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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Prémio Nobel da Paz para o Programa Alimentar Mundial

De  Euronews  •  Últimas notícias: 09/10/2020 - 19:49

Programa Alimentar Mundial no Zimbabué

Programa Alimentar Mundial no Zimbabué   -   Direitos de autor Tsvangirayi Mukwazhi/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved.

O Programa Alimentar Mundial venceu o Nobel da Paz de 2020. A escolha foi anunciada, esta sexta-feira, e teve como critério os esforços da agência das Nações Unidas no combate à fome.

"Face à pandemia, o Programa Alimentar Mundial tem demonstrado uma impressionante capacidade de intensificar a sua operação. Como a própria organização reconheceu, até ao dia em que tivermos uma vacina, a comida é a melhor vacina contra o caos. O mundo corre o risco de sofrer uma crise de fome de proporções inconcebíveis se o Programa Alimentar Mundial e outras organizações de assistência alimentar não receberem o apoio financeiro que pediram", declarou a presidente do Comité do Nobel da Paz, Berit Reiss-Andersen.

Em 2019, de acordo com o Programa Alimentar Mundial, a organização humanitária prestou assistência a 97 milhões de pessoas em 88 países

Numa reação por vídeo à distinção, o porta-voz do Programa Alimentar Mundial, Tomson Phiri, afirmou que o prémio "não é apenas para o Programa Alimentar Mundial. É para o Programa Mundial, sim, [mas também] todas as outras organizações das Nações Unidas com quem trabalhamos, as ONG parceiras, todos os doadores que nos apoiaram durante todo este tempo e o povo, os governos com quem trabalhamos em todos esses muitos países em que estamos. Isto é de facto para todos".

Devido à pandemia de covid-19. o Programa Alimentar Mundial estima que, daqui a um ano, 256 milhões de pessoas estejam a passar fome. E a fome, afirmou a presidente do comité do Nobel da Paz "é uma das armas mais antigas de conflito no mundo".

O comité do prémio Nobel da Paz escolheu o vencedor a partir de uma lista de candidatos com 211 pessoas e 107 organizações. No total, havia 318 candidatos ao prémio e na lista constavam nomes como os de Alexei Navalny, Greta Thunberg, ou mesmo Donald Trump.

O laureado vai receber o prémio de dez milhões de coroas suecas (cerda de 950 mil euros), além de um diploma e uma medalha.

A cerimónia de entrega do prémio acontecerá em 10 de dezembro, em Oslo, na Noruega, e contará com a presença de apenas cerca de 100 convidados, devido às restrições impostas pela covid-19.

"Conspiração" contra governadora do Michigan

De  Euronews  •  Últimas notícias: 09/10/2020 - 08:33

"Conspiração" contra governadora do Michigan

Direitos de autor AP/AP

As autoridades federais norte-americanas anunciaram ter desmantelado uma rede criminosa que teria como objetivo raptar a governadora democrata do Estado do Michigan, Gretchen Whitmer. Os seis homens, alegados membros do grupo "Wolverine Watchmen", foram acusados de conspiração para sequestro pelo que dizem ser o "poder sem controlo" da governadora. Num caso separado, sete pessoas foram acusadas de planearem um assalto ao capitólio do Michigan e preparar uma "guerra civil".

O candidato democrata Joe Biden aproveitou para fazer campanha.

"As palavras de um presidente têm impacto. Já me ouvir falar isto. Elas podem fazer com que os mercados de uma nação subam ou desçam, desencadear guerra ou trazer paz. Mas também podem dar oxigénio a aqueles que estão repletos de ódio e perigo. E eu acho que isto tem que parar. O presidente tem que perceber as suas palavras tem importância".

Caso considerado culpado, o primeiro grupo poder ser condenado a prisão perpétua, o outro enfrenta numa pena máxima de 20 anos atrás das grades.

A governadora Gretchen Whitmer obteve elogios pela resposta ao coronavírus, nas também foi bastante criticada por republicanos e conservadores estaduais. O capitólio do Michigan foi palco de inúmeras manifestações a pedir demissão de Whitmer.

Na lista de "procurados" da Rússia

De  euronews  •  Últimas notícias: 09/10/2020 - 08:57

Na lista de "procurados" da Rússia

Direitos de autor Kay Nietfeld/(c) Copyright 2020, dpa (www.dpa.de). Alle Rechte vorbehalten

A Rússia incluiu, na quinta-feira, o nome de Svetlana Tikhanovskaya na lista de procurados por acusações criminais.

A líder da oposição da Bielorrússia, que pediu asilo na Lituânia, poderá ser presa e extraditada para o seu país caso resolva viajar até à Rússia.

Entrevistada por Isabelle Kumar, para o programa Global Conversation, da euronews, Tikhanovskaya reagiu à medida de Moscovo.

"A questão não está na Rússia. A questão está na Bielorrússia, estamos a falar da Bielorrússia e temos prestado atenção à Bielorrússia, não à Rússia. Temos a responsabilidade de resolver esta crise política dentro da Bielorrússia. É uma pena que alguns países, alguns líderes não apoiem estas pessoas na luta pelos seus direitos pelo direito decidirem o futuro da Bielorrússia. Temos de lidar com isto, mas não temos de prestar muita atenção a todos esses fatores".

Com o marido, Serguei, preso desde maio, após ter avançado com a sua candidatura presidencial contra Alexander Lukashenko, Svetlana tenta gerir a vida familiar.

"Para a minha filha mais nova, ela tem cinco anos e não compreende que o pai esteja na prisão, a situação é pior, porque ela sente muito a falta do pai. Todas as noites ela pergunta quando é que o pai volta para casa. Tenho de explicar isso. Digo que está numa viagem de negócios e que regressará muito em breve. Já o meu filho mais velho compreende como o pai está, mas não me faz muitas perguntas porque é suficientemente adulto para compreender que é doloroso. Por isso, de alguma forma, vamos lidando com isso".

OE: cuidado com promessas assinadas em papel molhado

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 09/10/2020)

Daniel Oliveira

Para o BE, é incomportável estar associado a mais dinheiro para o poço sem fundo do Novo Banco. Se os bancos não aumentam a sua contribuição e o NB continua a receber dinheiro do Fundo de Resolução, será o contribuinte a pagar. Não basta o Orçamento não falar do Novo Banco, é preciso um compromisso que não faça da omissão um truque. É preciso amarrar o Governo a uma escolha - à esquerda ou de bloco central - que ponha fim ao pântano em que estamos, com a ausência de uma maioria política clara e um governo que surfa em alianças circunstanciais. A chantagem só é estratégia de aliança quando se quer ter um governo a prazo.


O leilão do Orçamento do Estado do ano passado teve um preço. António Costa, que sendo muito hábil sofre do pecado da soberba, garantiu a aprovação inicial. Depois, para não ter de ceder em nada de substancial, fez um leilão com todos na especialidade, tornando aquele documento numa coisa só sua. O PCP, que não podia salvar o Governo sozinho, pôs-se de fora na votação final. Mas o BE, com medo de uma crise política, acabou por viabilizar sem ter conseguido alguma coisa. Foi um erro que lhe retirou poder negocial para este ano. Um erro que as últimas notícias dão a entender que não quer repetir. Veremos até onde aguenta a pressão.

Perante este historial e o risco de novos episódios como a crise dos professores, é natural que o BE não viabilize o OE sem um documento escrito de compromisso para 2021. E parece-me evidente que terá de votar contra um Orçamento em que nem isso Costa esteja disposto a dar. Nenhum partido pode ficar refém de chantagem e dramatização durante quatro anos. Ficar nessa situação corresponderia a um desrespeito pelos seus eleitores. Se eles quisessem o PS com maioria absoluta sem ter de ceder a ninguém teriam votado no PS. É claro que, se for verdade que o PCP garante uma abstenção inicial, parte da pressão é aliviada. Isso não diz nada do voto final – mudou-o no Orçamento de 2020 – e não chega. Falta o PAN, que geralmente sai barato.

Com o Bloco de Esquerda, a dias de se conhecer a proposta de OE, pouco ou nada avançou. A moratória à caducidade das convenções coletivas é o mínimo dos mínimos e estou convencido que o Governo avançaria com ela mesmo sem acordo. Vieira da Silva chegou a impor uma. Costa pretende fazer este ano o que fez no ano passado: pega em medidas que já tem planeado e atribui a sua autoria a outro, dando-lhe um prémio de propaganda. O prémio mais forte, este ano, até seria a nova prestação social de emergência. Também já estava decidida e até anunciada. Isto não é negociar, é conter os danos no aliado circunstancial.

Não está em causa apenas o Orçamento do Estado. Os custos políticos de ficar amarrado ao Governo num momento de incerteza exigem mais. Por isso, também está em cima da mesa o aumento do salário mínimo nacional – é absurdo andar a apoiar empresas para permitir que a recuperação se volte a fazer com base em salários baixos – e algumas mudanças na lei laboral, como o recuo no período experimental que só serviu para aumentar a precariedade. E há o aumento da indemnização por despedimento.

O mais complicado e mais relevante é mesmo o Novo Banco. Mais relevante porque, para o Bloco de Esquerda, é politicamente incomportável estar associado a mais um cêntimo que seja atirado para aquele poço sem fundo. O Governo parece estar disponível a comprometer-se a não transferir mais dinheiro para o Fundo de Resolução. Mas diz que não pode impedir o Fundo de fazer transferências para o Novo Banco. E aqui, meus amigos, é pura matemática: se os bancos não aumentam a sua contribuição e o Novo Banco continua a receber dinheiro, será, agora ou depois, o contribuinte a pagar.

Não basta o Orçamento não falar do Novo Banco, é preciso um compromisso que não faça dessa omissão um truque. O Fundo de Resolução é gerido pelo Estado e no fim, todos sabemos, é o Estado que vai pagar. Não travar a sangria ali é brincar com as palavras. E é cada vez mais evidente que a administração do Novo Banco percebeu a disponibilidade sem fim do Estado e pretende extorquir tudo o que conseguir enquanto esvazia o banco por dentro. O risco é andar a pagar e ficar com uma carcaça que alguém terá de voltar a salvar. Pode um partido com o discurso do BE ter o seu nome associado a isto? Do meu ponto de vista, seria um suicídio.

Ou o PS faz um acordo de bloco central, tendo como argumento a situação extraordinária que vivemos, ou opta por uma governação com opções distintivas. O Orçamento não pode ser igual nas duas circunstâncias. Não é só o BE que precisa de um contrato escrito para viabilizar o OE. É o país. É preciso amarrar o Governo a uma escolha que ponha fim ao pântano em que estamos desde as últimas eleições, com a ausência de uma maioria política clara e um governo que surfa em alianças circunstanciais. Isto impede um rumo claro para um país que se prepara para um período difícil. Ou à esquerda, ou em bloco central. A escolha é de António Costa e terá sempre custos. A chantagem só é estratégia quando se quer ter um governo a prazo.

A mais-valia da crise

Posted: 08 Oct 2020 03:36 AM PDT

«Poucos de nós terão memória de uma crise como a que estamos a viver. Arriscaria dizer: nenhum de nós viveu algo semelhante, porque nenhum país ficou imune. Acreditámos, por isso, que a tragédia que nos bateu à porta, sem aviso prévio, teria força suficiente para mudar o Mundo para melhor. Não foi preciso muito para perceber: tudo ficaria mais ou menos na mesma. Os factos estão aí a comprová-lo.

Numa altura em que tanta gente perdeu o emprego e outros aguardam o dia pela chamada para lhes comunicarem a extinção do seu posto de trabalho, ficamos a saber que os mais ricos do Mundo ficaram ainda mais ricos. Entre abril e junho, quando o planeta estava praticamente parado, e uma grande fatia da população fazia contas para acudir às despesas básicas, a fortuna dos bilionários atingiu um novo recorde. Tudo na mesma, portanto.

No mesmo dia, soubemos que o preço das casas continuou a subir durante a pandemia. Mais. Portugal registou a sétima subida mais alta a nível da União Europeia. Pois é, quem pensava que iríamos refletir e pensar um pouco mais no bem-estar do próximo, enganou-se. A crise, como todas as crises, é uma oportunidade de negócio. As casas continuam a ser vendidas para aumentar os ativos dos que passam ao lado da crise.

E também os que viram na recessão do turismo o fim dos problemas da habitação, porque os alojamentos locais iriam diretamente para o arrendamento tradicional, também esses se enganaram. Algumas terão ido, outras estarão fechadas à espera de melhores dias. E os jovens que viram nesta crise uma oportunidade para sair de casa, porque os mil euros que ganham no seu primeiro emprego seriam suficientes para garantir um empréstimo bancário e comprar uma casa, terão de ver o sonho adiado. Este país não é para jovens, mas sim para os que estão sempre à espera da próxima crise para viver ainda melhor.»

Paula Ferreira