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sábado, 14 de abril de 2018

Chuva Dourada sobre Damasco

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Born 1946; retired military, historian

Apr 14

A noite de 14 de Abril ficará para a História como mais uma noite de fogo-de-artifício sobre a Síria. Os 3 Chefes de Estado ou de Governo que estiveram envolvidos nesse ato são, antes de tudo, fogueteiros. Esses três dirigentes são seres estranhos, anormais. Não mais anormais que outros ao longo da história, mas igualmente anormais. São os anormais que saíram à rua ontem.

Estamos perante uma ação sem causa nem efeito. Só loucos procedem assim. Nero era louco, mas pegou fogo a Roma. A cidade ardeu e alterou-se. Estes três anormais, Trump, May e Macron, são loucos, mas a sua ação não teve nem tem qualquer efeito. Serão onanistas?

Consta que Trump gosta de bacanais com um número de chuva dourada — para os menos informados, trata-se de uma fantasia sexual em que uma ou mais mulheres (3 no caso presente)urinam sobre o homem e este obtém assim um orgasmo. Acontece que, mesmo vista através dos olhos viciosos da comunicação social, do tipo espreita, o foguetório sobre a Síria não chega a ser a chuva dourada de que Trump gosta. Deve satisfazer outras fantasias sádico/eróticas dele ou dos seus dois parceiros. Estamos no mundo da pornografia. Não no da política nem da estratégia.

Voltemos ao básico, para não nos envolvermos em jogos de bordel.

Porque foi o trio lançar fogo de artifício sobre a Síria? Não faltam locais de prazeres mais ou menos húmidos nos seus países.

É que, quanto ao prazer de queimar pó e gazes, não existem provas de a Síria ter utilizado armas químicas. Não existem provas de a Síria dispor de instalações para produção nem armazenamento.

Logo, não existe qualquer causa para a chuva dourada.

O que existe desde 1997 é a «Organisation for the Prohibition of Chemical Weapons» (OPWC), uma organização independente, autónoma, com sede em Haia, que atua no âmbito das Nações Unidas para impor e verificar a Convenção para as Armas Químicas (Chemical Weapons Convention (CWC). Atualmente a OPCW conta com 192 Estados Membros, entre eles os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a Siria e a Rússia os quais, segundo a convenção que assinaram, ”trabalham (?) em conjunto para libertar o mundo de armas químicas.”

Os 3 Estados Membros do ataque, sendo membros da OPWC, não propuseram nenhuma investigação sobre a existência e o emprego de armas químicas pela Síria, outro estado membro da OPWC. Porquê?

Assim, os despejos pirotécnicos dos 3 Estados à margem da OPWC, suscitam as maiores dúvidas sobre a boa fé dos seus dirigentes.

Parece óbvio existir uma fortíssima questão de falta de credibilidade dos elementos do trio. Mas de aldrabões aos comandos de nações está a história cheia. Em princípio trata-se de mais 3 aldrabões. Mas não apenas.

Neste caso, além de 3 aldrabões, trata-se de três anormais em simultâneo. O que já não é vulgar. Anormais porque a sua atuação é inconsequente. Bush, no caso do Iraque, aldrabou mais de meio mundo com as “armas de destruição massiva”, mas arrasou o Iraque, derrubou o presidente, o governo, destruiu as forças armadas, provocou milhares de mortos, proporcionou um enforcamento ao vivo! Os resultados ainda estão e estarão à vista por muito tempo. Ora estes três anormais lançam fogo de longe e deixam a situação no terreno na mesma! O mesmo presidente, o mesmo governo, os mesmos aliados!

Sobre a desfaçatez dos três tristes aldrabões lançadores do fogo de artifício de 14 de abril estes são os links que apresentam a OPWC, que eles se recusaram a utilizar para encontrar uma causa credível para a chuva dourada. Não custava nada terem ligado para lá.

As autoridades portuguesas declararam entender o espetáculo da chuva dourada… e não foram nem o Vilhena, nem o Luíz Pacheco que disseram…

https://www.opcw.org/about-opcw/

https://www.opcw.org/news/article/opcw-director-general-on-allegations-of-chemical-weapons-use-in-douma-syria/

Beber água às refeições – sim ou não?

09/03/2017 - 14:51 POR IMAG

Beber água às refeições – sim ou não?

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Certamente já ouviu dizer que beber água às refeições faz mal, engorda, faz dilatar o estômago ou aumentar o volume abdominal, mas será isso verdade ou apenas um mito?

Começamos por um ponto básico: a água não contém quaisquer calorias, logo não será possível ganhar massa gorda, ou seja, engordar, devido ao seu consumo.

A ingestão moderada de água à refeição é benéfica pois humedece o bolo alimentar, ajuda na digestão e absorção dos nutrientes, a combater obstipação e a sensação de inchaço abdominal. Para além disso, pode ajudá-lo a manter um peso equilibrado pois promove a sensação de saciedade mais rapidamente.

Então por que razão surgiu o mito de que beber água à refeição é prejudicial?

Existem algumas razões que podem estar na origem deste mito. Um consumo exagerado de água às refeições pode despoletar uma sensação de desconforto abdominal e inchado durante algum tempo. No entanto, trata-se de inchado, não de ganho de massa gorda.

Outro argumento muitas vezes apresentado consiste em que beber água às refeições pode dificultar a digestão. Apesar de existir algum fundo de verdade, isso só ocorre quando são ingeridas grandes quantidades de água ou quando esta está a uma temperatura baixa. Assim sendo, beber um copo de água, à temperatura ambiente, não tem qualquer efeito negativo para a digestão, nem estimula o aumento de massa gorda.

É importante referir que o mesmo não se aplica ao consumo de outro tipo de bebidas como sumos, néctares, refrigerantes, nem mesmo “águas com sabores” ou tisanas. Estas bebidas apesar de incluírem água na sua composição podem conter também grandes quantidades de açúcar, e por consequência, um elevado valor energético, que irá reforçar a ingestão calórica da refeição, contribuindo para um possível aumento de peso.

Assim, o segredo está em consumir água às refeições mas em quantidades moderadas e à temperatura ambiente, e fazer o consumo maioritária de água ao longo do dia, entre refeições, para que esta seja rapidamente absorvida e cumpra com facilidade a sua função de hidratação.

Como se faz uma TAC e quais os cuidados a ter?

10/03/2017 - 16:50 POR IMAG

Como se faz uma TAC e quais os cuidados a ter?

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DESCRIÇÃO

A Tomografia Computorizada, também chamada de TAC, é um exame que consiste na emissão de raios-x através de vários ângulos em torno do corpo do utente. Desta forma, obtém-se informação necessária para formar imagens em vários planos e em três dimensões.

Com a tecnologia de sistemas de multi-detetores, o exame é rápido, eficaz e muito detalhado.

A TAC é muito abrangente, sendo indicada para o estudo de todas as partes do corpo, nomeadamente órgãos abdominais e pélvicos, pescoço e face, pulmões, sistema nervoso central (cérebro e coluna), membros e articulações.

BENEFÍCIOS

A TAC é um exame que se realiza rapidamente, não envolve dor nem esforço físico. Através deste exame podem descobrir-se causas e sintomas que possibilitam um tratamento mais rápido e eficaz, sendo que por vezes, anulam inclusivamente a necessidade de avançar outras formas de diagnóstico, mais agressivas e dolorosas para o utente.

PROCEDIMENTO

Durante o exame, o utente vai deitar-se numa mesa que desliza para um túnel estreito, aberto de ambos os lados.

O contraste endovenoso é um produto que contem iodo e que se destina ao realce de vasos sanguíneos, e à avaliação de funcionamento dos órgãos a examinar.

A decisão sobre a injeção deste produto é da responsabilidade do médico radiologista, após consentimento informado do utente. A injeção de contraste pode provocar calor no corpo e um sabor “amargo” na boca.

PECAUÇÕES:

Como preparação para o exame de TAC, apenas se recomenda jejum de 4 horas para estudos em que haja probabilidade de injeção de contraste endovenoso.

Para exames abdominais e pélvicos, é necessário ainda que se apresente na unidade 1 hora antes do exame para ingestão de um produto de contraste que se destina a realçar o tubo digestivo.

Mulheres que sabem ou suspeitam que estão grávidas devem sempre informar os profissionais de saúde antes de realizar o exame.

Entre as brumas da memória


Dica (744)

Posted: 14 Apr 2018 01:14 PM PDT

The idea that everyone should have a job is so common we forget to question it (Andrew Taggart)

«Martin Luther King Jr. once said that “We must create full employment or we must create [basic, guaranteed] incomes.” More than 40 years later, we talk a lot about the last half of that statement: Technology entrepreneurs like Y Combinator’s Sam Altman and Facebook co-founder Chris Hughes have campaigned for universal basic income (UBI)—the idea that everyone should receive a regular, unconditional, government-issued stipend that would be sufficient to cover one’s material needs—to the point at which it’s become a trendy topic.»

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Milos Forman morreu e deixa-nos a voar sobre um ninho de cucos

Posted: 14 Apr 2018 09:40 AM PDT

Miloš Forman, o cineasta nascido checo, mais tarde também norte-americano, morreu hoje com 86 anos. Teve  uma infância complicada: o pai, judeu, preso pela Gestapo quando Milos tinha apenas 8 anos, foi levado para Buchenwald onde veio a morrer em 1944, um ano depois de a mãe ter tido a mesma sorte em Auschwitz. Durante a invasão da Checoslováquia, em 1968, partiu para os Estados Unidos e em 1977 adquiriu a sua segunda nacionalidade.

Pretexto para recordar três filmes «monstruosos»: Amadeus, Voando sobre um ninho de cucos e o primeiro dos que vi – sem nunca mais perder o rasto do autor: O baile dos bombeiros.

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Síria

Posted: 14 Apr 2018 05:57 AM PDT

Nas redes sociais, uma elevada percentagem dos meus amigos parece não ter dúvidas, e raramente se enganar, sobre quem são os bons e os maus nesta tragédia, ontem à noite agravada. Gente feliz, não sei se com ou sem lágrimas. Não é o meu caso e vou-me informando em silêncio. Mas tenho, pelo menos, um bom prémio de consolação: nunca votei no PS, nem em Marcelo.

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Perguntas que não levam a parte nenhuma por causa das respostas

Posted: 14 Apr 2018 03:23 AM PDT

José Pacheco Pereira no Público de hoje:

Centeno quer matar a “geringonça”? Quer.

«Podia dizer-se de Centeno que está sentado em duas cadeiras ao mesmo tempo, mas não está. Quem está sentado em duas cadeiras, uma ao lado da outra, dividindo a sua anatomia pelas duas é António Costa e o PS. Parece que o espaço duplo é reconfortante, mas a prazo ver-se-á que não é. Centeno já está noutra, os resultados portugueses que vier a obter dentro da ortodoxia do Eurogrupo destinam-se essencialmente a reforçá-lo nas suas novas funções. Por isso está a ser excessivo com o défice, mesmo com o risco de ajudar a derrubar o Governo, e isso está a trazer-lhe vários apoios e não são dos socialistas.

A verdade é que alguns dos compromissos do acordo entre PS-BE-PCP não estão a ser cumpridos. Há alguns socialistas mais ingénuos e outros de má-fé que pensam que se o Governo cair o caminho para uma maioria absoluta está garantido. Não está e uma queda do Governo, mesmo por aquilo que alguns podem considerar benéfico com a nova ideologia do défice, é sempre má para o PS ir para eleições, e ainda pior, se depois delas ficar com maioria simples. Não se iludam que o caminho com o PSD é muito mais complicado do que se pode imaginar nestes dias, apesar de tudo, de calmaria antes da tempestade.

A “geringonça” quer matar Centeno? Quer.

PCP e BE, se tivessem a campainha do mandarim, há muito a tinham tocado para pôr Centeno definitivamente em Bruxelas.

Quer o Presidente ver o Governo cair? Já estive mais certo de que não queria...

... e não lhe vão faltar pretextos. É que ele já está a definir casos que servem de pretextos, condições, para preparar o terreno. Não estou inteiramente certo, presumo que nem o Presidente, mas a tentação começa a ser muito visível. E ele é um homem de tentações.

Um dia o turismo diminui ou acaba. O que é que vai sobrar nas cidades de Lisboa e Porto? Imensos estragos.

Eu percebo que enquanto dura se aproveite a benesse. O boom do turismo é positivo em muitos aspectos para as duas cidades em que ele tem tido imenso impacto, Lisboa e Porto. Tem havido alguma remodelação urbana em centros que estavam degradados, e há alguma vida de dia e de noite em cidades que pareciam adormecidas.

Mas se há casos em que a palavra conjuntura é bem aplicada é para o actual boom turístico. Tudo ajudou, a insegurança de muitos destinos, as qualidades do clima português, a facilidade de adaptação de muita gente que rapidamente criou empresas turísticas para responder à pressão, o efeito de “estar na moda” alimentado por operadores e por jornalistas de viagens, os preços baratos, mesmo quando subiram muito, a facilidade de acesso ao país, tudo mesmo. Só que “não há bem que sempre dure”.

Lembram-se do boom das lojas que compravam ouro? Convém lembrar.

Se passarmos os olhos sem qualquer ilusão e auto-engano, nem complacência escapistas, sobre o que realmente está a “mudar”, em particular nas cidades, deveríamos assustar-nos. Estão-se fazer hotéis, hostels, restaurantes a mais e tudo isso vai ficar um dia, que pode não ser muito longínquo, vazio, falido, a estragar-se. Faz-me lembrar um outro boom dos anos da crise, quando abriam lojas de compra de ouro por tudo quanto é esquina. Vejam lá as que sobram.

E pelo caminho, por muito brilhantes que sejam as suas fachadas — e, se virem bem, poucas o são, e percebe-se que para andar depressa os projectos arquitectónicos, as obras de remodelação, os interiores são pouco cuidados e muito estereotipados, feitos para um turismo barato e pouco exigente —, estão a criar problemas na cidade a montante e a jusante que muitas vezes não ligamos directamente ao boom dos hotéis. Por exemplo, o crescente tráfego em ruas pouco preparadas de veículos de serviços e distribuição, que servem a qualquer hora lavandarias, bares, restaurantes, reparações, que a pressão hoteleira fez aumentar consideravelmente. Já para não falar dos tuk-tuk.

E não só, olhem para muitas lojas em pleno centro que substituíram o comércio mais antigo, acabando no centro das cidades, por exemplo, com livrarias, alfarrabistas, e outras indústrias “culturais”, para venderem literalmente pechisbeque e bugigangas para turistas que compram souvenirs, que não são eles mesmos muito qualificados. Alguém tem alguma dúvida que nada daquilo tem qualquer capacidade para sobreviver, nem sequer agora, quanto mais depois. Subam, por exemplo, a Rua 31 de Janeiro no Porto e olhem para as lojas. Ao lado daquilo prefiro mil vezes as mercearias paquistanesas, que são mais úteis e certamente mais sustentáveis.

As cidades vão ficar muito estragadas e não vai ser fácil recuperar. É verdade que já estavam, mas não é a mesma coisa, porque entretanto muita coisa foi destruída pelo caminho.

O que se passa no Sporting é divertido? É.

Porque não é sério. Não dou um átomo de interesse e relevância às cenas absurdas que se passam num clube desportivo, que são tão ridículas que não podem ser tomadas a sério. O que seria, se as tomássemos a sério? Um homem entre o vociferante e o esquisito preside ao clube. Alguém o pós lá, alguém o mantém, e gente da mesma natureza dos dois “alguéns”, nalguns casos os mesmos, vai acabar por o tirar de lá. Mas quem é que quer saber disso? Os sportinguistas, claro. Não têm mesmo mais nada para fazer?

Os jogadores protestam, são suspensos, são readmitidos. Mas quem é que quer saber disso? Os sportinguistas, claro. Não têm mesmo mais nada para fazer?

Há mais duzentas perguntas destas que se podem fazer. Mas não vale a pena. Mas quem é que quer saber disso? Os sportinguistas, claro. Não têm mesmo mais nada para fazer?»

Não se enganem: as pessoas não estão a ser enganadas

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso, 14/04/2018)

Daniel

Daniel Oliveira

Quando foi o Brexit a explicação veio rápida: era a xenofobia e a imigração. Bastava ouvir os argumentos do “leave” para o concluir. As mentiras que enganaram os eleitores. E eram os velhos, temerosos da mudança e do exterior, contra os jovens, generosos e abertos ao risco. Claro que para acreditar nisto era preciso ignorar que foi onde não há estrangeiros que o “leave” conseguiu os melhores resultados e que foi em Londres que teve os piores. E ignorar que se há coisa que não é nova no Reino Unido é a imigração. Não tão antiga como as mentiras em campanha e como a existência de velhos que temem o futuro e o exterior. Mas, ainda assim, bastante antiga.

Quando Trump venceu eram também os imigrantes. E o terrorismo, claro. Mais o politicamente correto, a que os norte-americanos, cansados, reagiam. E a Fox News, que os intoxicava. Os imigrantes também não são uma novidade nos EUA. São tão pouco que até parece que o país é quase exclusivamente composto pelos seus descendentes. Quanto ao politicamente correto, além de ter dúvidas que afete grandemente os operários e rurais que deram a vitória a Trump, dominava o discurso da esquerda quando Obama ganhou e reganhou. Assim como a Fox News dominava a comunicação social.

Quando Marine Le Pen chegou à segunda volta o discurso já começou a ganhar alguma forma política. Havia ainda o terrorismo e a imigração. Os velhos não, que foram os mais jovens que votaram em Le Pen. A comunicação social também não, que estava toda contra ela. E as mentiras, convenhamos, estão no ADN da Front Nacional e só uma vez a tinham levado tão longe.

Chega-se ao resultado da Liga e do 5 Estrelas, em Itália, e as razões passam a ser outras: a Europa, a relação entre o Norte e o Sul, os refugiados (que já tinham sido o grande argumento na Alemanha) e... o Facebook. Na realidade, este último culpado já tinha aparecido em todas as eleições anteriores. As pessoas votam em partidos de extrema-direita e antissistémicos porque estão zangadas e têm medo. Não é o Facebook que as convence, quanto muito potencia e direciona um sentimento que já existe.

Não é a globalização que lhes dá medo. A globalização da economia já começou há muito tempo. Desde a II Guerra que assistimos a um processo crescente de integração das economias numa rede global. Só que isso aconteceu com comando político. E essa integração foi acompanhada, no ocidente e até aos anos 70, por uma igualdade crescente nos países do primeiro mundo, pela criação de poderosas almofadas sociais, pelo reforço de serviços nacionais de saúde e da escola pública, por sistemas robustos de apoio social, à segurança na velhice e pelo horizonte do pleno emprego. Mas, acima de tudo, havia a certeza, na Europa e nos Estados Unidos, que o futuro seria melhor do que o passado.

Esperança, emprego e segurança. Foram estes os três pilares que permitiram a vitória das democracias ocidentais num contexto de crescente globalização económica. Não são os elementos constitutivos das democracias, são os elementos que garantem uma adesão maioritária à democracia. A partir do momento em que eles foram abalados – com o desespero coletivo de saber que o futuro nos reserva pior do que o presente, com taxas de desemprego impossíveis de acomodar e com uma sensação de precariedade absoluta –, a democracia tremeu.

Nunca estas crises sistémicas são simples, e para ela concorrem sempre muitos fatores. Mas não é preciso fazer um grande esforço de memória histórica para perceber a ascensão da extrema-direita e de partidos antissistémicos.

Podem continuar a procurar em todo o lado, do Facebook ao politicamente correto, da Fox News aos refugiados. Estarão a fugir do essencial. E compreende-se a fuga. Ignorar as causas sociais e económicas é a única forma de não pôr em causa o pensamento dominante. Quando movimentos antissistémicos crescem não é porque as pessoas estão a ser enganadas. É porque há um problema no sistema.

Esta coluna regressa a 30 de abril