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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

A aldeia portuguesa que os japoneses adoram

por admin

Assim que chegámos a Penha Garcia apontaram para uma aldeia no horizonte. “Ali está Monsanto, a aldeia mais portuguesa de Portugal”. É também um dos locais preferidos dos japoneses”. A afirmação deixou no ar muitas questões. Mas afinal porque é que uma aldeia histórica em Idanha-a-Nova é um dos roteiros favoritos dos turistas japoneses?

locais para visitar no interior de PortugalMonsanto

“Começou tudo com um programa televisivo que foi filmado em Monsanto e que foi transmitido num dos canais de televisão do Japão. Depois dos portugueses e espanhóis, os japoneses são um dos grupos do mundo que mais visita Monsanto. O Japão é um país densamente povoado, com um desenvolvimento tecnológico muito grande, um povo muito organizado, e a aldeia oferece aquilo que toda a gente gosta de ver e experienciar”, explica Armindo Jacinto, presidente do Geopark Naturtejo.

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Monsanto atraí os sentidos pela grandeza e opulência graníticas. Os Barrocais pintam a paisagem, numa aparente desordem construída de forma natural ao longo de milhões de anos. O Geopark Naturtejo tem aproveitado a beleza natural da paisagem para desenhar programas e rotas que levem os turistas a conhecer as histórias e lendas da região. Mas será que existem programas pensados especialmente para os turistas japoneses?

aldeiaMonsanto

“As agências de viagens do Japão quando programam a Europa, programam Portugal. Metem na capa Monsanto com uma imagem positiva, como um roteiro a conhecer e também foi isso que levou mais de 300 profissionais a votar na aldeia de Monsanto como uma das mais belas vilas e aldeias históricas da Europa”, acrescenta. A rota costuma ser sempre a mesma: do Japão, vão até Madrid, passam por Monsanto e regressam.

MonsantoMonsanto - Jorge Órfão

“Para quem vive numa área urbana com 36 milhões de pessoas, vir até Monsanto, encontrar casas muito genuínas, poder conversar com as gentes e circular numa aldeia, de facto é uma atracção muito forte. Depois se somarmos a isso toda uma cultura tradicional, tudo isso é muito atraente e eles adoram, e sobretudo adoram fazer selfies!”, explica Armindo.

MonsantoMonsanto

Nas planuras da Beira interior, entre o sopé da Serra da Gardunha e o rio Ponsul, que formam na sua geografia, clima e fauna a transição entre o Norte e o Sul de Portugal ergue-se sobre uma alta penedia a aldeia histórica de Monsanto. Conta-se que a povoação terá resistido deste baluarte, durante 7 anos, ao cerco posto pelos romanos no séc. II a. C., feito que está na origem da Festa das Cruzes, que a aldeia comemora todos os anos, no dia 3 de Maio. No séc. XII D. Afonso Henriques doou a povoação conquistada aos Mouros à Ordem dos Templários, cujo Mestre em Portugal, Gualdim Pais mandou reconstruir o castelo.

MonsantoMonsanto

A aldeia oferece das paisagens humanas mais interessantes que se podem encontrar em Portugal. O aglomerado vai-se desenvolvendo sobre a encosta do cabeço aproveitando pedregulhos de granito para as paredes das habitações e em alguns casos um único bloco de pedra forma o telhado, razão por que aqui se diz que as casas são "de uma só telha".

MonsantoMonsanto

Alguns palacetes brasonados, portais manuelinos, a casa onde viveu e exerceu clínica o médico e escritor Fernando Namora, que aqui se inspirou para o seu romance "Retalhos da Vida de um Médico", acrescentam interesse ao passeio pelas ruelas íngremes.

Monsanto

De entre o casario destaca-se a Torre de Lucano (séc. XIV) encimada por um galo de prata, troféu atribuído a Monsanto num concurso realizado em 1938 onde foi considerada a aldeia mais portuguesa de Portugal, pela autenticidade da sua cultura. A difícil subida até ao castelo é largamente compensada por um dos mais deslumbrantes miradouros da região.

O que visitar em Monsanto?
1. Miradouro Praça dos Canhões

Logo à entrada da aldeia histórica de Monsanto, do lado direito da estrada, encontra-se o miradouro da Praça dos Canhões que oferece uma vista magnifica sobre as planícies que rodeiam Monsanto. A vista pode ser apreciada lado a lado com os canhões em tempos usados como protecção do reino.

2. Igreja Matriz

Uns metros mais acima encontra-se a Igreja Matriz de Monsanto. Mantém ainda uma porta romana e diz-se que as suas origens datam do século XV, tendo sido restaurada no século XVIII. É um edifício imponente, perfeitamente conservado.

3. Castelo

O Castelo de Monsanto está localizado no ponto mais alto da colina, a 758 metros de altura. A subida é feita a pé, pelos caminhos de pedra que vão desde o centro da aldeia até às suas ruínas. Apesar da escassa informação concreta sobre a sua origem, diz-se que poderá ter sido construído por volta do ano de 1165, durante o reinado de D. Afonso Henriques. Hoje em dia é ainda possível ver as ruínas da Torre de Menagem, da capela de Nossa Senhora do Castelo, para não falar da vista absolutamente magnífica. As ruínas do castelo são ainda palco, todos os anos em Maio, da festa de Santa Cruz, de origem pagã.

4. Gruta

A caminho do castelo, escondida numa das ruas da aldeia, encontra-se uma gruta escavada numa grande rocha. No seu interior é ainda possível ver alguns vestígios da sua ocupação humana. É um espaço muito reduzido mas que não deixa de ter interesse do ponto de vista histórico.

5. Necrópole de São Miguel

Junto às ruínas do Castelo e à Capela de São Miguel, encontra-se a necrópole de São Miguel. Aqui é possível ver sepulturas em pedra perfeitamente preservadas. Estas sepulturas (sem tampa) eram esculpidas nas rochas e tinham o formato do corpo ao qual eram destinadas.

6. Capela de São Miguel

Junto à entrada para o Castelo encontra-se esta capela românica da qual restam as paredes e um altar em pedra no seu interior. Não é permitida a entrada na capela, mas é possível espreitar pelas grades que tapam a entrada, vendo a totalidade da sua área.

7. Penedo do Pé Calvo

O Penedo do Pé Calvo é outro local perfeito para admirar a vista fabulosa que Monsanto oferece. Está localizado na encosta do lado direito da colina, a meio do caminho do centro da aldeia para o Castelo.

Querida Autoridade Tributária

Novo artigo em Aventar


por Bruno Santos

Parece que a Autoridade Tributária decidiu enviar um email aos contribuintes portugueses, em o qual os ameaça com processos de contra-ordenação e coimas que podem ir até aos 60.000 euros, caso esses contribuintes não limpem o mato nem cortem as árvores que existam num raio de 50 metros à volta das suas casas - presume-se que as ainda não ardidas. Esta ameaçadora polícia tributária informa ademais na sua epístola digital que “é obrigatório também limpar as copas das árvores quatro metros acima do solo e mantê-las afastadas [presume-se que puxadas por trelas] pelo menos quatro metros umas das outras e cortar todas as árvores e arbustos a menos de cinco metros das casas e impedir que os ramos cresçam sobre o telhado”.

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Das teorias da conspiração

por rui a.

Durante anos, a direita teve quase sempre o bom senso, contrastando com a posição habitual do PS, de não imputar segundas e terceiras intenções à justiça, olhando para as investigações, inquéritos e processos judiciais com a normalidade que devem ter num Estado de direito democrático: há notícia de um eventual crime, o MP abre inquérito e investiga, os interessados apresentam as suas razões e, se o caso chegar a tribunal, presume-se que a justiça seja capaz de o concluir com o atributo que lhe dá nome.

Ainda há dias assistimos a isso mesmo com Miguel Macedo, que teve que se demitir do governo para não o comprometer com as suspeitas que sobre si recaiam, que estavam em investigação e que agora parecem demonstrar-se completamente infundadas. Em contrapartida, também recentemente assistimos ao caso dos bilhetes de futebol de Centeno, que deu azo a um necessário inquérito do MP, rapidamente encerrado por falta de matéria. A esquerda incomodou-se. À direita não costumam haver «cabalas», «conspirações», nem peregrinações a Évora.

Por isso são de estranhar estas declarações da novel vice-presidente do PSD, que, face a um inquérito do MP sobre denúncias, já com algum tempo, a respeito da sua gestão na Ordem dos Advogados, venha dizer que a querem «tramar» e que «não me demito se for constituída arguida». Numa direcção liderada por alguém que sempre prezou a transparência na vida pública e que faz dela, agora, uma bandeira do partido, é, no mínimo, estranha esta tendência exibida para as teorias da conspiração.

TVI – 25.º aniversário

por estatuadesal

(Carlos Esperança, 21/02/2018)

tvi

Foi já no estertor do cavaquismo (julgávamos nós, a memória foi curta), mas no auge da prepotência, que foi atribuído à Igreja católica o segundo canal privado, sem um projeto coerente, sem um caderno de encargos credível, sem viabilidade, mas a render homilias favoráveis ao PSD nas missas dominicais, contra um projeto mais elaborado e credível, em pia arbitrariedade governamental.

Do início nebuloso, que celebrizou o mais indigente dos programas, “A amiga Olga”, já não há memória. Durou a telemadrassa enquanto os crentes não se cansaram de acorrer aos aumentos de capital, desistindo das “boas ações” e do Paraíso, mais pela despesa do que por ausência de fé.

Do aborto informativo gerado no ventre do patriarcado de Lisboa, arrancado a ferros e com ventosa, pelo PM, diria mais tarde o pioneiro da crítica televisiva e seu excecional expoente, Mário Castrim, «nasceu na sacristia e desaguou na sarjeta».

À míngua de óbolos e orações, a TVI (‘I’ de Independente e de Igreja) mirrou e emigrou para o capital laico, onde a programação deixou de ser anunciada em missas dominicais, enquanto o Patriarcado garantiu missas, tempos de antena e mensagens cardinalícias no canal público, em flagrante atropelo à laicidade do Estado.

Deste projeto megalómano da Igreja católica e da cedência vergonhosa do Estado não se fala no 25.º aniversário em que muitos recordarão mais os programas escabrosos do que os negócios e as lutas políticas travadas no seu seio.
Para memória futura, ficam estes apontamentos que os cúmplices gostariam de ocultar e certamente empalideceriam os festejos de aniversário. Tudo se esquece e perdoa, longe do escrutínio de uma opinião pública esclarecida e participativa.

Ontem foi dia de festa na TVI, mas o passado ficou envolto nas brumas da memória.

A guerra começa aqui

Novo artigo em Aventar


por Carla Romualdo

O dia em que Ignacio Robles disse “não” parecia igual aos outros todos. A corporação foi chamada ao porto de Biscaia para uma operação de rotina: verificar as condições de segurança no carregamento de mercadorias perigosas. Os bombeiros não são pagos para fazer perguntas, mas Ignacio, num daqueles momentos que parecem banais, mas que se ampliarão na memória por muitos anos, perguntou o que havia nas caixas que iam ser transportadas para a Arábia Saudita. E responderam-lhe. Eram bombas. As que provavelmente cairiam sobre o Iémen daí a umas semanas.

Ignacio disse que não era capaz. Lembrou que, como bombeiro, a sua missão era proteger a vida e que não podia ser chamado a participar num acto que conduziria à morte de civis. Pediu que o dispensassem do trabalho. Não houve problemas. Um mês depois soube, pelo jornal, que lhe tinha sido instaurado um processo disciplinar que, no limite, poderia levar a uma suspensão de 3 a 6 anos, sem remuneração. E caiu-lhe o mundo aos pés.   Ler mais deste artigo