Translate

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Portugal é um caso de sucesso

Novo artigo em Aventar


por Autor Convidado

salgueiro-maia_25_Abril[Helena Ferro de Gouveia]

Em apenas 44 anos, Portugal é um caso de sucesso.
De um país muito pobre, atávico, bafiento, pleno de beatas (os) e que cultivava a humildadezinha, passou a um país rico ( entre as nações mais ricas do mundo e da geografia confortável), onde a maioria dos jovens tem a possibilidade de estudar ( viajar, fazer Erasmus, voluntariado, estágios), bonito ( valorizou o seu património cultural e histórico), tornou-se assertivo (quem pensaria há uns anos ter um secretário geral da ONU português).
Temos tudo para dar ainda mais certo (falta-nos um pouco mais de inscrição e cidadania, mas também isso está a mudar para melhor, e a capacidade de aceitar críticas frontais).

Viva a Liberdade e viva Portugal.

Liberdade? Democracia? Onde?

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por Cristina Miranda

Mais um ano, mais um festejo de uma suposta liberdade e democracia com a revolução de  Abril de 74. Mas a verdade não é essa. Nunca foi. O 25 de Abril não foi uma revolução do povo, mas sim, dos militares insatisfeitos com Salazar que lhes congelara os direitos e que os partidos reaccionários de ideologia marxista (alguns por entre os militares), souberam bem aproveitar. Perguntem a Otelo Saraiva de Carvalho (veja aqui) Ele explica melhor que eu. Se temos hoje LIBERDADE e DEMOCRACIA devemo-la somente aos corajosos comandos liderados por Jaime Neves que em 25 Novembro de 75, que  correram com os comunistas já alapados no Governo em marcha com o PREC para tornar o país numa ditadura à semelhança de Cuba, Venezuela ou Coreia do Norte. Esta é a verdade inegável que nenhum branqueamento da História de Portugal conseguirá jamais apagar. Está escrito.

Tivesse o tão festejado 25 Abril vingado e teríamos hoje um país completamente diferente. As expropriações, a colectivização das propriedades agrícolas privadas, a estatização dos meios de comunicação e consequente controlo da liberdade de expressão,  bens e serviços, e mercado controlado pelo Estado,  estaríamos hoje ao nível de Cuba, isolados a um canto da Europa com uma moeda fraca, todos iguais na profunda pobreza.

Quis o destino e ainda bem, que desse tempo ficasse apenas uma Constituição comunista obsoleta, que para mal dos nossos pecados ainda não foi toda revertida e adaptada ao nível de um país evoluído e verdadeiramente democrático europeu. Mas pergunto: volvidos mais de 40 anos, somos mesmo livres?

Como podemos ser verdadeiramente livres se votamos numa coligação partidária que ganhou quase a maioria absoluta nas eleições de 2015, mas são três derrotados que governam? Como podemos ser livres se  as ideologias divergentes do poder actual são bloqueadas, manipuladas, apagadas, perseguidas e rotuladas de fascistas, xenófobos, racistas, neo-liberalistas e mais outro tanto vocabulário inventado para calar e rebaixar violentamente opositores? Quantos de nós não conhece bem essa realidade da censura moderna nas redes que com mudanças imperceptíveis de algoritmos, bloqueiam a informação indesejada do "establishment"?

Mas há mais. Que liberdade é esta que cria leis que autorizam a ocupação à força de casas privadas ou terrenos?   Que permite que se façam alianças com comunistas -  essas criaturas que deram os parabéns ao novo líder cubano que venceu - sem eleições livres - exactamente os mesmos que num passado recente quiseram impor o PREC e tomar dos privados, toda a propriedade e economia? Que liberdade é esta que acumulou dívidas estonteantes fruto de muito descontrolo e roubalheira descarada de políticos, empresários e banqueiros, cuja  factura chegou aos portugueses,  em forma de aumentos grotescos de impostos  e austeridade, pagos com sofrimento laboral, cortes na saúde, na educação, na segurança, aprisionando-os por décadas sem fim? Que permite que os maiores corruptos de que há memória em Portugal não estejam ainda todos presos mas sim, a pavonearem-se por aí, livres como passarinhos com tempo suficiente  para vender bens, esconder mais dinheiro sujo e ainda dar conferências pelo país numa propaganda desenfreada de lavagem da verdade? Que permite empregar toda a família dos políticos no Estado, receber de viagens não gozadas (entre outros) e ainda declarar estes comportamentos como legais marimbando-se para a ética? Que se une - fazendo desaparecer prova, substituindo procuradores do MP -  sempre que é necessário safar políticos de crimes de pedofilia, corrupção ou branqueamento de capitais - mas organiza-se ferozmente para atacar pequenos comerciantes que fogem ao IVA e que, ao serem apanhados com meia dúzia de infracções, de valor irrisório, o fisco confisca imediatamente os bens e os senta sem demoras, na barra dos tribunais aplicando pena de prisão? Que castiga funcionários que investigaram Manuel Pinho, outra "vítima" apanhada com mão no dinheiro público? Que permite ainda para cúmulo dos cúmulos,  que  um derrotado nas eleições, com outro que nunca foi eleito,  fazerem acordos sobre destinos da Nação que não foram escrutinados? Algum de nós votou nisto?! Votou?!! Então não me falem em democracia em Portugal! Isto é ditadura convenientemente camuflada pós 25 Abril. Vão gozar com outros.

Se há "liberdade a celebrar" é a que foi conquistada pelos políticos. Isso sim! Grande golpe! Engordaram contas bancárias e passaram a dominar através do sistema partidário  montado, fechado, um povo inteiro que mantiveram refém com discursos faustosos,  mentirosos e ilusórios  para viverem  confortavelmente à sua conta!  Até hoje.

É a festa da  liberdade deles - políticos - que conquistaram com esta revolução a liberdade  de "roubar legalmente" e continuarem livres mesmo depois de condenados.

Ladrões de Bicicletas


25 de Abril, sempre!

Posted: 24 Apr 2018 04:19 PM PDT

Só há liberdade a sério quando houver...

Posted: 24 Apr 2018 08:06 AM PDT

Amanhã celebra-se mais um aniversário do 25 de abril. Neste 44º aniversário, com governação socialista, as principais conquistas sociais de abril encontram-se ainda ameaçadas.
É também o caso da habitação. Esta ameaça advém da sua crescente mercadorização, que sujeita o acesso a este bem essencial ao poder compra de cidadãos cada vez mais vistos como consumidores.
É certo que estes processos resultam, em grande medida, de restrições que nos são impostas pela UE, tornando muito difícil o investimento público. Contudo, não deixa de causar enorme estranheza a forma como as chamadas leis do mercado emergem como naturais e acima de qualquer discussão, por mais injustos e desumanos que sejam os seus resultados.
O recente pacote de medidas anunciadas para a habitação, pomposamente designado Nova Geração de Políticas de Habitação, não contraria a hegemonia mercantil. Pouco se sabe das medidas, que ainda vão ser aprovadas em Conselho de Ministros. Mas não deixa de ser sintomático que as medidas mais alardeadas, e relativamente às quais há maior detalhe, sejam os benefícios fiscais aos proprietários, incluindo “a redução do IMI de pelo menos 50% e a isenção do imposto sobre rendimentos prediais … em troca de rendas 20% mais baixas do que a mediana verificada na área de residência em questão”, ou redução da taxa de IRS em “arrendamentos superiores a dez anos, e independentemente do valor da renda, [em que] a taxa liberatória baixa de 28% para 14%. Os contratos com mais de 20 [anos] passam a pagar 10%”.
Perante um diagnóstico de “excesso de especulação”, e reconhecendo que “[c]om o mercado liberalizado, as dificuldades na habitação já não são apenas das famílias carenciadas. É um problema comum da classe média e dramático para as novas gerações”, o Primeiro-Ministro António Costa, não concebe outra via que não seja ceder à chantagem dos proprietários, compensando com benefícios fiscais aqueles que contenham um pouco a compulsão mercantil. Contudo, as rendas continuarão a subir; até porque, previsivelmente, os proprietários irão continuar a operar em modo especulativo enquanto a bolha imobiliária o consentir.
Não é por isso de estranhar o ceticismo dos vários agentes. Até António Costa adverte que “as novas gerações têm de responder a novas realidades”, apontando para a inevitabilidade da deslocação dos mais jovens até onde o seu poder de compra os levar.
Mas este estado de coisas não é natural. Resulta das políticas que promoveram a liberalização do mercado da habitação e vêm aliciando os muito ricos para o investimento especulativo na habitação através de uma panóplia de incentivos fiscais, da qual a nova geração de medidas não se distingue. Talvez resida aqui a novidade destas políticas...
Entretanto aguardemos as outras medidas que carecem de maior detalhe, sendo certo que o que faz falta é uma provisão pública de habitação capaz de moldar a oferta e controlar os preços.

Os valores liberais

Posted: 24 Apr 2018 02:39 AM PDT

A revista "The Economist" acaba de lançar a iniciativa Open Future, um conjunto de debates e eventos que visam celebrar os valores do liberalismo, de que esta revista é aliás um dos porta-estandartes mais conhecidos e de maior qualidade. Segundo afirma a directora Zanny Minton Beddoes, trata-se de defender os valores liberais numa altura em que estes se encontram sob ameaça por parte do populismo em ascensão e do autoritarismo crescente.

Num mundo em que florescem figuras tão sinistras como Erdogan, Orban ou Duterte e em que em muitos países se assiste a um preocupante recuo ao nível das liberdades e direitos civis e políticos, há efectivamente valores e princípios liberais fundamentais, da liberdade de expressão à separação de poderes ao primado da lei, que se encontram sob grave ameaça e que é muito importante defender.

Porém, o próprio liberalismo tem uma história repleta de contradições, pouco conforme aos retratos mais simplistas e mitificados que dele são habitualmente apresentados. Desde os seus primórdios, o pensamento e a prática política liberais assumiram muitas vezes um carácter autoritário, elitista e cúmplice em relação a diversas formas de violência e exploração. O desenvolvimento do pensamento e da prática política liberais teve lugar em articulação e activa conivência com o racismo, a expropriação colonial e a dominação de classe, como aliás é detalhadamente descrito por Domenico Losurdo em "Liberalism: a counter-history". O liberalismo de Locke excluía os povos indígenas do direito à propriedade, de modo a legitimar o império. Bentham defendia o internamento dos pobres nas workhouses victorianas e o panóptico penitenciário. A igualdade do liberalismo é historicamente uma igualdade formal no seio da comunidade dos incluídos, constituída em termos étnicos e de classe, em contraponto com a dominação e desumanização dos excluídos.

Percebemos melhor que assim seja quando temos em conta que o liberalismo surgiu historicamente como expressão ideológica no contexto da afirmação do capitalismo como sistema mundial. Incorporou por isso todas as contradições desta transformação, que ao mesmo tempo que afastou atavismos pré-modernos e permitiu uma real emancipação em muitos planos foi também fundada na violência de expropriações e subjugações tanto metropolitanas como ultramarinas. Esta linhagem de contradição estende-se até aos nossos dias. A "The Economist", que apoiou intervenções militares ilegais no Iraque e na Líbia que viriam a causar centenas de milhares de mortos, que o diga.

Para além disso, o carácter apenas formal da igualdade no contexto do liberalismo oculta e alimenta a iniquidade e a exploração. Há uma tensão fundamental entre a liberdade económica irrestrita, a protecção da dignidade de cada um e a salvaguarda do espaço de deliberação democrática. Tal como há um carácter intrinsecamente autoritário nas soluções tecnocráticas pós-democráticas preferidas de muitos partidários do liberalismo económico, de que é exemplo a independência dos bancos centrais, outro nome para a sua não-sujeição ao controlo democrático.

A viragem autoritária contra a qual alerta a "The Economist" pode por isso ser vista como uma degenerescência, ainda que especialmente perigosa, de autoritarismos, exclusões e violências existentes desde logo no seio do próprio liberalismo. Há valores e princípios liberais que é realmente fundamental preservar. Mas fazê-lo implica reconhecer e confrontar as contradições do próprio liberalismo, sujeitá-lo à democracia, salvá-lo de si próprio.

(publicado no Expresso online a 18/04/2018)

24 de Abril, nunca mais!

Posted: 24 Apr 2018 04:23 AM PDT

Liberdade em segurança
Os réus entraram. Três. Fardados de azul. De escudo a tiracolo e viseira erguida.
O juiz pôs a touca com um pequeno jeito de mão direita. Afirmou:
- Levante-se o queixoso.
O queixoso estava deitado. Não se levantou.
- Tem alguma coisa a acrescentar quanto à sua arguição contra os réus? - insistiu o juiz, dando outro pequeno jeito na touca.
O queixoso nada disse. Continuava deitado.
- Dadas as circunstancias atenuantes e outras, declaro os três réus inocentes. O queixoso demonstra à sociedade ser provocador. E silencioso. Revolucionário alterante de ordem estabelecida. Desestabilizador da liberdade em segurança. Que os réus, absolvidos, se retirem. Em segurança e liberdade.
Os três réus perfilaram-se. Fizeram a continência com a mão direita. E sairam. Pela porta da direita.
Sairam os meirinhos. Pela porta do fundo.
E também o juiz. Já sem touca. Pela porta da frente.
Saíram todos.
O queixoso não. Estava deitado, como já tive oportunidade de informar. Com cinco tiros no baixo-ventre. E morto.
Mário-Henrique Leiria

O DESAFIO DE JÚDICE

por estatuadesal

(Virgínia da Silva Veiga, 24/04/2018)

judice4

José Miguel Júdice defendeu ontem que “antigos ministros da Justiça, grandes figuras da advocacia e grandes políticos portugueses” deviam tomar posição crítica sobre as reportagens televisivas em que a SIC transmitiu partes de inquéritos a testemunhas e arguidos do processo qualificado como “Operação Marquês”.

O ex-Bastonário da Ordem dos Advogados, que falava no âmbito da rubrica semanal “Porquê?”, por si protagonizada na TVI, considerou “de uma gravidade extrema” a emissão dos programas, criticando a reacção da Ministra da Justiça e da Procuradora Geral da República que considerou “moles”.

Argumentando ser o acto de emissão não autorizada de imagens de interrogatórios “lamentável, criminoso e não tolerável”, defendeu não poder haver tolerância “porque é um crime e quem participa em crimes comete crimes” – disse.

“Infelizmente não temos uma cultura cívica de cidadãos tão forte como devíamos ter” – concluiu depois de afirmar que “o voyeurismo” das filmagens não tem nenhuma utilidade para a investigação criminal”.

Posição próxima do ex-Bastonário da Ordem dos Advogados foi igualmente defendida pelo actual e pela própria Ordem.


TRANSCRIÇÃO

- Eis, em resumo, o que disse o Ex-Bastonário da Ordem dos Advogados, posição idêntica à da Ordem dos Advogados, do actual Bastonário e do Conselho Distrital de Lisboa do mesmo organismo. Pela veemência e porque, certamente, suscitará uma salutar discussão, transcreve-se na íntegra:

“Estou estupefacto. Não quero acreditar que a televisão do Dr. Balsemão tenha feito aquele programa. Li ou vi um debate de jornalistas, a semana passada - creio que na Sexta-feira -, e um jornalista – não vou dizer o nome -, que sabe seguramente do que fala, terá dado alguma explicação: como a Impresa, essa empresa que se chama Impresa, está com as suas dificuldades e, aparentemente parece que este tipo de programas têm imenso sucesso em audiência, embora eu tenha sabido, foi na Segunda-feira em que eu estava aqui [na TVI] [o jornal das oito manteve a liderança] e o meu programa foi capaz de aguentar aquela pressão de “voyeures”.
Claro que sim, que acho que é uma perda de tempo para muitos eu estar aqui a criticar isto, porque há muitas pessoas que acham que José Sócrates já devia estar condenado, condenado, já devia era estar metido na cadeia; que se lixem os direitos, que se lixe os Direitos Fundamentais. Mas para quem não pensa assim – e acho que ninguém devia pensar assim -, isto é realmente, verdadeiramente grave.
E é verdadeiramente grave, porquê? Porque, embora se siga e continue o que se vê noutros países - no Brasil o juiz Moro mandou para os jornais as escutas, sem usar subterfúgios que se usam aqui, as escutas de Lula, aqui há uns tempos -, e isto é grave, aprende-se com os erros dos outros em vez de se aprender com as coisas bem-feitas.
E também há pessoas que julgam que os fins justificam os meios.
Eu não acho assim.
Eu acho que isto é de uma gravidade extrema. Em primeiro lugar porque é um crime e quem participa em crimes comete crimes. E não me venham com a necessidade da comunicação e da informação porque ali a única coisa que importava era tentar esmagar e humilhar uma pessoa que está na pior posição que pode estar que é a ser interrogado sem saber exactamente porquê, por pessoas que são agressivas – neste caso, até o juiz de Instrução o é -, portanto, eu acho que isto é muito grave, mas é outra vez uma coisa muito parecida com aquilo que estávamos a falar, isto é: para os portugueses, e por isso os políticos não reagem … Eu fico estupefacto de ver uma reacção molzinha da Ministra da Justiça; a Procuradora Geral da República disse “Ah!, isto não pode acontecer”.
Não vai dar em nada!
Eu gostaria de ver antigos Ministros da Justiça, grandes figuras da advocacia, grandes políticos portugueses a virem criticar isto, a virem censurar a televisão do Dr. Balsemão por o que ela fez. Agora: os portugueses são tolerantes, sabe?, os portugueses acham que não vale a pena, as coisas não devem ser ditas com muita clareza. Os portugueses, no fundo, indignam-se um bocadinho mas passados dois dias já ninguém se indigna mais. Porquê? Porque enquanto não se passa connosco ninguém dá muito valor. Agora, quando algum estivesse metido naquela situação e isto lhe acontecesse, ele veria exactamente o que isto tem de horrível.
Eu nunca me esqueço do Fernando Negrão me ter dito há muitos anos – ele tinha tido uns problemas, tinham dito que tinha violado o Segredo de Justiça -, ele disse (ele era juiz, ele é juiz): “eu nunca tinha sido constituído arguido”. Ele disse-o com muita seriedade: eu hoje sei melhor o horrível que é ser investigado, o horrível que é ser constituído arguido”.
Ora bem, por isso é que eu dizia que as pessoas em vez de irem para a tropa deviam ser presas algum tempo, para perceberem o que custa ser preso.
Judite de Sousa interrompe - Mas quando há matéria de investigação …
Júdice retoma – Ah, sim, matéria para investigação. Mas, matéria para investigação é uma coisa, agora o “voyeurismo” das filmagens, que ele [José Sócrates] não autorizou que fossem divulgadas , que não têm nenhuma utilidade para a investigação criminal, é de uma gravidade extrema e eu não queria deixar de dizer.
Não queria deixar de o dizer e tê-lo-ia dito também se fosse cm vocês [a TVI]. Não podia deixar de dizer que isto é lamentável, é criminoso e não pode ser tolerado.
Afinal, eu estive neste programa a falar de tolerâncias, de revoltas, de raivas e depois fica tudo mais ou menos na mesma.
Nós somos um país. Infelizmente, não temos uma cultura cívica e de cidadania tão forte como devíamos ter.

OS AMIGUINHOS DO POVO

por estatuadesal

(José Gabriel, 24/04/2018)

capitalista1
A direita em Portugal - e todos os assumem as suas políticas -, abomina o investimento em serviços públicos de, particularmente, três áreas: saúde, educação e segurança social - por esta ou outra ordem. Como o sabemos? Pelas suas práticas reiteradas cada vez que as suas políticas hegemonizam o poder. Para a direita e quem faça as suas vezes, investimento público significa, invariavelmente, sugar com avidez os recursos do Estado, de todos nós, e pô-los ao serviço dos interesses privados que a patrocinam.

Que isto seja frequentemente acompanhado de corrupção é um desgraçado bónus que fica à nossa conta; mas, mesmo quando isso não acontece, a natureza do saque muda mais de grau que de natureza.

Daí o profundo nojo com que se assiste à direita parlamentar rasgando as vestes pelo financiamento do Serviço Nacional de Saúde, quando ela própria votou contra ele desde a sua fundação e, sempre que lhe coube governar, mais não fez que lhe desviar fundos para as organizações privadas do sector; a náusea que provoca ouvir a defesa do Ensino Público por quem o deixou à beira da exaustão enquanto uma rede de desqualificados parasitas lhe vampirizava os recursos; a raiva de ouvir preocupações sobre a Segurança Social por parte de quem sempre se dividiu entre privatizá-la ou deixá-la esgotada de meios e futuro.

E a revolta não decorre tanto do facto de a direita e correlativos defenderem os pontos de vista dos interesses que representam. Isso é natural, não seria de esperar outra coisa.

O repugnante é o modo como as figuras mais reaccionárias do regime tentam mimetizar comportamentos e argumentos geneticamente de esquerda, em tons que variam entre a indignação de pechisbeque e a piedade lacrimejante dos hipócritas. Com seguimentos conhecidos nas suas metástases televisivas e jornalísticas.