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sábado, 27 de janeiro de 2018

Rui Rio: “Porque é que a Google tem de ir para Lisboa?”

Rui Rio: “Porque é que a Google tem de ir para Lisboa?”

  • ECO
  • 10:47


O presidente eleito do PSD reagiu à notícia de que a Google vai instalar um centro de serviços em Portugal questionando o Governo sobre a localização dessa nova unidade.

Rui Rio, o novo presidente do PSD.Paula Nunes / ECO

Em Davos, António Costa anunciou: a Google vai instalar um novo centro de serviços para a Europa, Médio Oriente e África em Portugal. Onde? Em Oeiras, Lisboa. Ao Expresso deste sábado [acesso pago], o presidente eleito do PSD questiona: “Porque é que a Google em Portugal tem de ir parar a Lisboa?” Rui Rio acusa o Governo de falta de coerência.

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"A perder oportunidades destas, continuamos a agravar as assimetrias regionais e sociais cada vez mais.”

Rui Rio

Presidente do PSD

Google traz hub para Portugal. Cria 500 empregos

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O novo líder dos social-democratas tem uma questão para António Costa e Manuel Caldeira Cabral: “Não será uma oportunidade para dar coerência factual ao discurso da descentralização e da desconcentração numa matéria muito relevante, como seja a criação de emprego de qualidade em zonas mais deprimas?” O novo investimento da Google deverá criar 500 postos de trabalho.

Rio considera que “a perder oportunidades destas, continuamos a agravar as assimetrias regionais e sociais cada vez mais”. Falta saber se essa oportunidade de fixar o centro de serviços noutro lugar existiu, uma vez que não se conhece como decorreram as negociações entre a empresa e o Executivo.

Google não negociou contrapartidas para vir para Portugal

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Esta sexta-feira o ministro da Economia garantiu que “não negociou contrapartidas” para a instalação de um centro de serviços. Caldeira Cabral argumentou que a “questão-chave” foi o talento, a formação e os bons engenheiros do país.

Rui Rio tem sido um dos principais defensores do combate ao centralismo de Lisboa, apelando à desconcentração. Após a notícia da Google, foi revelado que a Amazon poderá instalar-se no Porto, tendo o executivo de Rui Moreira admitido contactos com a empresa.

Mistério Público

por estatuadesal

(Isabel Moreira, in Expresso Diário, 27/01/2018)

ISA_MOR

(É deprimente o estado da Justiça em Portugal. O MP só pega nos casos que lhe dão protagonismo mediático, ou que servem para atacar as forças políticas da esquerda. Os casos que envolvem figuras da direita vão direitinhos para o caixote do lixo. Os casos que respeitam aos cidadãos anónimos demoram décadas a serem julgados. Os casos que envolvam violência sobre as mulheres são esquecidos ou são estas as condenadas, se não forem liquidadas antes. É uma corja com a Joana ao leme. Hoje, a cambada decidiu atacar o Ministro Centeno, mandou uma brigada ao Ministério das Finanças e bufou logo a notícia para o Correio da Manhã. Claro que, o objetivo não é investigar coisa alguma, mas sim tentar denegrir a imagem do ministro.

Continuo a aguardar que a Joana reabra o processo da Tecnoforma, dos submarinos e investigue o Frasquilho.

Comentário da Estátua de Sal, 27/01/2018)


Na notícia que estou a ler enquanto escrevo está lá a expressão: “esta mulher”. A tal, cujo nome real não sabemos, a tal mulher, “ela”, de Valongo, que apresentou queixa ao MP contra o ex-marido 37 dias antes de este a assassinar (Ver notícia aqui)

Trinta e sete dias.

Diz a notícia que estou a ler enquanto escrevo que o MP está a analisar o relatório da Equipa de Análise de Homicídios em Violência Doméstica, o tal relatório que critica a atuação do MP: “desperdiçou” três oportunidades de intervenção.

As três oportunidades “dela” foram “desperdiçadas” ao longo de “37 dias”.

Trinta e sete dias.

“Desperdiçadas”?

Não. “Ela”, de Valongo, tem uma história que começa antes dos 37 dias que marcam a coragem de clamar por justiça. Essa justiça foi-lhe negada ao longo dos tais 37 dias que são o cume de muito tempo para sofrer o medo, a dor, a ansiedade, a falta de auto-estima, a sensação de paralisia, a violência.

“Ela” dirigiu-se ao MP e deixou claro que estava em perigo de morte.

O ex-marido “dela” avisou que a matava se “ela” fizesse queixa e matou-a à paulada.

Depois de morta, “ela” foi o tal do “desperdício”. Morreu. Pediu ajuda três vezes e esteve três dias morta sem que ninguém desse por isso.

Não houve desperdício algum. Houve denegação de justiça e abandono. Diz-se que é preciso mais formação dos magistrados em violência doméstica. De acordo. Mas foi o que faltou aqui? A sério?

Trinta e sete dias com o aviso sério em três oportunidades de que “ela” estava em risco e a procuradora responsável pelo processo precisava de mais “formação” para fazer um juízo de prognose simples?

Recuso-me a ficar por aí.

“Ela” tinha um nome, podia ser o meu, podia ser o teu, e morreu de morte evitável.

“Ela” é “ela” e “ela” somos nós.

Quem passou trinta e sete dias sem evitar esta morte que grita tantas outras tem de ser responsabilizado.

E nós temos de meter na cabeça que a violência doméstica é uma guerra civil com causas profundas – mas conhecidas - e todos os dias, em cada merda (por aparentemente pequena) que contribui para a morte “delas” /” nossa”, temos de estar no lado certo da história.

Não há mistério.

É público.

A Justiça a brincar ao faz-de-conta

por estatuadesal

(Nuno Godinho de Matos, in Facebook, 27/01/2018)

nunogodinho

Quem tenha visto o telejornal da SIC, de Quinta-feira, às 20 horas, relativamente ao dito caso Manuel Vicente, constatou que um colega nosso, acompanhado de um jornalista, dono de uma empresa de comunicação, e um fotógrafo, procede à cobertura do julgamento, tirando notas de tudo o que é dito nas audiências.

Isto, no mínimo, significa que alguém está a suportar os custos económicos destas actividades. A resposta à pergunta: quem paga? Já só pode ser dada, com base numa opinião, ou “palpite”.

Agora, o facto, é inegável. Isto significa que uma entidade com a faculdade de pagar estes custos está interessada no julgamento, ao ponto de suportar despesas, aparentemente, inúteis.

É obrigatório pensar que tanto a Procuradoria Geral da República Angolana, como a Portuguesa conhecem, reciprocamente, as legislações próprias e do outro país.

Então, os dois Estados sabem que não sendo o arguido – Manuel Vicente – notificado da acusação, o mesmo não poderá ser julgado em Portugal, porque, apesar da separação de culpas, vai ser declarado contumaz e não será julgado, enquanto não comparecer no julgamento.

Se esta conclusão constitui uma evidência inegável e é-o, então, porquê, tanto interesse no impossível julgamento e tanta encenação à sua volta?

Porque se está perante uma grande manobra de propaganda. O que está em causa não é julgamento algum, de qualquer pessoa, mas sim a política de comunicação dos dois Estados.

Portugal, finge que julga Manuel Vicente, mas sabe que não o julgará, em momento algum, e a prova do que se escreveu resulta de se saber que, quando Portugal declarar Manuel Vicente contumaz, não irá ordenar um mandato de captura internacional, devido aos interesses dos Portugueses, que vivem e investiram em Angola, os quais tem o dever de preservar e acautelar.

Angola, por seu turno, nem quer pensar nisso, até porque já esclareceu que Manuel Vicente goza de uma imunidade constitucional até ao ano de 2022.

Então, para quê todo este dispendioso teatro?

Por banda de Portugal para, com muito “patos”, alegar que julga todos, independentemente da sua posição social e dos interesses em causa, quaisquer que eles sejam. Embora tenha perfeita consciência do embuste.

Por banda de Angola, para promover uma campanha de propaganda em Portugal, usando-a para destruir social e profissionalmente Carlos Silva, o qual, aliás, já está posto em causa como administrador do BCP Millenium.

A razão de ser desta perseguição política, terá de ser encontrada nas lutas de poder em Angola, decorrentes dos resultados das novas eleições, mas essas já não sei interpretar, por falta de conhecimento das relações de poder.

O que lastimo é que andemos, todos, a ser toureados por força dos interesses de propaganda dos dois Estados, enquanto dois arguidos, seres humanos, servem de pretexto para o golpe publicitário. A menos que estejam, também eles, a ser muito bem pagos, o que é o mais provável, mas somente eles saberão.

Não se está perante um julgamento. Está-se face a uma operação de propaganda de dois Estados, montada no que começou por ser um julgamento; sucede, porém, que o interesse de Manuel Vicente passava pelo maior silêncio e nunca por tanto “barulho”. Mas isso é um dano colateral, que não tem qualquer interesse, tal como o destino dos que estão a ser julgados.

Noite e Nevoeiro

por estatuadesal

(Abílio Hernandez, in Facebook, 27/01/2018)

auchwitz

Em 27 de janeiro de 1945, o exército soviético libertou o mais tenebroso dos campos de extermínio construídos pelo regime nazi: Auschwitz-Birkenau. Foi há muito tempo? Não, foi no tempo da vida de muitos de nós. Naquele dia eu tinha 3 anos de idade, a mesma idade de milhares de meninos assassinados nos campos nazis.

Em 1955, Alain Resnais realizou um extraordinário filme sobre os campos: Nuit et Brouillard - Noite e nevoeiro. O título do filme inspira-se na obra de Jean Cayrol, Poèmes de la Nuit et du Brouillard, que por sua vez repete o nome do decreto nazi de 7.DEZ.1941 – Nacht und Nebel-Erlass – que determinou a prisão, a deportação para os campos e a eliminação física daqueles que o regime considerava indignos de pertencerem ao povo alemão: judeus, ciganos, homossexuais, membros da Resistência...

A prisão, o transporte e a eliminação dos prisioneiros ocorriam, geralmente em segredo, durante a noite, para que não houvesse testemunhas e fosse mais fácil eliminar as provas do crime. Nas roupas, os prisioneiros tinham gravadas as letras NN. Quando, no fim da guerra, se descobriram os registos dos Serviços de Segurança alemães, nem sequer os locais das sepulturas estavam anotados, constavam apenas os nomes e as iniciais NN, noite e nevoeiro. “Mesmo uma paisagem tranquila, mesmo um prado com voos de corvos, com colheitas e fogueiras … podem conduzir simplesmente a um campo de concentração.”

Quando o filme de Resnais começa, ouvimos estas palavras, ao mesmo tempo que deslizamos o olhar por essa paisagem bucólica, seguindo o percurso de um travelling, longo e lento, como tantos travellings de Resnais. As cores da paisagem são suaves. A música de Hans Eisler é harmoniosa, delicada. A voz do narrador regista nomes: Stutthof, Oranienburg, Neuengamme, Bergen-Belsen, Ravensbrück, Dachau e o mais sinistro de todos, Auschwitz, onde, só ali, os nazis assassinaram mais de um milhão de prisioneiros. Tinham passado dez anos sobre a descoberta dos campos.

Projetados por arquitetos e engenheiros, organizados como se fossem cidades, horrendas cidades, os campos possuíam casas de habitação, bordéis, hospitais e até, suprema ironia, prisões. E banhos públicos de cujos chuveiros não jorrava água, mas um gás mortal, Zyklon B. Eram lugares sem lugar, construídos com a única finalidade de produzir o extermínio total dos seus habitantes/prisioneiros. Resnais mostra-nos tudo: os despojos do presente e os corpos perdidos do passado. Mas nunca deixa de nos colocar perante a evidência de que não estamos a ver nada da autêntica realidade dos campos. “É em vão que tentamos descobrir os restos desta realidade dos campos”, diz o narrador. “Deste dormitório de tijolo, destes sonos ameaçados, não podemos mostrar senão a casca, a cor”.

Imaginar o inimaginável, pensar o impensável, eis o objetivo de Noite e Nevoeiro. Sem nunca banalizar o horror, o filme diz-nos que filmar os campos é uma obrigação ética, estética e política. E desafia-nos para uma reflexão sobre o nosso próprio olhar e a nossa condição de espectadores, apelando à urgência de uma memória que não seja a simples reatualização do passado, mas que contribua para criar uma cultura ética e política que previna novas feridas e não permita que ninguém, nós incluídos, se exima de uma responsabilidade histórica que não prescreve. Por isso, o apelo final é dirigido a todos nós:

“A guerra adormeceu com um olho sempre aberto. ... 9 milhões de mortos assombram essa paisagem. … Quem de entre nós vela este estranho observatório para prevenir da vinda de novos carrascos? Terão eles um rosto diferente do nosso? … Estamos aqui e olhamos estas ruínas como se o velho monstro concentracionário estivesse sepultado sob os escombros …, nós, que fingimos acreditar que tudo isto pertence a um só tempo e a um só país. E que não olhamos à nossa volta e não ouvimos que os gritos ainda não se calaram.”

O filme cala-se com este apelo e não nos concede o luxo de esquecer. Pensar a Shoah a partir do presente, pensá-la como um capítulo não fechado da História, tornou-se uma exigência da moderna consciência histórica. Seja escrita em nome do rigor da ciência ou da subjetividade da arte, a História só pode ser feita, como em Noite e Nevoeiro, contra o esquecimento e em nome do que pode tornar-nos mais humanos.

1945: Libertação de Auschwitz-Birkenau

CALENDÁRIO HISTÓRICO

UM CONFLITO QUE MUDOU O MUNDO

  • Há 73 anos, em 27 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho libertou Auschwitz, o maior e mais terrível campo de extermínio dos nazistas. Em suas câmaras de gás e crematórios foram mortas pelo menos um milhão de pessoas.
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Auschwitz foi o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Em suas câmaras de gás e crematórios foram mortas pelo menos um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, eram assassinadas seis mil pessoas por dia. Auschwitz tornou-se sinônimo do genocídio de judeus, sintos e roma e tantos outros grupos perseguidos pelos nazistas.
As tropas soviéticas chegaram a Auschwitz, hoje Polônia, na tarde de 27 de janeiro de 1945, um sábado. A forte resistência dos soldados alemães causou um saldo de 231 mortos entre os soviéticos. Oito mil prisioneiros foram libertados, a maioria em situação deplorável devido ao martírio que enfrentaram.
"Na chegada ao campo de concentração, um médico e um comandante questionavam a idade e o estado de saúde dos prisioneiros que chegavam", contou Anita Lasker, uma das sobreviventes. Depois disso, as pessoas eram encaminhadas para a esquerda ou para a direita, ou seja, para os aposentos ou direto para o crematório. Quem alegasse qualquer problema estava, na realidade, assinando sua sentença de morte.
Häftlinge im Konzentrationslager Auschwitz
Prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau
Câmaras de gás e crematórios
Auschwitz-Birkenau foi criado em 1940, a cerca de 60 quilômetros da cidade polonesa de Cracóvia. Concebido inicialmente como centro para prisioneiros políticos, o complexo foi ampliado em 1941. Um ano mais tarde, a SS (Schutzstaffel) instituiu as câmaras de gás com o altamente tóxico Zyklon B. Usada em princípio para combater ratos e desinfetar navios, quando em contato com o ar a substância desenvolve gases que matam em questão de minutos. Os corpos eram incinerados em enormes crematórios.
Um dos médicos que decidiam quem iria para a câmara de gás era Josef Mengele. Segundo Lasker, ele se ocupava com pesquisas: "Levavam mulheres para o Bloco 10 em Auschwitz. Lá, elas eram esterilizadas, isto é, se faziam com elas experiências como se costuma fazer com porquinhos da Índia. Além disso, faziam experiências com gêmeos: quase lhes arrancavam a língua, abriam o nariz, coisas deste tipo..."
Trabalhar até cair
Os que sobrevivessem eram obrigados a trabalhos forçados. O conglomerado IG Farben, por exemplo, abriu um centro de produção em Auschwitz-Monowitz. Em sua volta, instalaram-se outras firmas, como a Krupp. Ali, expectativa de vida dos trabalhadores era de três meses, explica a sobrevivente.
"A cada semana era feita uma triagem", relata a sobrevivente Charlotte Grunow. "As pessoas tinham de ficar paradas durante várias horas diante de seus blocos. Aí chegava Mengele, o médico da SS. Com um simples gesto, ele determinava o fim de uma vida com que não simpatizasse."
Häftlinge im Konzentrationslager Auschwitz
Grupo de prisioneiros se dirige ao crematório de Auschwitz, onde eles seriam assassinados
Marcha da morte
Para apagar os vestígios do Holocausto antes da chegada do Exército Vermelho, a SS implodiu as câmaras de gás em 1944 e evacuou a maioria dos prisioneiros. Charlotte Grunow e Anita Lasker foram levadas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde os britânicos as libertaram em abril de 1945. Outros 65 mil que haviam ficado em Auschwitz já podiam ouvir os tiros dos soldados soviéticos quando, a 18 de janeiro, receberam da SS a ordem para a retirada.
"Fomos literalmente escorraçados", lembra Pavel Kohn, de Praga. "Sob os olhos da SS e dos soldados alemães, tivemos de deixar o campo de concentração para marchar dia e noite numa direção desconhecida. Quem não estivesse em condições de continuar caminhando, era executado a tiros", conta. Milhares de corpos ficaram ao longo da rota da morte. Para eles, a libertação chegou muito tarde.