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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Mas que intimidade!

por estatuadesal

(Por Estátua de Sal, 22/02/2019)

cavaca_marceloO Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, cumprimenta bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco

Diz a última sondagem conhecida que a popularidade de Marcelo está em queda. Não é de estranhar. Marcelo está perder o sentido da pouca equidistância que ainda tinha, e para ele, a campanha eleitoral também já começou. Cada vez vai descaindo, numa rampa inclinada imparável para o lado direito do espectro político de onde, na realidade, nunca saiu.

Se a oposição é frouxa e não tem discurso credível nem projecto alternativo viável - a não ser as birras infantis da Dra. Assunção -, Marcelo passou a não se coibir de mostrar a face - indo para além das selfies politicamente inodoras -, e passando a ocupar o lugar de líder da oposição.

Assim, todos os temas que no momento são dor de cabeça para o Governo, acabam por ter na sombra o conforto mais ou menos mediático do presidente. Contudo, no que toca ao dossier da Lei de Bases da Saúde - que a ser votada com o apoio da esquerda parlamentar irá causar um rombo de milhões nos interesses privados que se movimentam na área da saúde -, a actuação de Marcelo tem sido descaradamente parcial, ficando claro que os seus amigos não são os pobres que ele beija como Judas beijou Cristo, mas sim os grupos económicos que fazem da saúde um negócio milionário.

Mas o despudor de Marcelo atingiu ontem o zénite quando em público deliberadamente fez questão de dar toda a cobertura à conduta da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros e à sua greve ilegítima e assassina (ver aqui ). Uma vergonha a adicionar ao telefonema que dirigiu ao enfermeiro que decidiu entrar em greve de fome, tentando assim manifestar a sua oposição à requisição civil decretada - e bem -,  pelo governo.

A foto acima devia fazer corar o Presidente da República. Tanto mimo, tanta meiguice, tanto langor no olhar e no sorriso de Ana Rita Cavaco, em público e em frente às câmaras, levam-me a inquirir até que ponto poderá levar o seu desvelo carinhoso se for recebida por Marcelo, a sós em audiência privada.

Marcelo diz que não fala da greve dos enfermeiros antes que o Tribunal se pronuncie sobre a contestação que os dois sindicatos responsáveis pela greve às cirurgias apresentaram. De facto, nem é preciso falar. Uma imagem vale mais que mil palavras. Depois desta imagem não é preciso dizer mais nada, tudo está dito. Marcelo está ao lado de Ana Rita Cavaco no ataque ao SNS, e estará também ao lado dos privados no ataque ao SNS no caso da contenda com a ADSE.

Como Marcelo tanto preza a sua popularidade - que devido a estas atitudes só pode cair ainda mais já que os portugueses estão (segundo sondagens) largamente ao lado do governo na sua disputa com os enfermeiros -, só estando em jogo uma parada alta é que ele terá decidido colar-se sem rebuço a estas manobras contra o SNS.

Sim, a parada é alta. É a saúde de milhares de portugueses, sobretudo dos mais desvalidos e carenciados. Mas para Marcelo, e para os seus amigos da direita, não é a saúde de milhares de cidadãos que conta, mas sim os milhares de euros que temem que deixem de entrar nas suas contas bancárias.

Pedras Parideiras - um fenómeno raro que apenas existe em Portugal e na Russia

Pedras Parideiras é o nome dado a um fenómeno de granitização, único no país e raríssimo no mundo inteiro. Para além de Portugal, apenas há conhecimento da existência deste fenómeno geológico numa zona próxima de São Petersburgo, na Rússia.
Esta “pedra-mãe”, que data de há mais de 280 milhões de anos, é um afloramento granítico onde estão incrustados pequenos nódulos em forma de discos biconvexos e que têm entre 2 e 12cm. Oscilações térmicas ou os efeitos da erosão fazem com que esses nódulos sejam libertados da rocha-mãe e se espalhem à sua volta, deixando marcado nela o seu vazio, em baixo-relevo. Estas pequenas “pedras-paridas” são compostas pelos mesmos elementos mineralógicos do granito, a camada externa é composta por biotite (mineral de aspecto escuro e brilho metálico) e a interna possui um núcleo de quartzo e feldspato potássico.

Nesta região portuguesa, as Pedras Parideiras simbolizam a fertilidade na tradição ancestral. As populações locais crêem que o colocar de uma das pequenas pedras-filhas debaixo da almofada de dormir, pode aumentar a fertilidade.
O fenómeno não está completamente explicado cientificamente e por isso levanta grande curiosidade e até crenças locais. Na Castanheira, a Casa das Pedras Parideiras – Centro de Interpretação, aberta ao público em 2012, faz a contextualização geológica e pedagógica do fenómeno, e organiza visitas ao local.

O Arouca Geopark é um território onde se chega e fica. Onde a descoberta começa com a viagem. Não muito longe de eixos viários como a A1 e a A32 (a oeste), a A4 (a norte), a A24 e a A25 (a sul), a uma hora de carro das cidades de Aveiro e do Porto, a cerca de uma hora e meia das cidades de Coimbra, Viseu e Braga, a praticamente duas horas das cidades da Guarda e de Vila Real, e a três horas de Lisboa, está um destino único, inesquecível, onde vai querer voltar para descobrir novas surpresas.
Depois de deixar as vias principais (autoestradas), as estradas nacionais EN225 e a EN326 são as melhores alternativas para chegar ao Arouca Geopark.
Sentido Norte/Sul
(A1)
Saída: Santa Maria da Feira/São João da Madeira/Vale de Cambra/Arouca
Depois de sair da A1, o tempo estimado de viagem até ao Arouca Geopark é de 40 minutos.
(A32)
Saída: Carregosa/Pindelo/Vale de Cambra/Arouca
Depois de sair da A32, o tempo estimado de viagem até ao Arouca Geopark é de 40 minutos.
Sentido Sul/Norte
(A1)
Saída: Estarreja/Oliveira de Azeméis/Vale de Cambra/Arouca
Depois de sair da A1, o tempo estimado de viagem até ao Arouca Geopark é de 45 minutos.
Sentido Este/Oeste
(A25)
Saída: Porto (A1) – Estarreja/Oliveira de Azeméis/Vale de Cambra/Arouca
Depois de sair da A25, o tempo estimado de viagem até ao Arouca Geopark é de 45 minutos.
(EN225)
Cinfães/Castro Daire/Castelo de Paiva
Dependendo do local de partida, o tempo estimado de viagem até ao Arouca Geopark pode variar entre 30 e 60 minutos.

Genealogia da moral

22/02/2019 by Bruno Santos

Abundam nas redes sociais – nestas redes inclui-se toda a comunicação social, que também é uma rede – referências críticas às últimas remodelações governamentais, designadamente a aspectos relacionados com os laços familiares que unem certos membros do Governo da República.

O próprio senhor Presidente da República fez questão de vir esclarecer a sua posição sobre o assunto, desvalorizando-o e lembrando que, acima de tudo, é o mérito de cada um que determina a atribuição de lugar à mesa do Conselho de Ministros, e não qualquer outro factor alheio a esse mérito, como por vezes parecem insinuar alguns críticos, desconhecedores, certamente, da longa tradição portuguesa em matéria de escrutínio e reconhecimento das qualidades dos seus escolhidos.

Para demonstrar a razão que assiste ao senhor Presidente da República, segue-se uma lista ordenada de portugueses de grande merecimento que, por causa dele e apenas dele, ocuparam cargos de elevada responsabilidade no governo de Portugal. A lista começa em 1604, com João IV e Luísa de Gusmão, terminando em 1999 com Dinis, Duque de Bragança. Pelo meio, toda uma genealogia do mérito.

Dinastia de Bragança. Fonte: Wikipédia.

A exótica Universidade de Coimbra e a laicidade

por estatuadesal

(Por Carlos Esperança, 22/02/2019)

UCOI

A Universidade de Coimbra não é apenas uma fonte de ciência, é a fossa onde desagua a fé, onde a liturgia a coloca como exclave de uma universidade pública e a transforma em confessional, onde o cargo máximo exige missa prévia, com genuflexões, aspersões de hissope e homilia sacra.

O Professor Decano, Professor Doutor Aníbal Traça de Carvalho Almeida, encarregado da cerimónia de posse do novo Reitor, mais preocupado com a salvação da alma do que com a separação da Igreja e do Estado, quiçá ignorante da laicidade a que está obrigada a Universidade pública, quem sabe se ungido pelo Divino, introduziu na cerimónia de posse do novo Reitor uma santa missa. A missa de 1 de março vai merecer o prémio da inovação.

No próximo 1 de março, a missa é a novidade da posse do Magnífico Reitor, Professor Doutor Amílcar Celta Falcão Ramos Ferreira, mas na posse do posterior Reitor será já uma tradição, um uso que se perpetuará para maior glória do cargo e deleite pio. Espera-se que o capelão seja experiente e não dê a comunhão ao novo Reitor e a extrema-unção ao piedoso Professor Decano ou vice-versa.

Não há coisa tão bonita como ver o corpo docente de joelhos e a Universidade pública a desfilar ao som do cantochão, com professores em vestes talares, de borla e de capelo.

Se a moda for contagiante a tomada de posse do presidente do Conselho de Reitores vai abrir com solene Lausperene e Te Deum, seguidos de procissão com o Senhor Exposto, passando sucessivamente de igreja para igreja, por entre aplausos dos profanos.

Nos Politécnicos há de ser também a missa a preceder a posse de diretores. Em escolas integradas a posse exigirá, pelo menos, uma novena e na creche o terço há de preceder a entrada em funções de cada novo diretor.

Os juramentos de fidelidade à Constituição e ao cumprimento das leis da República são obsoletos. O futuro está na Bíblia, na Tora e no Corão, e a Universidade de Coimbra na vanguarda das cerimónias pias.

Do Vale dos Caídos, onde ainda jaz Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama, doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra, só não mandou felicitações pela cerimónia pia porque, felizmente, continua morto.

É oficial: a extrema-direita tem sede de sangue e já não o esconde

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

O editor de um jornal do Alabama, de seu nome Goodloe Sutton, afirmou, em artigo de opinião publicado no seu jornal, que "É tempo de o KKK voltar a atacar de noite", que "Os democratas planeiam aumentar os impostos no Alabama. Esse ideologia socialista-comunista soa bem aos ignorantes, incultos e simplórios" e ainda que "Se pudéssemos fazer com que o Klan subisse lá e limpasse Washington DC, ficaríamos melhor. Vamos tirar as cordas do cânhamo, enrolá-los num tronco alto e enforcá-los a todos".

Este, meus caros, é o pensamento dominante entre os apoiantes de Trump, mas também de Bolsonaro, ou Viktor Orban. É aquilo com que sonham os Marios Machados que as TVIs desta vida humanizam, que, podendo, enforcarão também todos quantos não pensarem como eles. E sim, existem uns quanto alegados democratas, que não só não se incomodam com este tipo de declarações, como estão prontos para negociar com esta gente. Muitos deles estão no CDS-PP, alguns no PSD, e outros ainda, mais oportunistas e com maior sede de poder, saíram de um destes partidos e fundaram o seu próprio estabelecimento de extrema-direita.

Os democratas de todo o mundo, de esquerda e de direita, têm de abrir a pestana e decidir de que lado estão, porque a democracia precisa urgentemente da sua ajuda. Entre um fascista, um apologista da violência e da discriminação, e um democrata, não pode haver a mínima margem de dúvida. Ou, qualquer dia, sem darmos por ela, estaremos de mãos atadas de frente para o cadafalso.