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terça-feira, 27 de março de 2018

Fibroglobal garante ter toda a rede afectada pelos incêndios operacional

A troca de palavras entre operadores nas telecomunicações continua. Agora é a Fibroglobal que garante ter a rede operacional.

Fibroglobal garante ter toda a rede afectada pelos incêndios operacional

Raquel Wise

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Alexandra  Machado

Alexandra Machado

amachado@negocios.pt

27 de março de 2018 às 19:33

As palavras de Miguel Almeida, presidente da Nos, ao Expresso continuam a motivar reacções. Depois de a Meo ter reagido logo no sábado, agora é a vez de a Fibroglobal dizer que as declarações do presidente da Nos foram, em alguns casos, "falsas e caluniosas".

E, por isso, diz que as desmente. "A Fibroglobal tem todos os trabalhos de reposição da rede afectada pelos incêndios, com impacto nos acessos dos clientes à rede, finalizados, não existindo quaisquer situações de indisponibilidade de serviço por esse motivo", realça em comunicado a empresa gestora de uma rede rural de nova geração.
A empresa assume que os incêndios "tiveram de facto um impacto significativo na rede da Fibroglobal", já que foram afectados 32 dos 42 concelhos nos quais a Fibroglobal tem rede com mais de 620 quilómetros de traçados de fibra óptica da empresa afectados. O custo de reconstrução foi de cerca de 1,5 milhões de euros. Mas estão concluídos, segundo afirma a Fibroglobal, que diz ter uma cobertura de 84 mil lares de residência habitual.

Miguel Almeida, ao Expresso, garantiu que grande parte dos clientes que ainda não têm serviço, depois dos incêndios, são servidos pela rede da Fibroglobal. "É preciso perceber porque é que estes clientes continuam sem serviço. Porque grande parte destes locais é servida pela rede da Fibroglobal, que foi paga com dinheiro públicos e que está a ser usada de forma privada. O que constitui uma fraude".
Mais tarde em comunicado, e no seguimento de um despique com a Altice, a Nos reafirmou que "a Fibroglobal é uma fraude, pois foi construída com dinheiros públicos para servir todo o mercado, à semelhança das outras redes rurais no Norte e no Sul do País e que são usadas pelos diversos operadores", considerando que "o caso da Fibroglobal continua por resolver, havendo apenas um operador que a usa".

A Fibroglobal diz que estas declarações são falsas, até porque acrescenta que desde 2016 serve não apenas a Meo, mas também a Nos e a Oni, dizendo praticar "uma gestão criteriosa dos seus recursos, praticando preços inferiores aos inicialmente previstos no contrato com o Estado e em linha com as ofertas publicadas pelo operador DST".

Os Offshores

Jorge Fonseca de Almeida

Jorge Fonseca de Almeida

27 de março de 2018 às 20:00

A ideia transmitida por certos meios de comunicação social de que os offshores se situam em ilhas paradisíacas sem lei e sem controlo não passa de um mito.

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Nascidos na fase avançada do capitalismo, a que vários autores denominaram de imperialismo e outros de mundialização ou primeira globalização, os offshores são um refugio fiscal disponível para as multinacionais e as grande fortunas, uma poderosa arma de guerra económica que priva alguns Estados das suas receitas fiscais canalizando-as parcialmente para outros, um instrumento de pressão sobre os sistemas de proteção social limitando-lhes as receitas e uma forma de reciclagem e branqueamento das receitas colossais do mundo do crime e do trafego internacionais.

Não admira assim que os principais offshores do mundo, estejam situados em países muito desenvolvidos. A ideia transmitida por certos meios de comunicação social de que os offshores se situam em ilhas paradisíacas sem lei e sem controlo não passa de um mito.

O Reino Unido é o país que oferece uma lista mais completa e diversificada de offshores (Ilhas Virgens Britânicas, Jersey, Gibraltar, Ilha de Mann, Ilhas Caimão, Guernsey, Montserrat e outros). De facto a estabilidade política e a segurança dos bens são essenciais nos offshores e devem poder ser defendidos por um Estado forte capaz de manter um sistema legal seguro, rápido, eficiente e de grande alcance.

Lançado recentemente o livro "Offshores do nosso quotidiano" do Professor Carlos Pimenta, professor da Faculdade de Economia do Porto e membro fundador do OBEGEF (Observatório de Economia e Gestão de Fraude) vem colocar ao dispor do grande público uma obra introdutório de grande qualidade, clareza e didatismo.

Um contributo muito oportuno, que reintroduz na ordem do dia este tema insuficientemente discutido em Portugal, um dos países que é vítima desta teia internacional, um dos Estados expropriado das suas legítimas receitas fiscais em favor de outros estados, muitos deles ditos "amigos" e "aliados" mas que se apropriam abertamente das rendimentos fiscais portuguesas.

Toda uma crise de sustentabilidade do Estado social português deriva desta imoral utilização dos offshores para sonegar as receitas necessária à solidariedade e coesão social do país. Todo um insuficiente equipamento militar, que debilita a nossa defesa, resulta dessas diminuídas cobranças fiscais.

Um ditado português reza que "Casa assaltada, trancas nas portas", isto é falhada a prevenção inicial é preciso reforçar a atenção e as defesas para que não voltemos a ser vitimas.

Absurdo seria depois de assaltados deixarmos as portas abertas e que mandássemos remover as fechaduras para facilitar o trabalho aos larápios. No entanto a atitude do Estado português parece em linha com esta última atitude, descuidando das medidas preventivas e punitivas que impeçam ou dificultem estes comportamentos de Estados terceiros.

Economista

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

Nvidia, Facebook e Tesla: o trio que ajudou a derrubar Wall Street

As bolsas norte-americanas regressaram às perdas, na sessão desta terça-feira, 27 de Março. O alívio em torno das tensões comerciais EUA-China, que tanto agradou às praças asiáticas e europeias, não foi suficiente para manter Wall Street no verde, já que os dissabores da Nvidia, Facebook e Tesla ofuscaram tudo o resto.

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Reuters

Carla Pedro

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Carla Pedro

Carla Pedro

cpedro@negocios.pt

27 de março de 2018 às 21:09

Os principais índices bolsistas do outro lado do Atlântico, que ontem recuperaram das fortes perdas de sexta-feira e fecharam com os ganhos mais expressivos desde Agosto de 2015, voltaram hoje ao tapete.

O K.O. foi dado pelas tecnológicas Nvidia e Facebook, que abalaram o Nasdaq e o S&P 500, bem como pela fabricante de veículos eléctricos Tesla.

O Dow Jones fechou a ceder 1,43% para 23.857,71 pontos e o índice Standard & Poor’s 500 recuou 1,92% para se estabelecer nos 2.607,45 pontos.

Também o Nasdaq Composite negociou em queda, sendo o índice que teve a descida mais acentuada, a perder 2,93%, para 7.008,81 pontos.

As tecnologias, que no início do ano estavam entre as maiores subidas, têm sofrido com os reveses da empresa liderada por Mark Zuckerberg depois de se saber que a rede social permitiu que os dados de 50 milhões de utilizadores caíssem nas mãos de uma empresa de consultoria política.

Assim, o Faceboook esteve entre as cotadas que mais pressionaram Wall Street, a afundar 4,90% para 152,22 dólares. Isto no dia em que se soube que Zuckerberg terá aceitado depor no Congresso dos EUA sobre as falhas na protecção de privacidade dos dados dos utilizadores da rede social.

De resto, todas as FANG – Facebook, Amazon, Netflix e Google – estiveram a negociar em baixa na sessão de hoje, pressionadas por um forte movimento de vendas.

A gigante do streaming de filmes e séries de TV Netflix depreciou-se em 6,14% para 300,69 dólares, a acompanhar o mau momento dos seus pares.

Mas os desaires das tecnológicas não se ficaram por aqui. A Nvidia, fabricante de microchips para jogos, computadores de alto desempenho, inteligência artificial e carros autónomos, também deu um cartão vermelho à bolsa, ao mergulhar 7,76% para 225,52 dólares.

Os dissabores da Nvidia foram trazidos pela sua suspensão temporária dos testes aos veículos de condução autónoma, área onde tem vindo a expandir-se.

Ainda no mesmo sector, o Twitter perdeu 12,02% para 28,07 dólares, depois de a Citron ter anunciado que apostou na queda das acções – com as chamadas "posições curtas" – da empresa que gere a rede social das micromensagens. Isto porque a considera mais vulnerável à "regulação da privacidade" do que os seus pares, numa altura em que se debate a protecção de dados.

Por outro lado, o sector automóvel pesou sobretudo devido à fabricante de veículos eléctricos Tesla. A empresa liderada por Elon Musk afundou 8,22% para 279,18 dólares, devido ao facto de vários analistas recearem que a Tesla não consiga atingir as suas metas de produção no que diz respeito ao sedan Model 3.

Além deste cepticismo em torno do ritmo de produção do Model 3, a Tesla foi ainda pressionada pelo anúncio da Comissão norte-americana de Segurança dos Transportes de que está a realizar a segunda investigação deste ano a acidentes com veículos da Tesla.

António Costa afasta hipótese de Bloco Central e diz que não se demite em caso de mais incêndios

ANTÓNIO COSTA

HÁ 32 MINUTOS

Em entrevista à Visão, o primeiro-ministro afastou a hipótese de formação de um "Bloco Central" com o PSD na próxima legislatura, por considerar que esse tipo de solução é "negativa para a democracia"

AFP/Getty Images

Autor
  • Agência Lusa

    O primeiro-ministro afirma em entrevista à revista “Visão” que se mantém contra um “Bloco Central” PS/PSD e afasta o cenário de demitir-se da chefia do executivo caso no próximo Verão se repitam tragédias com os incêndios florestais. Estas posições foram assumidas por António Costa durante uma entrevista à revista Visão, que será publicada na íntegra na quarta-feira e durou uma hora e 13 minutos, período durante o qual o primeiro-ministro respondeu a 55 perguntas formuladas pelos jornalistas Filipe Luís (editor executivo) e Octávio Lousada Oliveira.

Questionado sobre a possibilidade de se formar um “Bloco Central” PS/PSD na próxima legislatura, agora que os sociais-democratas têm um novo líder, Rui Rio, o secretário-geral socialista volta a afastar esse cenário. “Temos de distinguir o que são soluções de Governo – e isso sempre achei que soluções tipo ‘Bloco Central’ são negativas para a democracia, porque a empobrecem, diminuem a escolha que os eleitores têm para procurar caminhos alternativos. Num sistema partidário como o que temos em Portugal, necessariamente as soluções de Governo serão polarizadas ou pelo PS ou pelo PSD e, portanto, a junção dos dois diminuía a possibilidade de geração de alternativas”, sustenta.

Em relação à nova liderança dos sociais-democratas, António Costa considera que “está manifestamente a incomodar grande parte do PSD e da chamada direita inorgânica, aquilo que alguns costumam designar a direita do Observador”. Afastado o cenário de uma coligação de Governo com o PSD, António Costa insiste na tese de que, após as eleições legislativas de 2019, será viável reeditar a actual plataforma de forças de esquerda que suporta executivo minoritário socialista na Assembleia da República (PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV).

António Costa também desdramatiza as crescentes críticas que têm sido feitas pelo PCP ao seu Governo. “Acho legítimo e natural que o PCP queira também, conforme se vai concluindo a legislatura e se vai aproximando das eleições, sinalizar quais são as suas marcas identitárias e diferenciadoras relativamente ao PS”, alega. Já sobre a possibilidade de o PS apoiar a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais de 2021, o líder socialista remete essa questão para 2020. “Para já é preciso saber se [Marcelo Rebelo de Sousa] é candidato presidencial, visto que ele próprio já disse publicamente que ainda não tomou a decisão sobre essa matéria. O PS sempre teve como tradição apoiar candidatos e não propor candidatos. Portanto, aguardemos para ver quem são os candidatos em 2021 e, depois, o PS seguramente tomará a sua decisão”, responde.

Nesta entrevista, o primeiro-ministro foi também questionado se admite demitir-se caso se repitam no próximo verão tragédias com os incêndios – um cenário que afastou. “Demitir-me, se houver mais incêndios? Quando há um problema, a solução não é demitirmo-nos, é estarmos prontos para resolver o problema. É isso que temos feito e é isso que vamos continuar a fazer”, responde. António Costa demarca-se também da ideia de que haja politização da justiça, advogando que não lhe parece que esse juízo seja partilhado pela sociedade portuguesa, “nem que haja motivos para o fundamentar”. Interrogado sobre as pressões para uma eventual recondução da procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, o líder do executivo desdramatiza e aponta que “é da tradição o Governo não fazer propostas, nessa matéria, que o Presidente da República não possa aprovar”.

No que diz respeito ao Governo, no momento próprio falaremos com o senhor Presidente da República e concertaremos com ele a proposta que faremos”, sublinha. Já sobre os protestos das autoridades políticas angolanas contra a intenção de a justiça portuguesa julgar o seu ex-vice-presidente Manuel Vicente em Portugal, o primeiro-ministro afirma compreender a pressão diplomática e económica que está a ser exercida no sentido de transferir o processo para Angola. “Se num Estado estrangeiro fosse levantado um processo-crime contra o nosso Presidente da República, contra o primeiro-ministro ou contra deputados, muito provavelmente Portugal também diligenciaria no sentido de preservar as imunidades de que essas entidades gozam no nosso país”, argumenta.

Ainda em matéria de justiça, nesta entrevista à revista Visão, António Costa demarca-se também dos casos que envolvem o Benfica, frisando que não é adepto do clube por causa dos seus dirigentes”. “Num Estado de Direito, ninguém, está acima da lei”, salienta. Em matéria económico-financeira, o primeiro-ministro reconhece mudanças no Conselho de Finanças Públicas, organismo presidido por Teodora Cardoso. “O Conselho de Finanças Públicas ganhou nova confiança na estratégia que temos vindo a adopar. Significa que água mole em pedra dura tanto dá até que fura. Os factos impuseram-se aos preconceitos”, diz.

No que respeita à questão da eutanásia, o secretário-geral do PS defende que a legislação não deve limitar a liberdade de opção individual, embora o seu “arreigado optimismo” lhe coloque “dificuldades em aceitar a prática da eutanásia como uma boa solução”.

Que países expulsaram e os que não expulsaram diplomatas russos

RÚSSIA

HÁ 13 MINUTOS

Desde que o Reino Unido acusou a Rússia de matar um espião em Inglaterra, 125 diplomatas russos já foram expulsos de mais de 20 países. Como Portugal, que os vai manter, só há mais sete países da UE.

Getty Images

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Mais de 20 governos seguiram o exemplo do Reino Unido e expulsaram diplomatas russos colocados nos respetivos países. As represálias diplomáticas foram tomadas depois de o governo britânico ter acusado a Rússia de ter orquestrado o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal e a filha Yulia em Salisbury, em Inglaterra. O Reino Unido expulsou 23 diplomatas russos e Moscovo respondeu dando ordem de saída a outros 23 diplomatas britânicos. Desde então, só os Estados Unidos mandaram para casa 60 diplomatas russos.

As notícias mais recentes dão conta da expulsão de sete diplomatas russos a serviço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO): a decisão foi anunciada esta terça-feira pelo secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, e noticiada pela AFP. Além disso, o líder da NATO anunciou que a acreditação a três diplomatas foi recusada e que a missão russa junto da organização será reduzida de 30 para apenas 20 elementos. Esta é a forma que a NATO arranjou de “enviar uma mensagem muito clara à Rússia de que as ações têm consequências”.

Dentro da União Europeia, o primeiro-ministro da República Checa anunciou em conferência de imprensa que ia expulsar três diplomatas russos e Martin Stropnicky, ministro dos Negócios Estrangeiros, escreveu no Twitter que esses diplomatas eram “persona non grata” no país. A Dinamarca juntou-se à onda de expulsões: “Ficamos ombro a ombro com o Reino Unido e dizemos claramente ‘não’ à Rússia num tempo em que a Rússia também está a ameaçar os valores ocidentais”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros Anders Samuelsen.

Outros estados europeus seguiram os passos britânicos. A Alemanha justificou a expulsão de quatro diplomatas russos com “a apertada coordenação com a União Europeia e com os aliados da NATO”: por lá, os diplomatas têm sete dias para sair do país, um prazo que foi comunicado à embaixada russa na Alemanha. França está “solidária” com o Reino Unido e pediu a mais quatro diplomatas que saíssem de território francês porque “o ataque levantou uma séria ameaça para a nossa segurança coletiva”.

Estas também foram as justificações dadas pelo ministério dos Negócios Estrangeiros da Hungria, de Itália e da Lituânia. O primeiro-ministro da Holanda utilizou a página de Facebook para “condenar a utilização de armas químicas, que é inaceitável” e a Polónia disse que o ataque que vitimou o espião russo (que se encontra em estado crítico) “ameaça todo o território da União Europeia e todos os cidadãos da NATO porque pode acontecer em qualquer lugar”. Aqui ao lado, os espanhóis expulsaram dois diplomatas: “Desde o início que consideramos o ataque do agente nervoso em Salisbury um desenvolvimento extremamente sério que representa uma ameaça significativa à nossa segurança coletiva e ao direito internacional”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros no Twitter.

Por cá, o ministério dos Negócios Estrangeiros avançou que Portugal não vai expulsar os diplomatas russos que residem no país: “Portugal acredita que a concertação no quadro da União Europeia é o instrumento mais eficaz para responder à gravidade da situação presente”, pode ler-se na nota oficial.

Fora da União Europeia, a reação tem sido semelhante. Os Estados Unidos deram ordem de saída a 60 diplomatas russos identificados pela Casa Branca como agentes secretos e aproveitou para encerrar o consulado da Rússia em Seattle: de acordo com o governo de Trump, 48 deles trabalhavam nessa representação e outros 12 eram funcionários das Nações Unidos em Nova Iorque. Esta decisão é a mais feroz das tomadas até agora pelo presidente norte-americano contra os russos.

Os Estados Unidos foram o país que mais diplomatas russos expulsaram até agora. A seguir vem a Ucrânia, que tem vivido momentos de hostilidade com a Rússia, que já resultaram na anexação da Crimeia: o presidente Petro Poroshenko anunciou a expulsão de 13 diplomatas porque “a Rússia reconfirmou uma vez mais a sua atitude esquiva para com a soberania dos estados independentes e o valor da vida humana”.

A Austrália, à semelhança da Alemanha, também deu sete dias aos dois diplomatas russos para saírem do país. E o Canadá mandou embora quatro diplomatas que serão “agentes secretos ou indivíduos que utilizaram o seu estatuto diplomático para ameaçar a segurança do Canadá ou interferir na nossa democracia”. Chrystia Freeland, ministra dos Negócios Estrangeiros, afirmou ainda que “o ataque com o agente nervoso representa uma clara ameaça à ordem internacional baseada em regras e às regras que foram estabelecidas pela comunidade internacional para garantir que as armas químicas nunca mais destruiriam vidas humanas”.

Entretanto, outros países estão com Portugal e decidiram não expulsar qualquer diplomata russo colocado nos seus territórios. Na Áustria, o chanceler Sebastian Kurz e a ministra dos Negócios Estrangeiros Karin Kneissl anunciaram que não iam seguir os exemplos da maioria dos países europeus: “Não tomaremos medidas nacionais. De fato, queremos manter os canais de comunicação para a Rússia abertos. A Áustria é um país neutro e vê-se como um construtor de pontes entre o Oriente e o Ocidente”, anunciou o governo na segunda-feira.

O Chipre decidiu o mesmo: Prodromos Prodromou, porta-voz do governo, veio dizer que o país “não está entre os 14 que vão tomar as mesmas medidas” de expulsar diplomatas russos do país. O Chipre — cujo sistema bancário depende muito de clientes russos —  “não está em posição de tomar medidas contra outros países que também são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas”. Luxemburgo, também conhecido como praça financeira internacional, decidiu não expulsar os poucos diplomatas que tem no território: “Quanto ao Luxemburgo, temos um número muito limitado de diplomatas russos e, apesar de todos os nossos esforços, não pudemos provar que nenhum deles era espião ou pessoas que trabalhavam contra os interesses do país”, disse o primeiro-ministro do país numa entrevista.

Malta protege-se com um argumento semelhante: o porta-voz do governo avançou que o número de diplomatas malteses em Moscovo é “muito pequeno” e que decidir expulsar era o mesmo que “terminar efetivamente as relações diplomáticas” com a Rússia. E a Bulgária segue-lhe o exemplo e argumenta que precisa de manter a neutralidade porque tem muitos negócios com o país liderado por Putín.

À semelhança da tomada de posição de Portugal, a Eslovénia também decidiu não expulsar diplomatas russos “em conformidade com a posição tomada pelo Conselho Europeu, que é quem deve determinar o que realmente aconteceu”. E a Nova Zelândia também confirmou que não expulsaria diplomatas russos porque não tem nenhuns que sejam perigosos para a segurança nacional.

Há dois países que ainda não tomaram decisões. “Neste momento, a Grécia não anunciou, nem tomou nenhuma decisão sobre a expulsão de diplomatas russos. A liderança do país está em uma situação difícil. Quaisquer medidas poderiam levar a agravamento das relações com a Rússia”, justifica Atenas. E a Eslováquia também se esquivou à tomada de decisões: “O desenvolvimento da situação, bem como a resposta da Rússia aos apelos que lhe são dirigidos pelos países da União Europeia, influenciarão os próximos passos que estamos preparados para considerar neste caso”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros eslovaco.