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quinta-feira, 29 de março de 2018

Diplomacia e palermices

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

  • Eduardo Louro
  • 28.03.18

Resultado de imagem para paulo rangel e augusto santos silva

Não aprecio - antes pelo contrário, como por aqui tenho muitas vezes deixado claro - a figura de Santos Silva, o ministro dos negócios estrangeiros. Mas não consigo deixar de lhe atribuir mérito, e particularmente bom senso, na posição oficial do país nesta guerra diplomática contra a Rússia. Não é de resto a primeira vez que consigo acompanhá-lo, o que não muda nada da opinião pessoal que dele tenho.

Tudo leva a implicar os serviços secretos russos na entativa de envenamento de um antigo espião (Skripal, de seu nome) e da sua filha, em Salisbury, no sul de Inglaterra, naquilo que é, nas palavras do próprio ministro, “ a primeira vez que depois da guerra fria se utilizam armas químicas em solo europeu”. Mas a verdade é que no mundo da espionagem nem sempre o que parece é. E no actual clima de nova guerra fria, do outro lado está Donald Trump, uma "coisa" que nunca existiu, sem padrão de comportamento. Ou melhor, com comportamento cujo padrão é fugir aos padrões.

Neste quadro, e mesmo tendo o Estado português o poder e a influência que tem neste cenário - muito pouco ou nenhum -, faz todo o sentido este "wait and see" da nossa diplomacia. Que alinhe a sua posição nas instituições internacionais que integre, como na Nato, mas que, sabendo que a verdade dificilmente se virá a descobrir, que provavelmente nunca se encontrarão provas irrefutáveis da autoria do ataque, em vez de uma "Maria que vai com as outras", tenha a sua própria posição. E, nesse sentido, a chamada a Lisboa do embaixador em Moscovo não é uma posição nem dúbia, nem fraca.

Fraca - fraquíssima - é a de Paulo Rangel. Considerar a decisão do governo português "inexplicável" não é muito abonatório da sua competência política; considerá-la "jogo ideológico", para agradar aos seus parceiros, é ainda menos abonatório da sua lucidez e da sua seriedade intelectual. Mas ameaçar com o "Foreign Office" é francamente deplorável. Uma palermice, Paulo Rangel!

Ladrões de Bicicletas


E se experimentássemos pensar em «rankings» diferentes?

Posted: 28 Mar 2018 08:33 PM PDT

Percebe-se que a iniciativa «Escola Amiga das Crianças», proposta pelo psicólogo Eduardo Sá e promovida pela CONFAP, pretende em certa medida superar as limitações dos rankings convencionais, construídos a partir da ordenação dos resultados dos exames.
De facto, esta nova abordagem considera aspetos menos relacionados com os processos de ensino e resultados escolares, preferindo avaliar os estabelecimentos de ensino a partir da qualidade das suas «infraestruturas» (espaços de recreio, por exemplo), da «alimentação» ou dos «projetos educativos», atribuindo um «selo de qualidade» às escolas públicas ou privadas melhor posicionadas na ordenação construída a partir desses fatores. Ou seja, trata-se de uma avaliação mais centrada na ambiência das escolas e em fatores de bem-estar dos alunos.
Deve contudo sublinhar-se que este projeto (no qual se inscreveram cerca de 800 escolas), continua a apostar - tal como os rankings convencionais - numa lógica de concorrência («ciúme saudável», nas palavras do seu mentor) que é alheia ao papel das escolas em termos de inclusão e igualdade de oportunidades, desvalorizando igualmente a importância dos contextos e, até, as genealogias e (des)vantagens de partida dos diferentes estabelecimentos de ensino. Ou seja, bem intencionada e procurando ir além das ordenações a partir dos níveis de aproveitamento escolar, a iniciativa «Escola Amiga das Crianças» continua a não responder a uma avaliação que valorize efetivamente aspetos essenciais da missão socioeducativa das escolas.
Admitindo que pudesse não ser assim, era de facto interessante que esta iniciativa incluísse, entre outros aspetos: a recolha de dados sobre o perfil socioeconómico dos alunos, permitindo identificar (e penalizar) as escolas que selecionam as crianças e jovens que as frequentam (e teríamos então, finalmente, elementos sobre as privadas nesta matéria); a obtenção de informação sobre constituição de turmas, afetação de docentes e distribuição de horários, permitindo aferir, nestes processos, a aplicação efetiva de princípios de equidade, heterogeneidade e igualdade de oportunidades; a recolha de dados relativos ao acompanhamento individualizado de alunos com maiores dificuldades de aprendizagem; ou, ainda, elementos relativos à avaliação do progresso dos alunos face à sua situação de partida. Centrando-se neste tipo de dimensões, a iniciativa «Escola Amiga das Crianças» bem poderia, nesse caso, defender a «concorrência» entre escolas e destacar, meritoriamente, as boas práticas e os melhores exemplos.

Tratado assassino

Posted: 28 Mar 2018 05:12 PM PDT

Tal como Cecília Meireles do CDS tem dificuldades em criticar a estratégia orçamental do Governo, - porque ela assenta na mesma base da austeridade aplicada pelo PSD/CDS, assim a opinião à direita revela o contorcionismo necessário para a criticar sem se auto-inflingir.
Helena Garrido na sua crónica de hoje na Antena 1 tentou dissociar os efeitos da política de austeridade - fruto da contenção da despesa pública, após cumprir os acordos à esquerda - dos efeitos que essa contenção provoca no desempenho do Estado e nos serviços públicos. Se há mais greves do que em 2016, se o Serviço Nacional de Saúde está em pé de guerra, isso deve-se, não à acumulação dos efeitos da aplicação do Tratado Orçamental que Helena Garrido sempre defendeu - não se lembram da sempre recorrente fábula da formiguinha e da cigarra? - mas ao facto de o PCP e a CGTP estarem a partir para a guerra com o PS. Basta o PCP carregar no botão vermelho e o mundo explode...
No observador, acumulam-se também as opiniões a aproveitar-se do mau que se passa no país. Tese: Se a austeridade aplicada por Centeno tem maus resultados nos serviços públicos isso é a prova de que não há milagres: se há aumentos salariais, não é possível ter investimento público. Ou um ou outro. E ninguém se questiona sobre os ditos benefícios do Tratado Orçamental... que foi feito para ser aplicado independentemente de quem está no Governo.
Aliás, Centeno prepara-se para vender precisamente esta tese.

Luís Aguiar Conraria até acha que Centeno "ainda bem que foi previdente" em apertar as contas até 0,92% do PIB porque, assim, a capitalização da CGD não motivou o procedimento por défices excessivos... Mas ao mesmo tempo, diz: "E, se a tese da austeridade expansionista de há uns anos estava completamente errada, também a ideia de que é possível repor salários, baixar impostos e reduzir o défice sem cortar outras verbas importantes é igualmente disparatada."
A mesma ideia subliminar - os trabalhadores do Estado deveriam prescindir dos seus aumentos salariais em prol do investimento público - parece estar na ideia de Luís Reis: "Os hospitais estão em regime de caos controlado; a fiscalização rodoviária não tem carros; os tribunais estão ingeríveis; as estradas têm cada vez mais buracos; os caminhos-de-ferro estão podres; a ponte, ao que parece, está no momento “ai-meu-Deus”; as escolas metem água, os professores estão de greve, o SIRESP ardeu e o Verão vem aí. Mas os velhos – os velhos comunistas que apoiam os socialistas velhos – nada vêem, nada criticam, nada acusam. As preocupações com o bem-estar do povo resumem-se hoje em dia aos velhos sindicatos e aos salários que é preciso subir".
Alexandre Homem-Cristo, um dos escribas vindo do blogue O Insurgente, insurge-se contra a política deste Governo de omissão de dados porque, se o fizesse, ficaria evidente, por exemplo nas Finanças, os efeitos do "espartilho da austeridade de Mário Centeno". Mas não creio que esta defesa acirrada da libertação dos dados - justa, mas que, por acaso, nunca foi feita por exemplo quando a Segurança Social no governo PSD/CDS forneceu dados apenas ao Banco de Portugal que, por sinal, nem os divulga - seja para provar que a austeridade é, por natureza, contrária aos interesses nacionais.
Ora, tanta crítica aos efeitos da austeridade socialista - como se a austeridade PSD/CDS tivesse produzido efeitos positivos, invisíveis presentemente... - parece uma incongruência em si. Ela é fruto de uma estratégia orçamental, prevista no Tratado Orçamental e na estupidez económica que lhe está subjacente desde Maastricht em 1992, que visa o depauperamento do Estado e não a sua melhoria. Essa, sim, é uma quadratura do círculo impossível: reduzir a dívida ao ritmo programado e querer ter serviços públicos de qualidade...
Não são, pois, os salários ou a Geringonça: é o Tratado! E preparem-se para o criticar mais, porque vão morrer mais pessoas, mesmo que a sua defesa venha de Bruxelas pela boca de um ministro português...

Como não ganhar pouco dinheiro no Euromilhões

Novo artigo em VortexMag


por admin

Cada vez mais portugueses apostam no Euromilhões e em outros jogos como a Raspadinha ou o Tololoto. O sonho de ser milionário é grande mas é muito mais difícil de acontecer do que se possa pensar. Afinal de contas, não é fácil transformar apenas algumas moedas em muito dinheiro. No entanto, a matemática pode dar-lhe uma ajuda. Dizer-lhe qual a chave que vai sair na próxima semana, a matemática não pode. Ainda assim, pode ajudar a escolher uma chave que - caso seja a vencedora - não ganhe pouco!

De facto, coisas estranhas acontecem. A 6 de Setembro de 2009, na Bulgária, saíram os números 4, 15, 23, 24, 35 e 42 num jogo do tipo Totoloto. Acontece que estes eram exactamente os números tinham saído na semana anterior! A surpresa foi tanta que foi ordenado um inquérito ao sucedido. A conclusão foi que não havia nada de errado com as bolas. Por não haver nada de errado é que podia sair qualquer chave, inclusivamente a mesma da semana anterior. Não podia ter havido uma fraude, a extracção tinha sido gravada e transmitida em directo e a ordem de saída das bolas foi diferente.

Curiosamente, na primeira semana em que a chave saiu, ninguém tinha apostado nela, na segunda vez havia 18 apostas vencedoras e o prémio foi dividido pelos 18 apostadores. Isto mostra que, todas as semanas, há um número considerável de pessoas a colocar a chave da semana anterior. O que nos leva a mais uma dica: embora possa sair a chave da semana anterior, não é uma boa aposta jogar nela.

Na verdade, basta uma chave aparecer publicada algures e vai haver várias pessoas a apostar nela. Um caso típico são as chaves que por vezes aparecem nas instruções de preenchimento do boletim, por exemplo nas costas do próprio boletim. Segundo consta, todas as semanas há milhares de apostadores a jogar nestas chaves.

Se eu lançar um dado, basta a nossa intuição natural para saber que a probabilidade de sair, por exemplo, um 4 é de um em cada seis lançamentos. O problema com o Euromilhões, ou outro tipo de jogos do género, é que a nossa intuição natural é fraca para eles. Por um lado, a probabilidade de ganhar é um valor tão pequeno, tão pequeno, que foge completamente à nossa intuição. Por outro lado, o valor do prémio é tão grande, tão grande, que é totalmente incomparável com os valores do dia a dia. É por isso que, neste caso, a emoção se sobrepõe à razão. Se a matemática que aprendemos na escola nos ajudar a olhar para este tipo de fenómenos de uma forma mais racional, já valeu a pena. Se não ajudar, talvez seja melhor repensar a forma como estamos a ensiná-la!

Não há nada de errado em jogar no Euromilhões. Na verdade, o que compramos com os dois euros de uma aposta é a esperança de ganhar - compramos um sentimento. Somos mais felizes se sentirmos que há uma pequena possibilidade de ganhar na semana seguinte e sermos o próximo excêntrico. Ainda assim, quando jogamos é bom saber o que está em jogo!

Se quer aumentar as suas probabilidades de ganhar o Euromilhões, nada como seguir as dicas do vídeo que aqui lhe mostramos. Trata-se de um fantástico trabalho do programa "Isto é Matemática", da estação de televisão SIC. E boa sorte!

Porto, a capital do Euromilhões

O primeiro prémio do Euromilhões saiu em Lisboa. Há ano e meio que não acontecia, mas não é assim tão raro que um apostador no Distrito de Lisboa acerte em todos os números e nas duas estrelas. Houve, até agora, 11 primeiros prémios na capital, num total de 237 milhões de euros, sendo que a “capital” do Euromilhões é o Porto.

EuromilhõesEuromilhões

De acordo com dados da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa disponibilizados ao ECO, o Porto conta com 16 dos 63 euromilionários portugueses. Ou seja, foi no Porto que saíram um em cada quatro dos primeiros prémios registados em Portugal, totalizando ligeiramente mais de 400 milhões de euros em prémios. No “ranking” por Distritos, seguem-se Faro (7) e Braga (5).

Castelo Branco, o recorde

Se Lisboa e Porto dominam no que toca ao número de euromilionários, totalizando 42% de todos os primeiros prémios registados no país, foi em Castelo Branco que saiu o maior prémio alguma vez atribuído pelo Euromilhões em Portugal: 190 milhões de euros. Já passaram mais de dois anos desde esse prémio sorteado a 24 de outubro de 2014.

Portugal é o país participante do Euromilhões, que tem a maior proporção de vencedores em relação ao baixo número de participantes. O país que mais ganhou jackpots até hoje foi a França, de onde vieram 25% de todos os jackpots do Euromilhões, seguido de Espanha (22%) e Portugal (18%), revela o site do Euromilhões. Este jogo está disponível em 13 países: Portugal, Reino Unido, Irlanda, França, Espanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo, Suíça, Andorra, Liechtenstein, Mónaco e Ilha de Man.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Os bancos são uma parceria público-privada

Publicado por António Fernando Nabais

Segundo parece, existe um arco da governação. Por vezes, chamam-lhe bloco central, que é uma maneira de dizer que a direita parece descaída, mesmo que nunca saia do sítio em que sempre esteve, um sítio em que se defendem privilégios e se atacam direitos. Com a interrupção dos primeiros tempos da revolução, aproveitando maiorias absolutas para dominar a democracia, a direita esteve muito pouco tempo fora do poder, mesmo que continue a fingir um complexo de calimero, queixando-se, por exemplo, de uma inexistente hegemonia da esquerda numa imprensa cujos donos têm nomes como Balsemão ou Luís Delgado.

O chamado arco da governação, desde que Mário Soares meteu o socialismo na gaveta, tem-se dedicado, graças a uma alternância que só o é na distribuição de tachos, a meter a mão nos cofres públicos para ajudar os amigos e/ou os patrões, numa parceria público-privada que, mesmo sem o ser na letra, sempre o foi no espírito. Basta ver que o discurso dos governos sempre pôs à frente de tudo as empresas, os empresários, o empreendedorismo, deixando os cidadãos ou a administração pública para os discursos dos feriados e nunca para o exercício governativo.

Sá-Carneiro, Mário Soares, Cavaco Silva, Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes, Sócrates, Passos Coelho e António Costa, entre outros, com mais ou menos cosmética, pegam nas receitas do Estado e entregam-nas, servilmente, aos interesses privados, entre os quais se incluem os banqueiros. Sempre que o dinheiro acaba, culpam o peso da administração pública e chegam a bolçar mentiras sobre os que vivem da ajuda do Estado. Sempre que o dinheiro acaba, falam na necessidade de fazer “reformas estruturais”, um dos eufemismos que esconde o despedimento de trabalhadores ou a diminuição de salários ou o aumento de impostos.

Ao contrário do funcionário público ou do pensionista, parasitas ameaçados pelas “reformas estruturais”, o banqueiro é apresentado como um ser superior, pronto a ensinar tudo a todos, praticante do espírito empresarial, cume da evolução humana.

Pelos vistos, vai ser necessário dar dinheiro ao Novo Banco, que era a parte boa do Banco Espírito Santo. Descobriram por lá um prejuízo que, em princípio, e de acordo com a selecção natural defendida pelos liberalóides da governação, deveria conduzir, no mínimo, à ruína dos responsáveis. Em vez disso, servirá para aprofundar a ruína dos que não têm responsabilidade.

Na minha qualidade de professor congelado há vários anos, devido a estes e a muitos outros desmandos e depois de andar a contribuir para o pagamento de dívidas privadas assumidas por sucessivos governos, gostaria de deixar aqui um sentido “bardamerda”, que é das expressões mais suaves de que me consigo lembrar. Ai que horror, um professor a dizer palavrões em vez de dar o exemplo, como é que este país há-de ir para a frente! Pois: bardamerda!

Ministro dos Negócios Estrangeiros disponível para receber PSD

28/3/2018, 11:56127

Augusto Santos Silva "está disponível" para se reunir com o PSD depois de o partido ter pedido uma "audição urgente" para esclarecer a posição do Governo, que considerou "tímida e condicionada".

Augusto Santos Silva disse estar "disponível para ir à audição que o PSD anunciou que ia requerer"

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

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  • Agência Lusa
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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, “está disponível” para reunir com o PSD depois de o partido ter pedido uma “audição urgente” para esclarecer a posição do Governo português em relação ao caso Skripal. O ministro, que se encontra esta quarta-feira de visita a Paris, afirmou à Agência Lusa estar “disponível para ir à audição que o PSD anunciou que ia requerer, na data em que a Comissão entender e que corresponda a um dia em que não esteja em visita ao estrangeiro”.

O PSD acusou esta quarta-feira o Governo de ter uma posição “tímida e condicionada” pelo PCP e pelo BE no caso Skripal e defendeu a expulsão imediata dos diplomatas russos de solo português, tal como fizeram a maioria dos países da União Europeia. Em declarações aos jornalistas no Parlamento, o líder parlamentar social-democrata, Fernando Negrão, anunciou que o partido vai pedir uma “audição urgente” do ministro dos Negócios Estrangeiros para dar esclarecimentos sobre esta matéria na Assembleia da República.

Fernando Negrão classificou a posição do Governo português de “tímida” — porque se limitou a condenar o envenenamento do ex-espião russo no Reino Unido — e também “condicionada”. “A única explicação que encontro, num PS que foi sempre atlantista, é o de se sentir condicionado pela aliança com PCP e BE”, disse o líder parlamentar. Questionado sobre se o PSD defende a expulsão imediata dos diplomatas russos, Fernando Negrão respondeu afirmativamente: “A posição do PSD é que devemos alinhar com a maioria daqueles com quem temos estado sempre e devemos recomendar ao Governo que expulse os diplomatas russos da sua embaixada”.

PS acusa PSD de criar caso “inexistente”

Em resposta às declarações do PSD, o PS acusou o partido da oposição de forçar um “inexistente” nexo de causalidade entre a atual maioria de esquerda parlamentar e a posição do Governo português no caso Skripal. Esta posição foi assumida, numa conferência de imprensa, pelo vice-presidente da bancada socialista, Pedro Delgado Alves, que também apontou haver um desconhecimento da parte dos sociais-democratas em relação às posições do Bloco de Esquerda e do PCP sobre este caso.

Para Pedro Delgado Alves, “não há condicionamento algum [por parte do PCP e Bloco de Esquerda], mas o PSD está a todo o custo a tentar fazer um caso que não existe”. “O PSD entendeu tomar uma posição incompreensível face ao histórico das relações diplomáticas e àquilo que têm sido as posições prudentes deste e de anteriores governos de Portugal. O PSD revela também desconhecimento sobre as posições que Bloco de Esquerda e PCP têm tomado sobre esta matéria, mas sobre isso não cabe ao PS pronunciar-se”, referiu.

De acordo com o vice-presidente da bancada do PS, está-se apenas perante “uma tentativa muito forçada do PSD no sentido de encontrar nexos de causalidade e condicionamentos que, manifestamente, não existem por parte do Governo português, que encarou a questão como muitos outros Estados aliados”. Na perspetiva do dirigente da bancada socialista, “o Governo, com muito bom senso e com aquilo que são as melhores práticas, solicitou a vinda do embaixador de Portugal na Rússia para consultas – uma medida perfeitamente adequada tendo em vista a obtenção de informação sobre o caso”.

“A posição do Governo português não é distinta daquela que foi adotada por vários países aliados que tomaram decisões similares compatíveis e totalmente razoáveis face às circunstâncias que o caso exige”, disse, em outra nota de demarcação face aos países que optaram pela expulsão imediata de diplomatas russos. Ainda em defesa da posição do Governo, Pedro Delgado Alves referiu que o caso deve ser acompanhado “no contexto multilateral” e que, para já, “não há razões para outras medidas para além destas”.

CDS-PP: decisão do Governo “só pode ter acontecido por razões muito ponderosas”

O CDS-PP considerou esta quarta-feira que a decisão de não expulsar diplomatas russos de solo português “só pode ter acontecido por razões muito ponderosas” porque a “condenação tem de ser clara, inequívoca e sem reservas”. O partido espera agora que o Governo dê explicações no Parlamento.

Em declarações à Agência Lusa, o eurodeputado do CDS-PP, Nuno Melo, considerou que “o não acompanhamento por Portugal, em solidariedade óbvia daquela que é a decisão de outros países amigos e aliados, expulsando diplomatas russos, só poderá suceder por razões muito fortes e muitos ponderosas”. Na opinião do vice-presidente centrista, “está em causa o assassinato de um cidadão em território que é da União Europeia, de um país particularmente amigo de Portugal, membro da NATO, com recurso a armas proibidas por tratados” e, portanto, Portugal “tem de ter firmeza absoluta em relação à condenação”, que deve ser “clara, inequívoca e sem reservas”.

“Antes de se exigirem decisões — que são necessariamente drásticas tendo em conta a natureza dos interesses em jogo — parece-me que é relevante e importante que se ouça o Governo, através do ministro que tutela a área e possivelmente até através do próprio primeiro-ministro, na Assembleia da República”, exigiu. Nuno Melo disse esperar, assim, que o Governo, no parlamento, explique esta decisão.

“Tenho presente que a política externa acontece primordialmente no plano bilateral e, desse ponto de vista, também no relacionamento no que tem que ver com a Rússia e de Portugal com este país, mas isso não invalida tudo o resto”, considerou. O dirigente centrista explicou que, primeiro, o partido, quer conhecer os fundamentos da decisão do Governo e, na base dessas explicações, decidir “aquilo que o CDS subsequentemente entenda”.

Bloco de Esquerda: “É prudente que o Governo português não queira fazer parte desta escalada”

Catarina Martins também comentou a decisão do Governo de não expulsar quaisquer diplomatas russos. A coordenadora do Bloco de Esquerda considera que “temos assistido na Europa a uma vontade de fazer uma escalada de várias formas” e adjetivou como “prudente” o facto do executivo português não querer “fazer parte dessa escalada”.

Já durante a manhã desta quarta-feira, foi o líder parlamentar do BE a comentar a temática na Assembleia da República. Pedro Filipe Soares começou por esclarecer que o partido “nem sequer teve nenhum contacto com o Governo” sobre o tema mas saudou a decisão de “pedir a opinião do embaixador para ter mais conhecimento do conteúdo”.

PCP: “O Governo está no caminho certo”

Questionado pelos jornalistas durante a manifestação dos jovens trabalhadores esta quarta-feira, em Lisboa, Jerómino de Sousa considerou que “o Governo está no caminho certo”, uma vez que “a nossa Constituição é uma Constituição amiga da paz”. “A posição inicial do Governo tem a ver, do meu ponto de vista, com os comandos constitucionais que existem em relação à questão da cooperação, da paz, do relacionamento com outros países”, disse o secretário-geral do PCP.

Em relação à tentativa de envenenamento do ex-espião russo, Jerónimo de Sousa começou por dizer que “neste submundo da espionagem, não se pode ter certezas certas”, defendendo um “apuramento de responsabilidades e, naturalmente, com todas as consequências”. “Mas a nossa preocupação é outra”, disse.

“É uma preocupação em relação ao sentido em que vai o mundo — o aumento da escalada de conflitos em varias partes do globo, o reforço da militarização e do armamento nuclear. Consideramos que este caminho tem de ser travado, e isso encaixa com a posição do Governo”, afirmou o secretário-geral do PCP, frisando que o executivo “deve saber ler e cumprir a nossa Constituição da República, que claramente se afirma pela paz, pela solidariedade, pela relação diversificada com outros povos e outros países”. “O direito internacional deve permanecer.”

Artigo atualizado às 16h33 com as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros e do CDS-PP