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quinta-feira, 22 de março de 2018

Quem tem medo do Facebook?

21/03/2018 by Bruno Santos

A pesquisa de motivação, para efeitos de propaganda, é feita, de forma sistemática, pelo menos desde a chamada Segunda Guerra Mundial, embora a suas raízes remontem, na sua fase moderna, ao período de eclosão e disseminação das teorias psicanalíticas de Freud.

A informação assim recolhida e sistematizada tem sido comercializada, traficada e usada em diferentes contextos e por diferentes entidades, públicas ou privadas. Entre essas entidades está a própria Academia, que ensina a Psicologia como método de compreensão, domínio e manipulação do aparelho psíquico individual, e a Sociologia como expansão e aplicação geométrica desse método a aparelhos psíquicos colectivos.

Esse conhecimento, que é um poder, é depois transportado – traficado é o termo exacto – entre a Academia e as diferentes estruturas do complexo económico e político. O que o Facebook fez – e faz – é colocar esses dados, esse conhecimento, sob o domínio de uma máquina, desenhada de modo meticuloso, sob os auspícios da tão germânica e amada “Regra de Ouro”, para que os possa processar e gerir de modo a alcançar um objectivo pré-determinado e muito preciso. É a esse método, a esse sistema, a essa “Regra de Ouro” – que, na verdade, é de Chumbo -, que se brinda alegremente nos jantares da Web Summit, no Panteão Nacional.

Querer agora acusar o Facebook de “manipulação” e “comércio ilegal de dados”, só pode ser entendido à luz de um novo anedotário do neoliberalismo, ou, o que é mais verosímil, no contexto de um ataque de certos actores do Sistema a uma ferramenta que tem também sido usada em exercício de direitos e deveres de cidadania, designadamente através da denúncia de abusos de poder, actos de corrupção e outros comportamentos anti-democráticos levados a cabo por agentes públicos e privados.

Que o Facebook é um Panóptico, já o sabemos. O que falta saber é quem tem mais a perder com certa informação e contra-informação que através dele se veicula e que, antes dele, ficava soterrada nas gavetas de directores de jornais e chefes de redacção.

A pergunta é, por isso, muito simples: quem tem medo do Facebook?

quarta-feira, 21 de março de 2018

Sarkozy acusado de “corrupção passiva”, “financiamento ilegal de campanha” e “ocultação de fundos públicos”

HÁ 43 MINUTOS

Nicolas Sarkozy será acusado dos crimes de "corrupção passiva","financiamento ilegal de campanha eleitoral" e "ocultação de fundos públicos da Líbia". Interrogatório terminou ao fim de 25 horas.

IAN LANGSDON / POOL/EPA

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  • Agência Lusa

Depois de dois dias detido nas instalações da Polícia Judiciária na cidade francesa de Nanterre, Nicolas Sarkozy foi indiciado, esta quarta-feira, pelos crimes de “corrupção passiva”, “financiamento ilegal de campanha eleitoral” e “ocultação de fundos públicos da Líbia”, avança o jornal Le Monde.

Sarkozy foi levado para as instalações da polícia na terça-feira onde foi interrogado pelos investigadores que suspeitam de que a campanha eleitoral de 2007 foi ilegalmente financiada com fundos da Líbia. O ex-primeiro ministro francês esteve a ser ouvido durante 25 horas.

Nicolas Sarkozy respondeu às perguntas dos agentes da divisão anticorrupção, que o interrogaram na sede da Polícia Judiciária de Nanterre, nos arredores de Paris. Os juízes agora podem imputá-lo, se considerarem que existem elementos acusatórios suficientes ou deixá-lo em liberdade sem acusações. E é esta decisão que o Le Monde está já a avançar: que o ex governante será acusado de três crimes.

Segundo a imprensa, citada pela agência Efe, os investigadores têm evidências que sugerem que Sarkozy recebeu dinheiro do regime líbio, entre eles do intermediário Ziad Takieddine, que reiterou neste dia as entregas de capital, tanto ao então candidato, como ao seu responsável de campanha Claude Géant.

O processo judicial teve origem num documento líbio, publicado em maio de 2012 no site de informação “Médiapart”, no qual é revelado que o ex-chefe de Estado francês teria recebido dinheiro do antigo líder líbio Muammar Kadafi. Sarkozy sempre negou as acusações, classificando-as de “manipulação e crueldade”.

As 6 coisas que o Facebook vai mudar depois do escândalo

EM ATUALIZAÇÃO

"Houve uma quebra de confiança entre o Facebook e as pessoas", admitiu Mark Zuckerberg depois do caso Cambridge Analytica. Veja as 6 coisas que vão mudar na relação entre rede social e os utilizadores

Mark Zuckerberg é presidente executivo e fundador do Facebook.

Alberto Estevez/EPA

Autores

Mark Zuckerberg utilizou o Facebook para se pronunciar sobre a polémica que envolveu a Cambridge Analytica e os 50 milhões de perfis que foram usados indevidamente para ajudar a eleger Donald Trump. Com a certeza de que se não conseguir proteger os dados dos utilizadores, então não merece servi-los, o presidente do Facebook anunciou uma linha de novas medidas que visam aumentar a privacidade de quem utiliza a rede social: uma nova forma de eliminar a permissão dada a algumas apps, limites aos acessos que os programadores de aplicações têm a dados dos utilizadores e uma auditoria a todas as aplicações usadas na rede social, entre outras.

A resposta de Zuckerberg, fundador e presidente executivo do Facebook, quanto à polémica era esperada desde que esta foi divulgada no domingo. No post, diz ainda: “Tenho trabalhado para perceber exactamente o que aconteceu e como podemos garantir que não aconteça novamente. As boas notícias são que as medidas mais importantes para prevenir que isto volte a acontecer já foram tomadas há anos. No entanto, também fazemos erros, há mais a fazer, e precisamos de estar à altura disso”.

Houve uma quebra de confiança entre o Facebook e as pessoas que partilham dados connosco e esperam que nós os protejamos. Temos de corrigir isso”, escreve Mark Zuckerberg num post na rede social.

Zuckerberg desculpa-se no post dizendo que, atualmente, uma aplicação como a de Aleksandr Kogan, o académico da Universidade de Cambridge que criou a app da Cambridge Analytica que acedeu aos dados de mais de 50 milhões de utilizadores, “não acederia a tantos dados”. A razão para tal não ser possível foram alterações feitas à plataforma em 2014 (a app é de 2013).

A polémica em torno da empresa de análise de dados Cambridge Analytica foi divulgada este sábado pela revista semanal do jornal britânico The Guardian, a The Observer. Um dia antes, o Facebook divulgou um comunicado a anunciar medidas e a acusar o jornal de “mentir” ao dizer que tinha existido “uma quebra de confiança”. A rede social tinha sido questionada nessa semana com a informação.

Dizendo que “na passada semana” a empresa tinha tido conhecimento pelo The Guardian, The New York Times e do Channel 4 da forma como a Cambridge Analytica tinha utilizado dados de utilizadores, Zuckerberg afirma que a sua empresa está a colaborar com “reguladores” para investigar o que se sucedeu.

Através do relato de um ex-funcionário, foi noticiado que esta empresa pediu a utilizadores da rede social para aceder a dados “com fins académicos”. No entanto, as informações obtidas, tanto de quem aceitou as condições da aplicação, como dos amigos destas pessoas no Facebook, foram utilizadas para traçar perfis e direccionar publicidade específica para alterar o sentido de voto na eleições americanas de 2016.

Depois da polémica com a Cambridge Analytica, Mark Zuckerberg utilizou o Facebook para anunciar medidas que visam proteger os utilizadores. A rede social vai lançar uma auditoria à plataforma.

Num comunicado, a empresa informa também, em seis pontos, quais são as medidas que vai tomar após esta polémica.

Investigar aplicações “suspeitas”

A empresa diz que vai “investigar todas as aplicações que tiveram acesso a um grande número de dados” antes de 2014 (quando a empresa alterou as medidas da plataforma). É nesta medida que a empresa diz ainda que vai fazer uma “auditoria completa” a todas as aplicações com “atividade suspeita”.

Informar as pessoas sobre utilizações abusivas de dados

Esta medida explica-se a si própria. Apesar de não divulgar como, a rede social diz que vai dizer aos utilizadores, principalmente os afetados pela Cambrigde Analytica, quais os dados a que a empresa teve acesso. No futuro mais próximo, a empresa diz que, ao remover uma app da plataforma por utilização abusiva de dados pessoais, vai avisar os utilizadores.

Desligar o acesso a aplicações que não são utilizadas

Se o utilizador não utilizar uma aplicação da plataforma por mais de três meses, automaticamente a aplicação vai deixar de ter acesso à informação.

Restringir a informação conseguida por login

O número de dados a que uma aplicação pode aceder ao pedir para aceder à conta dos utilizadores vai ser reduzido. Numa próxima versão a aplicação apenas vai ter acesso ao nome, fotografia de perfil e endereço de e-mail. Aqui a diferença é que, para se ter acesso a mais dados, o Facebook vai ter de dar autorização. Para isso “os programadores vão ter de assinar um contrato” com o Facebook para poderem aceder a informação pessoal,

Encorajar os utilizadores a gerirem que aplicações utilizam

A rede social diz que já demonstra aos utilizadores quais as aplicações em utilização, mas diz que esses dados vão “ser mais proeminente”. Para isso a rede social vai disponibilizar uma ferramenta no topo do Feed de notícias com a apps em utilização e a forma de revogar a permissão que as aplicações têm aos dados pessoais.

Recompensar quem encontre vulnerabilidades no sistema

Quem encontrar aplicações que utilizam, de forma incorrecta, dados de utilizadores, vai passar a receber uma remuneração (à semelhança do que já é feito atualmente para quem encontra falhas de segurança informática na plataforma).

Vocês merecem ter a informação pessoal protegida e vamos trabalhar para que se sintam seguros no Facebook”, disse Sheryl Sandberg, diretora executiva de operações do Facebook.

Pouco depois de Zuckerberg se pronunciar relativamente ao caso Cambridge Analytica, Sheryl Sandberg, diretora executiva de operações do Facebook, partilhou o post do presidente executivo na sua página. Sandberg, falando também das medidas, pediu também desculpas: “estou profundamente arrependida por não termos feito o suficiente [para proteger os dados das pessoas]”

Taipé (II)

Entre as brumas da memória


Posted: 21 Mar 2018 01:40 AM PDT

Chiang Kai-shek é uma figura incontornável na História de Taiwan. Depois de longos anos de lutas e poderes, acaba por ser eleito presidente da República da China pelo parlamento em 1948 (posto que ocupava provisoriamente há cinco anos), tem um «reinado» de curta duração, acaba por se demitir em Janeiro de 1949 e por assistir à fundação da República Popular da China em 1 de Outubro do mesmo ano. Parte então para Taipé, declarada capital da República da China, da qual assume a presidência até morrer. Será seguido por dois milhões de pessoas, que deixam o continente e se instalam em Taiwan que assim viu a sua população crescer quase 40%. Até ao final dos anos 70, foram muitos os países que reconheceram Taiwan, mas até os EUA deixaram de o fazer em 1978. Actualmente, apenas 22 e a Santa Sé mantêm relações diplomáticas.

A presença de Chiang Kai-shek está perpetuada em Taipé por um Memorial erguido em honra do ex-presidente depois da sua morte em 1975. Local importante da cidade, foi inaugurado em 1980 e está inserido num grande parque com vários edifícios de estilos diferentes. O espaço tornou-se entretanto palco habitual de concentrações a favor da democracia e passou a ser designado como «Praça da Liberdade» desde 2007.

O animal do costume voltou a fazer das suas

por João Mendes

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Fotografia: Baz Ratner@DN

Não me vou pôr aqui com merdas: é muito provável que tenha sido a primeira vez que ouvi falar no rinoceronte-branco-do-norte. Mas é sempre triste saber que mais uma espécie animal se prepara para desaparecer da face da terra (restam duas fêmeas), essencialmente porque o animal do costume achou que exterminar a espécie era uma boa ideia. Chegará o dia, e não estamos muito longe dele, em que pagaremos um preço muito elevado por aquilo que andamos durante séculos a fazer a fauna e à flora deste planeta. Descansa em paz, Sudan.