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segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Entre as brumas da memória


Natal, Natal

Posted: 24 Dec 2017 09:20 AM PST

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Assombrações natalícias

Posted: 24 Dec 2017 07:27 AM PST

Vai uma pessoa comprar um bolo-rei ao Califa, como habitualmente, e está pela primeira vez na vida a um metro deste paspalho!
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Não Digo do Natal

Posted: 24 Dec 2017 02:52 AM PST

Não digo do Natal – digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem de que cio
nasceu esta semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos
por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,
e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura.
Pedro Tamen, in Antologia Poética

O Natal dos partidos

Novo artigo em Aventar


por j. manuel cordeiro

Há trabalhos que, por serem sujos, os autores querem deixar deles o mínimo rasto e evidências possível. É como a limpeza das provas da cena do crime feita pelo criminoso, sempre na esperança de não ser apanhado.

Acabou de se passar algo semelhante na Assembleia da República na discussão de um assunto de importância central para a qualidade da vida da democracia, para a transparência do regime e para a ocorrência de práticas como a corrupção e o tráfico de influências.

Durante um ano, os partidos reuniram à porta fechada e sem registos escritos do que lá se passou. Não se sabe quem propôs ou defendeu o quê, quem se opôs a que medida ou artigo, que argumentos foram apresentados para esta ou aquela alteração. No final, a três dias no Natal, e depois deste processo mais próprio de seitas secretas ou de grupos de malfeitores, quase todos se entenderam e aprovaram em votação electrónica a nova lei. (...)

Primeiro, deixa de haver qualquer limite para os fundos que venham a ser angariados. Até aqui, o limite anual estava fixado em 1500 vezes o valor do Indexante de Apoios Sociais, cerca de 630 mil euros. A partir de agora o financiamento é ilimitado.

Depois, os partidos passam a ter devolvido todo o IVA que pagam, mesmo que não esteja directamente relacionado com a sua promoção e das suas actividades políticas.

Os partidos concordaram também em passar a poder ocupar gratuitamente espaços e imóveis detidos pelo Estado ou por Instituições Privadas de Solidariedade Social, possibilidade que lhes estava vedada até agora.

O entendimento para estas alterações envolveu PSD, PS, BE, PCP e PEV. Contra votaram o CDS-PP e o PAN. [Eco, Paulo Ferreira, 24/12/2017]

Votaram contra o CDS-PP e o PAN. O primeiro, certo da aprovação da lei, a fazer de conta que o Jacinto Leite Capelo Rego não existiu e o segundo sem nada a perder.

Belém é a cidade da natividade, mas também a da ocupação e da resistência

Mais de dois milhões de cristãos visitam, anulamente, a cidade de Belém, na Cisjordânia, em particular a Igreja da Natividade, local onde se acredita que nasceu Jesus Cristo. Cidade carregada de simbolismo histórico e religioso, Belém é também palco dos confrontos entre israelitas e palestinianos.

Belém é a cidade da natividade, mas também a da ocupação e da resistência

© Reuters

Notícias ao Minuto

HÁ 3 HORAS POR PEDRO BASTOS REIS

MUNDO NATAL

Na altura do Natal, é quase obrigatório olhar para a história e ir à origem do cristianismo. Por esse motivo, todos anos, é inevitável olhar para Belém, onde se acredita que terá nascido Jesus Cristo.

A história da natividade é mais do que conhecida. Segundo os evangelhos, Maria e José terão saído da Nazaré rumo a Belém para um censo, e o pequeno Jesus acabou por nascer, numa manjedoura, pelo caminho.

É precisamente em Belém que se situa a famosa Igreja da Natividade, construída no ano de 399 e reconstruída já no século VI. Uma caverna em particular, sobre a qual a igreja foi construída, é considerada como o local exato do nascimento de Jesus. Em 2012, a Igreja da Natividade foi reconhecida como Património da Humanidade pela UNESCO.

Notícias ao MinutoCave da Igreja da Natividade. Acredita-se que tenha sido aqui que nasceu Jesus© Reuters

Por ter sido em Belém que nasceu Jesus Cristo, a história e simbolismo da cidade estão intrinsecamente ligados ao cristianismo. Pelo seu significado histórico e religioso, é um dos principais destinos de milhões de fiéis de todo o mundo. Estima-se que cerca de dois milhões de pessoas visitem a cidade anualmente.

Este Natal não será exceção, e milhares de pessoas rumam a Belém para as celebrações festivais. Muitos hotéis estão lotados e as luzes e eventos que assinalam o nascimento de Jesus Cristo fazem-se notar. Mais de quatro mil hotéis, neste momento, estão com cerca de 90% de lotação. Alguns estão lotados. No entanto, a tensão que se vive nas ruas e as décadas de confrontos entre israelitas e palestinianos contrastam com uma época em que se pretende assinalar a paz.

"O exército israelita entra quando quer, não tem vergonha nenhuma"

O ano de 2017 ficará na história como o ano em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, uma decisão que rompe com todo o consenso internacional relativamente à Cidade Santa, e cuja resistência se tem feito notar um pouco por todo o mundo, mas sobretudo nos territórios palestinianos.

Belém, situada na Cisjordânia e localizada a cerca de 10 quilómetros de Jerusalém, é, precisamente, um dos principais pontos de resistência do povo palestiniano contra a decisão de Trump. Nas últimas semanas, a cidade onde nasceu Jesus Cristo é também a cidade onde milhares de pessoas saem às ruas, enfrentando os militares israelitas que tentam pôr fim a qualquer ato de protesto.

Notícias ao MinutoBelém tem sido palco de confrontos entre palestinianos e militares israelitas© Reuters

As imagens que nos chegam mostram a intensidade dos confrontos. Palestinianos atiram pedras contra os militares israelitas, que por sua vez respondem com gás lacrimogéneo, balas de borracha e munições. Desde que estalaram os confrontos, já morreram pelo menos 10 palestinianos e centenas ficaram feridos, sobretudo na Faixa de Gaza.

Shahd Wadi é luso-palestiniana e denuncia a “política de colonização, de limpeza étnica, e uma política de opressão diária” no dia a dia do povo palestiniano. Relativamente à cidade de Belém, que já visitou por várias vezes, aponta o facto de os militares israelitas entrarem nos territórios palestinianos e deterem pessoas indiscriminadamente, incluindo crianças.

“O exército israelita entra quando quer, não tem vergonha nenhuma. Entra e se quiser prender alguém prende. Entra à meia da noite, a qualquer hora, não há limites”, lamenta.

Com o intensificar dos protestos, a presença do exército tornou-se a realidade do dia a dia. No entanto, nem sempre é assim e nos momentos de menor tensão os militares aparecem menos, ficam mais confinados aos checkpoints – zonas controladas pelo exército que decide quem entra e quem sai dos territórios palestinianos, uma das principais políticas de ocupação perpetrada pelas forças israelitas.

O muro da ocupação é a tela da resistência

Outro reflexo da segregação e ocupação nos territórios palestinianos é o muro de cerca de 700 quilómetros que atravessa a Cisjordânia. Shahd Wadi recorda “uma imagem cruel”, em que o muro, na cidade de Belém, atravessa, inclusive, um cemitério. “Nem os mortos podem morrer em paz, nem os vivos podem visitar os seus familiares”, desabafa a ativista e investigadora em questões palestinianas e feministas.

Mas se o “muro da vergonha”, como é apelidado, funciona, por um lado, como política de segregação, por outro é também uma forma de resistência. A barreira que divide é também uma tela de arte, cheia de imagens e slogans contra a ocupação.

Notícias ao MinutoBanksy abriu um hotel em Belém. Muro serve de tela para a resistência© Reuters

Este ano, o artista Banksy, cuja identidade não é conhecida, inaugurou em Belém o The Walled Hotel, que, além de vários trabalhos de street art, segundo o próprio artista, tem “a pior vista do mundo”. Todos os quartos do hotel estão virados para o muro, a forma que Banksy encontrou para obrigar quem o visitar a lidar com a segregação e ocupação sofridas pelo povo palestiniano.

Palco de confrontos, ocupação e resistência, Belém é, por estes dias, um dos principais destinos religiosos, e milhares de cristãos procuram estar próximos do local onde nasceu Jesus Cristo.

Apesar de a Cisjordânia ser maioritariamente muçulmana, há também uma forte percentagem de cristãos, particularmente em Belém. Nesse sentido, no Natal, é quase tradição os presidentes palestinianos juntarem-se à minoria cristã na Igreja da Natividade. Muitos muçulmanos fazem o mesmo, e juntam-se mesmo aos cristãos para rezar.

“Na última vez que fui à Igreja da Natividade tirei uma fotografia de uma palestiniana, muçulmana, a rezar dentro da própria Igreja. Achei isso muito bonito, porque há muita convivência entre religiões”, recorda Shahd Wadi.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Sejam felizes!

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

Um Feliz Natal para todos os aventadores deste mundo, para os nossos leitores e visitantes ocasionais, em particular aqueles que aturam as minhas deambulações. Sejam todos muito felizes

O meu postal de Natal

por estatuadesal

(Por Estátua de Sal, 24/12/2017)

Tecnoforma Natal

Coelho convida "catavento" para beberem uma garrafa de ginja na Tecnoforma.

A tradição já não é o que era. Antigamente mandavam-se postais de Natal. Ele era o presépio, o menino nas palhinhas e o bafo do boi, os Reis Magos, ou o trenó do Pai Natal puxado por robustas renas.

Hoje já não há postais. É por isso que os CTT se queixam e vão despedir 800 trabalhadores, dizem eles. Hoje há SMS e mensagens no Whatsapp, e-mails e beijinhos electrónicos via Skype.

Resta-nos o perú, o bacalhau, as rabanadas e as filhós para os que não ganham o salário mínimo e que tem emprego.

Resta a missa do Galo para os católicos fazerem a digestão da ceia, missa essa que a minha avó dizia ser a mais linda do ano. Ela nunca explicou porquê mas jurava a pés juntos que assim era.

Resta essa tradição das famílias se reencontrarem e, por vezes, os desavindos se reconciliarem mesmo que a contragosto, mas já sem cara para se oporem a um certo espírito da época.

É por isso que aqui deixo o meu postal de Natal para o Presidente Marcelo, ele que, católico, apostólico e romano, sempre elogiou as virtudes da reconciliação e dos valores sagrados da família.

É certo que Passos Coelho o tratou muito mal. Chamou-lhe catavento, e colocou-o no fim da lista dos presidenciáveis da direita. Mas é altura de perdoar, meu caro Marcelo. O Passos é da família e é altura de fazeres as pazes.

É lindo o postal, caro Marcelo. Tens uma ginjinha das antigas à tua espera nas instalações da Tecnoforma. E em nome dos valores da família e do Natal exorto-te, caro Marcelo, que não digas como Cristo no final da Última Ceia: "Pai, afasta de mim esse cálice".

Fico pois, à espera das tuas sábias e doutas palavras sobre a qualidade da ginja. De preferência antes dos Reis Magos chegarem.


Fonte do Cartoon aqui