09/09/2017 por j. manuel cordeiro
O Jornal Económico pegou num artigo do Financial Times com um ano (de Setembro de 2016), traduziu-o, publicou o seu próprio resumo, partilhou-o no Facebook e depois apagou-o.
«“Portugal está no centro de uma tempestade perfeita”, realça o Financial Times» (Google cache), assim titulou Leonor Mateus Ferreira a peça em causa. Nela se encontra o descrédito que os sábios estrangeiros sentenciam sobre Portugal e que os indígenas, ignorantes e manipulados por uma comunicação social comprada, não reconhecem. É o que se poderia pensar sobre o assunto, não estivéssemos nós perante uma variante de fake news.
Foi precipitação de quem não reparou na data, tal era o entusiasmo com a oportunidade de citar um cronista estrangeiro qualquer? Não sabemos, o jornal optou por apagar silenciosamente o artigo, sem se dignar a dar uma palavra aos leitores. Como se o que vai para a net alguma vez desaparecesse. Pega-se num artigo de opinião, dá-se-lhe um título assassino, eleva-se-o ao estatuto de ser um jornal a dizê-lo, estrangeiro, ainda para mais, e assim temos spin nacional para encher caixas de ressonância (teve 1.6 mil partilhas no Facebook).
Seguem-se as capturas de ecrã para documentar que, de facto, existe uma imprensa comprometida, sim, mas com um certo modelo de sociedade, conducente a uma brutal assimetria social, e que se tem procurado implantar um pouco por todo o lado, Portugal incluído.
Google cache do artigo do JE (baseado num artigo do FT de há um ano)
Partilha no Facebook
Google cache
Ausência de explicação perante a “notícia” apagada
Para registo e para que não restem dúvidas sobre a “fonte” do JE, aqui fica a “notícia” do JE e partes do artigo do FT de 2016.
JE:
“Portugal está no centro de uma tempestade perfeita”, realça o Financial TimesPartes da crónica do FT usadas no artigo do JE (usam-se apenas citações devido aos direitos de cópia):
Leonor Mateus Ferreira
15:30
Jornal britânico questiona se Portugal poderá voltar a precisar de um resgate financeiro e aponta que o nosso país se encontra num momento de fraco crescimento, baixo investimento e competitividade, défice orçamental e problemas na banca.
“Apesar de ter escapado ao desastre de ser atirado para fora da zona euro, Portugal não concretizou reformas suficientes para assegurar sucesso económica e orçamental financeiro”. A posição é defendida pelo jornal britânico de referência Financial Times, num artigo intitulado “Reformas em Portugal não foram suficientemente longe para garantir a sustentabilidade financeira”.
Depois de três anos de um programa de ajuda externa no valor de 78 mil milhões de euros, Portugal reemergiu em maio de 2014. No entanto, o país continua a ter razões para ser cauteloso, segundo o FT.
“Portugal está no centro de uma tempestade perfeita de fraco crescimento económico, queda do investimento, baixa competitividade, défices orçamentais persistentes e um setor bancário subcapitalizado que detém muita da estratosférica dívida pública da nação”, salienta o artigo.
Para lidar com estes problemas está governo minoritário socialista, apoiado no Parlamento pela “extrema esquerda”, continua. O FT explica ainda que, aos olhos das empresas portuguesas, o Governo português está mais inclinado a agradar as multidões com medidas anti-austeridade que em implementar reformas que garantam a eficiência do setor público e impulsionem o investimento.
“A questão é se os problemas de Portugal vão tornar inevitável um segundo resgate financeiro. Para as autoridades oficiais portuguesas e para os credores do setor privado, esta é uma questão absolutamente sensível”, acrescenta.
Portugal reforms not gone far enough to ensure financial solidity(via Adélia Pires, que descobriu a patranha)
(…)
Grappling with these challenges is a minority Socialist government, propped up in parliament by the far left. In the eyes of Portuguese business, the government is inclined more to crowd-pleasing anti-austerity measures than to reforms aimed at improving public sector efficiency and encouraging investment. The question is whether Portugal’s troubles will make a second financial rescue unavoidable.
(…)
Despite having escaped the disaster of crashing out of the eurozone, Portugal had not reformed itself enough to ensure lasting economic and financial success, they said.
(…)
Two years and four months later, the Portuguese central bank’s assessment appears to have been correct in every important respect. Portugal is at the centre of a perfect storm of meagre economic growth, falling investment, low competitiveness, persistent fiscal deficits and an undercapitalised banking sector that owns too much of the nation’s sky-high public debt.
The question is whether Portugal’s troubles will make a second financial rescue unavoidable.
Fonte: Aventar.eu
____________________________________________________________________________
Queres entrar no Mundo do E-Commerce e do Marketing Multi-Nível?
Clica no Botão:->
Sem comentários:
Enviar um comentário