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sábado, 2 de junho de 2018

13.ª EDIÇÃO DA CORRIDA DE CAMAS DE VÁLEGA

Logo Junta (1)

15 de Julho de 2018

15 Horas

Centro da Vila de Válega

REGULAMENTO

EQUIPAS

As equipas participantes devem de ser constituídas por 4 elementos, preferencialmente, dois do sexo feminino e dois do sexo masculino, não havendo neste caso qualquer penalização.

No entanto, as equipas também podem ser constituídas por três elementos do sexo masculino e um do sexo feminino, sendo que neste caso, haverá lugar a uma penalização de 30 segundos ou por quatro elementos do sexo masculino, sendo que neste caso, haverá lugar a uma penalização de 60 segundos. Em caso da equipa ser constituída unicamente por quatro elementos do sexo feminino, também não será aplicada qualquer penalização.

As equipas poderão inscrever mais um elemento suplente que só participará em caso de impedimento de um dos restantes elementos que compõem a equipa titular.

Todos os elementos da equipa deverão vestir-se a rigor, com pijama, camisa de noite e/ou baby-dolls. O calçado fica ao gosto de cada participante.

TIPO DE CAMAS

São permitidos todo o tipo de camas, desde que contenham colchão, duas almofadas, lençóis e coberta (cobertor, edredão ou colcha). Poderão ser decoradas de forma livre e ter iluminação própria, dado que será atribuído um prémio à equipa que apresente a cama mais original.

As rodas não deverão exceder os 10 cm de largura e 30 cm de altura.

LOCAL DA CORRIDA

As provas decorrerão à volta do Jardim da Av. Comendador António Augusto da Silva (Centro de Válega).

PROVAS

1.ª Corrida de contrarrelógio.

2.ª Dança.

3.ª Percurso de destreza.

INSCRIÇÕES

As fichas de inscrição deverão ser entregues na Junta de Freguesia de Válega até ao dia 3 de julho de 2018.

CORRIDA DE CONTRARRELÓGIO

1.º As equipas deverão concorrer obrigatoriamente com dois elementos em cima da cama e os outros dois a empurrar ou a puxar a cama.

2.º É obrigatória a troca entre os dois elementos que vão na cama e os que empurra, numa área demarcada para o efeito. Caso não cumpram este requisito, haverá lugar a uma penalização de 60 segundos.

3.º As camas partirão com uma diferença de 2 minutos entre si, pelo número de ordem selecionado, ou seja, primeiro parte a cama n.º 1, depois a cama n.º 2 e assim sucessivamente.

DANÇA

1.º Logo após a ultrapassagem da linha da meta na prova de contrarrelógio, os quatro elementos das equipas sobem para cima do palco montado para o efeito e dançam durante 1 minuto a 1 minuto e 30 segundos, várias músicas, sendo que,  na música com o ritmo slow, obrigatoriamente, terão que dançar aos pares (dois a dois “agarradinhos”). A performance vai ser avaliada por um júri a designar pela Junta de Freguesia de Válega.

Percurso de Destreza

O percurso de destreza é constituído por 7 estações ou provas: Balões, Gincana, Bandeja, Troca da Roupa, Esquis Medievais, Saltar à Corda e Quatro Penaltis.

1.ª Estação/prova: Balões - Em local marcado para o efeito, apenas um elemento de cada equipa (que terá de estar de olhos vendados), deverá permanecer na cama e terá que rebentar dois balões, um balão com água e outro com farinha. Nesta tarefa será orientado pelos restantes elementos que deverão estar de pé. Tem o limite de 2 minutos para cumprir a tarefa. Por cada balão não rebentado, haverá lugar a uma penalização de 1 minuto. Caso não faça a prova, acresce ao não rebentamento dos balões uma penalização de mais 1 minuto, o que totalizará 3 minutos.

2Estação/prova: Gincana - Em local marcado para o efeito, cada equipa terá que ziguezaguear entre 4 mecos/obstáculos. Caso não realize a prova, haverá lugar a uma penalização de 1 minuto.

3Estação/prova: Bandeja - Em local determinado para o efeito, um dos elementos da equipa, que esteja em cima da cama desce da mesma, pega numa bandeja com copos cheios de água e sobe novamente para a cama. O transporte da bandeja é feito em cima da cama, subindo-se uma rampa. No final da rampa, em área demarcada para o efeito, o elemento, que segura a bandeja em cima da cama, desce da mesma e coloca a bandeja em cima de um bidão. Por cada copo de água virado haverá lugar a uma penalização de 3 segundos. Caso não seja realizada a prova, haverá lugar a uma penalização de 1 minuto.

4.ª Estação/prova: Troca de Roupa - Em local definido, os concorrentes de cada equipa deverão colocar-se dois de cada lado da cama, de pé no chão. Em seguida deverão trocar uma peça de roupa com o parceiro que está em frente, do outro lado da cama. Não é permitida a troca de chapéus, lenços, cachecóis ou outras peças de vestuário similares. Os elementos do lado direito da cama (sul) deverão passar as peças por cima da cama e os do lado esquerdo (norte) deverão passar as peças por debaixo da cama. Caso não realize a prova, haverá lugar a uma penalização de 1 minuto.

5.ª Estação/prova: Esquis Medievais - Em local definido, todos os membros de cada equipa, descem da cama, colocam os pés nos esquis medievais e iniciam um percurso determinado, sendo que, os esquis têm que transpor totalmente a linha delimitadora de fim do mesmo percurso. Caso não seja realizada a prova, haverá lugar a uma penalização de 1 minuto.

6.ª Estação/prova: Saltar à Corda - Em local definido, todos os membros de cada equipa, abandonam a cama. Dois dão à corda e os outros dois saltam. A equipa deve dar no total 10 saltos, 5 por cada um dos concorrentes saltantes. Os saltos dos dois concorrentes podem ser dados concorrentes em simultâneo/conjunto ou à vez (individualmente). Não obstante, que cada um deles tem de saltar, obrigatoriamente, por 5 vezes, que podem não ser seguidas. Caso a equipa não realize a prova, haverá lugar a uma penalização de 1 minuto.

7.ª Estação/prova: Quatro Penaltis - Em local marcado, todos os membros de cada equipa, descem da cama, vão para trás de um pneu de trator (que funcionará como baliza), e um deles pega na bola de futebol, transporta-a à mão até à marca de penalti e remata. Os restantes membros, que permanecem no mesmo sítio, apanharão a bola e realizarão, a mesma ação do primeiro marcador, individualmente e sucessivamente, até ao último concorrente chutar. No total, deverão ser marcados quatro penaltis (um por concorrente) com a mesma bola, Após o último remate, a equipa retoma a marcha. Note-se que os elementos que marcam o penalti já não podem voltar para a área localizada atrás do pneu de trator. Note-se que há um bónus de 15 segundos por cada penalti marcado. Caso a equipa não realize a prova, haverá lugar a uma penalização de 1 minuto.

OUTRAS Penalizações

Serão consideradas e penalizadas as seguintes faltas:

Corrida de contrarrelógio:

1. Prova realizada com mais do que 2 elementos em cima da cama ou fora da cama;

2. A não troca entre pelo menos um elemento na área demarcada ou a troca fora da área demarcada;

3. Os elementos que vão na cama não podem colocar os pés ou mãos no chão.

Balões

1. O elemento que fica na cama não pode colocar os pés ou mãos no chão;

2. Os elementos que orientam não podem subir para a cama nem tocar no elemento que tem a tarefa de rebentar os balões.

Gincana:

1. Avançar mecos;

2. Deitar mecos abaixo;

3. Os elementos que vão na cama não podem colocar os pés ou mãos no chão.

Bandeja:

1. Ser um dos elementos que está a empurrar a cama que entrega e/ou recebe a bandeja;

2. Os elementos que vão na cama não podem colocar os pés ou mãos no chão durante o percurso da rampa.

Jogo da Roupa:

1. Não executar a troca de acordo com o estabelecido;

2. Executar a troca fora do local demarcado e/ ou em movimento.

Esquis medievais

1. Não executar o percurso de acordo com o estabelecido.

Saltar à Corda

1. Não executar a prova de acordo com o delineado.

Quatro penaltis

1. Não executar a prova de acordo com o estabelecido.

CASOS OMISSOS

Qualquer dúvida e/ ou casos omissos serão resolvidos pelos elementos da organização - Junta de Freguesia de Válega.

NOTA FINAL

A Junta de Freguesia de Válega reserva-se ao direito de introduzir alterações ao presente regulamento, que serão comunicadas previamente.

ORGANIZAÇÃO:

Junta de Freguesia de Válega

Av. Com. António Augusto da Silva n.º 310

3880-501 Válega

Tel.: 256 502 017

Fax: 256 508 055

E-mail: executivo@jf-valega.pt

Espetáculo de Marionetas

EXPO

Válega (Ovar), 02/06/2018

Pôr números nas coisas

Ladrões de Bicicletas


Posted: 02 Jun 2018 12:45 AM PDT

Lembram-se do Filipa de Lencastre? Um esclarecedor artigo de Isabel Leiria no Expresso Diário de ontem permite ter agora uma noção mais clara da dimensão (e do impacto) do esquema das «moradas falsas» para efeitos de matrícula: «Quase 40% dos alunos do pré-escolar, 1º e 5º ano do Filipa de Lencastre, em Lisboa, não têm os pais como encarregados de educação. Trata-se de uma escola pública que liderou o ranking nacional em 2016 e foi terceira em 2017, sendo das mais procuradas pelas famílias».
Os números impressionam: das 45 vagas do pré-escolar, 17 (38%) são de crianças cujos pais delegaram as competências de encarregados de educação em terceiros; no 1º ano do básico, 39 das 98 vagas (40%) correspondem às mesmas circunstâncias; no 5º ano, 66 das 189 vagas disponíveis, idem. Ou seja, quase metade dos alunos que frequentam inícios de ciclo têm como encarregados de educação pessoas a quem os pais delegam essa função. E como a vaga é garantida nos anos de continuidade, os pais chamam a si esse estatuto logo de seguida, «quando o critério residência deixa de ser relevante» (como sucede por exemplo no 2º ano, em que a delegação de competências cai de 40 para 17%).

Deve referir-se que nem todas estas situações de delegação de competências correspondem a casos de matrículas forjadas (por alguma razão a percentagem não passa de 40 para 0% na transição do 1º para o 2º ano). Tal como deve sublinhar-se que o Agrupamento de Escolas Filipa de Lencastre está longe de ser caso único, sendo apenas o mais mediatizado nos últimos tempos e aquele cujos contornos hoje se conhecem melhor.
No seu conjunto, de facto, estas situações mostram pelo menos três coisas: que a cultura da concorrência e dos rankings não é uma abstração, tendo consequências muito concretas; que as direções das escolas pactuam e promovem este tipo de esquemas, procedendo a uma efetiva seleção de alunos, em nome das boas posições nos rankings (impedindo dessa forma que muitos dos que realmente residem na sua área de influência as frequentem); e, por último, que vão na direção certa as medidas recentemente adotadas pelo Ministério da Educação, no sentido de se proceder a um controlo muito mais apertado deste tipo de fraude. Por tudo isto, quando ouvirem falar em igualdade de oportunidades, e do papel da escola na mobilidade social, lembrem-se de todos os «Filipa de Lencastre», que existem de norte a sul do país.

Programa das Comemorações do 33.º Aniversário da Elevação de Válega a Vila

Programa das Comemorações do 33.º Aniversário da  Elevação de Válega a Vila

DIA 30 DE JUNHO (SÁBADO)

Ø 10H00 – Torneio de Futsal  – Amigos do Seixo Branco (no Pavilhão Gimnodesportivo de Válega, terminando às  17H00)

Ø 22H00 – Festejos em Honra de São Pedro (no Largo de Porto Laboso) – Comissão dos Festejos em Honra de São Pedro

DIA 1 DE JULHO (DOMINGO)

Ø 10H00  Exibição dos atletas da Associação Portuguesa de Técnicas de Defesa e Combate Urbano  (no jardim da Avenida Comendador António Augusto da Silva)

DIA 7 DE JULHO (SÁBADO)

Ø 15H00 – Roteiro Cultural – GAC

DIA 8 DE JULHO (DOMINGO)

Ø 09H00 – Mega Caminhada – ACR Valdágua

DIA 9 DE JULHO (SEGUNDA-FEIRA)

Ø 09H00 – Hastear da Bandeira e Salva de Tiros / Largada de Pombos-Correio – Sociedade Columbófila de Válega

Ø 21H00 –   Sessão Solene do 33.º Aniversário da  Elevação de Válega a Vila / Prelúdio Musical  pelo Grupo Coral Laudamus / Atribuição de condecorações

DIA 14 DE JULHO (SÁBADO)

Ø 21H00 – XII Concurso Vestidos de Chita / Atuação do grupo  “Sonhos de Violeta”  (no centro da Vila de Válega)

DIA 15 DE JULHO (DOMINGO)

Ø 15H00 – XIII Corrida de Camas  (no centro da Vila de Válega)

DIA 21 DE JULHO (SÁBADO)

Ø 21H00  –  Carnaval de Verão  (no centro da Vila de Válega)

DIA 22 DE JULHO (DOMINGO)

Ø 15H00  –  I Encontro de Música Popular  (no centro da Vila de Válega):

· "Amigos da Tasca Centenária" de Souto;

· "Grupo de Cavaquinhos Musicoterapia" de Milheirós de Poiares;

· "Novos Sons" de Valdágua.

DIA 28 DE JULHO (SÁBADO)

Ø 17H00  –  Gala Solidária - ASAS  -  Anjos Solidários (no salão paroquial)

DIA 29 DE JULHO (DOMINGO)

Ø 09H00 – Passeio de Cicloturismo / IV Encontro de Bicicletas Antigas (Pasteleiras) – Associação dos Antigos Alunos da Escola Oliveira Lopes – Museu Escolar Oliveira Lopes

DIA 3 DE AGOSTO (SEXTA-FEIRA)

Ø 20H00 – Noite de Fados com jantar na sede dos Emigrantes de Santa Maria de Válega

DIA 4 DE AGOSTO (SÁBADO)

Ø 21H00 –  IV Corrida Louca (em Paçô) – Amigos de São Bento

DIA 5 DE AGOSTO (DOMINGO)

Ø 11H00 –  Inauguração da exposição “Maquetas, Modelos e Protótipos” de Carlos Camoesas e João Costa ” no auditório da Junta de Freguesia de Válega / Prelúdio Musical  por André Melo e Marta Camoesas (violinistas)


Válega (Ovar), 2 de Julho de 2018

Marchar com confiança para o desastre

por estatuadesal

(Francisco Louçã, in Expresso, 02/06/2018)

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Há crises políticas estruturais em Itália, Espanha, ameaçam França, o ‘Brexit’ está a concluir-se, a instabilidade financeira voltou e ninguém se entende no Conselho Europeu

Quando a crise financeira se transformou em crise das dívidas soberanas e atingiu as economias europeias periféricas, era uma questão menor para Berlim e Bruxelas. Nada que não se resolvesse com uma cura de culpa e austeridade, vantajosa para conseguir votos nos países centrais cujos governos mostravam músculo contra os recalcitrantes do sul. Quando a crise chegou a Espanha, disfarçou-se um programa para os bancos. Quando a crise chegou a França, era só uma questão política, mania de franceses que são sempre excessivos nos queijos e nas eleições. Mas agora a crise está por todo o lado e é política e social. E ninguém na liderança europeia tem a menor ideia sobre o que se deve fazer, acumulando o pior dos disparates, as ameaças esbracejantes.

Um ano desastroso

O problema é que as eleições é que têm sido o problema. Desde há um ano que cada uma das eleições europeias agrava a crise institucional e demonstra o estertor do bipartidismo que tem sido a forma de gestão política desde o pós-guerra. Foi assim na Holanda em março de 2017 (a Europa respirou de alívio porque a extrema-direita só ficou em segundo lugar, e o PS passou de segundo para sétimo lugar), em França (a extrema-direita em segundo lugar e uma crise dos partidos tradicionais, com o ascenso da nova direita macronista que destroçou o PS), na Áustria (a entrada da extrema-direita no Governo), como já era na Hungria, Polónia e República Checa (com maiorias de direita xenófoba). Na Suécia, a extrema-direita é a terceira força política.

Na Alemanha, o único dos grandes países da União Europeia em que ainda sobrevive um bipartidismo combalido, os herdeiros do nazismo entraram no Parlamento pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial e pressionam uma ameaçadora recomposição da direita. E agora temos o caso de Itália, com a Liga Norte em vias de se transformar no primeiro partido.

Em resumo: crises políticas estruturais estão instaladas em Itália e Espanha, ameaçam França, o ‘Brexit’ está a concluir-se, a instabilidade financeira voltou e ninguém se entende no Conselho Europeu.

Espanha e Itália em eleições

O fim anunciado do governo Rajoy, com o PP varrido por condenações por corrupção, deverá conduzir a eleições em Espanha. Não é difícil antecipar o resultado dessas eventuais eleições, dado que as sondagens consistentemente indicam a possibilidade de uma vitória do Ciudadanos, a versão moderna do Partido Popular (“o PP limpinho”, explica Portas), o que conduziria a uma coligação da direita, mas sem Rajoy e porventura com o PP reduzido a escombros, ou até a uma aliança com o PSOE. O PP tem sido a formação histórica hegemónica da direita espanhola e representou o sucesso da transição do franquismo para uma direita europeísta, sempre mantendo um cariz autoritário, mas a condenação judicial do seu tesoureiro e de uma máfia de empresários e dirigentes foi o sinal da implosão. Rivera-Macron é uma promessa para salvar as pratas da casa, mas garante mais instabilidade do que liderança.

O cenário italiano é ainda mais complicado. A primeira recusa pelo presidente Mattarella do governo da maioria parlamentar italiana, que coligava a Liga Norte, um movimento proto-fascista, e o 5 Estrelas, foi um pretexto: o ministro recusado, Paolo Savona, deveria ser dos menos imprevisíveis da equipa governamental, mas o presidente quis marcar uma proibição – o euro não se discute e está fora do âmbito de ação de um governo maioritário.

A confirmação veio pela precipitação do comissário Gunther Oettinger, que explicou aos italianos que os mercados financeiros lhes dariam uma lição sobre em quem votar. Oettinger é reincidente: durante o período da troika, sugeriu que “as bandeiras dos pecadores da dívida poderiam ser colocadas a meia haste nos edifícios da União Europeia” para envergonhar esses países “pecadores”, e propôs que as ilhas gregas fossem vendidas para acertas contas da dívida. Mais recentemente, defendeu que Portugal devia sofrer sanções pelo défice de 2015. Useiro e vezeiro em pesporrência, Oettinger é o retrato alemão da Comissão.

Não é difícil adivinhar o efeito destas ameaças nas eleições italianas. Numa viragem de última hora que relançou o mesmo governo, o chefe da Liga Norte, Salvini, só pode dar preces pela chantagem de Bruxelas, que é o seu seguro de vida.

E os mercados, senhor?

A crise em dois dos grandes países europeus precipitou imediatamente uma subida dos juros e uma queda do euro, e ainda se verá o que vem depois, porque a novela não terminou. A Itália e Espanha têm pela frente pelo menos quatro meses de dúvida sobre o resultado das eleições de recurso. São dois gigantes europeus paralisados e na expectativa de eleitorados mais divididos e governos mais impotentes. O facto é que, uma vez destroçado o esquema do bipartidismo do pós-guerra ou, no caso espanhol, da transição pós-franquista, não se sabe o que pode acontecer.

Os mercados, em contrapartida, sabem bem o que querem. A emissão de títulos de dívida italiana a dez anos teve a sua maior procura desde 2014, porque se sabia que os juros iam ser mais saborosos. Quase duplicaram, de 1,7 para 3%, arrastando os de outros Estados. Este maravilhoso sentido de oportunidade demonstra o que vamos ter na Europa: crise política permanente com subida de taxa de juros. Segure a sua carteira, já sabe quem vai pagar isto, não sabe?

bispo

O retrocesso civilizacional

Manuel Linda, bispo do Porto, esgrime no último Expresso uma notável recusa da eutanásia com base no “retrocesso civilizacional”. Escreve o prelado que no caso da legalização do aborto se passou do fim de uma proibição e penalização para uma normalização do ato médico e daí conclui, com algum atrevimento, que então se caminha inevitavelmente para a sua imposição obrigatória. Foi assim, com a elegância de que o bispo é capaz: “Repare-se: de ato ‘mau’ despenalizado, passou a ato regulado; depois, a ‘normal’; agora, deseja-se desregulado; e já se argumenta que é um simples ato terapêutico. Como tal, bom. E a seguir? Certamente, terá de ser algo de natureza obrigatória. Como as vacinas”.

Como as vacinas? É até difícil de interpretar o que este remate de frase pretende explicar. Mas percebe-se o sentido do alarme: o aborto vai ser obrigatório. Não sei se isto merece respeito pela insolência ou reconhecimento pela imaginação, mas é o bispo a escrever. Conclui ele que também a eutanásia, a ser despenalizada, se tornará obrigatória. O “Avante!” sugeriu precisamente o mesmo, ao fantasiar para os leitores mais crentes que os idosos da Holanda fogem para a Alemanha com medo que lhes seja imposta a eutanásia.

O problema é que nem a Igreja Católica nem o PCP acreditam no que afirmam. Sabem que na próxima legislatura existirão condições para a aprovação da lei, malgrado a sua oposição, e é por isso mesmo que agem agora contra a lei, mas não demasiadamente contra. Sabem também que a teoria da obrigatoriedade ou da imposição da eutanásia é da mesma laia da velha acusação da ditadura contra os comunistas por matarem os velhinhos com injeções atrás da orelha. Por isso, o PEV apresenta uma proposta, mesmo quando o seu parceiro de coligação afirma que se trata de nada menos do que de um “retrocesso civilizacional”. Como não pode deixar de ser, é uma estratégia combinada com o seu tutor.

Do lado da Igreja, o bispo do Porto anuncia o apocalipse e o cardeal também fez um apelo, mas note-se que em tom menos tremendista. O certo é que a Igreja evitou arriscar-se. As manifestações de Isilda Pegado e do PNR foram extravagâncias de um sector muito marginalizado da Igreja, que não se comprometeu demais. Depois da derrota do referendo português sobre o aborto e com a recente lição do referendo irlandês, a Igreja Católica sabe bem que não pode nem deve promover disputas cujo resultado inevitável seja diminuir o seu peso social e limitá-la ao culto. A Igreja sem poder não se reconhece e por isso calcula os seus movimentos para evitar derrotas demasiado evidentes.

Os aliados de ocasião desta frente do “retrocesso civilizacional”, os deputados do PSD que querem atingir Rui Rio, as claques de futebol infiltradas pela extrema-direita, os sectores ultramontanos da Igreja, as conveniências do PCP, nada disso resiste ao tempo nem à razoabilidade de uma proposta cuja força é o respeito pelas pessoas que têm o direito a fazer uma escolha sobre a sua vida.