De Maria Barradas com AP, EFE, AFP • Últimas notícias: 18/06/2020 - 10:19
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O livro de John Bolton, o ex-conselheiro de Donald Trump para a segurança nacional agita as águas em Washington. O departamento de Justiça está a tentar que "A Sala onde Tudo Aconteceu - Memórias da Casa Branca", não seja lançado a 23 de junho, como previsto.
O autor diz, numa entrevista à jornalista Martha Raddatz, da ABC News, que Trump mente com frequência.
Martha Raddatz: "O presidente está a mentir?"
John Bolton: "Sim, está! E não é a primeira vez."
M.R: " Donald Trump vê-se a si próprio, como um bom negociador. O que acontece ao negociador nestas circunstâncias?"
J.B: "Bem, o presidente pode muito bem ser um excelente negociador quando se trata de bens imobiliários de Manhattan. Lidar com tratados de limitação de armas estratégicas, lidar com muitas, muitas outras questões de segurança internacional são coisas muito distantes da sua experiência de vida".
No Twitter, Donald Trump não poupou o seu ex-conselheiro, afirmando que Bolton falou sempre bem dele até que foi despedido, que o livro está cheio de mentiras e histórias falsas.
No livro Bolton conta que, à margem da cimeira do G20, no Japão, em 2019, Trump terá pedido ajuda ao presidente chinês, Xi Jiping, para a sua reeleição, realçando a importância que compras de soja e trigo por parte da China aos Estado Unidos, poderiam ter no desfecho da eleição.
O livro faz outras revelações que, segundo o autor, mostram que Trump, por norma, tenta usar o poder dos Estados Unidos, noutros países, em benefício próprio. Bolton escreve ainda que Trump se mostrou disposto a interromper investigações criminais para “fazer favores pessoais aos ditadores de quem gostava”.
Entre os episódios da política internacional, Bolton escreve que quando Xi Jiping explicou ao presidente norte-americano porque é que construía campos de concentração para os uigures, Donald Trump terá respondido que o presidente chinês "deveria continuar a construir os campos, porque essa era a decisão mais certa".
As fugas na imprensa sobre o conteúdo do livro, alarmaram a Casa Branca e projetaram, ao mesmo tempo, a obra para o topo das vendas. "A Sala onde tudo aconteceu- Memórias da Casa Branca" é aguardada com temor por parte da administração Trump e com grande expectativa pelos leitores norte-americanos.
A batalha legal pela não publicação da obra começou na segunda-feira. O Departamento de Justiça pediu uma providência cautelar. Os peritos dividem-se sobre o resultado porque se, por um lado, o presidente tem o poder de classificar como secreta informação sobre segurança nacional, por outro, os argumentos podem ir contra a Primeira Emenda da constituição, que garante a liberdade de expressão.
O dvogado de Bolton, Charles Cooper garante que o livro não contém informação confidencial e que o seu cliente trabalhou com o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, durante meses, na revisão do conteúdo.
Alguma imprensa e opinião pública americana considera que John Bolton é a última pessoa com moral para acusar Trump, depois de ter negado testemunhar no congresso aquando do processo de "impeachement" do presidente.