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segunda-feira, 17 de maio de 2021

O nojo

por estatuadesal

(Carlos Matos Gomes, 16/05/2021)

Estive a ver e ouvir, enojado, a explicação da carnificina em Gaza por Paulo Portas na figura de moço de recados de Netanyahu, enquanto carniceiro gordo.

Os palestinianos do gueto de Gaza (os judeus deviam saber o que é um gueto) afinal são terroristas do Hamas. Os sionistas do governo de Netanyahu deviam ter respeito pelos judeus que resistiram aos nazis nos guetos de Praga e de Varsóvia, eles foram o que o Hamas é hoje.

Mas vergonha não é material que faça parte do caráter dos atuais nazis. Depois, no seu papel de puxa-saco (a feliz expressão dos brasileiros para estes seres sem coluna dorsal), Portas apresenta o Hamas como equipado com o arsenal do Irão, da Síria, do Iraque... uma ameaça de que os israelitas têm de se defender, arrasando Gaza e as populações civis, que Portas, o piedoso, o vidente que viu armas de destruição total no Iraque, mostradas pelo amigo Rumsfeld, jamais refere.

Uma figura perdida de figurante ouve e abana a cabeça... A Mossad e os nazis do governo de Israel têm em Portas um tipo para todo o serviço...

Acredito que lhe vão pagar a próxima candidatura à Presidência da República ou arranjar um penacho numa das suas filiais... 

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Mais uma vez à espera das explicações de Eduardo Cabrita

Posted: 12 May 2021 03:48 AM PDT



 

«Desde as 13h desta terça-feira que se começaram a juntar adeptos do Sporting junto ao Estádio José de Alvalade. Foi vendido álcool de forma indiscriminada e consumido na via pública, o que está proibido. Foram até montados camiões com ecrãs gigantes junto ao estádio do Sporting para que os adeptos ali se deslocassem, para assistir ao jogo e apoiar a equipa. Uma das claques do Sporting até anunciou numa televisão que estavam a ser assados porcos para venda ao público.

O que significa isto? Que os adeptos estavam a ser chamados para se deslocarem a Alvalade para apoiar equipa, assistir ao jogo nas ruas e festejar o título, se fosse caso disso.

E os adeptos foram e com o passar das horas iam sendo cada vez mais. Quando a partida começou, às 20h30, eram já milhares os que por ali festejavam. Sem distanciamento de segurança anticovid, sem máscara e consumindo álcool nas ruas como se não houvesse amanhã.

A meio da tarde a PSP dava uma conferência de imprensa a pedir que os adeptos do Sporting não saíssem às ruas, que respeitassem as normas anticovid e lembrando que era proibido consumir álcool na via pública. Ainda assim anunciava que a equipa, caso fosse campeã, iria fazer uma passeata pela cidade de Lisboa.

Nesta altura, já todas as regras eram violadas em Alvalade. O que fez a PSP? Nada. Deixou a festa engrossar em Alvalade. Quando começou, os arredores do estádio do SCP estavam cercados por milhares de adeptos. Até porque, se a PSP nada fazia para o impedir, era porque era permitido. E festa é festa, especialmente para uma equipa que não ganha um título há cerca de 19 anos - é natural que a festa seja gorda.

Ao intervalo do jogo, com o Sporting a ganhar por 1-0 e em posição de campeão, a PSP resolveu acabar com a festa. Interveio, tentou expulsar os adeptos do local, recebeu como resposta pedradas e revolta e uma confusão de todo tamanho, da qual resultaram vários feridos.

Claro que os sportinguistas continuaram a festejar os títulos nas ruas sem cumprir as normas de segurança e que a PSP teve de meter, como dizem os portugueses, a viola no saco, mesmo com as regras de segurança aticovid a serem violadas.

Face a tudo isto, alguém vai ter de dar explicações para o que de anormal e grave se passou ao longo do dia. E, mais uma vez, essas explicações têm de ser dadas pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.»

Luciano Alvarez 

Uma cambada de oportunistas!

 

por estatuadesal

(Amadeu Homem, in Facebook, 09/05/2021)

Amadeu Homem

Um pobre coitado que não tenha capacidades intelectuais, ouvindo os oráculos de serviço a quem pagam para o básico exercício de desinformação política, imaginará que foi o Costa e o seu governo o primeiro e único responsável pela desumanização com que são tratados os imigrantes, tanto no caso de Odemira, como em centenas de outros casos, se se fizer uma investigação escrupulosa.

A verdade é que o fenómeno da imigração ilegal, ou semilegal, ou consentida, ou mesmo devidamente legalizada., com o imenso cortejo de omissões de apoio, ao nível dos direitos humanos mais elementares, este fenómeno dura há décadas. Rolaram governos sobre governos, primeiros-ministros sobre primeiros-ministros, presidentes da República sobre Presidentes da República - e tudo permaneceu na mesma: na mesma, ao nível das condições de remuneração, de habitação, de saúde, de transportes, de tudo.

Agora, por falta de tema e de imaginação, chegaram à praça pública umas carpideiras que estiveram mudas e quedas ao longo de todo este tempo, e apontaram o dedo - que é a única coisa que sabem fazer, pois já se esqueceram de com ele coçarem a esfera anal. E disseram : - A culpa é do Cabrita! Não, a culpa é do Cabrita e do Costa! Não, a culpa é do Cabrita, do Costa e do governo todo; não, a culpa também é de todos estes e do Marcêlho!

Isto é muito singular, porque este País vive beatificamente na modorra, com toda a gente a consentir e a corroborar tudo, enquanto não lhes dá a coceira ou a erisipela do verme político, forma de tesão de mijo, como o dos gajos que já têm a próstata hipertrofiada. Quiseram lá bem saber o Chega, e o CDS defunto, e o PSD convertido em Riacho, e o Bloco do Rosas dos suspensórios, e até o PCP do Jerónimo dos amanhãs vermelhos que os imigrantes dormissem uns sobre os outros ao Deus dará; que os explorassem até ao tutano; que os filhos deles não fossem à escola; que "arreassem o calhau" nas traseiras da rua, talvez por detrás dum tapume. Ponham lá também o próprio PS, que se silenciou tanto como todos estes.

Mas eis que se destapa a caixa de Pandora em Odemira. Podia ser na Beira Alta, em Trás-os-Montes, no Ribatejo ou em Cacilhas. Foi, por acaso, em Odemira. Convenhamos que foi um assunto gerido por um ministro que talvez tenha nascido para apanhar gambuzinos ou borboletas, para gerir parques de estacionamento ou restaurantes de "fast-food" , mas que não é Peter, mas o próprio princípio de Peter, em forma de Conselheiro Acácio ... Esta caricatura de ministro já devia ter caído há muito. Se o Costa tivesse alguma sensatez temática, talvez lhe oferecesse uma sinecura qualquer, onde o fulano pudesse limpar as unhas com um canivete ou se ocupasse a jogar a batalha naval com o porteiro. Mas não! Fez dele ministro - e o resultado vê-se: cada cavadela, seu imigrante, digo, sua minhoca!

Estes gritos de histeria duvidosa que agora se fazem ouvir acerca dos "sagrados direitos da Pessoa Humana" são um dos maiores monumentos à Hipocrisia que alguma vez me foi dado ouvir e contemplar. Nem comento Odemira, pela razão simples de poder comentar Odivelas, ou Paio Pires, ou Linda-a-Pastora, ou Barrancos ou Venda das Raparigas (das não imigrantes e com as vacinas todas tomadas!). O que me dá uma imensa vontade de rir é o Chicão pernóstico, mais a Catarina-que-se-estrafega, mais os homens de mão da Ribeira da Asneira, todos à uma, a chorarem baba e ranho por uma novidade - a das condições deploráveis da mão-de-obra imigrante, em condições muito próximas do esclavagismo, a apresentarem todos a questão como uma novidade completa, como um caso acabadinho de aparecer.

Mas o que é que estes palhaços andaram a observar, ou a refletir, ou a "politicar", durante este tempo todo? A Verdade de Moisés desceu da Montanha, com as Tábuas da Lei às costas, onde alegadamente se encontrava escrita a Verdade toda. Estes pobres manipansos, durante decénios a fio, estiveram todos a adorar o bezerro de ouro. E o que é mais grave é que nem deram conta de que não tinham religião ou convicção séria. Eram o que foram, o que são e o que sempre irão ser: uma cambada de oportunistas!

T[omámos] C[onhecimento]

Posted: 11 May 2021 03:54 AM PDT

 


«Eu tinha prometido a mim mesmo não voltar a falar na covid-19 por uns tempos. Mas a posição da Europa "oficial" diante da maka da suspensão das patentes das vacinas contra o novo coronavírus não me permite esquecer esse assunto facilmente. Se alguém ainda tem esperanças de que a humanidade sairia melhor da atual pandemia, é melhor desenganar-se de uma vez por todas.

Faltam-me adjetivos para qualificar a posição dos líderes europeus que se recusam a apoiar a pretensão dos países pobres (por uma vez, esqueçamos os eufemismos) de levantamento temporário das patentes das vacinas anticovid, para permitir a sua produção e a sua distribuição a custos menores pelas regiões que continuam escandalosamente discriminadas no atual processo de vacinação global, em especial a África.

Como se sabe, tal pretensão, manifestada por centenas de países, é apoiada pelo presidente da maior potência mundial, Joe Biden, e pelo Papa Francisco, duas lideranças que não são, digamos assim, negligenciáveis. Mas os mesmos líderes europeus que, servis - e apenas para dar esse exemplo -, apoiaram a invasão do Iraque decidida pelos EUA com base numa comprovada mentira, agora rebelam-se "corajosamente" contra a correta posição norte-americana de subscrever a proposta de levantamento das patentes em questão.

A posição europeia é apoiada por todos os seus líderes, da direita à esquerda (os leitores decidirão se usarão aspas ou não). Ou seja, o grande "centrão" europeu está unido contra a suspensão das patentes.

Os seus argumentos são de uma clareza assustadora, não escondendo ao que vêm: defender os interesses estratégicos das grandes farmacêuticas - um dos pilares do sistema neoliberal, ao lado dos conglomerados financeiros e das big tech - e manter as nações pobres numa posição de dependência.

Comentarei aqui, brevemente, apenas dois deles.

O primeiro é que apenas a iniciativa privada é capaz de fomentar a inovação. Falácia. A história das invenções e do desenvolvimento tecnológico está cheia de descobertas e inovações realizadas pelos próprios estados ("inspiradas", por exemplo, em razões militares), sem esquecer que grande parte da pesquisa privada é financiada pelos governos. Por falar nas vacinas anticovid, lembro que apenas 3% (leram bem: 3%) da pesquisa da AstraZeneca foi feita com fundos privados.

O segundo argumento é patético: a suspensão das patentes não resolve o problema da produção e da distribuição de vacinas. Como assim? O que os países pobres reclamam é precisamente ter acesso livre às patentes para poderem produzir as vacinas de maneira massiva e distribuí-las a um preço mais reduzido. No caso de Angola, por exemplo, seria muito mais barato adquirir vacinas produzidas na África do Sul do que na Índia, na China, na Alemanha ou nos Estados Unidos.

O continente africano conseguiu vacinar até agora apenas 2% da sua população. O que dizer, portanto, quando o presidente francês, Emmanuel Macron, jura, com o ar mais seráfico possível, que a suspensão das patentes não resolve esse problema e que os africanos poderão (talvez fosse mais honesto dizer "terão de") continuar a contar com a "Europa solidária", seja lá o que isso for?

Quanto à declaração da presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, de que tem problemas "mais importantes" com que se preocupar do que o tema das patentes, a mesma fala por si. É caso para dizer: T. C. (tomámos conhecimento).»

Os flirts de Costa

Posted: 10 May 2021 03:43 AM PDT

 


«Rui Rio queixou-se do tom rasteiro da entrevista de António Costa à TSF e ao DN. Parece-me que “rasteiro” é demasiado forte e, verdade seja dita, Costa não disse nada que fosse mentira. O namoro do PSD com a extrema-direita e o convite a Suzana Garcia, vindos de quem queria recolocar o PSD ao centro, e as contradições de quem se batia contra “julgamentos de tabacaria” e agora cavalga todos os que lhe possam render votos, exibem um desnorte por parte de quem nos prometia banhos de ética. Mas se António Costa desejasse acordos de regime e saídas políticas deixaria esta análise para quem a faz de fora. Não pode passar o tempo a dinamitar pontes e depois queixar-se de que ninguém atravessa o rio para o ajudar em tempo de crise. Sobretudo quando não lhe tem faltado compreensão e ajuda por parte da oposição.

Na entrevista que Rui Rio deu à RTP, que até lhe poderia ter corrido bem porque soube falar com clareza do combate ao corporativismo na Justiça, do que aconteceu em Odemira ou da instrumentalização da Justiça no caso da escolha do provedor europeu, acabou por confirmar o desnorte em que vive. Quer pelas respostas para lá de criativas que deu para justificar a escolha de alguns candidatos autárquicos, quer pela justificação da ida à Convenção do Movimento Europa e Liberdade porque lá está Sérgio Sousa Pinto, quer pela infelicíssima referência ao julgamento da Casa Pia, um caso que deveria tratar com pinças por revelar quase tudo aquilo de que se queixa na Justiça. Tinha tudo para dar uma boa resposta ao primeiro-ministro, estragou tudo com a incapacidade de determinar a sua própria narrativa, perdendo-se nos costumeiros comentários laterais.

Mas voltemos à entrevista de António Costa. Se Rio mereceu muitos mimos, o saco de boxe em que se tinha transformado o Bloco de Esquerda teve direito a novo namoro. Vão longe os tempos em que Costa dizia que o BE era “pouco confiável” e um partido “oportunista que parasita a miséria alheia”. Mas vão perto os tempos em que lhe chamou “partido mass-media” e ainda mais perto quando mandou dirigentes do PS mais fiéis fazer-lhe ataques violentíssimos por não viabilizar o último Orçamento. Esta relação ciclotímica do primeiro-ministro com aqueles com quem deseja negociar dificulta qualquer relação de confiança.

Há, neste novo namoro ao Bloco, em que Costa até fala de novo casamento depois do divórcio, duas possibilidades: a mais e a menos cínica. Com Costa tendo a inclinar-me para a mais cínica. Estou convencido que, a haver uma crise política, António Costa prefere que ela aconteça no próximo orçamento, antes de a crise social e económica rebentar em todo o seu esplendor e ainda colada à popularidade de que gozam os governos que geriram decentemente a crise pandémica. E, já agora, colada a uma previsível vitória autárquica.

Posso estar a ser injusto, mas é possível que Costa queira atirar a bola para o Bloco de Esquerda para o responsabilizar por uma crise futura, sem qualquer intenção de abrir um processo negocial sério para o próximo Orçamento de Estado. Para que o BE seja responsabilizado é necessário que seja visto como parceiro, como era antes da votação do OE de 2021 e como é hoje o PCP. Para agarrar os partidos à sua esquerda à responsabilidade de uma crise política o PS precisa de ressuscitar a defunta “geringonça”, que manteve artificialmente viva nos primeiros anos deste segundo mandato sem que nela realmente acreditasse.

Há, no entanto, a possibilidade de António Costa ter deixado de ser um jogador e estar genuinamente interessado em garantir a solução de estabilidade que recusou logo depois das últimas eleições legislativas. Essa possibilidade não depende da proposta de Orçamento de Estado que apresentar para 2022. Depende da execução orçamental do OE de 2021. É importante recordar que a execução do Orçamento de 2020, aprovado antes da pandemia, ficou bem abaixo do esperado – já nem falo do retificativo. Nem a pandemia fez o Governo executar o que tinha negociado antes de saber que ela viria. Isso foi relevante na negociação do OE de 2021: os partidos à esquerda do PS sabiam que estavam a negociar uma fantasia. Que, aprovassem o que aprovassem, João Leão faria o que quisesse. Se assim continuar a ser, e não temos nenhum sinal de que tenha mudado, não vejo que relação de confiança pode existir para que PCP e BE aceitem um acordo que sabem não ter valor real. E pagarem eleitoralmente por uma austeridade orçamental que não aprovaram.

Costa tem de fazer uma escolha. Se não quer que a extrema-direita cresça tem de permitir que os partidos à esquerda tenham vitórias para apresentar aos seus eleitores, deixando para o PSD o papel de fazer oposição. Se continuar a tentar secar tudo à sua volta, empurrado Rio para a extrema-direita, Catarina para o espaço e Jerónimo para o seu regaço, sabemos o que sobrará. Por isso, desta vez não chega o entusiasmo inicial da geringonça. Costa tem de perceber que a soma com os partidos à sua esquerda tem de ser boa para todos, permitindo que os eleitores compreendam a utilidade de votar em parceiros do PS. Ela não serve para lhes conquistar votos. Caso contrário, até se pode evitar uma crise política, mas aprofunda-se uma crise de regime. Sem um BE e um PCP fortes, à esquerda, e um PSD forte, na oposição, teremos a extrema-direita como única alternativa a um PS instalado no centrão. Foi o sonho de Macron e o pesadelo está quase a chegar a Paris.»