por estatuadesal
(Joaquim Vassalo Abreu, 30/09/2017)
Poucas pessoas haverá na vida que nunca tendo entrado em nossa casa nos parece que dela nunca saíram! O ZÈ PEDRO era uma delas.
Daquelas pessoas de quem durante a vida apenas nos aproximamos, mas que temos por Amigo verdadeiro e indefectível. O ZÉ PEDRO é uma delas.
Uma pessoa que sendo Amiga de nossos Amigos é por inerência nossa Amiga. Daquelas que imediatamente tratamos por Tu, mesmo que nem apresentados sejamos.
Das que estando numa roda de Amigos em que pretendamos entrar nos convida logo para a mesma.
Uma pessoa de quem esquecemos todas as fraquezas por troca de um sorriso. De um sorriso único, de um sorriso tão convidativo que forçosamente nos contagia. De quem os nossos pequenos imediatamente gostam e para cujo colo logo vão.
A quem perdoávamos todas as imperfeições por troca de um Amor imenso e dedicado à Música e a todo o Rock and Roll. Que conhecia como ninguém.
A quem tudo perdoamos e tudo trocamos pela sua presença. Pela sua afabilidade e pela sua simpatia.
De quem nos aproximamos e por quem sofremos nas suas horas más, impelidos pela sua força de viver e pelo seu incandescente optimismo.
De quem nos fazemos de imediato participantes activos das suas causas, mesmo nelas só por simpatia participemos. Com quem estamos sempre, mesmo não estando.
Daquelas que sendo feitas de defeitos, na sua grandeza, transformamos em virtudes, pela maneira com que encaram a vida e nos ensinam dessa mesma grandeza.
Das que tendo visibilidade e palco, fãs de toda a ordem e seguidores sem fim, se portam na vida como qualquer pessoa decente se deve portar: Dando-se e dando-se sempre, como se qualquer gesto ou palavra fosse a redenção. E o elo fraterno que a todos une: o da cumplicidade.
O ZÉ PEDRO não era um virtuoso nem precisou nunca de o ser. Tinha o carisma dos grandes, daqueles que se dão à música como a maior invenção do Homem. Ou de Deus, tanto faz.
Mas não só na morte, porque na vida também assim todos fomos: seus enormes admiradores! Admiradores de quem nunca vimos ou ouvimos um lamento. Apenas um sorriso, sempre!
O Dr. Eduardo Barroso, que lhe fez o transplante do fígado, afirmou nunca ter tido um paciente assim. Um doente consciente dos danos que a vida lhe trouxe mas, ao mesmo tempo, confiante na própria vida e em quem lha poderia trazer de volta. Sem penas ou remorsos pelo que ela foi, mas com espírito sempre aberto à mudança e aos cuidados que a mesma lhe impunha. E sempre para a mesma disponível, até ao último segundo.
O ZÉ PEDRO foi e é, para além de um ícone transversal e único, um ser de uma simplicidade e humanidade desarmantes. Um ser que desconhecia a palavra ódio e só a Amizade trabalhava. Um ser incapaz de, por intrínseca educação, alguém menorizar.
Era uma pessoa progressista e virada sempre para o futuro. Sempre a matutar “cenas” de colaborações várias e sempre disposto à desinteressada ajuda. Participante de causas e agregador das mesmas. A sua simpatia a ninguém era indiferente. Ele unia!
Deixa um grande legado, para além da verdadeira Instituição que formou, os Xutos e Pontapés, banda sua, minha e de todos : o legado da BONDADE!
Adeus ZÉ PEDRO. Nós prometemos que não te vamos chorar. Prometemos que te vamos para sempre LEMBRAR!
Até sempre!