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sábado, 4 de abril de 2020

E se houvesse menos Estado?

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 04/04/2020)

Desde logo não teriamos o SNS que temos! A Saúde e o acesso aos cuidados médicos seriam assim tipo EUA: tem direito (proporcional) quem melhores seguros tem e quem não tem…pois…

Só que há aqui um pequeno pormenor que eu reputo de “pormaior”: Nenhum deles contempla Epidemias ou Pandemias!  Como ficaríamos então?

Do mesmo modo quando nos queriam impôr que as nossas Reformas fossem pagas num sistema variável, uma parte indexada aos nossos descontos para a Segurança Social e outra a Fundos e coisas mais…Como estariam elas agora, seus Liberais de pacotilha?

Nos incêndios: seriam todos os Bombeiros profissionais? Quem lhes pagaria? O Estado? O Estado que dizem que falhou? Mas com eles…Mas, com “menos estado”, quem se aventuraria a atear quinhentos fogos num só dia para depois virem dizer que o “ Estado falhou”?

Agora, por exemplo: as Reformas indexadas a Fundos diversos, nesta época e noutras ocasiões de autêntico “crash” , como ficariam?

E os subsídios de a Desemprego ou Assistência Social, seriam à Americana?

E a Saúde perante esta Pandemia? À “la” Brasileira Bolsonariana?

“Menos Estado” sempre apregoaram apelando ao Estado quando mais necessitaram…é um clássico, grandes e eméritos “ Liberais” de pacotilha…

Mas não me esqueço de 2015 quando Passos apregoava a recuperação económica, esquecendo dramaticamente a situação da Banca, cuja resolução enviou para debaixo do tapete ( Novo Banco, Banif, Montepio, Caixa Geral de Depósitos), numa irresponsabilidade sem nome.

Mas fazendo o que sempre outros fizeram é verdade, deixando sempre a responsabilidade para os vindouros, esses “ filhos da mãe dos vindouros”, como arremessou furiosamente o ZÉ Mário no FMI, defendeu, em pleno debate com António Costa, um corte nas Pensões de 600 milhões nas Reformas…

Deviam corar de vergonha, mas isso é atributo que nunca possuíram esses “Liberais” de pacotilha!

Felizmente que, logo a seguir, veio alguém que tudo enfrentou mas com Estado e absoluto sentido do mesmo, e que a tudo ocorreu e conseguiu equilibrar o que para eles, esses “ Liberais de pacotilha”, remédio não tinha ! Coisa que o “menos estado” nunca faria! Mas endereçaria para os mesmos de sempre o seu ónus: os Contribuintes…Mas baixando salários e pensões, a sua única imaginativa solução!

Mas há que recordar para ser justo e honesto : Mas que faria agora o “ Menos Estado” perante uma situação destas, a desta Pandemia, ainda por cima “democrática” pois não escolhe entre ricos e pobres, famosos e incógnitos, crentes ou não crentes, gordos e magros, magnatas ou refugiados, do sul ou do norte…? Que faria, afinal?

Cobraria milhares de EUROS por um teste como na sua sacrossanta América, onde nem os Seguros isso asseguram? Já sei: mandá-los-iam para o Público, o do “menos Estado” que, perante falta de receitas e dotações, seria depois apelidado de ineficaz…e de falhado! “ Liberais de pacotilha, fariseus de “ Trampa”.

Eu sugiro, finalmente, que os Marques Mendes, os Paulo Portas,  os José Júdice, os Gomes Ferreira e todos os que se apelidam “Liberais” nesta vida, esse enorme saco de gatos onde nenhum assume ser realmente gato e antes se acham onças, formem um governo…assumam responsabilidades…dêem o peito às balas, passem da retórica à prática e façam em definitivo o exame final, aquele do qual, não tenham dúvidas, não sairão com outro título, agora já não de   “Liberais de pacotilha” , mas de “ Liberais da “Trampa”! Nada de mais justo…

Mas esqueçam e ao mesmo tempo recordem:“ Esta vida“, como dizia Che Guevara, “não é para moles”! Mas é para Poetas, digo eu!

Pois como escreveu PABLO NERUDA: “Entretanto trepam os homens pelo sistema solar… Ficam pegadas de sapatos na Lua… Tudo se esforça por mudar, menos os velhos sistemas… A vida dos velhos sistemas nasceu de imensas teias de aranha medievais… Teias de aranha mais duras que os ferros das máquinas… No entanto, há gente que acredita numa mudança, que praticou a mudança, que fez triunfar a mudança, que fez florescer a mudança… Caramba!… A Primavera é inexorável!

Sim, a Primavera é inexorável!

A bem-aventurança dos aerofóbicos

Posted: 03 Apr 2020 03:28 AM PDT

«Foi o pingo no nariz que me deprimiu. Com a exceção antibiótica, uma ou outra operação e com o diabo surdo, cego e mudo, perneta e maneta e o que mais for de peçonhas, e sempre nas graças de Deus, tenho convenientemente assassinado à Aspirina C efervescente, com limão, sff, as maleitas que afligem um ser humano que se preze, espécie na qual orgulhosamente me incluo.

Mas o pingo no nariz colocou-me num dilema embaraçoso que adicionou um quanto baste de ansiedade à minha dose diária de estupefação corrente. Ao fim de 35 minutos na fila de espera para entrar no supermercado, com um frio que não rachava muito, mas, mesmo assim, um frio de 5 graus, o pingo, como é normal, começou a pingar, estava eu já a entrar. Como enxugar o pingo com luvas de látex e, pior ainda, como limpar o nariz com a máscara de cirurgião? Muito pior ainda, se tiro a máscara, posso apanhar o vírus; se não tiro a máscara, não posso apanhar o pingo. Foi este o meu dilema.

Não conseguia arranjar uma maneira elegante para resolver uma situação normal e nem digo como a resolvi, mas fartei-me de esfregar o nariz enquanto olhava para um molho de brócolos ou para um nabo, que é como eu me sentia naquela figura. Se ficas ansioso, na melhor das hipóteses, tens três ou quatro meses de ansiedade, o que é uma chatice, pensei.

O melhor é passar entre os pingos da chuva viral para ficar com menos sintomas de doenças imaginárias. No entanto, o facto é que o fantasma do Corona me aparece sempre que tusso, espirro, me dói o corpo e a cabeça de tanto magicar.

De cada vez que me cruzo com alguém, já se sabe, lá fico eu mais ansioso. E mais fico em espaços abertos, em espaços fechados, sei lá, em tudo o que é sítio, em todas as situações que acamam um maníaco-depressivo. Uma pessoa por 10 m2 (como manda a lei antiviral para a frequência de supermercados) parece-me uma multidão, e mesmo à distância de dois metros um carrinho de supermercado parece um buldózer carregado de latas e embalagens de todos os vírus que acompanham a cadeia de produção alimentar.

Ah, se eu fosse um aerofóbico seria bem-aventurado, mas não sou. Consolo-me com a ideia de que só acontece aos outros e tento levar uma vida tão normal quanto possível.

Bem-aventurados os aerofóbicos, porque é deles o reino do confinamento. Não saio de casa tão cedo… só quando a Luna precisar!»

Miguel Calado Lopes

Estamos todos no mesmo barco. Uns com boias, outros sem

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso, 03/04/2020)

Daniel Oliveira

As medidas tomadas ao abrigo deste Estado de Emergência parecem-me genericamente acertadas para o agravamento controlado da pandemia e o perigoso período da Páscoa. Ir calibrando conforme o momento em que estamos é procurar o equilíbrio certo. Felizmente o Governo não cedeu à histeria que exigia o encerramento imediato de tudo para mandar toda a gente para casa. Para além da Covid-19 estaríamos a lidar com dramas sociais ainda mais graves dos que já são vividos de forma quase invisível por muitos, mesmo muitos, milhares de portugueses.

Mas há um lado de todo este processo, reforçado pelas novas regras do Estado de Emergência, que me está a incomodar crescentemente. Como se sabe, o Estado optou por distribuir dinheiro, sem qualquer critério económico de futuro, por empresas que podem sobreviver e outras que estão condenadas no dia em que o novo coronavírus desamparar a loja. É um debate difícil em que não vou entrar agora. Certo é que, para além de não haver critérios económicos, também não parece haver critérios sociais

Um pouco por todo o lado, assiste-se a despedimentos ilegais, dispensa imediata de todos os precários, trabalhadores a serem forçados a aceitar a cessação de contratos por mútuo acordo, pessoas a serem obrigadas a meter férias contra a sua vontade ou, pelo contrário, call centers que mantêm os trabalhadores sem ser em teletrabalho, pondo as suas vidas em risco sem que a ACT reaja às queixas dos trabalhadores. Por estes dias, um pouco por todo o país e aproveitando a desatenção de todos, assistimos à selva laboral.

Perante isto, o Governo propôs ao Presidente o alargamento da interdição da greve – apesar de não ter havido greve alguma – e dispensou-se de consultar os sindicatos, como a lei obriga, para alterar leis laborais. A primeira é absurda, porque a requisição civil, a que este governo recorreu com bastante ligeireza noutras alturas, dava todo o espaço de manobra ao Governo para evitar o que tem de ser evitado, sem deixar todos os trabalhadores amarrados de pés e mãos perante todos os abusos, que por estes dias serão quase norma. A segunda é escusada, porque bastaria simplificar bastante a consulta para não pôr em estado vegetativo os sindicatos, num momento em que precisamos deles. O Governo não deixou de ouvir as associações patronais e empresariais e até de ceder às suas pressões. Incluindo as dos que ameaçaram com despedimentos para conseguirem o que queriam.

Em contraste com esta desproteção perante os abusos e o quase estado de sítio aplicado à atividade sindical, assistimos a um total laxismo perante as empresas, sobretudo as grandes. A banca tem garantias do Estado para as linhas de crédito com muito poucas condicionantes. Não há uma proibição de distribuir dividendos e lucros entre os acionistas das empresas. Não há proibição de prémios nem limites aos salários dos gestores neste período. Nem sequer há, como em Itália e Espanha, proibição de despedimentos.

Não há comparação aos limites que foram impostos aos trabalhadores e sindicatos e o que foi imposto aos seus empregadores. E, no entanto, deveria ser ao contrário – em momentos como estes a prioridade são os mais frágeis. O Estado de Emergência retirou todas as defesas dos mais vulneráveis perante os abusos sem que exerça qualquer controlo sobre quem tem mais poder. E isto é um péssimo prenúncio para a crise que aí vem.

Sete dias de covil: 27 de Março/2 de Abril

por estatuadesal

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 04/04/2020)

27 de Março. Sozinho na Praça de São Pedro deserta, o Papa percorre a imensa superfície apenas acompanhado por dois acólitos até um cadeirão montado sobre um palco, virado para a invisível multidão de fiéis. Então, começa a falar-lhes, como se eles estivessem ali a escutá-lo. De todas as impressionantes imagens que tenho visto nestes dias, esta foi a que mais me marcou e que, estou certo, guardarei para sempre, sobrevivendo à memória destes tempos de pesadelo. “Pai, Pai, porque nos abandonaste?”, pareceu-me ouvir Francisco gritar no silêncio daquela praça, que nenhum Papa e nenhum outro homem escutara antes dele. Os deuses abandonaram os seus crentes. Só a ciência — os médicos, os enfermeiros, os cientistas, os investigadores — pode salvar a Humanidade, não a fé. Até disso se fez prova agora.

28 de Março. A discussão sobre a falta de legitimidade que teriam agora perdido os defensores da saúde privada — nomeadamente, na gestão dos hospitais públicos — face aos méritos demonstrados pelo SNS nesta crise não faz qualquer sentido. Tirando o caso extremo e ridículo de André Ventura e a sua proposta de extinção do SNS, uma coisa não tem nada que ver com a outra. A saúde privada existe para quem a pode pagar e não custa um tostão aos contribuintes, funcionando ainda como complementar ao SNS, que tantas vezes a ela recorre para suprir carências próprias e que, sem isso, deixaria as pessoas desamparadas. O SNS existe exclusivamente suportado pelo dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes e, por mais que sejam legítimos e justos os elogios que lhe façamos (e legítimas também as críticas), não seria expectável outra coisa que não vê-lo a responder agora, com todas as suas forças e toda a sua dedicação, a todos, sem excepção. Como está à vista, o problema do SNS, da sua sobrecarga crónica e do seu custo sempre crescente e cada vez mais difícil de comportar está nos abusos dos seus utilizadores, incentivados por medidas políticas demagógicas, como a isenção de taxas moderadoras. Na notável entrevista que deu a este jornal na semana passada, o director do Serviço de Infecciologia do Hospital de São João, António Sarmento, teve a coragem de falar no problema dos custos e da insustentabilidade do seu financiamento sem limite quando, por exemplo, se pensa no preço exorbitante dos novos medicamentos contra o cancro ou a hepatite. As sociedades de bem-estar, onde nos habituámos a achar exigível viver até aos 90 anos de perfeita saúde, têm o custo correspondente. Que é o de, numa crise de saúde pública extrema, faltarem camas em cuidados intensivos, faltarem ventiladores para salvar vidas, faltarem máscaras e material de protecção para os que têm de salvar vidas. Porque gastámos o dinheiro em TAC e RM que todos se acham com o direito de exigir por uma simples dor de barriga.

30 de Março. Por estes dias, sabe bem escutar o incorrigível optimismo de António Costa: a nossa estratégia está a ter “belíssimos resultados”. Oxalá. Eu, que não sou muito optimista por natureza, continuo sem perceber se os nossos números são bons, olhados a frio, ou se são alarmantes, medidos em comparação com o número de habitantes. Vejo que o número de recuperados é quase sempre o mesmo e que estão sempre para chegar mais ventiladores, mas que o seu número mantém-se o mesmo do início, igual à data da fundação da nacionalidade: 1143. Não consigo enxergar qualquer estratégia, antes ou agora, para deter a progressão triunfal do vírus nos lares e não consigo perceber porque são precisos tantos dias, tantos estudos e tantos diplomas diferentes para pôr fora das prisões quem é mais perigoso lá dentro do que cá fora. E a senhora que me perdoe, mas a dra. Graça Freitas, quanto mais fala, menos confiança me inspira — talvez, justamente, pela volúpia com que se agarra ao microfone.

31 de Março. Afinal, não sou só eu que não consigo enxergar claro. Da reunião ao mais alto nível entre os políticos e os técnicos saiu apenas uma conclusão consensual: “Ninguém sabe ao certo o que se passa.”

Sabemos, talvez, que o monstro se aproximará do ponto de saciedade em Itália, mas que está descontrolado em Espanha e em França. Que finalmente reduziu Trump à insignificância da sua idioteira nos Estados Unidos e que o seu discípulo Bolsonaro irá pelo mesmo caminho, quando vidas perdidas significarem votos ou apoios perdidos. E sabemos que a covid-19 significa uma oportunidade de luxo para os ditadores disfarçados de democratas fazerem mão baixa sobre a liberdade dos seus cidadãos — Netanyahu em Israel e Orbán na Hungria, esse país onde há muito a UE deveria ter forçado a escolha: ou Orbán ou a expulsão.

Ah, e há os holandeses, os novos-ricos da Europa, actuando como gauleiters da Alemanha. O país que enriqueceu graças à UE e que rouba parte dos impostos devidos aos outros países europeus vem depois pregar-lhes moral financeira! Há quem diga, desculpando-os, que os holandeses estão a atravessar um momento delicado da sua política interna e com pulsões nacionalistas e visões engrandecedoras do seu passado colonial. Balelas! Qual grandioso passado colonial — o da pirataria, da pilhagem do que outros descobriram, plantaram, erguerem, o do apartheid?

E, já agora, tirando o “Século de Oiro” da pintura holandesa, abrangendo o último quartel do século XVI e a primeira metade do século XVII, o que deu a Holanda à Europa? Van Gogh, na pintura, e Johan Cruyff, no futebol, são as únicas excepções. De resto, e sobretudo comparando com a Espanha e a Itália, nos últimos quase 400 anos, eles não deram à Europa um escritor, um músico, um compositor, um arquitecto, um estadista, um economista, um cientista, um automóvel, um desenho de sapatos, um filme inesquecível, uma marca de vinho, uma receita de cozinha, uma nova borboleta...

Emmanuel Macron, que viu o seu SNS, o mais caro da Europa, falhar por todos os lados, que testemunhou a indiferença inicial para com os apelos à ajuda da Itália e assiste agora ao egoísmo dos ricos europeus no combate à crise económica, parece estar a aprender a lição. “Isto passado”, disse ele, “se a Europa quiser continuar a existir, as duas palavras-chave são soberania e solidariedade. Soberania para nunca mais sermos apanhados desprevenidos nos meios essenciais para acorrermos aos nossos povos e solidariedade para enfrentarmos as crises juntos.” Mas será que alguém se lembrará disso passada a tormenta?

1 de Abril. Henrique Raposo sugeriu uma coisa com todo o sentido e justiça: que as grandes cadeias de supermercados distribuam os lucros extraordinários que agora estão a ter pelos seus trabalhadores — que lá estão, trabalhando mais e arriscando muito mais para nos servir e proporcionar esses lucros. Eu já me contentava em saber que pelo menos parte deles eram entregues aos trabalhadores, e não apenas a remuneração normal das horas extraordinárias, a acrescentar aos salários de miséria que recebem. Na Alemanha, o Governo estipulou que as empresas que beneficiem de ajudas do Estado estão proibidas de distribuir dividendos pelos accionistas enquanto durarem essas ajudas. Isso, e a proibição de pagar prémios de gestão aos administradores, é também o mínimo exigível.

2 de Abril. Rui Rio avisou também que seria inadmissível que a banca tivesse lucro este ano e no próximo, aproveitando as linhas de crédito extraordinárias para emprestar dinheiro às empresas. Sim, seria um escândalo que fosse levantar dinheiro junto do BCE à taxa negativa de 0,75% para o emprestar a 2% ou 3%. Ou que o Novo Banco se lembrasse de vir pedir mais uma fatia de dinheiro aos contribuintes. Tenham muito cuidado, o que aí vem pode ser bem perigoso! E na linha da frente para servir de alvo primordial da ira dos desesperados vai estar a banca.

Mas devemos ter fé na espécie humana, mesmo com todos os seus defeitos. Claro que haverá sempre gente como o recém-entronizado Rei da Tailândia, Rama X, que fugiu do seu país mal ouviu falar do coronavírus e se enfiou com toda a sua corte de centenas de pessoas, incluindo um harém de 20 concubinas, num hotel da Baviera, reservado para a sua quarentena. Mas há também todas as nossas empresas que não deixaram de trabalhar e que, pelo contrário, se estão a adaptar a uma economia de guerra, tentando produzir o que agora mais nos falta: máscaras, testes, ventiladores. E os camionistas que continuam a percorrer as estradas desertas para trazerem o que não pode faltar. E as Forças Armadas reconvertidas em forças amigas. E tantos outros exemplos que nos orgulham. E há, sobretudo, milhares de investigadores e cientistas que, no mundo inteiro e financiados por milionários diferentes do Rei da Tailândia, procuram sem descanso a bala de prata capaz de matar o Monstro que por aí anda espalhando o terror onde antes havia vida. Mas, ó Henrique Raposo: a natureza não nos vai dar um segundo aviso. E não se trata de um “ambientalismo esquerdista”. O planeta não é de esquerda nem de direita: é só este.

Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia

425 mil em lay-off. Reportagem na Estefânia. Marcelo e os banqueiros. E o ensaio de Yuval Noah Harari

Martim Silva

Martim Silva

Diretor-Adjunto

04 ABRIL 2020

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Bom dia,
Às vezes pode ser só por cansaço. Ou por saturação. Ou por simplesmente termos acordados do lado errado da cama. Mas na última quinta-feira, quando ainda ultimávamos a edição do Expresso desta semana que já tem nas bancas, partilhava com alguns dos meus colegas de direcção o desconforto que ainda sentia com o jornal. Parecia que faltava ali mais qualquer coisa. Esse desconforto, diga-se, é relativamente comum. Queremos dar aos leitores mais e melhor, sempre, todas as semanas. Sempre mais, sempre melhor. Como facilmente se percebe, a vida nem sempre é assim. Ainda assim, fizémos um esforço extra e, no final, o resultado é este. E sim, agora estou satisfeito.

Esta é a edição do Expresso deste 4 de abril de 2020. Aqui tem as melhores notícias, as melhores reportagens, a melhor opinião, os melhores ensaios e análise, as melhores entrevistas.

Venha daí comigo.

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