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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Moçambique em choque com imagens de "soldados"a executarem uma mulher

De  Euronews  •  Últimas notícias: 16/09/2020

mozambique

mozambique   -   Direitos de autor AP Photo

Estas imagens de combatentes vestidos com fardas do exército moçambicano a perseguir e matar uma mulher, que dizem estar ligada às milícias al-shabab, estão a chocar Moçambique.

Face às reações das organizações não governamentais, que pedem o apuramento de responsabilidades, o governo promete investigar.

O presidente do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) pede: "Iniciar rapidamente uma investigação, apurar as responsabilidades e agir em conformidade com a lei, porque isto é um crime seríssimo, cometido em missão de serviço e deve ser responsabilizado".

A investigadora Zenaida Machado, do Observatório dos Direitos Humanos acusa o governo de Maputo: "Ao longo dos anos, o governo moçambicano tem feito muito pouco para garantir que as forças de segurança não se comportem desta forma. Em vez disso, o que gastaram tempo a fazer, aquilo em que investiram, foi numa campanha de negação".

O governo rejeita as alegações. O ministro do Interior, Amade Miquidade, disse que as imagens podem ter sido filmadas por rebeldes extremistas islâmicos tentando desacreditar as forças governamentais. Miquidade falava na terça-feira depois de o vídeo ter sido distribuído nos meios de comunicação social.

O Ministério da Defesa, por seu turno, condenou as imagens "horripilantes" e apelou a uma investigação para "apurar a sua autenticidade".

Vários outros vídeos alegadamente mostrando soldados que abusam de prisioneiros que se acredita estarem ligados ao al-shabab foram enviados à Amnistia Internacional, em maio.

O vídeo que circulou nas redes sociais na segunda-feira mostra o que parecem ser tropas governamentais a gritar e a marchar atrás de uma mulher despojada das suas roupas. Os homens atingem a vítima várias vezes com paus antes de a matarem na berma de uma estrada com kalashnikovs. "És de al-Shabab", ouvem-se os carrascos a gritar em português - referindo-se ao grupo jihadista que tem liderado uma crescente insurreição contra o governo desde 2017, na província de Cabo Delgado, no nordeste de Moçambique.

Incêndios provocam danos irreversíveis na Amazónia e no Pantanal

De  Euronews  •  Últimas notícias: 16/09/2020 - 19:18

Nuvens de fumo cobrem vastas áreas de mato e floresta

Nuvens de fumo cobrem vastas áreas de mato e floresta   -   Direitos de autor AP Photo

O Governo de Jair Bolsonaro prometeu ajuda financeira e técnica para o combate aos fogos que lavram na Amazónia, mas enquanto isso, no terreno, a falta de meios e as condições climatéricas adversas dificultam a vida aos que tentam deter a destruição vegetal e da biodiversidade.

Cobertas por uma espessa nuvem de fumo, equipas de bombeiros e de voluntários tentam combater o avanço descontrolado das chamas, que também dominam a paisagem do Pantanal.

Na maior área húmida continental do planeta lavra um gigantesco incêndio desde meados de julho que espalha a sombra da morte entre os ecossistemas locais.

Os animais que ainda resistem vagueiam pelas zonas de mato consumidas pelas chamas, com fome sede.

A região abriga mais de mil espécies de animais vertebrados, incluindo 36 ameaçadas de extinção, e pássaros raros.

Dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro revelam que desde o início de agosto já ardeu mais de um milhão de hectares.

Sinais de vida em Vénus

De  Euronews  •  Últimas notícias: 15/09/2020

Sinais de vida em Vénus

Direitos de autor AP

Há vida em Vénus? De acordo com uma equipa internacional de astrofísicos, integrada pela portuguesa Clara Sousa-Silva, é uma hipótese plausível.

Um telescópio no Havai e um radiotelescópio no Chile captaram observações que permitiram descobrir que as nuvens de Vénus têm fosfina. Na terra, o gás é produzido por naturalmente por bactérias, que são organismos vivos.

"Restam-nos duas possibilidades remotas. Uma é a de que existe uma química desconhecida. A segunda, mais intrigante, é a de que pode existir uma forma de vida na atmosfera de Vénus que está a produzir a fosfina que detetámos", sublinhou Sara Seager, cientista planetária no Departamento de Ciências da Terra, Atmosféricas e Planetárias do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Alguns cientistas acreditam que a forma de vida pode ser um tipo de partícula microbiana que vive dentro de gotículas líquidas, até porque o próprio planeta é quente demais para a sobrevivência.

"Não considero irrefutável que haja vida em Vénus, mas é um bioassinatura legítima. É uma pista legítima de que poderia haver uma biota próspera em Vénus", acrescentou David Grinspoon, astrobiólogo do Instituto de Ciência Planetária.

Desde a década de 60 que se fazem missões da NASA a Vénus. A nova descoberta aponta para os primeiros sinais de vida. Os especialistas dizem, no entanto, precisar de mais provas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Ventura, a voz do dono

Posted: 15 Sep 2020 03:54 AM PDT

«Fazer política é escolher que interesses se defende. André Ventura diz representar "o português comum", mas na verdade quer proteger os interesses dos ricos que querem pagar menos impostos.

Em 2018, os 10% mais ricos do país ganhavam 8,6 vezes o rendimento dos 10% mais pobres. A desigualdade é enorme, mas é o registo mais baixo de sempre no INE. Sucede que estes dados escondem outras injustiças. Porque no topo dos 10% mais ricos há quem ganhe, por mês, o que um trabalhador com o salário mínimo não leva para casa em três anos de trabalho. É o caso, por exemplo, do presidente do Novo Banco, que recebe 400 mil euros por ano.

As causas das desigualdades são muitas. Para a maioria, o contexto social e familiar significa falta de oportunidades e uma vida presa ao salário mínimo ou pouco mais. Para muitos jovens licenciados, mil euros é o salário mais frequente, num país em que o salário médio mais alto de sempre, registado em 2019, foi de 1276 euros (bruto).

Combater os baixos salários e a precariedade é uma forma eficaz de reduzir as desigualdades. A outra são os impostos: quem ganha mais contribui mais, proporcionalmente, para os serviços públicos que beneficiam todos. Assim, o presidente do Novo Banco paga 161 mil euros de IRS ao ano (40% do seu rendimento), enquanto o trabalhador que recebe o salário médio paga 2040 euros (12% do rendimento) 1*. A todos é dada, em troca, a segurança de saber que terão acesso a cuidados de saúde, escola para os filhos e apoio social em caso de necessidade. Parece pouco? Nos EUA, onde não existe um SNS, as dívidas de saúde são a principal causa de falência pessoal e a maior parte dos jovens estão enredados em empréstimo bancários para pagar os estudos.

Não faltou na História quem tentasse acabar com este modelo de Estado social que é a maior conquista dos trabalhadores contra a selva social e a miséria do século XIX e início do século XX. Não é por acaso que os serviços públicos são tão atacados por figuras com Trump, que deu prioridade à redução dos impostos dos mais ricos.

Em Portugal, essa é também a proposta do partido Chega, que defende uma taxa única de IRS. Com uma taxa única de 15%, o presidente do Novo Banco pagaria muito menos de metade dos impostos que hoje paga. Ventura beneficiaria de um desconto de 25% nos impostos sobre o seu salário de deputado. Já o Estado perderia receitas essenciais à Saúde e à Educação. Mas é mesmo esse o plano do Chega: no seu programa oficial está o fim do SNS e a entrega das escolas aos privados. Para os mais ricos, que poderiam pagar por estes serviços, isso não é um problema. Para o "português comum", seria o empobrecimento imediato.

Agora, no Parlamento, o advogado Ventura continua a defender os seus clientes de antes: ricos que não querem pagar impostos.

1* Simulação simples para casado com dois dependentes e 50% de deduções em educação e saúde.»

Mariana Mortágua

As reações a Fátima provam que o objetivo era calar o PCP

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 15/09/2020)

É muito interessante comparar as reações mediáticas e partidárias a toda a preparação da Festa da Avante e a forma complacente e justificativa como foi tratado o que aconteceu em Fátima no dia 13 de setembro. Durante meses fomos massacrados com o que iria acontecer na Quinta da Atalaia. A exceção, o tratamento de favor, o crime. Até tivemos direito a cartazes insultuosos da JSD. Defendi, depois de serem conhecidas as condições em que o PCP faria a Festa, que ela não punha em risco a saúde pública e era legítima. Também fiz uma avaliação política do erro que o PCP cometia, por dispersar a sua mensagem e se ver obrigado a ficar à defesa. Mas nunca duvidei que estávamos perante uma campanha e por isso o escrevi.

Não há comparação entre o que aconteceu na Festa do Avante, onde as pessoas assistiram aos concertos em lugares sentados e distantes, onde conhecemos a lotação não apenas do espaço em frente ao palco mas da zona circundante e onde foram definidas regras; e as imagens que vimos no Santuário de Fátima, com milhares de pessoas em pé, sem lugares previamente definidos e sem um décimo do controlo que se exigiu ao PCP.

No entanto, todos os títulos dos jornais tiveram um sentido quase inverso ao que foi dito sobre a Festa do Avante: que o Santuário, cuidadoso, bloqueou o acesso mal se chegou a um terço da sua capacidade. Coisa nunca vista, extraordinária, admirável. A medida de emergência e improvisada teve um tratamento mais simpático do que todas as medidas preventivas do PCP, tratadas com desconfiança ou desdém.

Terão estado cem mil pessoas no Santuário de Fátima, que tem 7,2 hectares. O PCP propôs-se receber 33 mil (a DGS aconselhou 17 mil) num espaço de 30 hectares. Com uma área quatro vezes superior, a Quinta da Atalaia propôs-se receber um terço (a DGS aconselhou um sexto) das pessoas que estiveram no Santuário de Fátima. Mesmo que os 30 hectares não sejam todos área útil, a diferença continuará sempre a ser abissal. Ninguém fez perguntas no Parlamento. Ninguém se incomodou. Os jornais que fizeram do PCP o bombo da festa não pediram esclarecimentos. Não houve petições, cartazes, marchas lentas de carro. O secretário de Estado da Saúde até sublinhou o “comportamento exemplar” da Igreja. Não, o comportamento não foi exemplar. Muito longe disso. Foi improvisado. Foi o oposto ao que vimos com o PCP.

Não se trata de justificar um erro com outro, até porque o erro é incomensuravelmente mais evidente em Fátima do que na Atalaia. Mas fica claro que a motivação contra o PCP nada teve a ver com saúde pública. Se assim fosse, a indignação seria muitíssimo sonora neste momento. A motivação foi política. E sendo política, quer dizer que há quem use a pandemia para tentar limitar a liberdade política dos seus opositores. E isso é, por si só, um ataque à democracia.

Por mim, a Festa do Avante e as peregrinações a Fátima devem acontecer, desde que se acordem condições mínimas para que se façam em segurança. Cada um assumirá o preço político de assim o fazer. Assim como espero que os que antes gritaram e agora se calam assumam as suas verdadeiras motivações.