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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Onde é que estavas em 1983?

por j. manuel cordeiro

Petrov

Onde é que estavas em 1983, é a questão que se pode colocar quando a conversa se inclinar para o lado apocalíptico.

No dia 26 de Setembro de 1983, Stanislav Petrov estava no lugar certo à hora certa. Tivesse sido outro e talvez não estivéssemos aqui. Nesse dia, um satélite espião soviético confundiu um reflexo solar em nuvens de elevada altitude com a assinatura térmica de seis mísseis a serem lançados a partir dos EUA. De acordo com o procedimento militar soviético, Petrov devia ter avisado a cadeia de comando, a qual, possivelmente, teria lançado todos os mísseis soviéticos como retaliação.

"Tinha todos os dados [a sugerirem que estava a decorrer um ataque com mísseis]. Se eu tivesse enviado o meu relatório à cadeia de comando, ninguém teria dito uma palavra contra ele ", disse Petrov numa entrevista à BBC, em 2013. "Apenas tinha que me dirigir ao telefone para ligar directamente aos comandantes de topo, mas não me conseguia mexer. Sentia-me como estando sentado numa frigideira quente". Ler mais deste artigo

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A extrema-direita agora no coração da Europa


 Nicolau Santos

por estatuadesal

(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 25/09/2017) 

nicolau

As eleições alemãs trouxeram um cenário que parecia ter sido afastado depois das pugnas eleitorais na Áustria, Holanda e França: o regresso em força da extrema-direita ao panorama político europeu. Com efeito, a espetacular votação conseguida pela Alternativa para a Alemanha (AfD) leva, pela primeira vez no pós II Guerra Mundial, um partido xenófobo, racista e violentamente antieuropeu a sentar 94 deputados (!) no parlamento germânico. E esta não foi a única má notícia.

Angela Merkel conseguiu a sua quarta vitória em eleições legislativas, o que é seguramente um feito. Mas é o seu terceiro pior resultado (32,9% e 239 deputados) e um dos piores do seu partido, a CDU, coligada com a CSU. Mais complicado, o SPD, o outro grande partido alemão, afundou-se, tendo ficado com 20,6% dos votos e 146 deputados. Por outras palavras, o centro, que tradicionalmente tem governado a Alemanha desde o fim da Guerra, está claramente em perda. E está em perda, no caso de Merkel, devido à sua política de acolhimento dos imigrantes e ao seu apoio aos resgates financeiros dos países do euro. Ou seja, dois dos principais valores em que assenta a União Europeia (direitos humanos e solidariedade) estão a deixar de ser populares na Alemanha.

Ainda por cima, os liberais, candidatos a ser um dos parceiros do necessário governo de coligação, regressaram ao parlamento depois da derrota de 2013 com um discurso muito crítico das políticas de resgate e de imigração, no que foi visto como uma tentativa de roubar eleitorado AfD, mas que aproximou o discurso do FDP do da extrema-direita.

Digamos, pois, que as forças críticas da construção europeia e da solidariedade com os países do sul regressaram em força nesta eleição. E o caso é bastante mais complicado porque 1) a situação se verifica no país mais importante da União Europeia 2) é provável que as linhas base do discurso do FDP e da AfD venham a obrigar Merkel a tornar-se mais distante e crítica da União Europeia.

A incerteza decorrente destas eleições já se manifestou hoje nos mercados, quer na bolsa, quer através do enfraquecimento do euro. É normal que tal aconteça, porque os investidores detestam a incerteza e a imprevisibilidade. E o regresso a uma certa normalidade só ocorrerá quando o governo estiver formado e quando a chanceler alemã der sinais claros de qual vai ser, a partir de agora, o seu posicionamento em relação à União Europeia, à moeda única e aos outros Estados membros. Por outras palavras, mais que nunca, a Europa precisa de uma líder forte e coerente, que não abdique das suas ideias e que saiba resistir à pressão que o discurso da extrema-direita está a testar no seu país.

Uma nuvem suástica que paira sobre Berlim

Suástica em Berlim

por João Mendes

Fotografia: Bernd Settnik/DPA@Berliner Morgenpost
Com as urnas fechadas e os votos contados, as conclusões a retirar destas legislativas alemãs parecem-me muito óbvias: a CDU/CSU de Angela Merkel sofre uma queda aparatosa, dos 45,3% de 2013 para 33%, o SPD de Martin Schulz obtém o pior resultado de sempre, ficando-se pelos 20,5%, após os 29,4% de 2013, e o grande vencedor do acto eleitoral é o partido de extrema-direita AfD, que nas eleições de 2013 não conseguiu eleger um único deputado e que agora consegue uma votação de 12,6% e 94 dos 709 assentos disponíveis no Bundestag. Ler mais deste artigo

Somos todos keynesianos outra vez?

Keynes


por estatuadesal

Parece que há uma discussão orçamental suscitada por um útil estudo em torno de simulações dos putativos efeitos de décimas do PIB de necessários aumentos da despesa pública, que tem a virtude de expor pela enésima vez o espartilho de regras europeias cada vez mais “estúpidas”, para usar a elegante fórmula do antigo Presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi. Dos limites ao défice até à redução anual da dívida, que impõe superávites do saldo primário, a estupidez está ao serviço do mais estreito interesse próprio dos credores.

Fonte: Ladrões de Bicicletas: Somos todos keynesianos outra vez?




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