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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Sócrates acusa Cavaco de mentir e diz que livro é “traiçoeiro e vil ataque”

Lisboa, 27 fev (Lusa)

O ex-primeiro-ministro José Sócrates acusou hoje o antigo Presidente da República Cavaco Silva de ter mentido no livro que não passa de um "traiçoeiro e vil ataque", encontrando consonância entre insinuações levantadas e suspeitas do Ministério Público.

ANDRE KOSTERS/LUSA© EPA / ANDRE KOSTERS ANDRE KOSTERS/LUSA
"Este livro não passa de um traiçoeiro, de um vil e de um mesquinho ataque contra mim. Isto não se trata de nenhuma prestação de contas, isto trata-se de um ataque político a um adversário", disse José Sócrates em entrevista à TVI hoje à noite, a propósito do livro lançado recentemente pelo antigo chefe de Estado "Quintas-feiras e outros dias".
O antigo primeiro-ministro acusou, por mais do que uma vez, Cavaco Silva de ter mentido neste livro e, a propósito de um capítulo sobre a autoestrada transmontana foi mais longe: "comecei a reparar numa certa consonância entre as insinuações do senhor Presidente da República e as suspeitas do Ministério Público".
 
Ovar, 28 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira

"Caso Barroso". Provedora de Justiça da UE abre inquérito à atuação da Comissão Europeia

Emily O'Reilly, anuncia que decidiu dar provimento a uma queixa que lhe foi apresentada este mês por um grupo de atuais e antigos funcionários das instituições da União Europeia

A Provedora de Justiça Europeia decidiu abrir um inquérito à atuação "alegadamente insuficiente" da Comissão Europeia no quadro da polémica ida do anterior presidente do executivo comunitário Durão Barroso para o banco de investimento Goldman Sachs.
Numa carta dirigida ao presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, à qual a Lusa teve acesso, a Provedora, Emily O'Reilly, anuncia que decidiu dar provimento a uma queixa que lhe foi apresentada este mês por um grupo de atuais e antigos funcionários das instituições da União Europeia e solicita desde já uma inspeção do seu gabinete à Comissão com vista a ter acesso a toda a documentação referente ao parecer emitido pelo comité de ética 'ad hoc' da Comissão Europeia sobre este caso.
Emily O'Reilly lembra que os queixosos lançaram uma petição "online" em julho de 2016, a solicitar uma tomada de posição forte da Comissão na sequência do anúncio da ida de José Manuel Durão Barroso para o Goldman Sachs, que entregaram na Comissão a 12 de outubro passado, juntamente com uma carta.
Segundo o grupo de funcionários da UE, denominado "EU employees", a Comissão não respondeu à sua carta de 12 de outubro relativa à petição, que reuniu mais de 150 mil assinaturas, e também não tomou qualquer decisão formal relativamente à nova atividade profissional do seu anterior presidente.
"Vou informar os queixosos que a sua queixa é admissível e que decidi inquirir sobre a mesma", escreve O'Reilly na carta, datada de 24 de fevereiro.
Relativamente à primeira queixa, a Provedora solicita a Juncker que responda à carta de outubro passado, e em relação à segunda queixa indica que, efetivamente, tanto quanto sabe a Comissão nunca publicou uma decisão formal após o parecer do seu comité de ética, e as minutas públicas das reuniões do colégio do executivo comunitário não contêm qualquer indicação de que este caso foi discutido pelo colégio.
A Provedora questiona então o presidente da Comissão se, no caso de efetivamente não ter sido adotada qualquer decisão, "por que é que a Comissão não considerou necessário ou apropriado tomar uma decisão formal", e, se foi tomada, que faça chegar uma cópia da mesma ao seu gabinete.
Por entender ser importante perceber o papel do comité de ética no quadro da abordagem que a Comissão decidiu dar a este caso, Emily O'Reilly sugere então uma inspeção de representantes do seu gabinete e pede a "cooperação da Comissão", sugerindo mesmo uma data, "na última semana de março".
A 13 de fevereiro passado, o grupo "EU employees" anunciou que entregou uma queixa à Provedora de Justiça da UE contra a Comissão Europeia devido ao que classificam como passividade face à ida de Durão Barroso para o Goldman Sachs, o episódio mais famoso da chamada "porta giratória" em Bruxelas (a passagem de antigos comissários para cargos no setor privado que coloquem em causa a reputação das instituições da UE).
© REUTERS/FRANCOIS LENOIR
Considerando que a ida do antigo presidente da Comissão para o banco de investimento norte-americano, diretamente envolvido na crise financeira, "desonra a função pública europeia e a UE no seu conjunto", os funcionários europeus reclamam que o executivo comunitário leve o caso ao Tribunal de Justiça da UE, designadamente para que José Manuel Durão Barroso perca o direito à pensão como antigo presidente da Comissão.
Face à polémica provocada pelo anúncio da ida de Durão Barroso para o Goldman Sachs, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, solicitou no ano passado um parecer ao comité de ética 'ad hoc' do executivo comunitário, que concluiu, em final de outubro, que o antigo presidente não violou as regras dos, ainda que tenha demonstrado falta de "sensatez".
Segundo o comité de ética, Durão Barroso "não demonstrou a sensatez que se poderia esperar de alguém que ocupou o cargo de presidente durante tantos anos", mas "não violou o seu dever de integridade e discrição".
No mesmo dia, a Provedora de Justiça europeia, Emily O'Reilly, faz alguns reparos às conclusões e advertiu que iria "refletir" sobre os próximos passos a tomar, "incluindo um possível inquérito", que agora decidiu concretizar.
Entretanto, no final de novembro passado, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, propôs alterações ao código de conduta da Comissão, designadamente o aumento do 'período de nojo' (durante o qual antigos membros do executivo comunitário não podem exercer novos trabalhos), defendendo que deve passar dos atuais 18 meses (que Durão Barroso respeitou) para dois anos no caso dos comissários e para três anos para o chefe do executivo.
 
Ovar, 28 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira

Trump diz que já conseguiu reduzir dívida dos EUA. Será que é verdade?

 


 
 
© Fornecido por New adVentures, Lda.

As polémicas de Donald Trump nas redes sociais são já uma imagem de marca da nova era que se vive na Casa Branca. Praticamente todos os dias, o presidente dos Estados Unidos da América usa o Twitter para falar sobre os assuntos que interessam na sua agenda política e lança no ar suspeitas e acusações sobre os media, a política e a economia norte-americana. 
No passado sábado, Trump aproveitou para partilhar os dados sobre a dívida norte-americana, reclamando o mérito de ter reduzido o valor em falta perante os credores me apenas um mês de trabalho: "Os media não divulgaram que a dívida nacional no meu primeiro mês de governação caiu 12 mil milhões de dólares vs um aumento de 200 mil milhões de dólares no primeiro mês de Obama". 
Como salienta a Bloomberg, Trump está matematicamente correto: entre o primeiro e o 30º dia do novo presidente na Casa Branca, a dívida norte-americana caiu 12 mil milhões de dólares (11,3 mil milhões de euros), uma redução de cerca de 0,006% na dívida de 19,9 biliões de dólares (18,8 biliões de euros). 
No entanto, como lembra o MarketWatch, o argumento de Donald Trump cai pela base quando se olha para as flutuações normais da dívida. Visto que a dívida norte-americana é contabilizada diariamente, os gastos e as receitas têm influência imediata nos números: num dia de grandes gastos a dívida dispara e num dia de muitas receitas, o valor cai a pique. 
Tomando como exemplo o dia 21 de fevereiro, data em que se completou um mês desde a inauguração de Trump, os números apresentados estão corretos. Mas apenas um dia depois, as variações normais de receitas e despesas fez disparar a dívida norte-americana em cerca de mil milhões de dólares (945 milhões de euros). 
"Aplaudimos o presidente por utilizar a dívida como um medidor importante do sucesso e da riqueza, mas lembramos que qualquer melhoria neste ponto tão prematuro do seu mandato deve-se a flutuações normais dos gastos e receitas e não a novas políticas que ele tenha implemantado", garante Maya McGuineas, presidente do Comité para o Orçamento Federal Responsável. 
Segundo o professor Laurence Kotlikoff, da Universidade de Boston, "tudo o que aconteceu em relação à dívida tem estado em piloto automático desde que Obama saiu" e portanto, o anterior presidente dos Estados Unidos será ainda o responsável pelas melhorias ou agravamentos registados na dívida norte-americana. "No máximo, Trump está a tentar ter os louros de algo que Obama fez", garantiu Kotlikoff em declarações à Bloomberg. 
A agência de notícias norte-americana tentou contactar a Casa Branca para obter uma reação oficial, mas a equipa de Donald Trump preferiu não comentar o tema.
 
Ovar, 28 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira

A Elevada Elevação

 

(Joaquim Vassalo Abreu, 27/02/2017)
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Assunção Cristas eleva os braços,  saudando a "elevada elevação" do Dr. Paulo Núncio

…anunciou ela, a Maria de Anunciação, de Assunção, perdoem novamente! Já não é a primeira vez que me engano, mas é ela que insiste em fazer faísca nos meus neurónios. É que ela tem que se definir: ou anuncia ou assume! Quer dizer, a gente até fica baralhado, não é?
Confesso que quando a ouvi proferir aquela frase que dá título a este texto, como estava desatento e desenquadrado, pensando ou assistindo a não sei o quê, mas eram certamente coisas muito mais elevadas, não me dei conta da sequência. É que era dia de Futebol e aí, desculpem-me, eu “deslargo-me” de tudo o resto…
Mas, mesmo assim, apelando a uma mais que excepcional desconcentração, ainda pensei que ela se referia àquela letra do Carlos Tê, musicada pelo Rui Veloso para aquele filme do Vasconcelos, o Jaime, em que ele diz “ Voando como o Jardel sobre os centrais…” , exemplo escrito de grande elevação, ou então àquela inesquecível elevação de Cristiano Ronaldo a roçar os céus de Paris, como alguém escreveu na altura, em que ele subiu tão alto quanto a Torre Eiffel e marcou aquele decisivo golo ao País de Gales. Elevação maior é difícil…
Mas foi apenas porque não estava concentrado e atento, e fixado no Futebol, que me deu uma de diletante e não ouvi o essencial da frase: “Moral”! A “Elevada Elevação” não era nada do que eu pensava: era, afinal, “Moral”!
E foi aí que eu, desligando-me um pouco do Futebol, com um espanto a rondar a perplexidade,soube que se referia ao Núncio! E, meio ausente como estava, pensei logo: será que se refere ao Núncio Apostólico? Mas também pensei: não pode ser! Esse já tem, intrínseca e assumidamente, por via da doutrina e seu húmus, essa tal “elevação”. Afinal era outro Núncio, o Paulo!
Paulo, eu disse? Foi quando me lembrei de um outro Paulo e deu-se assim como um nó cego no meu hemisfério cerebral esquerdo e pensei: do que eu me fui lembrar! Não deste Paulo, mas do outro Paulo, o seu “guru”, o seu mestre e guia, o Sacadura Cabral, esse sim um exemplo imorredouro da arte da elevação moral, da elevadíssima elevação moral. E sendo o seu “guru” é a sua primeira referência e aqui, assumindo-se Maria de Assunção, ela assumiu de peito aberto a missão de manter e sustentar a sua enorme elevação.
E eu, vendo agora com olhos de ver o que é a “Elevada Elevação” moral para a Maria de Assunção, resolvi recordar o que dela escrevi, há quase dois anos atrás, aquando daquela vez em que o Paulo, mas o seu “guru”, o verdadeiro, resolveu fazer do “irrevogável” revogável, elevando portanto para conceitos inimagináveis a irrevogabilidade, e ela veio em seu socorro, quando disse aquilo que não é qualquer um que pode dizer e apenas o pode fazer quem tem, realmente, uma “elevada elevação”: “ Paulo Portas teve a flexibilidade de voltar com a palavra atrás”. Tal como este novo Paulo, mas o Núncio, agora fez. E foi isto que eu escrevi, precisamente no dia 02 de Maio de 2015:
“Eu disse que ia abordar e abordo. Que ia falar e falo. De quem? Dessa personagem tão cândida e inocente, tão crente e indulgente, tão patrocinadora e persistente, tão solícita e obediente, mas tão básica e incompetente : a Ministra Cristas, a que proferiu há dias essa gloriosa frase : “ Paulo Portas teve a flexibilidade de voltar com a palavra atrás”. Vejam só o alcance e subtileza desta frase. Uma frase que eu diria só comparável àquela de Camões: “ Cesse tudo o que a musa antiga canta que outro valor mais alto se alevanta”. Como que a dizer : acaba-se tudo o que era tido por Moral e Ética que outro conceito agora se levanta, o da flexibilidade! O da Ética mais ou menos, o da Moral assim assim, o da palavra dita mas desdita, a flexibilidade, enfim. Agora é mais “ versatilidade”, é “ jogo de cintura”. Ser “ sem vergonha” ou “ vergonhice”? Isso já era. Agora é “ flexibilidade”, é dar o dito por não dito, é fazer e arrepender, é andar e retroceder, é dar e ir buscar, é falar e não ter falado, é dizer e não ter dito, é prometer e “ desprometer”, é ir de vez e regressar e é ser-se pulha sem se saber. É ser cretino e esquecer, é ser tolo e não doer, é opinar sem se saber, é julgar-se sem se ver, é ser crápula sem perceber, é fazer do mal o normal, é não ter espinha dorsal”.
Foi isto que eu escrevi e devia estar mesmo muito zangado, não acham? Mas disto me arrependo irrevogavelmente!
E, perante este elevadíssimo arrependimento, só resta que me elevem a um altar transformado num qualquer beato ou santo….
De paciência feito…
 
Ovar, 28 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira

A mão atrás do arbusto

 

(Por Estátua de Sal, 27/02/2017)

 
entrevista_socrates

Grande entrevista de Sócrates à TVI. Em grande forma. Cavaco sai esmagado e o seu carácter rasteiro ficou mais que provado. E também ficaram mais que provadas as responsabilidades de Cavaco e dos seus amigos da direita na vinda da troika com a sua mala da austeridade. Trocaram o seu sucesso pela desgraça do país.
Cavaco, esse grande conspirador, afinal. Cavaco esse grande mentiroso, afinal. Cavaco, a mão atrás do arbusto. Depois tivemos a entrevistadora, Judite de Sousa. Parecia que tinha um apito a favor do Cavaco, mas Sócrates pô-la na linha várias vezes. Mostrou falta de preparação, foi contraditada por Sócrates amiúde sobre factos falsos, datas e acontecimentos, que fundamentam as narrativas da direita e que ela aceita piamente como verosímeis sem os questionar.
E sobre o processo Marquês, e as últimas novelas da PT, do Bava e do Granadeiro, cada vez me convenço mais que são a preparação para mais um adiamento do prazo do inquérito. Com tanto adiamento, a acusação ainda acaba só por ser concretizada, lá para depois do funeral do Sócrates, quando ele já não se puder defender. Defesa que eu anseio por ver, já que também quero saber, como todos os portugueses, se ele é culpado ou não, e sendo culpado de quê e em que grau.
Mas se em 17 de Março houver mais um adiamento, e não surgir acusação nenhuma, eu não estranharei. Se tivemos um presidente da República capaz de conspirar para derrubar um governo a favor dos interesses da direita, não espanta também termos uma Justiça a intervir ativamente no processo político na defesa dos mesmos interesses.
Esta gente, com os seus métodos (p)mafiosos, é gente perigosa. É gente que, tendo sido capaz de vender o país, é capaz de vender a mãe.
 
Ovar, 28 de fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira