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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Sócrates diz que a Direita quis impedir a sua candidatura à Presidência da República

José Coelho / Lusa


O ex-primeiro-ministro português assegurou, esta quarta-feira, que o processo judicial em que está implicado por corrupção responde a uma campanha da direita para evitar que apresentasse a sua candidatura à Presidência de Portugal.
“O objetivo foi impedir que me candidatasse a Presidente da República“, segundo José Sócrates, que precisou que o Ministério Público foi instrumentalizado para “um objetivo político”.
Num encontro com correspondentes estrangeiros em Lisboa, o ex-primeiro-ministro lembrou que o processo judicial começou há quatro anos, quando “a direita política estava convencida de que me ia candidatar” à Presidência, incidiu.
Então, o que se fez foi procurar “uma forma de criminalizar o Governo anterior”, de pôr em marcha o que parece ser “uma gigantesca investigação a um Governo legítimo da República portuguesa”.
Não pensava candidatar-me, eles é que o pensavam, a direita”, esclareceu, antes de acrescentar que sempre achou que o seu correligionário, agora secretário-geral da ONU, António Guterres, iria ser candidato.
Segundo o ex-primeiro-ministro, que passou quase dez meses em prisão preventiva por este caso, no qual ainda não se apresentou uma acusação formal, quando se introduz alguém na prisão “sem provas, factos ou indícios”, pode-se dizer que há suspeitas que se está a manipular a justiça com um “objetivo político”.
“Para que alguém se possa defender, primeiro é preciso conhecer a acusação”, defende Sócrates, que denunciou que o que está a acontecer não acontece em nenhum país democrático.
Sócrates assegurou que continua a ter os mesmos amigos e que não se sente só. “Sinto-me acompanhado pelos militantes do Partido Socialista“, disse, antes de qualificar de “irrelevante” o que a direção do partido possa pensar.
O antigo chefe de Governo mostrou-se convencido que a Procuradoria “está presa no embuste que criou” e revelou que, uma vez que tiver esgotado as vias internas, irá recorrer a tribunais internacionais.
Quatro anos depois da abertura do caso e mais de dois anos e meio após a sua detenção, a Procuradoria ainda não emitiu nenhuma acusação formal e adiou em várias ocasiões a conclusão da investigação.
Sócrates foi detido em novembro de 2014 no aeroporto de Lisboa por suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais e fraude.
As fugas de informação à imprensa apontavam que Sócrates, que esteve à frente do Governo socialista entre 2005 e 2011, era dono de uma fortuna de 20 milhões de euros escondidos num complexo esquema de contas bancárias no estrangeiro e com a ajuda de testas-de-ferro.
ZAP // EFE

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