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quinta-feira, 11 de maio de 2017

A Mercedes no Cais do Sodré

Tiago Freire
Tiago Freire | tiagofreire@negocios.pt 10 de maio de 2017 às 00:01

A Mercedes no Cais do Sodré

O slogan da Mercedes afirma que quer "The best or nothing". Portugal não será, no cômputo geral, o "best", mas tem características que estão a ser valorizadas pelas grandes multinacionais.
Basta correr o fluxo noticioso desta terça-feira para, sem grande esforço, encontrarmos vários exemplos positivos para Portugal e para o seu mercado de trabalho. Começando pela Mota-Engil, que lança nova edição do seu programa de "trainees", procurando integrar 100 jovens talentos nas várias regiões em que se encontra presente. A tecnológica CGI inaugurou em Portugal um "Cloud Innovation Center", que pretende servir outros países europeus e que prevê a criação de 80 postos de trabalho qualificados. E a Mercedes, com direito a toda a pompa e circunstância políticas, anunciou a instalação em Lisboa (para já no Cais do Sodré) do seu novo centro de competências digital, que a partir da capital portuguesa irá servir vários mercados. Com a criação de mais de uma centena de empregos. Outro bom exemplo, entre vários, foi o centro da Euronext no Porto.
Tal como acontece com a enxurrada do turismo, também as empresas estão a descobrir Portugal, e aquilo que os portugueses já sabiam: temos bom clima, um povo amistoso e aberto às outras nacionalidades, jovens profissionais com uma qualificação crescente e bons em línguas, temos segurança, boas infraestruturas tecnológicas e um custo de vida bastante aceitável.
E há, claro, aquilo que os investidores não gostam de salientar, mas que continua a ser muito importante: temos salários baixos e, como tal, competitivos. Não há que ter vergonha disto, ainda que António Costa insista, e bem, que não queremos apostar num modelo de salários baixos. As coisas são o que são, e esta é uma vantagem competitiva. Costa tem razão, porque como é evidente há muitos lugares no mundo com custos laborais mais baixos e uma legislação muito mais desregulada do que a nossa. Mas que ajuda, é indesmentível. O truque está no rácio dos vários factores, e aí somos, de facto, muito competitivos.
Este Portugal moderno e digital, que vai vivendo de ilhas cada vez maiores que se vão ligando e estendendo a sua influência, é um oxigénio importante para o nosso futuro. Para mitigar a emigração forçada dos nossos jovens, pelo fluxo de criatividade que se estabelece, pelos efeitos de arrasto sobre o resto da economia.
Não se conhecem os incentivos dados à Mercedes, a nível fiscal ou outro. Mas terão sido, certamente, generosos e bem dados. A captação de investimento estrangeiro é essencial num país sedento de capital. Falta agora que esta atitude pró-negócios se estenda também às empresas portuguesas, que criam riqueza e postos de trabalho. Sem preconceitos.

Coimbra, 11 de maio de 2017
Álvaro Teixeira