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quarta-feira, 14 de março de 2018

Tratar com justiça a Justiça

por estatuadesal

(Valupi, in Blog Aspirina B, 12/03/2018)

pinto_mizé

O último Expresso da Meia-Noite foi fértil em informações com proveito público. Eis algumas:

– Que os jornalistas responsáveis pelo programa, presentes em estúdio, promovem entusiasmados o tal slogan do “acabou a impunidade”, criado por uma ministra da Justiça que o usou para atacar adversários políticos a partir de matérias judiciais, e o qual voltou a ter gasto caudaloso para continuar a usar a Justiça para a luta política tendo Joana Marques Vidal como arma de arremesso contra o PS.

– Que o juiz convidado, acumulando com ser secretário-geral da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, declarou ser-lhe inconcebível que Pinto Monteiro tenha impedido ou condicionado qualquer investigação no Ministério Público dada a sua estrutura e procedimentos.

– Que o mano Costa reagiu como um alarve quando Maria José Morgado lhe disse que ele fez um trabalho jornalístico deturpado no processo Melancia.

– Que Marinho e Pinto foi o único a relacionar o aparecimento dos casos mais mediáticos na Justiça com as alterações legislativas que deram mais poderes à investigação (é ver quem e quando esteve na origem dessas novas leis), não sendo o efeito de um qualquer voluntarismo, ou santidade, de fulano ou beltrana.

– Que Marinho e Pinto foi o único a relacionar a violação do segredo de justiça e o uso da comunicação social como estratégia para influenciar e pressionar magistrados e penas.

– Que Marinho e Pinto foi o único a lembrar os actos suspeitos de Cavaco na sua relação com a SLN como exemplo de duplo critério no Ministério Público quando comparado com a “Operação Marquês”.

– Que Marinho e Pinto foi o único a denunciar a perseguição judicial (ou seja, política) a Sócrates por ter sido detido e preso para ser investigado, não havendo ao tempo qualquer ideia acerca dos actos de eventual corrupção que pudessem estar em causa.

– Que Maria José Morgado é uma figura fascinante, na exacta medida do que diz e do que cala.

Quem sabe, talvez um dia a Justiça consiga ser tratada na imprensa com o rigor e a coragem que merece.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Congresso do CDS

por vitorcunha

Um congresso partidário a meses-luz de eleições legislativas só é notícia em países patuscos, daqueles em que, além da bola, não se passa nada, nem um concerto da banda de tributo a Phil Collins. Ter reparado que a comunicação social e, muito particularmente, amigos que não são do CDS deram alguma importância ao ocorrido este fim-de-semana em Lamego só é justificável por fastio com intrigas da bola e do festival da canção.

Assunção Cristas, ao que se diz, vestiu roupa para a ocasião. Fluíram alguns discursos entre as pausas da degustação de cabrito e, inevitavelmente, chegou-se ao fim da coisa com mais um partido a afirmar-se o futuro da nação e o bastião do centro (tão pouco concorrido - deve ser nicho de mercado eleitoral). Além da conciliação da ala bruta com a homossexualidade do vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes, momento que permitiu aos toscos uma sensação de profundo bem-estar com a sua magnífica superioridade ultramontana de perdão pós-modernista do pecado alheio, restou do evento o habitual rol de larachas dos comentadores indígenas que trocam um ou outro vaticino por momentos de proximidade com o pentelho do quinto poder.

Que espero eu do CDS? Espero tanto do CDS como do PSD de Rio ou do POUS de Carmelinda: nada. E assim é que está bem.

Um certo odor a fascismo no CDS-PP

Publicado por João Mendes

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Assunção Cristas, tal como muitos dos seus principais oficiais, não perde uma oportunidade para aludir ao radicalismo das esquerdas. Para agitar com o papão comunista. Para apelar aos instintos mais básicos do eleitorado, instigando a desconfiança e o medo na sua forma mais primária. Uma constante da vida.

Sempre achei este discurso de uma finíssima ironia. Não porque não exista nos partidos de esquerda o tal radicalismo que lhes é apontado, que é discutível, mas porque o CDS-PP foi precisamente o partido que deu guarida a vários salazaristas no pós-25 de Abril, alguns dos quais exerceram funções governativas durante o Estado Novo. Adriano Moreira, que foi este fim de semana homenageado e aplaudido de pé pelo congresso centrista, foi ministro de Salazar antes de ser eleito terceiro presidente do CDS-PP, entre 85 e 88. E escusado será dizer que alguém que aceita o convite para integrar o governo não-eleito de um fascista opressor valida as práticas em vigor.

Por falar em validar práticas fascistas, Abel Matos Santos, militante e vice-presidente da concelhia de Lisboa, que lidera a Tendência Esperança em Movimento, uma facção interna do partido, apresentou-se ontem a votos para o Conselho Nacional, tendo naturalmente assistido ao esmagamento da sua pela lista de Assunção Cristas, que apesar da vitória folgada (51 em 70 conselheiros eleitos) conseguiu perder três lugares no órgão máximo entre congressos. Filipe Lobo D’Ávila, principal opositor interno de Cristas, que voltou também a apresentar a sua lista ao Conselho Nacional, conseguiu eleger 13 conselheiros, menos três que os 16 que detinha até agora. E quem ficou com esses lugares? A lista de Abel Matos Santos.

Qual é o problema? Nenhum. Da vida interna do CDS-PP sabem os seus militantes, e se cerca de 90 dos 1053 congressistas que ontem elegeram o novo Conselho Nacional decidiram entregar o seu voto ao projecto liderado por Abel Matos Santos, é porque terão bons motivos para isso. Mas importa clarificar quem é e o que defende Abel Matos Santos (AMS), que desde o final deste congresso passa a ser um player relevante no xadrez centrista.

A imagem em cima fala por si. Mas torna-se ainda mais interessante se analisada à luz daquilo que são as traves mestras do movimento liderado por AMS, que se propõe defender “os valores éticos, sociais e democráticos do humanismo personalista de inspiração cristã“, para depois praticar um discurso xenófobo, discriminatório e reaccionário.

Que se afirma defensor do “respeito pela dignidade da pessoa humana e a garantia dos seus direitos fundamentais, a liberdade e o pluralismo“, apesar de ser liderado por alguém que se indigna com “bichas aos beijos” e que considera que comemorar o 25 de Abril equivale a celebrar “a liberdade de abortar” e de “mudar de sexo de manhã e à tarde”. Respeitar a dignidade humana sim senhor, desde que não sejam homossexuais, que esses não são dignos de ser respeitados.

Que alega defender os valores da democracia constitucional, apesar do seu líder que considera que, durante a ditadura fascista, “Portugal era um país a sério, governado por gente a sério“. Qualquer semelhança com o discurso do PNR não será mera coincidência. Como não será coincidência o facto de AMS ser cronista no Observador.

É claro que Abel Matos Santos não é igual Francisco Mendes da Silva ou Pedro Mexia. Mas a ascensão deste movimento no seio do CDS-PP é reveladora do saudosismo que resiste no interior do partido e exala um certo odor a fascismo. Um odor a fascismo que não pode nem deve ser menosprezado numa Europa a braços com novos tiranetes na Polónia e na Hungria, a fazer contas à vida com a ascensão da extrema-direita em vários estados-membros como a Alemanha, a França e a Itália. Talvez fosse prudente para o CDS-PP olhar para dentro e reflectir, antes de apontar o dedo ao radicalismo dos outros. Não vá o Abel apanhá-los distraídos e tomar o partido de assalto.

Jornais do Dia

Capa do Correio da Manhã

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Cartas ao director
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i  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
A jota que foi vencer ao congresso do seu partido
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Frente Nacional muda de nome
Marques Mendes diz que MP deve investigar Barreiras Duarte
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Isenção de tarifas para UE a troco de menos barreiras para EUA

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Expresso  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Marcelo: prazo para limpeza do mato em redor das casas "pressupõe alguma elasticidade"
Vestir o passado
E o tempo, hein? (isto é Lá em Casa Mando Eu a escrever sobre o jogo apitado por E-Paixão)
Poças, Paços e pontos perdidos (a crónica da vitória do Paços de Ferreira sobre o FC Porto)
Marques Mendes diz que ambição do CDS é megalomania

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Jornal Económico  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
A Europa em carris
Ficheiros pouco secretos
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Marques Mendes anuncia Norberto Rosa no BCP
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Incêndios: PR defende mais apoios para agricultores de Oliveira do Hospital

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Jornal Negócios  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Produção de electricidade dispara com vendas a Espanha
Nos aumenta dividendo em 50% para 30 cêntimos
Lucros da Nos crescem 37% e superam previsões
Donos de prédios desocupados deixam de devolver IVA ao Fisco
Augusto Santos Silva: "Defendemos um comércio o mais livre possível com os EUA"
A assunção do CDS
Porquê a polémica à volta das progressões?

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Diário de Notícias  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
O "lar" encerrado que agora é família de acolhimento
Estado mandou fechar 133 lares por falta de condições
Cristas quer chefiar o Governo. PSD fala em "megalomania"
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"Devemos estar em liberdade e não assumir uma lógica de funcionalismo político"
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Jornal de Notícias  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Os voluntários do Ephemera salvam milhares de documentos
Primeira Página em 60 segundos: Sucata informática e net lenta nas escolas
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Dois mortos e uma pessoa resgatada de helicóptero que caiu ao rio em Nova Iorque
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Penálti na Mata Real e... falhanço
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Luta pelo título em destaque no programa Tribuna de Honra (18h00)
Roberto revela como escapou aos atentados de 11 de março
Kirsten Lauder, a melhor forma de acabar o fim de semana...
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Record  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Já são três épocas a seco na capital do móvel
Lumor à espreita de mais minutos
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O nascimento da... derrota
Pizzi de regresso e logo onde foi feliz
Nuno André Coelho celebra o centenário
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O Jogo  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
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Greve na Infraestruturas de Portugal deve causar perturbações na circulação de comboios
Privados e Governo debatem hoje ambiente de negócios em Moçambique
Trabalhadores da EMEF iniciam hoje semana de luta

Lutas culturais sensatas

Ladrões de Bicicletas


11 Mar 2018 01:45 PM PDT

A cultura é demasiado importante para ficar à mercê da uniformização e da exclusão produzidas pelas lógicas puramente comerciais. Daí a importância do apoio e provisão públicas, ajudando a criar lógicas promotoras de uma enriquecedora diversidade artística e da democratização no acesso às actividades culturais.
Apesar da criação de um Ministério, como afirmou recentemente o Manifesto em Defesa da Cultura, “a política cultural do governo do PS não trouxe, no essencial, nenhuma viragem em relação ao desastroso percurso de décadas que nos conduziu até aqui.”
Para lá das questões orçamentais, mas com elas articuladas, há também a questão da cultura política neoliberal que se difundiu e que está bem patente nas ofensivas declarações da Directora Regional da Cultura do Centro, ao considerar que os que requerem financiamento público são um “incómodo” para o Estado.
Como afirma Pedro Rodrigues, “talvez o mais sensato fosse deixar a notícia morrer naquele canto da página 20 do jornal de Sábado, mas apesar de tudo parece-me que se justifica que troquemos umas ideias sobre o assunto.” Realmente, insensato seria deixar alastrar este senso comum neoliberal com poder; sensata foi a mobilização, resultante da tal troca de ideias, que está bem patente nesta petição:
“É no mínimo inusitado que uma funcionária do Estado com estas responsabilidades profira tais declarações. Elas ofendem os profissionais que têm trabalhado no serviço público financiado pelo Estado, tentam criar uma clivagem entre estruturas ‘subsidiadas’ e ‘não subsidiadas’ e entre profissionais e não profissionais, amesquinham os próprios funcionários do Ministério e as personalidades convidadas para avaliar as candidaturas apresentadas, contradizem o espírito e a letra da Constituição e do programa do actual Governo e – sobretudo – insultam os cidadãos que são os principais beneficiários das políticas públicas de cultura no nosso país.”

David Sylvian - Dobro #1

Posted: 11 Mar 2018 07:23 AM PDT