira dos santos: «Jorge Coelho, de forma sistemática, transferiu riscos dos concessionários para o Estado, renegociando concessões em posição de fragilidade: uma coisa é negociar uma concessão através de um concurso em que todos os concorrentes querem ganhar a concessão, outra coisa é negociar alterações a concessões quando já existe um contrato e só há um concessionário, que tem evidentemente a faca e o queijo na mão.

Jorge Coelho perseguia objectivos políticos de curto prazo, querendo obras mais rápidas para estarem prontas ou lançadas a tempo de eleições ou querendo motivar interessados em obras injustificáveis do ponto de vista da racionalidade económica, como algumas das auto-estradas que foram feitas (não deixa de ser uma deliciosa ironia que pelo menos um dos subscritores do processo judicial posto à troica seja um dos principais economistas envolvidos nas marteladas dadas aos números para justificar obras injustificáveis, sustentadas em empréstimos que só não deram pior resultado porque a troica nos pôs a mão por baixo, não sei se por sermos meninos, se por sermos borrachos).

Pois bem, sendo isto assim e estando perfeitamente documentado, o que mais se vê são referências à putativa promiscuidade entre Ferreira do Amaral e a Lusoponte, como justificação para o facto da manutenção da ponte ir agora sair do bolso dos contribuintes, mesmo na imprensa de referência e nos comentadores mais influentes, conseguindo Jorge Coelho (e Guterres) nunca ser responsabilizado pela captação do Estado a favor dos seus interesses políticos (dos outros não falo, a polícia que tome conta do assunto, se houver matéria para isso, do que aliás duvido, neste caso)»

Ladrões de Bicicletas


Escapam?

Posted: 09 Mar 2018 01:16 AM PST

Mário Centeno declara que o chamado ajustamento grego foi demasiado longo (de facto, a crise grega ultrapassou a Grande Depressão em duração e severidade da queda do PIB), mas, traduzindo a novilíngua da troika por si adoptada, diz que a falta de convicção com que as elites gregas aplicaram as políticas impostas pelos credores atrasou tudo. Varoufakis vê justamente nisso um insulto, que se soma à injúria sofrida.
Nem de propósito, em artigo no número deste mês da edição portuguesa do Le Monde diplomatique - Por quem o sininho dobra no Eurogrupo? - mobilizo o último livro de Varoufakis, que tem algumas boas revelações e que foi recentemente editado entre nós, para tentar aprofundar a reflexão sobre os efeitos perversamente reveladores da chamada eleição de Centeno para a chamada Presidência do chamado Eurogrupo. Centeno está bem onde está, tendo em conta a sua orientação ideológica. A questão com Centeno não é pessoal, mas sim política. Um problema, em suma.
Enfim, apetece dizer: eles que apostem no bloco central europeu, do ponto de vista político, e em dar novo fôlego à financerização da economia, como já defendeu Centeno em declarações e opções recentes; eles que tragam cá para dentro tais tendências europeias, o que se nota aqui e ali, e veremos então se a social-democracia nacional escapa a prazo ao destino das suas congéneres europeias.
Entretanto, Varoufakis insiste na fuga em frente dita pan-europeia, esquecendo que não se conquista na escala transnacional o que se perdeu na escala nacional, rumo a um resultado residual nas eleições europeias para os partidos que integrem o seu movimento, nuns casos, ou a fazer de flor na lapela de uma social-democracia em declínio generalizado, noutros.

Hoje

Posted: 08 Mar 2018 06:19 PM PST

«Notícias» do desemprego real

Posted: 08 Mar 2018 01:37 PM PST

Na sexta-feira passada, a propósito do livro que celebra o 10º aniversário do Observatório das Desigualdades (OD), o Público chama à capa uma notícia bombástica: «Desemprego real é o dobro do que mostram os números oficiais». Curiosamente, talvez porque os tempos eram outros, uma notícia semelhante não teve o mesmo destaque em março de 2015, quando a taxa de desemprego real era bem mais significativa (superior a 25%), de acordo com as conclusões do estudo do Observatório das Crises (OsCA). Nessa altura, de facto, quem no Público acabaria por prestar mais atenção a esse trabalho foram cronistas como João Miguel Tavares e Fátima Bonifácio, que o tentaram descredibilizar, alegando falta de «cientificidade» e sugerindo que o mesmo não passava de um exercício de «endoutrinação».

Na devida altura (agosto de 2017), o João Ramos de Almeida chamou à atenção para o facto de o INE voltar a publicar dados agregados sobre formas atípicas de desemprego (não integradas no cálculo do desemprego oficial), retomando o conceito de «desemprego em sentido amplo», mas agora sob a designação de «subutilização do trabalho». Este indicador, suspenso durante os anos da troika, não recupera contudo os critérios anteriores, tornando impossível reconstituir, nos mesmos moldes, a série de dados anterior a 2011 (gráfico aqui em cima). Entre as várias alterações sobressai a transição do subemprego para o universo dos ativos empregados (até 2009 fazia parte da população inativa) e dos desencorajados para o universo dos inativos, passando os ocupados a ser contabilizados também como emprego e não como desemprego (escapando portanto aos cálculos da respetiva taxa).
Ora, o que os exercícios do OsCA e do OD pretendem é justamente apurar de forma global as diversas situações de desemprego, de modo a melhor refletir a dimensão real do fenómeno, superando assim as limitações dos cálculos oficiais de emprego e desemprego. O que permite, por seu turno, evidenciar até que ponto os critérios estatísticos adotados em 2011 ajudaram por um lado a dissimular a degradação do mercado de trabalho na vigência do anterior Governo (camuflando o desemprego) e, por outro, compreender a sua evolução desde o final de 2015.

A partir destes exercícios é possível fixar alguns pontos relevantes: sobretudo entre 2013 e 2015, o volume de «desempregados ocupados» foi essencial para escondero desemprego (se em 2011 os «ocupados» representavam 7% das formas atípicas de desemprego, em 2014 e 2015 assumem um peso de quase 30%, descendo desde então para valores já próximos dos 20%); é apenas em 2015 (e não em 2014) que o desemprego oculto começa a diminuir, sendo significativa a queda entre 2015 e 2017 (-131 mil). Ou seja, o facto de o desemprego real ser em 2017 «o dobro do que mostram os números oficiais» não significa - ao contrário do que possa sugerir a manchete do Público - que o desemprego oculto esteja a aumentar. Não, apenas a recuperação do mercado de trabalho tem sido essencialmente feita, como é natural, através de um ritmo de integração dos desempregados contabilizados pelo INE, que é superior ao da integração de desencorajados, do subemprego e dos «ocupados». Um desemprego real acima do desemprego oficial não é portanto propriamente uma «notícia». E muito menos uma notícia bombástica.

Entre as brumas da memória


Dica (732)

Posted: 09 Mar 2018 01:40 PM PST

O passado, hoje (Francisco Seixas da Costa)

«Na morte de Varela Gomes, o presidente da República qualificou contudo o regime ditatorial com uma bizarra "trouvaille" semântica - uma "ditadura constitucionalizada". O professor Marcelo prevaleceu sobre o chefe de Estado. Ora a ditadura foi "apenas" uma ditadura: com censura, polícia política, perseguições, prisões, torturas e mortes.»

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Sondagem fresquinha: quem sobe, quem desce

Posted: 09 Mar 2018 11:59 AM PST

«Em Março, o PSD subiu 0,6 pontos percentuais para 27% das intenções de voto, o máximo desde os 27,4% registados em Dezembro de 2016. Já o PS recua 1,4 pontos para 39,2%, o que representa o menor valor nas intenções de voto desde Outubro do ano passado, altura que culminou um período difícil para o Governo com os incêndios de Junho e desse mês e ainda o caso de Tancos.
Sendo certo que o PSD vem subindo no barómetro da Aximage há seis meses consecutivos, o crescimento alcançado entre Fevereiro e Março - primeiro mês desde que o partido é presidido por Rio, que assumiu formalmente a liderança social-democrata no Congresso de meados de Fevereiro - representa a maior subida em quatro meses. Por outro lado, a distância agora verificada entre os dois maiores partidos (12,2 pontos percentuais) é menor do que era em Dezembro de 2016 (12,7 pontos).

Além dos sociais-democratas, só o Bloco de Esquerda sobe face a Fevereiro, com os bloquistas a avançarem de 8,8% para 10%. A CDU (coligação entre PCP e PEV) recua ligeiramente para 7,4% e o CDS perde quase um ponto percentual para 5,4% das intenções de voto. Juntos, PSD e CDS (que vão concorrer às legislativas de 2019 em listas separadas), valem agora 32,4%, abaixo das intenções de voto recolhidas pelos socialistas.»

Daqui.
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Tarde de chuva e umas belas gargalhadas

Posted: 09 Mar 2018 06:33 AM PST

O Pedro Vieira no seu melhor.
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Ponte sobre o Tejo

Posted: 09 Mar 2018 02:52 AM PST

«Segundo um relatório do LNEC, a ponte 25 de Abril tem fissuras em pilares, parafusos desapertados e cabos deslaçados, no fundo está um bocado como a revolução que lhe deu o nome. Mas se está em risco de cair faz sentido para aqueles que continuam a chamar-lhe ponte Salazar.

À partida, confio nos estudos do LNEC desde que vi o saudoso engenheiro Edgar Cardoso aos saltos em cima da pala do antigo estádio de Alvalade para provar que estava segura. A verdade é que, mais tarde, o estádio foi demolido e a única parte que se manteve firme e hirta, até ao fim, apesar das obras todas em redor, foi a pala do estádio. Foi graças ao professor Edgar Cardoso que a profissão de engenheiro ganhou um tal estatuto no país que, mesmo depois do que aconteceu com Sócrates, continua a ser bem vista.

Seria uma tragédia se a ponte 25 de Abril ruísse, especialmente se caísse em cima de um daqueles paquetes de cruzeiros cheios de turistas que nos vêm encher os cofres. Por outro lado, o facto de ficarmos só com um ponte podia evitar discussões, muitas vezes quase violentas, entre casais sobre: "Vamos pela 25 de Abril ou pela Vasco da Gama?" É uma das decisões mais terríveis de tomar para quem chega a Lisboa. Se vão mais do que duas pessoas no carro parece o público do "Preço Certo em Euros" a mandar palpites: "Vasco da Gama!" "Sobre o Tejo!"

Fez esta semana 16 anos da tragédia de Entre-os-Rios. Desconfio que pouco se aprendeu desde aí. Inaugurar pilares de pontes não dá votos nas eleições, porque mete mergulhadores e é quase tudo debaixo de água e não dá jeito para tirar fotos ou fazer reportagens. Por outro lado, se muitas vezes o Governo não corrige aquilo que todos vemos que está mal, por que raio iria gastar dinheiro em pormenores que não damos por isso? Não fossem as notícias, sabia lá que a ponte estava neste estado, e passo lá algumas vezes e sou um tipo pessimista e chato, sempre pronto a apontar defeitos.

Agora, não consigo voltar a olhar para a ponte 25 de Abril com os mesmos olhos. Não vou desistir da Maratona de Lisboa deste ano mas, quando passar na ponte, vou em biquinhos de pés. Só volto a sentir segurança a atravessar a 25/4 depois de fazerem um teste com uma feijoada na ponte como fizeram aquando da inauguração da Vasco da Gama. Porque o que nos vai valendo é que Lisboa não é famosa por sismos a não ser em livros de História.

Para terminar, se andamos todos há uns bons anos a fazer de cobaias da Lusoponte, acho que o mínimo é voltarmos aos tempos em que em Agosto não pagávamos portagens. Para mim, não pagar portagem na ponte 25 de Abril era o melhor que o Agosto tinha.»

João Quadros

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Dica (731)

Posted: 08 Mar 2018 02:51 PM PST

Your Data Is Crucial to a Robotic Age. Shouldn’t You Be Paid for It? (Eduardo Porter)