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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Dia de Homenagem aos Irmãos Oliveira Lopes

(110 anos da inauguração da Escola Oliveira Lopes)

Não obstante, a atual situação pandémica, no passado dia 2 de outubro, cumpriu-se, novamente, a tradição na Vila de Válega.

A Associação dos Antigos Alunos da Escola Oliveira Lopes, em parceria com a Câmara Municipal de Ovar, organizou o “Dia de Homenagem aos Irmãos Oliveira Lopes”, no âmbito da comemoração dos 110 anos da inauguração da Escola Oliveira Lopes.

A manhã iniciou-se com a recolha de flores trazidas pelos alunos no Centro Educativo da Regedoura.

De seguida, os alunos montaram uma maqueta 3D em suporte papel da Escola Oliveira Lopes e, dando azo à sua criatividade, pintaram-na e decoraram-na no contexto da oficina: “Cola e Constrói a Escola”.

À hora do lanche, a Associação dos Antigos Alunos da Escola Oliveira Lopes ofertou uma “mariazinha” a cada aluno do Centro Educativo da Regedoura.

A oficina: “Cola e Constrói a Escola” realizou-se também no Museu Escolar Oliveira Lopes, no Jardim de Infância de Carvalho, na Turma da Ana, na Fundação Padre Manuel Pereira Pinho e Irmã e no Centro Comunitário de Esmoriz (enquadrada no projeto Envelhecer em Casa e ainda no Centro de Convívio), tendo estado, assim, aberta à participação da comunidade vareira. Cerca de 400 “miúdos e graúdos” participaram nesta iniciativa inaudita e muito interessante promovida pela Associação dos Antigos Alunos da Escola Oliveira Lopes. Alguns dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos e pelos seniores foram expostos no Museu Escolar Oliveira Lopes.

À tarde, os corpos diretivos da agremiação fizeram a romagem ao jazigo dos Irmãos Oliveira Lopes, no qual foram depositadas as flores ofertadas pelos discentes e uma coroa de flores pela Associação dos Antigos Alunos da Escola Oliveira Lopes.

Já no dia 3 de outubro, foi celebrada uma missa pelo Padre José Fernando Alves Carneiro, na Igreja Matriz de Santa Maria de Válega, em homenagem aos Irmãos José e Manuel José de Oliveira Lopes.

Este ano, a data foi, assim, assinalada em moldes diferentes, mas, uma vez mais, respeitou-se o passado e honrou-se a memória dos Irmãos Oliveira Lopes que nos deixaram um legado ímpar - o magnífico e majestoso edifício da Escola Oliveira Lopes que à época da inauguração rivalizava com as melhores escolas do Porto e de Lisboa.

Prémio Nobel da polémica

O júri do Prémio Nobel da Literatura tem recebido duras críticas

O júri do Prémio Nobel da Literatura tem recebido duras críticas   -   Direitos de autor Fernando Vergara/AP

De  Teresa Bizarro  •  Últimas notícias: 08/10/2020 - 13:18

A chave de qualquer Prémio Nobel está, em primeiro lugar, na mão dos membros da Academia sueca. Um conclave de 18 pessoas, quase todos homens, com uma média de idade a rondar os 70 anos tem mandato vitalício para escolher um pequeno comité de especialistas que anualmente seleciona os laureados.

Nas chamadas áreas técnicas, o prémio parece não ter mácula. O mesmo não se passa nas escolhas dos Nobel da Paz e da Literatura.

O prémio das letras traduz reconhecimento e materializa-se numa valorização comercial do autor que vai muito para além do dinheiro entregue pela academia: 10 milhões de coroas suecas - cerca de 950 mil euros.

Há quatro anos, os literatos chocaram-se com a escolha de Bob Dylan, mas o autor e compositor resistiu a entrar na polémica. Recebeu o cheque, mas em tudo o resto ignorou a academia.

A verdadeira vergonha para o conclave estava ainda por vir. Em 2017, um escândalo de abuso sexual e fraude financeira fez tremer os alicerces da instituição centenária. Um escândalo que envolvia diretamente um dos membros permanentes da academia e o marido. Katarina Frostenson foi afastada e o Jean-Claude Arnault veio a ser condenado por violação.

A atribuição do prémio foi interrompida por um ano. Regressou em 2019, mas a escolha voltou a ser tudo menos consensual. A academia escolheu destacar a obra de Peter Hanke, um escritor austríaco conhecido por negar publicamente o genocídio praticado pelas autoridades sérvias na guerra da ex-jugoslávia.

No que toca à diversidade, são também duras as criticas. Os autores anglófonos estão em larga maioria e dos 116 Nobel da Literatura atribuídos desde 1901, só 15 distinguiram mulheres - a mais recente, foi a polaca Olga Tokarczuk, que recebeu o prémio em 2018.

Há quem defenda que com tanta mácula é tempo dos autores começarem a recusar a distinção da academia que Alfred Nobel financiou.

Trump e o vírus

Posted: 07 Oct 2020 12:45 AM PDT

As razões do PS contra os contratos coletivos

Posted: 07 Oct 2020 03:42 AM PDT

«A norma da caducidade automática das convenções foi introduzida pela direita numa reforma laboral em 2003 e depois reforçada pelo PS em 2009, tendo-a agravado ao desvalorizar regras específicas de cada contrato que ainda permitiam a sua continuidade até à substituição por nova convenção. O resultado desta medida, combinada com outras restrições à ação sindical, foi fulgurante: em 2008 ainda foram abrangidos 1704 mil trabalhadores pela atualização dos salários convencionais, em 2011 já só foram 1203 mil e, em 2013, limitaram-se a 187 mil. Em cinco anos, o número reduziu-se de dez para um. Houve depois uma ligeira recuperação, mas sempre num patamar de perda de poder negocial da parte mais fraca.

Para o trabalho, o mundo mudou com esta medida. Maria da Paz Campos Lima, professora do ISCTE, apresentou estes números num estudo de 2016 e explicou essa estratégia patronal a que sucessivos governos deram provimento: “A caducidade das convenções coletivas requerida pelas organizações patronais significa, em geral, uma de duas coisas: ou força as negociações de novas convenções a partir do zero, uma ambição de longa data para alguns setores patronais, na perspetiva de definição de novas normas numa relação de forças que lhes seja mais favorável; ou permite, no quadro do paralelismo de convenções, substitui-las por outras mais favoráveis ao lado patronal, e nalguns casos assinadas por sindicatos minoritários”. Essas são as razões ideológicas e políticas do PS, é assim que entende as relações laborais e não faz disso segredo.

Ora, do que não se pode acusar esta estratégia é de ser incoerente. Por isso, e mais uma vez ao contrário de vários analistas, percebo porque é que o PS sempre recusou alterar esta regra, que afinal é também de sua autoria, e, quando convidado a discutir o tema no contexto de uma negociação para um acordo para esta legislatura, há um ano, fechou imediatamente a porta com estrondo. Comentadores alinhados com o PS saudaram essa determinação, abundando no tema tradicional: não se mexe no que resulta e seria uma “provocação” discutir tal assunto. Sim, têm razão, isto resulta, provocou uma desvalorização estrutural da contratação coletiva e, assim, contribuiu para as perdas de rendimento ao longo da década que correu desde a recessão anterior. Tornou-se uma norma de política estruturante.

Nesse sentido, o facto de o PS aceitar agora discuti-la, in extremis, é revelador de uma dificuldade e de uma oportunidade. Reconhecendo que a norma não deve continuar a ser aplicada em momento de recessão, o governo propõe a sua suspensão por um curto período de dois anos (mas ameaça retirar a proposta se não houver acordo em tudo o resto do orçamento). Só que a solução é esdrúxula, dado que a constatação do aumento da desigualdade dos rendimentos em Portugal sugere corrigir as normas desigualitárias, em vez de garantir a sua recuperação passado um curto período. Deste modo, voltar-se-ia sempre ao ponto de partida: se o PS entende que o princípio deve ser a vantagem patronal na negociação, o que agora estará a fazer é um subterfúgio passageiro; se a longa crise de uma década o reorientou para uma norma que proteja o trabalho, então a lei deve ser mudada, o que seria uma vitória do bom senso.

Admita-se que, como tantas vezes, se trata de uma mera jogada. O governo pretenderia assim acenar à esquerda sem desagradar demasiado ao patronato, dado que, afinal, neste período isto limita-se a adiar a caducidade para cerca de 40 mil trabalhadores. O problema é que, deste modo, se institui uma guilhotina: passada a suspensão, voltará a regra, business as usual. Por isso, duvido que os trabalhadores saúdem uma medida provisória que os incita a aceitar o regresso imediato a uma normalidade punitiva para o salário.»

Francisco Louçã

O risco de uma recessão em K

por estatuadesal

(Alexandre Abreu, in Expresso Diário, 08/10/2020)

Alexandre Abreu

A indefinição em torno da turbulência económica que enfrentamos nos próximos meses e anos provém de três fontes de incerteza principais. Por um lado, a dinâmica da pandemia: quantas e quão graves são as vagas que temos ainda pela frente até que uma vacina ou um tratamento eficaz estejam disponíveis. Em segundo lugar, o risco de espirais recessivas: em que medida é que as quebras da atividade económica (a que já ocorreu e as que possamos ter pela frente) geram elas mesmas uma dinâmica negativa de desemprego, falências, poupança cautelar e quebra do investimento que se alimente a si própria. Finalmente, a natureza e dimensão das respostas públicas: até que ponto é que estas serão capazes de contrariar a dinâmica recessiva no contexto e uma crise que é particularmente difícil de enfrentar na medida em que reúne elementos de contração da procura, restrição da oferta e perturbações das cadeias de valor internacionais.

As expectativas mais ou menos otimistas relativamente a esta matéria têm encontrado nos últimos meses entre muitos economistas (aqui, aqui e aqui, por exemplo) a peculiar expressão de uma sopa de letras, consoante a forma que se antecipa poder vir a ser assumida pela trajetória do produto e do emprego. A visão mais otimista é a de uma recessão em V: queda súbita e profunda seguida de uma recuperação igualmente rápida. Mais pessimistas são as ideias de uma recessão em U (queda súbita, período de estagnação relativamente prolongado e retoma ao fim de algum tempo), em L (queda súbita seguida de estagnação) ou em W (uma recessão dupla, com dois períodos de recuo). Pode ainda juntar-se a ideia de uma recessão com a forma do símbolo da Nike¸ que constitui provavelmente o cenário-base para a maioria das instituições e analistas: depois da queda acentuada em 2020, seguir-se-ia rapidamente um período de retoma lenta mas consistente, trazendo as economias de regresso às suas posições iniciais ao fim de três ou quatro anos.

Todas estas possibilidades assumem, no entanto, que o conjunto da economia (e das economias) se comporta de uma forma relativamente homogénea no contexto da recessão e da retoma. Há porém um risco não negligenciável de que a própria dinâmica da crise e retoma introduza ou aprofunde dinâmicas de divergência entre diferentes economias, entre diferentes setores de uma mesma economia ou entre diferentes grupos sociais.

Dentro da sopa de letras, esta ideia é representada pela ideia de uma recessão em K: depois do embate inicial, uma parte da economia recupera e prospera de forma relativamente rápida enquanto outra parte passa por um período mais duro e prolongado de empobrecimento ou estagnação.

A ideia não é nova (tendo sido referida várias vezes nos últimos anos, nomeadamente no contexto da Grande Recessão e da retoma subsequente), mas tem sido referida com especial frequência nos últimos tempos para caracterizar a crise que estamos a atravessar. Joe Biden, por exemplo, utilizou esta expressão e exprimiu esta ideia num discurso há poucas semanas. No caso dos Estados Unidos, esta divergência é por vezes também designada por uma outra metáfora: Wall Street (o setor financeiro, as empresas de maiores dimensões e os mais ricos) versus Main Street (as pequenas empresas e as pessoas comuns). De finais de março para cá, o índice Dow Jones já recuperou a quase totalidade da queda de mais de 40% que sofreu, enquanto o Nasdaq, das empresas tecnológicas, já ultrapassou largamente o seu nível anterior à crise e segue imparável. As notícias sobre o crescimento inexorável das fortunas dos multibilionários do setor tecnológico são quase diárias. No entanto, o nível de emprego permanece significativamente abaixo (e o de desemprego acima) do que sucedia antes da crise, e a situação em muitos setores é bastante menos risonha do que no caso de muitos setores tecnológicos, que em muitos casos beneficiam diretamente das mudanças comportamentais e sociais suscitadas pela própria pandemia.

De forma mais próxima e mais diretamente relevante para nós, começamos a encontrar este padrão de divergência em K também nos primeiros sinais de retoma na Europa. Enquanto, por exemplo, os dados mais recentes das encomendas industriais na Alemanha, acabados de publicar, apontam para uma recuperação quase total para os níveis pré-crise, parece bastante claro que as economias do Sul da Europa, substancialmente mais dependentes do turismo e dos serviços, dificilmente podem esperar que tal aconteça senão daqui a alguns anos. E reduzindo ainda mais a escala, sabemos também que em Portugal a crise tem afetado desproprocionalmente as pessoas e famílias com rendimentos mais baixos, menor escolaridade e empregos mais precários, bem como as empresas mais pequenas e menos robustas.

Devido quer às características particulares desta crise quer às vulnerabilidades pré-existentes muito distintas entre diferentes economias, diferentes setores e diferentes grupos sociais, existe assim um forte risco de que esta crise introduza ou reforce dinâmicas de divergência. Mitigar esse risco exigirá o reforço, e não a redução, dos mecanismos de redistribuição e convergência a todas as escalas.