Jeunesse Global
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Se perguntarmos a um cínico sobre o que pensa do futuro do país, responderei que será igual ao presente e ao passado, queira e possa a Europa manter à tona este quintal de bárbaros dislexicamente embevecidos em simultâneo pela retórica patologicamente reciclada a Ulrike Meinhof e pelo alegre conforto que um cupão de desconto do Lidl pode proporcionar. Contudo, se fizermos a pergunta a um pragmático-optimista, o novo blasfemo que agora vos apresento responderá que o futuro é o que dele fizermos, hoje, amanhã e todos os dias que se seguirem, pedra sobre pedra, ideia consequente — como todas — sobre ideia consequente.
É por isso que, em nome de todos os blasfemos, dou as boas vindas ao mais amaldiçoado dos blogues pela religião oficial da república popular portuguesa ao apóstolo da ordem espontânea, cronista do encanto nacional pela fugacidade, teólogo da superioridade moral do laissez-faire, sociólogo especialista da casta exótica da insaciável regulação e psicólogo do neurónio cansado do infortunado socialista, a única pessoa com actividade cerebral que assistiu à chegada dos únicos compradores reais do último livro de Sócrates na sua apresentação formal na cidade do casario que se vê ao atravessar o rio junto à Serra do Pilar e um amigo que — garanto — paga a sua própria conta em restaurantes.
O seu nome é Telmo Azevedo Fernandes.
Imbuídos do espírito natalício muitos difundem durante o Advento patetices impróprias para quem quer manter alguma sanidade mental.
Ouvem-se glórias e louvores à “responsabilidade social” de empresários e gente rica que nesta época decidem “devolver à sociedade parte do que esta lhes proporcionou”.
A expressão entre aspas anterior é a fórmula comummente usada por essa gente. O sublinhado enfatiza a ideia central que se pretende transmitir.
Confesso: não tenho pachorra para tamanho dislate!
“Devolver” pressupõe restituir a dono legítimo. Mas alguém roubou ou tirou algo de casa alheia?
Quem acha que houve apropriação indevida, apenas exige a devolução de parte do produto desviado?
Não havia necessidade de insulto nem de desonestidade intelectual…
Por regra, aqueles que têm elevados rendimentos foram capazes de produzir bens ou serviços dos quais a maioria de nós beneficia. De tal modo que estamos dispostos a dar dinheiro por eles.
Em sociedade as trocas são mutuamente benéficas. Facilitam a vida quotidiana, proporcionam-nos divertimento, dão-nos conforto e aumentam a nossa longevidade. Basta pensarmos em tudo aquilo que num só dia utilizamos e consumimos para perceber que é cada um de nós que, voluntariamente, torna ricos os ricos.
A superioridade moral do sistema capitalista advém desde logo de o mercado permitir que se acumule riqueza apenas servindo os interesses e necessidades dos outros. O bem-estar de uns não se faz à custa da miséria de terceiros. Não é um jogo de soma nula.
Uma economia liberal é justa porque defende o direito natural à propriedade daquilo que se cria e ganha em resultado do trabalho e criatividade dos indivíduos.
A retórica marxista da luta de classes e de que a desigualdade de rendimentos existe porque uns tiram a outros não só é factualmente falsa, como também revela um dos mais desprezíveis sentimentos humanos: a inveja.
Este desconforto com o sucesso alheio e o quase ódio aos ricos, aliados à soberba dos que se acham os únicos conscientes e preocupados com o bem-estar dos seus próximos, leva à tentativa de imposição daquilo que consideram ser os comportamentos correctos em comunidade, lá está: de “responsabilidade social”.
Nasce também daqui a ideia da progressividade dos impostos. Quem mais tem deve ser taxado, em termos relativos, de forma mais pesada do que os menos abastados. Mas se a ideia é moralizar o mercado e a sociedade capitalista, o resultado desta política é precisamente o inverso. Um comportamento forçado através da coacção tributária não torna nobre, nem moral nem benevolente a atitude das pessoas. Só a um acto individual, voluntário, emanado da consciência de cada um se pode atribuir valor moral.
A lengalenga da progressividade fiscal apenas serve o propósito da defesa dos interesses de quem não produz riqueza e do disfarce do roubo.
O discurso ardiloso do “devolver à sociedade” acaba por retirar valor a quem pratica a verdadeira Caridade, essa sim virtuosa e digna de elogio, a que a celebração da humanidade do Natal nos convoca.
Posted: 30 Nov 2017 11:29 AM PST
A chamada candidatura de Mário Centeno à chamada presidência do chamado Eurogrupo não é propriamente uma surpresa. A ser bem-sucedida, trata-se de mais uma “exportação”, mas não desta solução governativa, que obviamente não é exportável, dado que corresponde, e responde, a circunstâncias de tempo e de espaço muito próprias deste nosso rectângulo. E o que se importará? Instabilidade, arrisco.
A ambição de Centeno parece estar em linha com a lógica de circulação de elites periféricas, que logo se imaginam no centro quando chegam ao governo, ou pouco tempo depois, e que tão bom resultado tem dado desde Durão Barroso. Centeno é diferente, dirão. Isto não é sobretudo pessoal. As elites periféricas circulam em função da sua adaptação aos interesses do centro. O centro tem mostrado interesse. E, para ser franco, creio que Centeno nem terá de se adaptar muito.
Trata-se afinal de contas de alguém com credenciais impecavelmente ortodoxas, incluindo uma útil “visão de mercado” das relações laborais, subtítulo de um dos seus livros, ou uma visão do sistema financeiro assente no escrupuloso cumprimento do princípio europeu do pagam, mas não mandam, típico de semicolónia. No fundo, a fidelidade ao Euro e suas regras que se requer. Tudo na ordem a sul, dirá quem manda a norte.
Neste contexto, na óptica de quem está no comando, a pergunta que se impõe é a seguinte: porque não haveria Centeno de ser uma útil e complementar adição à lógica da evolução na continuidade em curso nas instituições formais e informais europeia, permitindo ainda alimentar a ideia zumbi de que agora é que vai ser diferente na Zona Euro e na UE?
A tragédia é o Euro. Esta circulação é só a mesma farsa de sempre.
Caro Francisco Louçã, permita-me que depois de ler seu artigo de opinião, no Público (https://blogues.publico.pt/…/2017/11/29/minha-cara-cliente/…) responda ao seu inquérito. Quer mesmo saber a que clientela pertenço?
Pertenço à clientela a quem lhe venderam um “produto” da banha da cobra que chamam de excelência, com pagamento mensal de entrega de mais de 50% dos seus rendimentos em impostos, mas recebe um serviço de porcaria onde tem direito a uma saúde que não presta, uma educação miserável , uma segurança inexistente, uns transportes ineficientes. Que recebe aumentos de pensões, salários, redução de IRS de uns míseros euros para depois deixar centenas deles no supermercado, na gasolineira, renda, gás, luz e água porque o ROUBAM com impostos indirectos em 3 orçamentos de Estado consecutivos.
Pertenço à clientela que ganha legionella numa consulta de rotina, morre queimada numa estrada a fugir do fogo , vive inundada sempre que chove, que é obrigada a pagar IMI de cinzas, come carne crua com E.Coli na escola e vai desta para melhor sem entrar nas estatísticas por ser vítima indirecta. Sou aquela junto de quem se congratulam que dão “topos de gama” mas em concreto não passam de “carroças sem bois”. Que deixa o pêlo e o pelaço do seu suor para lhes alimentar a gula e recebe migalhas para se poder sustentar. Que tem de trabalhar cada vez até mais tarde para que possam ao fim de 15 anitos reformarem-se à nossa conta.
Sou aquela que para pôr comida e pão na mesa tem de trabalhar arduamente porque não lhe cai do céu como no Parlamento. Sou cliente desgraçado que tem 1 “contrato” ruinoso tipo SIRESP com o Estado incompetente, mas não o pode rescindir porque é vitalício. Sou aquela que deixou de ser cliente há muito para ser mero sobrevivente
Sou da clientela que os sustenta enquanto gastam à fartazana, riem da nossa cara, mentem à descarada, porque sabem que uma vez dentro do Parlamento, SÓ o partido os pode tirar dali.
NÃO SOU da clientela que não faz voto de pesar por ver partir um grande empreendedor e empregador no país mas que tem uma overdose de tristeza quando morre ditadores assassinos que condenaram seu povo à fome e miséria. .
NÃO SOU da clientela que não admite riqueza nos outros mas esconde o elevado património do partido, recusa-se a pagar IMI e IVA e muito menos o imposto Mortágua.
NÃO SOU da clientela que passa a vida a defender o sector público mas transporta-se em Porsches e Maseratis, quando tem tonturas vai para o hospital da Cuf, e pôe filhos a estudar no privado. Que come com luxo na cantina do Parlamento pelo preço de uma diária. Que se auto-aumenta 10% todos os anos e repos as subvenções vitalícias. Que nunca moveu uma palha na vida mas vive como um lorde, sem mérito, à conta dos nossos impostos cada vez mais altos. Que emprega toda a família no Estado, faz adjudicações directas aos amigos, dá tachos no Banco Portugal e outros tantos organismos públicos sem concurso
E você, meu caro, de que clientela é?