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sexta-feira, 28 de abril de 2017

A TERESA TER “Minissaia”! (estatuadesal)

 

(Joaquim Vassalo Abreu, 28/04/2017)
SAIA_CURTA_COMPRIDA
As saias mudam. Mas as ideias ficam. 
Eu, por fase de evidente falta de inspiração, que não deixo de considerar natural pois nada de atraente e significativo se tem passado, para lá do pulsar dos dias e dos Macrons, dos Fillons, dos Hamnons e dos Molenchons, mais ainda da dos “didons”, não tenho comparecido por estas bandas…
Mas a inspiração, tal como um raio de luz, surgiu-me! E quem terá sido a coisa ou a pessoa que fez despertar em mim esse clarão de luz? O inefável Dr. Pedro Passos de Coelho! Nem mais! O que, convenhamos, não é já caso de admiração.
Como normalmente faço de quinze em quinze dias, também ontem me instalei para seguir a primeira parte do debate na Assembleia. O tal que é quinzenal de quinze em quinze dias! Começa o Primeiro Ministro com um tema à sua escolha, que ontem nem sei qual foi pois cheguei atrasado, e depois segue-se aquela parte mais interessante em que o líder da oposição, que também o tema proposto nem quase aborda, desata a fazer perguntas ao Primeiro, a ver se o encalacra, se o perturba ou se o põe à rasca, em suma. E esta parte é a que eu vejo, sempre embebecido, deliciado, boquiaberto e, porque não dizê-lo, às vezes deslumbrado até, com tanta perícia dialética e de tão fina estirpe e verve.
Da outra vez, como aliás aqui comentei, senti-me defraudado porque o Dr. Pedro Passos de Coelho remeteu-se ao silêncio e mandou para a boca de cena o seu fiel (fiel?) Montenegro, que não sei de que raça será. Mas desta vez não: desta vez foi o próprio, o Dr. Pedro Passos de Coelho “himself”, que tomou para si essa tarefa: a de tentar encalacrar o calejado Costa! E foi tão bonito, tão bonito mesmo, que não posso deixar de narrar.
O Dr. Pedro Passos de Coelho insistia, reiterava e voltava a insistir, em querer saber as razões por que o Governo tinha rejeitado os dois nomes “independentes”, propostos pelo BP e não sei mais quem, para o CFP, o da Teodora. O Costa mandava-o para canto, ele marcava o canto e voltava sempre ao jogo. E os cantos sucediam-se. Até que, não tendo mais tempo, o Dr. Pedro Passos de Coelho, rápido como este, faz a fulminante pergunta, desafio até seria mais apropriado, final: “Dou-lhe, Sr. Primeiro Ministro, a última oportunidade para responder…”.

Bem, eu contive o meu riso, à espera da resposta do já muito calejado Costa. Que disse:” Ó Sr. Deputado Dr. Pedro Passos de Coelho, que o Sr. Deputado não tinha nada para dizer eu até já desconfiava, agora vir em defesa da Teresa Ter “Minissaia”…!!!”. E a troca de galhardetes terminou com o Dr. Pedro Passos de Coelho escondendo os seus dentes nos seus cerrados grandes lábios…e metendo-se na toca, donde não mais saiu!

Mas a Teresa Ter “Minissaia” já vem de longe, e de longe virá também o interesse do Dr. Pedro Passos de Coelho, na altura um imberbe e pubertano rapaz, pela “Minissaia”, por muito que lhe dissessem que ela era Minassian! Não pode ser, dizia ele, pois ela é Italiana e não Arménia! Que Arménio só conhecia um: o Gulbenkian e mais nenhum, e este era até filantropo!
Mas quando mais tarde soube que a Teresa Ter tinha chefiado a missão do FMI (Família Mafiosa Internacional) para resgatar Portugal dos desmandos da sua AD, com mais admiração por ela ficou, não se lembrando já da “Minissaia”, mas sim do nome arménio de Minassian. Ele que sempre julgou que ela fosse Italiana! Como o Mikitarian, que joga na equipa do Mourinho e que ele pensava fosse Finlandês, ou coisa assim… ou ainda a Aracy Balabanian, a Cassandra do “Sai de Baixo” que, essa sim, ele pensava ser Brasileira!
E agora, a propósito da sua indicação para membro do CFP da Teodora, essa entidade independente e acima de qualquer suspeita, autêntico relicário das virtudes pátrias, o Dr. Pedro Passos de Coelho vislumbrou nela um autêntico Joker: a oposição firme de uma integrante da Família às políticas da “Jiga Joga” e o retorno do seu mais que querido FMI (não vou repetir o que significa), para a preparação do resgate que ele tanto anseia.
Era para ele uma questão, para além de recordativa dos seus pubertanos tempos, os tempos de todas as Teresas, de índole sentimental : o retorno da “Minissaia”.
Que não tem perfil, afirma o Sr. Dr. Primeiro Ministro? A Teresa? A Teresa Ter! Se a Teresa não tem, quem afinal Terá?
É que ela agora usa saia comprida, Dr. Pedro Passos de Coelho! Saia comprida, ouviu? Já não chega a Teodora?
Mas ela é Italiana, saiu ele protestando…Pois que cuide da Itália, terão gritado! Ao coitado…
 
Ovar, 28 de abril de 2017
Álvaro Teixeira

segunda-feira, 24 de abril de 2017

As carpideiras e o sorriso de Centeno (estatuadesal)

 

(Nicolau Santos, in Expresso, 22/04/2017)
nicolau
Nicolau Santos

 
As carpideiras estão inconsoláveis. Perante as surpreendentes subida do PIB e descida do défice arrepelam-se, rasgam as vestes, batem com os punhos no peito e clamam: só há crescimento porque o Governo mudou de estratégia; o défice só se reduz porque o Governo cortou fortemente na despesa; as projeções para 2017 são realistas e podem vir a concretizar-se — mas a partir de 2018 tudo voltará a ser pior. Enfim, as carpideiras sentem-se enganadas. Se o Governo tivesse feito tudo o que elas achavam que iria fazer — aumentar impostos e apostar no consumo privado — o país estaria à beira de pedir um novo resgate e o cheiro a enxofre já se sentiria por toda a parte.
Mas Mário Centeno não fez o que esperavam. Alterou a composição das políticas mas manteve o rumo no sentido de cumprir os compromissos europeus. Resistiu quando era evidente o preconceito ideológico e a má vontade do Eurogrupo, do seu presidente Jeroen Dijsselbloem, do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, e do vice-presidente da Comissão Europeia com as pastas do euro e da estabilidade financeira, Valdis Dombrovskis. Teve também de arcar com as sucessivas análises da Comissão Europeia, do FMI, do Banco Mundial e do Conselho das Finanças Públicas bem mais pessimistas que as do Governo.
As carpideiras sentem-se enganadas. Se o Governo tivesse feito o que esperavam, o país estaria à beira de pedir um novo resgate e o cheiro a enxofre seria insuportável
Esta semana, contudo, FMI e Conselho das Finanças Públicas (CFP) vieram dar a mão à palmatória, corrigindo as suas estimativas de crescimento para este ano para 1,7%, apenas uma décima a menos do que a previsão do Governo (1,8%) — com o CFP a considerar mesmo que o cenário macroeconómico do Programa de Estabilidade para 2017-2021 “apresenta uma composição do crescimento assente no dinamismo do investimento e das exportações que (...) se afigura como a mais adequada para a sustentabilidade do crescimento da economia portuguesa”. Por seu turno, a agência de notação financeira Standard & Poor’s veio admitir na semana passada que pode vir a melhorar a nota de Portugal (atualmente em BB+, nível de não investimento ou ‘lixo’) caso venha a “baixar o volume do crédito malparado” dos bancos e se “o crescimento económico for melhor do que o esperado”. E o o banco alemão Commerzbank, que tem sido muito crítico em relação a Portugal, veio admitir que a agência canadiana DBRS pode mudar para “positivo” o rating da República com base nas notícias “encorajadoras” sobre a descida do défice acima do esperado, o crescimento económico e os avanços na reestruturação do sector bancário.
Junte-se a isso o facto de o Tesouro português ter emitido na quarta-feira dívida às taxas mais baixas do ano; e de a dívida portuguesa a 10 anos que há um mês estava nos 4,2% estar agora nos 3,76% — e ficamos com a certeza que Mário Centeno tem cada vez mais motivos para sorrir e as carpideiras cada vez mais motivos para chorar.
 
Ovar, 24 de abril de 2017
Álvaro Teixeira