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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Cada vez mais



Cada vez mais

por Ana Moreno

Ziegler

Há coisas que, embora escritas há muitos anos, são mais actuais do que nunca. Por exemplo esta:

Hoje em dia, no hemisfério Norte, o ar anda gelado. Chegou a nova barbárie, com a sua imbecil exaltação do sucesso individual, da competição brutal, saudando como uma vitória do espírito o esmagamento do fraco pelo forte, a recusa triunfante de todas as formas de solidariedade. Sejam calculistas e pragmáticos. O rico tem razão, o pobre está errado. Um vício secreto explica, certamente, a sua pobreza. O pensamento da totalidade? Uma velha mania. Que apenas serve para ocupar os ócios de alguns esquerdistas atrasados. Um pensamento crítico? Nem pensem nisso. O pensamento deve atingir o melhor resultado, por conseguinte, ser funcional.

Para o homem instrumentalizado pela racionalidade mercantil existe unicamente um só pensamento “justo”: o que é, justamente, produzido pela razão instrumental. E, de resto, a “instrumentalidade” é o verdadeiro objecto da história.”

ZIEGLER, Jean; COSTA, Uriel da (1992) Até amanhã, Marx!, Lisboa: Puma Editora.

(Tradução de José Carlos Gonzalez)




Viva os seus SONHOS, COM AS RECOMPENSAS DE ESTILO DE VIDA

Viva os seus SONHOS

COM AS RECOMPENSAS DE
ESTILO DE VIDA

CARIMBE UM PASSAPORTE DE FAZER INVEJA.

É a vitalidade, o entusiasmo e a alegria de viver dos Distribuidores Jeunesse® que lhes permite desfrutar da vida em pleno e em todo o seu potencial. As nossas viagens de Recompensas de Estilo de Vida destinam-se, na sua verdadeira essência, a ajudar a Generation Young® a viver verdadeiramente o Estilo de Vida Jeunesse, assente e refletido no nosso lema:

PARECER JOVEM. SENTIR-SE JOVEM. VIVER A JUVENTUDE.

Na Jeunesse, sabemos que os benefícios e as vantagens de ser um empresário incluem, nomeadamente, a liberdade de:

  • Aproveitar as oportunidades fora dos limites tradicionais de um emprego das nove às cinco
  • Explorar o mundo para além do meio que conhecemos
  • Descobrir novas memórias com os entes queridos e colegas

Recompensamos, todos os anos, os Distribuidores Jeunesse, que cumpriram determinados critérios de qualificações excecionais através dos esforços que envidaram no desenvolvimento dos seus negócios, com a oportunidade de viverem a experiência dessa liberdade numa viagem memorável e inesquecível. Tendo como destino os locais mais sofisticados e exóticos do mundo, as nossas luxuosas viagens de Recompensas de Estilo de Vida incluem alojamento exclusivo e uma diversidade de atividades para explorar o local, na companhia dos seus colegas Distribuidores e famílias. Entre estas atividades, os convidados podem apreciar o Estilo de Vida Jeunesse em experiências de marcas e destinos únicos e exclusivos.

Tão únicas como os nossos Distribuidores, as nossas viagens de Recompensas de Estilo de Vida são igualmente diversas! Enquanto os nossos distribuidores vão construindo o seu negócio e elevando constantemente a fasquia com as suas extraordinárias realizações, também nós o devemos o fazer com as oportunidades de viagens de prestígio que proporcionamos. As nossas viagens de Recompensas de Estilo de Vida incluem:

VIAGENS DE

INCENTIVO

JEUNESSE

JEUNESSE

EMERALD

EXPERIENCE

JEUNESSE

DIAMOND

DISCOVERY

VIAGENS DE INCENTIVO DE VENDAS

As nossas viagens de incentivo de vendas proporcionam a todos os Distribuidores da Jeunesse a oportunidade de, com o cumprimento de determinados critérios de qualificação, ganharem uma viagem de luxo a um destino deslumbrante e reconhecido a nível mundial. Os Distribuidores podem qualificar-se, durante o período de qualificação, acumulando Pontos de Viagem (todos os rankings), Qualificação de Ciclo (níveis Sapphire e rankings inferiores) e Qualificação de Director (níveis Ruby e rankings superiores).

Em 2017, tivemos o prazer de oferecer aos nossos Distribuidores quatro viagens de luxo! Cada mercado foi presenteado com uma experiência única num de quatro destinos de viagem únicos.

América do Norte e América Latina: Dubai

Os Distribuidores da América do Norte e América Latina visitaram a ultramoderna metrópole do Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Com arranha-céus que afloram as nuvens, praias de areia cintilante e vistas deslumbrantes, a experiência no Dubai contou ainda com uma combinação de maravilhas históricas e modernas, tendo como pano de fundo o enquadramento da maravilhosa paisagem do deserto.

Europa: Cancun

Para os nossos Distribuidores da Europa, as experiências “com todo incluído” no resort de luxo Moon Palace Golf & Spa Resort em Cancun, no México, ofereceram de tudo para todos. Descansaram em fantásticas praias de areia branca com águas cristalinas, beberam margaritas ao sol, desfrutaram de uma diversidade de desportos aquáticos e náuticos e ficaram a conhecer a fascinante história e cultura da região.

Ásia-Pacífico, África e Índia: Praga e Budapeste

Profundamente enraizadas na história europeia, Praga e Budapeste oferecem a quem as visita a sua impressionante arquitetura, cultura artística e oportunidades de exploração. Em Praga, os nossos Distribuidores sentiram que tinham entrado numa máquina do tempo enquanto visitavam catedrais, parques, jardins e casas palacianas. Em Budapeste, experienciaram a riquíssima diversidade arquitetónica do moderno e do tradicional, conjugada com o charme da Boémia.

Grande China: Alemanha

Na Alemanha, os nossos distribuidores da Grande China apreciaram a paisagem fascinante e encantadora das colinas ondulantes e das majestosas montanhas. Visitaram a sua impressionante riqueza histórico-patrimonial, incluindo castelos, monumentos e museus mundialmente famosos. Posaram igualmente para as fotografias e compraram lembranças nas lojas pitorescas em aldeias com casas de arquitetura enxaimel, típicas da região.

EMERALD EXPERIENCE

A Jeunesse orgulha-se de reconhecer e homenagear os Distribuidores que trabalharam arduamente para alcançar o estatuto de Emerald Director com uma viagem de incentivo, que se realiza todos os anos em janeiro, na belíssima ilha tropical de Maui, no Havai. Nesta viagem, damos a conhecer aos Emerald Directors as vantagens do estilo de vida VIP da Jeunesse que conseguiram conquistar, oferecendo igualmente uma variedade de atividades de aventura, luxuosas e culturais, que promovem a coesão do grupo e as relações com os líderes da empresa.

Enquanto exploram as maravilhosas quedas de água borbulhantes, as praias imaculadas e requintadas e as demais maravilhas naturais de Maui, convidamos todos os Emerald Directors que completaram três meses como Emerald Directors qualificados ou ranking superior (desde novembro do ano anterior) a desfrutar dos privilégios distintos e descobrir as vantagens e os benefícios dos produtos e da oportunidade de negócio da Jeunesse durante a Emerald Experience.*

Destaques da Emerald Experience de 2017

O Grand Wailea Resort em Maui acolheu a nossa Emerald Experience de 2017. Os líderes da Jeunesse foram presenteados com o tratamento VIP, à medida que descobriam tudo o que a ilha tem para oferecer, divertindo-se a praticar tirolesa, a participar em caminhadas, a fazer snorkel enquanto velejavam de catamarã e a observar baleias. Os convidados desfrutaram da requintada cozinha local e de um Luau Jeunesse especial na última noite desta idílica viagem que passaram no paraíso.

DIAMOND DISCOVERY

A Diamond Discovery é a joia da coroa do programa Recompensas de Estilo de Vida da Jeunesse. Realizada todos os anos no verão num dos destinos mais requintados e exóticos do mundo, esta escapadela única e exclusiva destina-se a recompensar os nossos Diamond Directors qualificados com uma experiência que reflete o seu nível de liderança e árduo trabalho, proporcionando-lhes em simultâneo a oportunidade de desfrutarem de bons momentos com os Executivos da Jeunesse.

Damos as boas-vindas a todos os novos Diamond Directors que completaram três meses como Diamond Director qualificado ou ranking superior (desde julho do ano anterior) e todos os Diamond Directors atuais que completaram seis meses como Diamond Director qualificado ou ranking superior (desde julho do ano anterior), oferecendo-lhes a experiência de viverem uma vida de luxos na Diamond Discovery.

Destaques da Diamond Discovery de 2017

Para a Diamond Discovery de 2017, os Diamond Directors viajaram até ao prestigiado Four Seasons Resort em Bora Bora, na Polinésia Francesa, um luxuoso hotel aninhado entre praias de areia branca, lagoas cristalinas e enseadas românticas. Juntos, os líderes desfrutaram de um spa holístico, divertiram-se em emocionantes excursões e deliciaram-se com a comida e a animação tradicionais da Polinésia. Foi, verdadeiramente, uma viagem maravilhosa e memorável.

ANTERIORES VIAGENS DE INCENTIVO

Cruzeiro no Mediterrâneo em 2016

Os Distribuidores da Jeunesse viajaram a bordo do Norwegian Epic para uma visita inspiradora e deslumbrante ao que de melhor o Mar Mediterrâneo tem para oferecer. Com partida de Barcelona, os viajantes visitaram as deslumbrantes e pitorescas cidades de Nápoles, Pompeia, Roma, Florença, Pisa e Cannes, onde fizeram escala.

Viva Jeunesse de 2016

Os distribuidores viajaram até à belíssima Jamaica para passarem uma semana repleta de sol e diversão no paraíso. Os convidados desfrutaram de atividades de fortalecimento do espírito de equipa na praia, divertiram-se nas piscinas tropicais e nos escorregas aquáticos e jantaram à luz das estrelas nas festas de receção e despedida.

Diamond Discovery de 2016

Lausanne, na Suíça, foi o destino de inigualável beleza escolhido para a Diamond Discovery da Jeunesse em 2016. Mais de 150 Diamond Directors provenientes de todo o mundo desfrutaram das vistas panorâmicas das majestosas montanhas e de passeios pelos campos pitorescos, visitaram castelos históricos, viajaram de comboio e viram os deslumbrantes Alpes Suíços a bordo de um helicóptero.

Quer saber mais sobre nossas luxuosas viagens de Recompensas de Estilo de Vida? Consulte o documento abaixo, onde descrevemos as qualificações e as políticas para cada viagem.

Política de Viagens de Incentivo das Recompensas de Estilo de Vida de 2017

Nota: Para poder participar em qualquer das viagens, deverá cumprir os requisitos de qualificação exigidos 60 dias antes da data de partida. Receberá uma notificação por escrito, confirmando a sua qualificação. Deverá estar ativo na construção do seu negócio Jeunesse® e ser um membro Jeunesse® com as suas obrigações em dia junto da empresa. As viagens não são reembolsáveis nem transferíveis. Considera-se como cônjuge o marido ou a esposa. Não é permitida a conversão do valor da viagem em numerário. Estas viagens foram concebidas com o objetivo de promover experiências de aprendizagem e reforçar o espírito de equipa e união com a liderança.

*Apenas poderá participar nesta experiência no primeiro ano em que cumprir os critérios de qualificação exigidos.

Acreditamos na importância de premiar os nossos principais líderes com uma experiência de excelência, inigualável no setor.

Está preparado para começar a viver os seus sonhos com as Recompensas de Estilo de Vida?

COMEÇAR

O Orçamento é de esquerda. Mas deixa esquerda para o futuro?

Estátua de Sal

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 02/11/2017)

Daniel Oliveira

Daniel Oliveira

A oposição começou por dizer que vinha aí a desgraça. Depois os resultados foram bons e, como eram bons, só podiam resultar do que ela própria defendia. O Governo estava a fazer o mesmo que o anterior. Era uma austeridade de esquerda. De centro, mesmo. E o PCP e o BE estavam no bolso. Com o novo orçamento começou a voltar o discurso da desgraça anunciada. Apenas os incêndios, mais apetecíveis, acabaram por dispensar a retórica.

O ziguezague entre o anúncio do Diabo porque Costa cedeu ao radicalismo de esquerda e a confirmação da austeridade porque Costa meteu esquerda no bolso não retrata uma realidade em permanente mudança. É apenas o retrato de uma oposição sem discurso e a tatear oportunidades. Este orçamento é apenas a continuação de um caminho que já foi feito, coerente com as prioridades definidas pelos acordos do PS com BE e PCP.

Como os anteriores, este é um orçamento de esquerda, com políticas redistributivas. Haverá um aumento dos escalões do IRS (o que significará um desagravamento fiscal para a classe média baixa, fazendo com que o nosso sistema volte a ser mais progressivo), a sobretaxa acabará definitivamente e a isenção de pagamento de IRS subirá para os 8850 euros de rendimento anual.

Apenas para os trabalhadores com recibos verdes não há boas notícias fiscais. Mantêm-se as taxas para bens importados, sobre a banca e sobre as empresas de energias e tudo indica que o PCP conseguirá o aumento da derrama para empresas com lucros superiores a 35 milhões. As carreiras na Função Pública serão descongeladas com efeitos salariais progressivos e sem efeitos retroativos que teriam um impacto orçamental arrasador. Haverá mais aumentos das pensões com um extra de 10 euros para as mais baixas, um aumento do salário mínimo nacional para 580 euros, o fim do corte de 10% no subsídio de desemprego e a reposição dos valores do Rendimento Social de Inserção, Complemento Extraordinário para Idosos e abono de família. Se isto não é um orçamento de esquerda não sei bem o que seja a esquerda.

Mas todas estas mudanças são sobre o presente. Agora, que estamos a ultrapassar a fase de reposição da normalidade, depois de Passos e da troika, preocupa-me a marca que este governo queira deixar para o futuro. Se quer deixar a marca da esquerda de que se reclama. E não há certeza disso. Está de fora da agenda deste governo a contratação coletiva e da dos seus aliados as prioridades para o investimento público.

Assistimos, nos últimos anos, a um enorme recuo nas leis do trabalho. Sem reverter algumas das mudanças feitas o Governo não mexe em nada de estrutural. Mexe nos rendimentos dos funcionários públicos, mexe nos rendimentos dos reformados, mexe nos rendimentos dos trabalhadores mais pobres através do aumento do salário mínimo, até mexe nos rendimentos finais de todos através do sistema fiscal e dos apoios públicos. Mas a desigualdade, maior doença deste país, fica intocada. Porque é na negociação no privado que grande parte da distribuição da riqueza é determinada. De nada vale dizer que o nosso caminho não são os salários baixos e deixar a maioria dos trabalhadores entregues à sua sorte, sem nenhuma proteção legal para não serem obrigados a aceitar tudo o que lhes é imposto.

É grave a indisponibilidade do Governo em mexer na caducidade da contratação coletiva, que tem bloqueado a capacidade de negociação dos trabalhadores e dos seus sindicatos. E falta tudo o resto no sector do trabalho. Pouco mudou no combate à precariedade fora do sector público. Não foi, ao contrário do que se prometera, revogada a imposição do banco de horas individual. A Autoridade para as Condições de Trabalho continua a funcionar com pouquíssimos meios, tratada como parente pobre da fiscalização.

Quanto ao investimento público, ele finalmente virá. A questão, neste caso, é a aparente ausência dos aliados do Governo neste debate. BE e PCP têm de decidir se apenas estão presentes para saber quem consegue sacar mais ao Governo, como se de sindicatos se tratasse, ou se têm qualquer coisa a dizer sobre as grandes opções para o investimento público. Não chega falar da devolução de rendimento e de direitos, apesar do país dever aos dois partidos à esquerda muita da pressão política para que ela esteja a acontecer tão depressa. É preciso defender prioridades para o investimento, fazer propostas, contribuir para a definição de escolhas. Não dá muitos votos, mas conta muito para o futuro.




Orçamento de Estado – António Costa retoma a iniciativa política



Estátua de Sal

por estatuadesal

(Por Estátua de Sal, 02/11/2017)

ACParlamento

Estive a seguir o debate sobre o Orçamento de Estado para 2018. O resumo do debate pode ser resumido desta forma: António Costa retomou a iniciativa política, perante os confrangedores argumentos da direita na crítica ao projecto de orçamento, e perante as suaves exigências dos partidos à esquerda do PS em relação às medidas constantes no documento. Comecemos pelos argumentos de PSD e CDS.

A direita diz que vai votar contra o orçamento, "porque sim", ou seja sem qualquer razoabilidade lógica. No essencial, deveria dizer que vota contra porque não é ela a governar. Ou seja, enumera um conjunto de críticas que se contradizem a si próprias sem qualquer coerência interna.

A direita diz que o orçamento se destina a favorecer a função pública, mas apoia a função pública quando ela exige aumentos de remunerações que são legítimos mas, muitas vezes, inquestionavelmente incomportáveis.

A direita diz que o orçamento corta no investimento público - ficando à espera que os privados invistam -, e depois diz que a economia só pode crescer com  base nas exportações e na iniciativa privada.

A direita diz que é a favor do cumprimento das obrigações com a Europa - relativamente à dívida e ao déficit -, mas quando o governo  apresenta um orçamento prevendo o déficit mais baixo do Portugal democrático, a direita insurge-se e vota contra. Não há dúvida que, à direita, mais que não haver seriedade ética, é não haver sequer capacidade de raciocínio para pensar em termos lógicos. Parecem débeis mentais que conseguem dizer que, ao mesmo tempo, o branco é preto e o preto é branco.

Mas o mais grave, revelando a forma elitista e distante do seu pensar, foi nunca o PSD e o CDS, nas suas críticas terem falado numa coisa muito simples: a vida das pessoas. A vida de milhões de portugueses, os do salário mínimo, os pensionistas, os desempregados, os das bolsas de estudo, os dos passes sociais, os do abono de família, os do complemento social para idosos, desses nunca falam, o benefício desses não interessa à direita. E quando um orçamento os beneficia, a direita vota contra. Para a direita, esses são "os interesses corporativos" da Geringonça - para usar a terminologia a que o deputado Telmo Correia do CDS recorreu.

É bom que os portugueses mais carentes saibam isso, e penso que muitos - iludidos durante décadas -, estão já a perceber quem eles são e que interesses defendem. Os interesses não dos que trabalham mas dos que vivem de rendas da propriedade e do capital que não se resignam por terem que abrir mão de uma parte delas em favor de quem vive do seu trabalho.

Mas o mais ridículo é a direita vir acusar o governo de o orçamento ser um orçamento de austeridade, austeridade com a conivência dos partidos de esquerda que a direita verbera por não se insurgirem contra isso! Eles, os campeões da austeridade, agora tomam as dores dos sofredores da austeridade. E lá veio a ladainha dos cortes na saúde, nos serviços públicos, e por aí fora, pela voz da deputada do CDS Cecília Meireles. António Costa cilindrou-a, perguntando-lhe:

-- Sabe a senhora deputada qual é a prova de que este orçamento não é um orçamento de austeridade? É o simples facto de a senhora ser contra ele!!

Perante tão contraditórios e bizarros argumentos, António Costa não teve dificuldades em sobrevoar sobre os desvairados discursos de Leitão Amaro, da Cristas, e do truculento deputado Abreu Amorim. Para a Dona Cristas - tão amante de gráficos -, Costa brindou-a, ele mesmo, com um gráfico recente a dar conta dos bons números da economia. Parece que a Dona Cristas agora já se deixou de gráficos e prefere, como se tem visto nas últimas semanas, abanar a asa com fotografias de fogos e de destruição.

E à esquerda, como se saiu António Costa? Saiu-se bem, até porque as exigências essenciais da esquerda estão satisfeitas ficando os detalhes a afinar para a discussão na especialidade. As duas questões mais problemáticas que lhe foram colocadas vieram do Bloco de Esquerda. O PCP, contrariamente ao que a comunicação social tem propalado - que estaria com grandes incómodos internos pelo seu apoio ao governo -, de tal não deu mostras.

O BE - e o PCP também -, colocaram a questão da dívida e da sua renegociação, questão a que o PS tinha dado há meses atrás alguma abertura, prometendo fazer a sua reanálise após as eleições alemãs que já ocorreram. Costa foi dizendo que as eleições alemãs já passaram mas que ainda não há governo na Alemanha, ainda que não se anteveja que, a haver governo, este venha ser mais favorável do que anterior ao debate de tal assunto. Sobre a garantia de não vir a ocorrer um nível de cativações tão elevado como ocorreu no orçamento anterior, Costa assegurou ir fazer-se um esforço nesse capítulo, e sobretudo prometeu maior transparência.

Assim, António Costa e o governo retomaram a iniciativa política. A economia está bem, o desemprego baixa, os rendimentos aumentam, os impostos baixam, o investimento aumenta, os números do crescimento surpreendem as instituições europeias, e a confiança dos agentes económicos está no seu auge. E sobre estes dados, bem pode Marcelo e a direita virem propalar desgraças e críticas à governação, que os portugueses estão melhor e reconhecem isso.

Porque, na verdade, este orçamento e o governo da Geringonça, agrada mesmo a muito boa gente. Agrada à maioria do país - assim o mostram as sondagens. Agrada a Bruxelas, assim o mostram as declarações dos responsáveis europeus. Agrada aos mercados financeiros - como se vê pela queda nas taxas de juro. Agrada às agências de rating que tem vindo a melhorar a notação do país. Agrada aos credores que tem vindo a receber o que emprestaram - até antecipadamente como é o caso do FMI.

Só não agrada aos interesses da direita nacional que se vê mais um ano afastada da condução do Estado, à custa do qual se alimentou durante décadas, mesmo com o PS no poder, devido ao conluio deste com o bloco central de interesses que - até certo ponto -, a Geringonça veio a pôr em causa.





Autoridades reforçam medidas contra venda ambulante em Luanda

Autoridades reforçam medidas contra venda ambulante em Luanda

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4 horas atrás

Angola volta a ter menos dinheiro a circular em setembro


Nas ruas da capital angolana soam os gritos das zungueiras que apregoam a mercadoria. São muitas e na maioria mulheres que têm a zunga como o seu ganha-pão.
As razões porque vendem nas ruas são várias. Marinela Domingas, por exemplo, queixa-se de escassez de clientes nos mercados construídos pelo Governo da Província de Luanda: "Lá não tem cliente. Se vendes lá o negocio vai à falência,” diz Domingas à DW África, embora reconheça que "a praça está mesmo bem organizada”.
Desde sempre existiram relatos de repressão policial contra as vendedoras ambulantes. Durante o processo eleitoral registou-se uma espécie de interlúdio, diz André José, zungueiro de calças na Deolinda Rodrigues, uma das maiores avenidas da capital angolana: "Durante as eleições houve corrida, mas não foi tanta”.
Falta de emprego
© Fornecido por Deutsche Welle
Agora está mais difícil ser vendedora ambulante, explica Paulina Barroso: "O dia de hoje está mal, desde a manhã não estamos a conseguir vender”. Paulina Barroso conta que está constantemente a ser interpelada por fiscais e a polícia: "Estão a dar-nos corrida”, diz.
Tudo indica que a "corrida" já é resultado do ultimato dado, na semana passada, pelo governador da província aos administradores municipais, que instou a acabar com a zunga em Luanda. "Se acabarem com a zunga têm que nos dar emprego para nós trabalharmos. Por exemplo, nas lojas”, diz Paulina Barroso. Não parece uma tarefa fácil a julgar pela dimensão que o fenómeno já atingiu.
Repressão resulta em mortes
Também há casos de jornalistas vítimas da agressão policial, diz o psicólogo e jornalista Fernando Guelengue: "Assiste-se a uma represália (por parte da polícia) aos jornalistas que fazem a cobertura quando há questões de morte”. O jornalista refere-se a casos em que zungueiras em fuga de fiscais foram atropeladas.
Para além de homens e mulheres há muitas crianças que dependem da zunga para sobrevier. Por isso Guelengue, autor do livro "Pobreza: O epicentro da exploração das crianças em Angola entre a escravização e a polémica”, lança um apelo às autoridades para que estudem melhor a realidade antes de tomarem qualquer medida: "Lá se encontram todos os fenómenos que ocorrem, sobretudo a questão da pobreza, da desestruturação familiar, falta de emprego, gravidezes precoces. Tudo isso envolve um estudo e uma análise profunda para mitigar o problema. Quando o Governo diz que quer acabar com a zunga, já está carente de estudos”.
por:content_author: Manuel Luamba (Luanda)