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segunda-feira, 5 de março de 2018

A Universidade que temos

PEDRO PASSOS COELHO

Alexandre Homem CristoSeguir

5/3/2018, 0:04902

A contratação de Passos Coelho pelo ISCSP nunca poderia ser bem-recebida num sistema universitário alheio ao mérito e alimentado por compadrios – e, portanto, precário para uns e generoso para outros.

Quem tivesse aterrado há cinco dias em Portugal, e ouvisse as críticas à contratação de Passos Coelho para dar aulas no ISCSP da Universidade de Lisboa (UL), poderia convencer-se que, por cá, se leva muito a sério a qualidade no recrutamento das universidades, assim como o rigor na atribuição de graus académicos. E se se convencesse disso estaria obviamente equivocado.

Poder-se-ia entrar no debate e explicar que ter ex-políticos de relevo a dar aulas numa universidade é uma prática comum no contexto internacional. Ou até esclarecer a ignorância de quem não sabe que o estatuto de catedrático-convidado, que Passos Coelho terá no ISCSP, não equivale a professor catedrático em termos de carreira académica. Mas o ponto não está nesta argumentação. A questão que realmente importa tem raízes mais profundas: a contratação de Passos Coelho nunca poderia ser bem-recebida num sistema universitário alheio ao mérito, alimentado por compadrios e redes de influência. Isto é, um sistema que aclama a endogamia – e que é, portanto, arbitrariamente precário para uns e generoso para outros.

Os dados da endogamia universitária falam por si. Na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (UC), todos os docentes de carreira fizeram o seu doutoramento nessa mesma faculdade. Não é arredondamento, é mesmo 100%. Em 53 professores, não há um único que se tenha formado numa outra instituição de ensino – basicamente, há os “da casa” e quem vem de fora fica à porta. Mas há muitos mais exemplos. Ainda em Coimbra, a universidade portuguesa com níveis mais elevados de endogamia, a Faculdade de Medicina tem uma taxa de 97%. Na de Medicina da Universidade do Porto (UP), a taxa de endogamia é só ligeiramente inferior: 93%. E na Faculdade de Letras da UP, a taxa mantém-se nuns elevados 83%. O que quase parece pouco se se comparar com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (UL), que tem 96% dos seus 165 docentes de carreira doutorados nessa mesma instituição. De resto, na UL, nada de particularmente diferente: a Faculdade de Medicina tem uma taxa de endogamia de 85% e a Faculdade de Direito quase iguala a marca de Coimbra: em 103 professores, apenas um se formou numa outra instituição, resultando numa taxa de endogamia de 99%.

Todos estes casos são sintomas da endogamia persistente no sistema universitário português: comunidades académicas fechadas sobre si mesmas, viciadas em favorecimentos internos, alheias a ideias novas e oriundas do exterior, e forçosamente menos integradas nas redes internacionais. Olhando para o cenário global das universidades portuguesas da rede pública, 70% dos docentes de carreira formaram-se na instituição onde agora dão aulas. É um valor altíssimo e preocupante. E é só a ponta do icebergue.

Os dados aqui mencionados, retirados de um relatório da Direcção Geral das Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), não contabilizam os professores convidados e similares – que, ao não serem de carreira, dispensam concurso de acesso, dando origem a (ainda mais) situações de endogamia. É, aliás, essa a conclusão de um estudo sobre o tema, publicado pelo Conselho Nacional de Educação: a legislação “continua a permitir que as instituições recorram à carreira informal dos professores convidados, a qual reforça o recrutamento endogâmico”, para beneficiar os seus protegidos em futuros concursos de vinculação à carreira.

O que quer dizer tudo isto? Que o caminho mais certo para a obtenção de um lugar numa faculdade é a vassalagem académica, tendo as lideranças das faculdades um poder tremendo sobre a carreira (e a vida) dos docentes. Que são estas as regras do jogo, que muitos lamentam mas cumprem porque disso depende a sua progressão profissional. E que quem entrar vindo de fora, por mérito próprio ou melhores contactos, será visto com inveja e tratado como ameaça.

Sim, há um problema nas escolhas que as universidades fazem na contratação dos seus docentes. Mas não, esse problema não está no perfil de experiência e qualificações de Passos Coelho para leccionar Administração Pública no ISCSP – já agora, a unidade da UL com mais baixa taxa de endogamia (59%). O problema está num sistema universitário erigido sobre pequenas teias de influência, lealdades, invejas e redes de poder. Discuta-se isso, que o resto é só ruído.

Portugal não está preparado para um tornado?

05 Março 2018

João Francisco Gomes

Os tornados têm vindo a aumentar? Porque é que atingem quase sempre o Algarve e o Alentejo? Quais foram os mais graves em Portugal? As oito perguntas essenciais e as respostas dos especialistas.

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Em menos de uma semana, dois tornados causaram fortes danos no Algarve. As imagens impressionam: telhados que voaram, árvores arrancadas pela raíz e muros derrubados. Também a história mostra que o Algarve e o Alentejo são as regiões mais afetadas pelos tornados — um fenómeno que, apesar de raro, parece tornar-se mais frequente em Portugal.

O Observador falou com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera e com dois especialistas para tentar responder às principais questões. Afinal, o que é um tornado e como se forma? O que se passa para que sejam cada vez mais frequentes no nosso país? Porque é que o Algarve e o Alentejo são as regiões mais afetadas? E o que podemos aprender com as ocorrências do passado para melhorar a prevenção?

O que é um tornado?

Um tornado é uma coluna de ar em rotação rápida e violenta que se forma em terra quando estão reunidas as condições meteorológicas para tal.

Distingue-se dos furacões em quatro fatores essenciais: forma-se em terra (os furacões formam-se no oceano), tem uma dimensão que pode chegar a algumas centenas de metros (mas nunca aos quilómetros dos furacões), dura breves minutos, habitualmente menos de umahora (enquanto os furacões podem estar ativos durante semanas) e atinge velocidades enormes, de até 500 quilómetros por hora (ao passo que os furacões não passam, habitualmente, dos 290 quilómetros por hora).

De acordo com a agência norte-americana para a meteorologia (NOAA, na sigla em inglês), “para um vórtice ser classificado como tornado, tem de estar em contacto tanto com o solo como com a base da nuvem”. Contudo, segundo a mesma agência, não há consenso entre os meteorologistas na classificação da maioria dos eventos a que se pode chamar tornado.

Informação pública disponibilizada pelo centro espacial norte-americano Goddard, da NASA, descreve os tornados como circulações de ar “em pequena escala”, quando comparados com os furacões: muito mais rápidos e violentos, mas de muito menor dimensão e em terra.

Como se forma um tornado?

Um tornado forma-se quando se verifica uma situação de contraste de temperatura e pressão entre a zona superior e a zona inferior da atmosfera, contraste esse que provoca uma deslocação de grandes massas de ar a grande velocidade.

Alfredo Rocha, professor do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro, explica ao Observador que é este “contraste entre a temperatura de atmosfera, fria e seca em cima, quente e húmida em baixa“, que está na origem dos tornados.

Estas condições verificam-se quando, por exemplo, há ventos quentes a entrar a uma altitude relativamente baixa, “aumentando o nível de instabilidade”. As chuvas intensas em períodos de tempo curtos também contribuem para esta situação, aumentando a humidade da zona mais baixa da atmosfera.

Os tornados podem formar-se devido a diferentes fenómenos que, de uma forma ou de outra, levem a que estas condições estejam reunidas. Por exemplo, o tornado desta segunda-feira, no Algarve, esteve associado a uma supercélula — um tipo de tempestade muito forte –, explicou ao Observador a meteorologista Maria João Frada, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

O tornado em Faro provocou danos graves este fim de semana (Norberto Esteves/Facebook)

Os tornados estão a tornar-se mais frequentes em Portugal?

“O IPMA não tem nenhuma informação que sustente uma maior predominância ou frequência de tornados em Portugal nos últimos anos”, responde a meteorologista Maria João Frada, sublinhando que “a única coisa que se pode dizer com certeza é que, quando há uma determinada situação meteorológica em que estejam reunidos os ingredientes suficientes para se formar um tornado, pode acontecer”.

A meteorologista do IPMA recusa também qualquer ligação entre os tornados recentes em Portugal e as alterações climáticas. “Não tem nada a ver“, assegura Maria João Frada.

Também o geofísico Filipe Duarte Santos sublinha, ao Observador, que “em Portugal sempre houve tornados”, apesar de apenas haver registos “a partir de meados do século passado”. “Agora, são um pouco mais frequentes“, admite.

Os dados da European Severe Weather Database, a mais importante base de dados sobre fenómenos atmosférios extremos no continente europeu, indicam que nos últimos cem anos foram registados 91 tornados em Portugal.

Os dados, contudo, são mais consistentes a partir da década de 80, mostrando não só uma tendência geral para o aumento do número de tornados, mas também o facto de haver picos — anos em que as condições meteorológicas favoreceram a ocorrência de vários tornados, como 2002, 2006, 2008 ou 2010.

O geofísico Filipe Duarte Santos diz ao Observador que “os tornados não são a manifestação mais evidente da mudança do clima”, destacando que é mais preocupante o facto de a precipitação anual vir diminuindo. “Desde 1960, a precipitação em Portugal diminuiu cerca de 40 milímetros por década, ou seja, já diminuiu mais de 200 milímetros desde essa altura”, explica o especialista.

O crescente número de fenómenos meteorológicos extremos, como é o caso dos tornados, é outra das faces das alterações climáticas, esclarece o cientista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Concretamente no caso dos tornados, o problema reside no aumento da temperatura provocado pelas alterações climáticas.

“Desde os anos 70, a temperatura tem aumentado 0,4ºC por década”, sublinha Filipe Duarte Santos, explicando com um exemplo prático: “Com o aumento da temperatura, a atmosfera contém mais o vapor de água. É como quando abrimos a água quente numa casa de banho, provocando uma espécie de nevoeiro, que é vapor de água. Também a atmosfera fica com mais vapor de água com o aumento da temperatura. Com esse vapor de água, a atmosfera torna-se mais energética, havendo mais movimentos convectivos, movimentos ascendentes na atmosfera, que dão origem a trovoadas, ventos fortes. Quando há uma situação de depressão, de pressões baixas, originam-se contrastes de temperatura que geram os tornados”.

Para Filipe Duarte Santos, não há dúvidas: “O aquecimento global é o principal motivo. E as alterações climáticas manifestam-se não apenas pelo aumento da temperatura média em todos os sítios do mundo, mas também pelo aumento da frequência de fenómenos extremos, como os tornados”.

Quais foram os tornados mais graves em Portugal?

Apesar de os tornados não serem o fenómeno meteorológico mais comum em Portugal, há registos de tornados bastante graves nos últimos anos.

Em 15 de abril de 2010, por exemplo, um tornado formou-se junto ao rio Tejo, em Lisboa, atirando pedras contra os carros. Se aquele tornado foi apenas um susto — os danos não passaram de riscos nos automóveis que levaram com as pedras arrastadas pelo vento –, um outro registado na zona centro do país em dezembro do mesmo ano foi considerado, na altura, o mais intenso em 20 anos, provocando graves danos nos concelhos de Tomar, Ferreira do Zêzere e Sertã.

"O aquecimento global é o principal motivo. E as alterações climáticas manifestam-se não apenas pelo aumento da temperatura média em todos os sítios do mundo, mas também pelo aumento da frequência de fenómenos extremos, como os tornados"

Filipe Duarte Santos, geofísico

Em 16 de novembro de 2016, um outro forte tornado atingiu o concelho de Silves, no Algarve, provocou 13 feridos. O fenómeno, que provocou rajadas de 270 quilómetros por hora, foi um dos mais devastadores registados em Portugal: estruturas de alumínio foram arrancadas de varandas, cadeiras voaram do estádio de Silves, árvores foram arrancadas pela raiz e até a cúpula do telhado dos Paços do Concelho voou até ao chão. A devastação foi tal que a notícia do caos chegou à BBC.

O Algarve e o Alentejo têm sido das regiões mais afetadas por este tipo de fenómenos. Só na noite de 24 para 25 de outubro de 2016, em menos de cinco horas, foram registados quatro tornados entre estas duas regiões. Árvores foram derrubadas e telhas do pavilhão municipal caíram sobre os carros que se encontravam estacionados na rua, mas não houve feridos.

Agora, o fenómeno tornou a repetir-se. Na semana passada, um tornado de fraca intensidade virou barcos e danificou carros em Faro. Esta semana, o problema foi mais grave: uma comunidade de 100 pessoas ficou desalojada na sequência de um novo tornado no Algarve, que provocou a queda de muros e de árvores.

Porque é que os tornados se formam sobretudo na zona do Algarve e Alentejo?

O professor Alfredo Rocha, da Universidade de Aveiro, explica que esta realidade tem a ver com as condições de formação dos tornados: “Habitualmente, as condições atmosféricas que podem gerar tornados são os ventos quentes, de baixo nível, vindos de Sudoeste, com muito vapor de água, porque isso significa ar quente e húmido a entrar no continente”.

Um stand de automóveis em Faro ficou danificado este domingo (Norberto Esteves/Facebook)

Quando há ventos e chuva vindos de Norte, não se formam tornados“, acrescenta, sublinhando que os ventos mais quentes são os que vêm do Oceano Atlântico, “sobretudo da zona sul”. “Por isso é que as regiões mais afetadas são habitualmente o Algarve e o Alentejo: são as primeiras a receber estes ventos. Mas isso não quer dizer que não se verifiquem tornados noutras zonas do país”, esclarece o cientista.

É possível prever um tornado?

Sim, mas com muito menos antecedência do que um furacão: enquanto o aviso meteorológico para um furacão pode chegar com vários dias de antecedência, o aviso relativo a um tornado é emitido habitualmenteentre 15 e 30 minutos antes da ocorrência.

Segundo explica a agência meteorológica norte-americana, a previsão de tornados é muito difícil porque “uma grande variedade de padrões meteorológicos podem conduzir a tornados e, frequentemente, padrões semelhantes podem nem sequer produzir mau tempo”.

Como se avalia a intensidade de um tornado?

A intensidade dos tornados é medida através da escala de Fujita, desenvolvida em 1971 pelo meteorologista Theodore Fujita, na Universidade de Chicago. A escala tem seis níveis, de F0 (danos ligeiros) até F5 (devastação total).

Segundo explicou a meteorologista do IPMA Maria João Frada ao Observador, o tornado registado no Algarve na semana passada foi de F0. Já o registado este domingo foi de intensidade F1 (danos moderados).

O tornado verificado nos concelhos de Tomar, Ferreira do Zêzere e Sertã em dezembro de 2010 teve intensidade F3 (danos graves), sendo o mais intenso alguma vez registado em Portugal.

"Quando há ventos e chuva vindos de Norte, não se formam tornados. Os ventos mais quentes vêms obretudo da zona sul. Por isso é que as regiões mais afetadas são habitualmente o Algarve e o Alentejo: são as primeiras a receber estes ventos"

Alfredo Rocha, professor do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro

Portugal está preparado para um tornado?

Para Alfredo Rocha, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro, o país não está preparado para a maioria dos fenómenos atmosféricos extremos. “Como não estamos habituados, porque no passado acontecia muito menos frequentemente, não estamos preparados”, considera o cientista.

“Isto são alterações, sobretudo ao nível da temperatura, que estão a acontecer muito depressa. Estamos a falar de cinco anos, dez anos. Não tivemos tempo para nos preparar”, explica.

O cientista exemplifica: “Ao nível das estradas, das infraestruturas, dos edifícios, dos sistemas de drenagem, há muita falta de preparação. Um caso que explica bem isto são os aluimentos de terras que têm acontecido. Aconteceu agora em Santa Comba Dão e até provocou o descarrilamento de um comboio“.

Segundo Alfredo Rocha, “os terrenos não têm tempo para drenar e as inundações nas cidades multiplicam-se”. “Se, de facto, este tipo de eventos vier a acontecer com mais frequência, é necessário proteger melhor as arribas, e redimensionar todo o sistema de drenagem de águas”, por exemplo.

O geofísico Filipe Duarte Santos concorda e dá um exemplo norte-americano: “No que diz respeito aos tornados, certas regiões dos Estados Unidos, sobretudo no midwest e no Sul, onde há muito mais tornados do que em Portugal, eles têm inclusivamente uma aplicação para o telemóvel que deteta a localização do utilizador e, se estiver numa zona de risco grande ou se um tornado se estiver a aproximar, é enviada uma mensagem com o alerta“.

A implementação de uma aplicação semelhante em Portugal “seria útil não apenas para tornados, como também para incêndios florestais”, remata o cientista.

Renzi confirma demissão mas rejeita viabilizar governo anti-sistema

EUROPA EM ACTUALIZAÇÃO

O secretário-geral do PD anunciou a demissão depois da enorme derrota na última noite eleitoral. Mas o ex-primeiro-ministro garante que o PD vai assumir a responsabilidade de fazer oposição, rejeitando abrir a porta a qualquer tipo de governo extremista e anti-sistema.

Renzi confirma demissão mas rejeita viabilizar governo anti-sistema

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David Santiago

David Santiago

dsantiago@negocios.pt

05 de março de 2018 às 17:41

Reconhecendo a "derrota tão clara quanto evidente" registada pelo Partido Democrático nas eleições italianas deste domingo, Matteo Renzi confirmou que vai pedir demissão da liderança do partido de centro-esquerda e anunciou que o PD irá agora para a oposição, pelo que não participará na construção de nenhuma solução governativa.

Mas como é que, apesar de anunciar a demissão do cargo de secretário-geral do PD, o ex-primeiro-ministro pretende determinar o posicionamento do partido nas negociações para a formação de governo? Renzi quer sair mas apenas depois do início da legislatura e de um novo governo ter tomado posse.
"Deixo a direcção do PD. Já pedi ao presidente Matteo Orfini para convocar uma assembleia nacional", disse Renzi antes de explicar que só vai abandonar a chefia do partido depois após a investidura do novo parlamento e de um novo governo. O antigo chefe de governo deixou avisos às forças que pretendem liderar o próximo governo (5 Estrelas e Liga): "na campanha dissemos não a um governo com extremistas e não a um governo de extremistas. Não mudámos de ideias", atirou numa garantia de que o PD recusa aliar-se a estes partidos seja para liderar um governo, seja para apoiar uma solução liderada por outra força.

Matteo Renzi enunciou depois "três elementos" que afastam o PD de qualquer acordo com o 5 Estrelas de Luigi Di Maio ou com a Liga de Matteo Salvini: o anti-europeísmo, a anti-política e a utilização do ódio verbal.

Multas de trânsito caíram para metade em 2017. Sindicatos falam em vingança contra o Governo

MULTAS

5/3/2018, 8:35

PSP, GNR e entidades municipais (ou concessionários) passaram menos 5,4 milhões de multas. "Postura mais compreensiva pelos agentes" ou vingança contra o Governo (como dizem os sindicatos)?

ESTELA SILVA/LUSA

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PSP, GNR e entidades municipais (ou concessionários) passaram menos 5,4 milhões de multas em 2017, uma descida de 55% do que as multas de trânsito aplicadas no ano anterior. Explicações para estes números do Ministério da Administração Interna (transmitidos ao Jornal de Notícias)? Segundo os polícias, um dos fatores pode ser uma “postura mais compreensiva pelos agentes” mas os sindicatos falam em vingança contra o Governo, por não satisfazer as pretensões “remuneratórias e de condições de trabalho”.

A possibilidade uma espécie de boicote às multas foi admitida, ao Jornal de Notícias, por Paulo Rodrigues, da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, e César Nogueira, da Associação de Profissionais da GNR. Os sindicalistas admitem que muitos agentes da autoridade estão a avisar os condutores antes, por exemplo, de estacionarem num local proibido — noutras ocasiões, admite um dos sindicalistas, o agente poderia preferir esperar que estacionasse e, depois, multar.

Os sindicalistas acreditam que outra explicação pode estar no facto de “haver menos guardas”, portanto também “menos fiscalização”. Além disso, os responsáveis também admitem que os condutores estejam, também, a ter uma condução mais responsável.

A descida do número de multas não tem, para já, uma correspondência em valor. Mas é quase certo que haverá uma redução dos montantes recebidos pelo Estado Central e pelas autoridades nacionais e municípios

Tribunal da Relação não aceita afastamento de Carlos Alexandre, como queria Sócrates

CASO JOSÉ SÓCRATES

HÁ 2 HORAS

Os advogados de José Sócrates tinham pedido um incidente de escusa, como noticiou esta segunda-feira o Correio da Manhã, o que estava a congelar o processo há vários meses. Pedido foi indeferido.

PAULO NOVAIS/LUSA

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O Tribunal da Relação não afastou o juiz Carlos Alexandre do processo que nasceu da Operação Marquês, adianta a SIC Notícias. Os advogados de José Sócrates tinham pedido um incidente de escusa, como noticiou o Observador em fevereiro (o Correio da Manhã, esta segunda-feira, dava conta da insatisfação de Carlos Alexandre face ao arrastar da situação). Mas o pedido foi indeferido pela juíza desembargadora Margarida Vieira de Almeida.

Os advogados do ex-primeiro-ministro, um dos principais acusados no chamado “Processo Marquês”, promoveram um incidente de recusa contra o juiz Carlos Alexandre, o que está a atrasar o processo, como o Observador noticiou em fevereiro.

Segundo o Correio da Manhã, o juiz está à espera que o tribunal da relação se pronuncie sobre o incidente de recusa. Até porque, como sublinhou o próprio, enquanto esse incidente não for levantado o juiz não pode tomar qualquer decisão ou avançar com o processo.

A defesa de José Sócrates contesta que Carlos Alexandre possa ser escolhido como juiz de instrução, explicava o jornal. Assim que for fixado o prazo para a instrução, haverá um sorteio entre os dois juízes do Tribunal Central: Ivo Rosa e Carlos Alexandre. Mas se o tribunal da relação de Lisboa tivesse dado razão ao incidente de recusa lançado por José Sócrates, teria sido o ex-primeiro-ministro a escolher o juiz.