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terça-feira, 29 de agosto de 2017

Mark Zuckerberg prepara-se para destruir o que resta da imprensa portuguesa

29/08/2017 por João Mendes

O Facebook prepara-se para reduzir a pó a esmagadora maioria da imprensa portuguesa, senão mesmo toda. Como é sabido, a imprensa nacional atravessa uma fase extremamente delicada, caracterizada pela descredibilização, pelos conteúdos manipulados e pela perda de receitas. E o pior poderá estar ainda para vir.
O recente anúncio do grande irmão Balsemão, que se prepara para vender todas as revistas do grupo, incluindo referências com a Visão e a Exame, a par das situações financeiras ruinosas do grupo Newshold (Sol, i) ou do grupo Cofina, que deve milhões ao Estado, ilustram na perfeição o estado a que a imprensa nacional chegou.
Desesperados, os órgãos de comunicação social portugueses encontraram nas redes sociais uma nova forma de financiamento, através de um novo segmento de publicidade que depende directamente do número de acessos dos leitores, ou cliques. Porém, na ânsia do lucro fácil, generalizaram-se o clickbait e as fake news, termos que entraram de rompante no nosso glossário, tal é o uso e abuso dos mesmos. Perante o desinteresse crescente por uma imprensa que deita fora a experiência e a excelência, para a substituir por precariedade a preço de saldo, o resultado não surpreende.
Porém, nesta era de vigilância multidireccional, não são apenas os governantes e as empresas privadas a monitorizar os cidadãos. Também os cidadãos, com acesso quase ilimitado à informação, vão monitorizando umas coisas, e a imprensa tem estado debaixo de fogo. E bem, porque mente e manipula que se farta. Recordam-se do caso do avião que (não) se despenhou em Pedrógão Grande? E das garantias que o semanário Sol dava da saída de Mário Centeno do executivo Costa? São dois exemplos, poderiam ser mil, e devem ser punidos. E se a ERC não serve para nada, valha-nos o big brother Zuckerberg. Corte-se a publicidade aos aldrabões!
Sim, isto coloca um sério problema a todos nós: se a imprensa se desmoronar, a gestão da informação corre o risco de ficar nas mãos de quem tem recursos ou seguidores nas redes sociais. Imperará o amadorismo populista, parcial e manipulador. A ausência de rigor. Mas, não está já a maioria da imprensa ao serviço de interesses privados e, pior, político-partidários? Não estarão o populismo, a demagogia e a falta de rigor instalados na maioria das redacções deste país? Então talvez esteja na altura da nossa imprensa olhar para dentro e decidir se quer que o jornalismo continue a ser a excepção ou que volte a ser a regra.

Fonte: Aventar