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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

A Minha Mensagem de Natal à Oposição

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por Cristina Miranda

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É como muita honra que estou aqui em representação do Movimento Cívico Não Nos Calamos como membro fundador, um Movimento de pessoas para pessoas.

Para vós que não me conheceis ainda, chamo-me Cristina Miranda e tornei-me conhecida com uma carta aberta dirigida a Mariana Mortágua que se tornou viral por causa da criação do imposto sobre o imobiliário que ficou conhecido por “Imposto Mortágua”. A partir daí decidi usar a minha visibilidade para dar voz aos cidadãos que como eu estão fartos de ver este país à deriva cuja factura chega sempre cada vez mais pesada, ao contribuinte para pagar. Colocar um basta! nestes abusos que já levam décadas passou a ser a minha luta diária.

Porque é inadmissível o que andam a fazer a este país há 43 anos. Como podemos aceitar sem nos revoltar, que depois de termos vivido 3 bancarrotas, uma delas ainda há pouco tempo, estejamos a caminho de outra que vai seguramente ser muito mais dolorosa que a última, com a complacência de toda uma Nação?  Onde está a oposição para por fim a este desgoverno antes que o desgoverno nos destrua as nossas vidas, outra vez? Não andarão demasiado brandos e apagados perante a gravidade da situação? Quem nos acode a nós cidadãos quando o país falir de novo?

Para que haja mudança é necessário que a oposição se reinvente. Que sacuda o mofo . Que saia desta inércia.  Que crie um novo projecto totalmente direccionado para as pessoas e não para os interesses instalados. Que acabe com o politicamente correcto e substitua pelo que tem de ser feito e tem de ser dito em prol da Nação. Que promova o sentido de Estado nos seus dirigentes.  Que acabe com os discursos ocos que não aquecem nem arrefecem e muito menos nos levam a algum lado.

Porque só uma oposição FORTE, dinâmica, focada nos cidadãos e sobretudo coerente, rasga os caminhos necessários para uma mudança séria. Uma mudança que impera ser toda direccionada para as pessoas e empresas para promover o bem estar social e criação de riqueza. Restaurar liberdades que as grilhetas dos impostos pesados e sucessivos roubaram aos cidadãos. Nenhuma sociedade pode evoluir apenas concentrada em fazer crescer clientelas enquanto rouba a quem cria. Esta sociedade escravizada de impostos, taxas e taxinhas não pode continuar.

E se querem ser alternativa têm de colocar as pessoas em primeiro. Acabar com as agendas pré-definidas das ideologias da treta que só servem os políticos e tudo o que pulula à volta deles.. Tomar medidas que aliviem os bolsos dos portugueses em vez de prometer mais benesses que são depois usurpadas descaradamente com impostos grotescos e intermináveis.  Medidas que visem proteger as pessoas dentro do seu território. Medidas que reforcem a fiscalização do Estado na aplicação das leis mas liberte seu peso na sociedade e economia. Medidas para devolver os apoios sociais só a quem precisa e estimular os cidadãos a serem produtivos em vez de viverem de subsídios. Corrigir a injustiça de ter metade da população a trabalhar para a outra metade sem que haja penalizações pecuniárias a quem pode mas nada produz. Corrigir as diferenças entre cidadãos com uns a terem menos horas de trabalho e reformas mais cedo enquanto outros se matam a trabalhar quase até ao final da vida. Acabar com mordomias pagas por todos os portugueses àqueles que prestam mau serviço público. Criminalizar o despesismo público e impor limites de endividamento do Estado. Impedir a colocação de familiares no Estado por parte de governantes.  Em suma, PROTEGER as pessoas dos oportunistas, chicos-espertos, corruptos para que os recursos do país sejam aplicados NA SOCIEDADE e não na conta bancária de quem detém o poder.

Porque só assim irão despertar os mais de 40% de ABSTENCIONISTAS que se fartaram de ouvir balelas e trabalhar para aquecer. Que perderam fé em TODOS os partidos políticos por serem farinha do mesmo saco. Que não vislumbram luz ao fundo do túnel e por isso nem sequer se levantam para votar. E com MUITA RAZÃO. Este país não defende quem produz. E a esperança morre.

Acordar estes cidadãos só será possível com um discurso sem agenda ideológica apenas com missão de Estado firme e determinada sem rodeios nem politicamente correctos para agradar a gregos e troianos. Liderança impõe traçar uma meta de gestão firme e segui-la com responsabilidade sem desviar da rota e com foco apenas nos cidadãos. 

Porque esta nação é dos portugueses e não de meia dúzia de governantes eleitos.

E nós até esse dia chegar #NãoNosCalamos.

O problema não é a dívida pública, é a dívida externa

Ladrões de Bicicletas


Posted: 21 Dec 2017 03:16 AM PST

O euro conduziu ao enorme endividamento externo privado de Portugal, em percentagem do PIB, um dos maiores da UE. E agora?

Se o governo conseguir relançar a economia de forma continuada através da procura interna, o único caminho possível no imediato porque as exportações dependem sobretudo de terceiros, e também porque não podem todos crescer pelas exportações, então regressam os défices comerciais externos (as importações aceleram enquanto as exportações não alteram a tendência) e, portanto, a dívida externa volta a crescer. A sangria dos rendimentos associados a essa dívida permanecerá.
Portanto, só uma subida dos preços dos bens susceptíveis de ser importados dá condições para que seja possível relançar a industrialização do país. Condição necessária, claro, mas não suficiente. Isto é, sem desvalorizações e sem política industrial (proibida pela UE por violar as regras da concorrência) não há solução duradoura para o maior problema de política económica que temos de enfrentar. Usar os impostos para penalizar as importações supérfluas é apenas um triste remedeio, ainda mais triste se tal significar que já nos resignámos ao destino de país que abdicou dos instrumentos da política económica de desenvolvimento a troco de dinheiro fácil, de muito dinheiro fácil.
E quem pensa que só com esse dinheiro comunitário poderíamos ter feito as grandes infraestruturas do país não sabe o que é um país com moeda soberana. Os governos da altura não sabiam e os seus economistas também não. Aliás, ainda hoje não sabem. Vejam o vídeo porque trata disto e da forma de sair disto.

O meteoro Inès e a cratera Mariano

Pedro Santos Guerreiro

PEDRO SANTOS GUERREIRO

DIRETOR

22 de Dezembro de 2017

A jornada era excecional na Catalunha (e em Espanha), foi pacífica e mobilizadora, com mais de 80% dos eleitores a votar. No final, os unionistas do Ciudadanos ganharam as eleições catalãs, com um resultado histórico de 25,3%. Mas, em conjunto, os partidos independentistas ganharam a maioria. É um imbróglio (ainda) sem geringonça. Como escreve o El Pais, “é um cenário de difícil governação para esta comunidade que ameaça afetar toda a política espanhola.”
A eleição confirmou a ascensão fulgurante de Inès Arrimadas, um meteoro na política espanhola que conquistou o melhor resultado de sempre do Ciudadanos. É a grande vitoriosa da noite, que disse estar disponível para formar governo. Não se sabe é como: os independentistas ERC, Juntos pela Catalunha e CUP ainda podem… formar governo. Tanto que, surpreendentemente, Carles Puigdemont, que está auto-exilado em Bruxelas, ficou em segundo lugar e, no limite, pode voltar a ser presidente do governo catalão. Ninguém anda a brincar com o fogo, mas é fogo e não é a brincar.
O dia e noite eleitorais foram acompanhados ao minuto pelo Expresso aqui. “Disseram-nos que somos uma flor de um dia mas um em cada quatro catalães confiou no nosso partido”, afirmou Inès Arrimadas. O presidente do Ciudadanos, Albert Rivera, afirmou que “Inès Arrimadas é uma grande política e uma grande pessoa, que deveria ser — e deve ser — a presidente da Catalunha”. Já Puigdemont não poupou loas ao seu movimento: “A república catalã derrotou a monarquia do 155”, afirmou, referindo-se ao artigo da Constituição que suspende a autonomia da região. “Entendam bem isto. Tomem nota. O Estado espanhol saiu derrotado e Rajoy recebeu uma bofetada dos catalães”.
Sim, grande derrotado é Mariano Rajoy, não só porque o seu PP foi esmagado nas urnas mas também porque não resolveu o problema político com as eleições, mantendo-se a Catalunha dividida, com os independentistas na dianteira. É “a maior tragédia de Mariano Rajoy”, escreve Rubén Amón no El Pais, jornal que escreve em editorial sobre o “incerto futuro”. Já o El Mundo também arrasa os resultados de Rajoy e conclui que “os de Rivera [Ciudadanos] perfilam-se como o futuro próximo do centro-direita espanhol”. No La Vanguardia, Jordi Juan escreve que “o indepentismo cresce e está em condições de governar com un Puigdemont crescido”.
À hora de envio deste Expresso Curto, o governo espanhol não tinha ainda feito comentários oficiais aos resultados eleitorais.

Da Catalunha a Jerusalém

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

Fonte: El Pais

Durante semanas, na imprensa como em significativa parte da opinião publicada, produziu-se e comercializou-se o dogma do fim do independentismo catalão. A reacção musculada de Madrid, a enfatização das contramanifestações, o receio provocado pela fuga de empresas de referência ou os presos políticos e exilados eram motivos de sobra para que o romantismo separatista se dissipasse.

Estavam enganados.

Apesar da vitória do Ciudadanos, que viu a sua força parlamentar crescer na exacta mesma medida em que o PP, o grande derrotado da eleição, viu a sua diminuir, as forças independentistas conseguiram manter a maioria no parlamento, apesar da cisão no seio da alargada coligação que venceu as eleições de 2015. Independentemente daquilo que será o futuro da Catalunha, a estratégia do medo falhou. Ler mais deste artigo

Raríssimas doenças…

por estatuadesal

(In Jornal Tornado, 21/12/2017)

cravo-sangrando-Rarissimas-doencas

… Tolhem a democracia…

A Democracia sofre. Sofre de uma dessas doenças raríssimas. Os diagnósticos são vastos.

Há um doutor em cada um de nós que brande estetoscópios e seringas mas que não distingue uma artéria de uma veia, uma clavícula de um fémur, um ânus de uma fissura de pele. Somos confrangedoramente ignorantes – e chegamos a agradecer injeções na testa, se isso nos trouxer uma mais-valia qualquer, nem que seja a brevidade de um aplauso.

Mergulhados que estamos numa cultura que nos tornou incultos, andamos pela floresta a foçar e confundimos dejetos com turfas.

Tornámo-nos criaturas engelhadas. Velhos acabados muito antes do tempo. Povos apanhados pela raríssima progéria (o síndrome de Huntchinson-Gilford que é uma enfermidade genética extremamente rara cujos sintomas se assemelham ao processo do envelhecimento manifestando-se logo nos primeiros anos de vida).

Descobrimos que a Direita não nos serve para nada, pois faz apenas a cama dos poderosos, agindo e roubando em seu nome, e que a Esquerda nunca recuperou da humilhação da História, de quando os seus representantes reinventaram o extremismo totalitário e encheram o mundo de miséria e morte, com práticas de Direita mas linguagem panfletária de Esquerda.

Ainda nem há meio século, a “década vermelha” somava as lutas de libertação nacional (Vietnam e Palestina, em especial), do movimento mundial da juventude estudantil (Alemanha, Japão, Estados Unidos, México…), das revoltas de fábrica (França e Itália) e da Revolução Cultural na China. Ainda não há meio século, Portugal era um império a estrebuchar na ponta final de uma História que de gloriosa passara a um ultimo reduto vergonhoso de falhanços que uma ditadura de títeres mascarara tanto tempo.

Ao disparatado percurso da Esquerda histórica, a Direita brandia uma propaganda eficaz: o capitalismo era a única via alternativa, a ordem do capital devia situar-se num parlamento de práticas agradáveis aos mercados, o povo é sereno e deve sair de casa para procurar o salário mínimo e as boas graças do merceeiro que, época a época, seja a referência da moral e dos bons costumes, seja ao balcão da mercearia, seja na trincheira bem cava de uma Fundação altruísta e decisora.

A sociedade de consumo fascinou os pequenos consumidores, que fazem a despesa na loja chinesa do bairro, fascinou os médios consumidores, que se meteram em negócios mais ou menos claros para ter o carro de marca, fascinou os grandes consumidores, que se alimenta, dos pequenos e dos médios consumidores para alargar o perímetro do ventre e das suas propriedades materiais. Os franceses têm um nome para esta análise, a nova filosofia. Nela encontramos o registo de todos os disparates produzidos pelos norte-americanos e exportados para o mundo:

os argumentos do anticomunismo dos anos 1950, que divulgam como os regimes socialistas são despotismos infames, ditaduras sanguinárias; dentro da ordem do Estado, devemos opor a esse “totalitarismo” socialista a democracia representativa, que é imperfeita, sem dúvida, mas é de longe a forma menos má do poder; dentro da ordem moral, filosoficamente a mais importante, devemos pregar os valores do “mundo livre”, cujo centro e fiador são os Estados Unidos; a ideia comunista é uma utopia criminosa, que, tendo fracassado em todo o mundo, deve ceder o lugar para uma cultura dos “direitos humanos” que combine o culto da liberdade (inclusive, e em primeiro lugar, a liberdade de empreender, possuir e enriquecer, fiadora material de todas as outras) e uma representação vitimária do Bem.”

Em Portugal, com uma tacanhez provinciana que chega a ser confrangedora, fomos desperdiçando Abril e a Democracia que podia ser inovadora.

“Vai-se” para a política para fazer fortuna; desfila-se em carros de grande cilindrada pagos por instituições que apenas precisavam de um meio de transporte para fazer o que por vezes nem fazem, traficam-se influências à descarada, enchem-se as gavetas de colarinhos brancos com nódoas de crime de gravidade variável.

Não sei quem paga as viagens do Presidente, sei que está em toda a parte – coisa que nem o mais habilitado Deus consegue!

Há sacos azuis em todo o lado.

Há gestores públicos que exibem os seus sinais exteriores de riqueza e que fintam a legalidade com artimanhas de grande mestria, pois é famosa a sinuosidade dos fora da lei.

Nega-se a dignidade ao ser humano – o trabalho  – o pão! -,  a saúde, a educação, a paz. Em seu lugar alguns recebem pequenas esmolas, subsídios, ilusões.

Desfazem-se os bons nomes na praça pública – porque a intensidade dos recalques de cada um de nós é tão grande que, como a do pobre homem que se tornou carrasco só pelo prazer de poder matar as suas incapacidades atrás de um capuz que lhe esconda a cara, somos vítimas da nossa mais profunda frustração.

Mantêm-se os maus nomes na praça pública, porque é mais fácil rosnar no beco do que agir na rua principal. Defendemos grandes causas – abaixo o Acordo Ortográfico!!! – e viramos as costas às pequenas – a dignidade de uma vida que não se repetirá.

Conheço e reconheço políticos honestos. Conheço e reconheço políticos desonestos. Lidei com crianças azedas das Jotas partidárias que procuravam o suborno e a negociata a qualquer preço.

Mas os males da Democracia não vêm dos políticos. Vêm dos povos que os elegem, mantêm, adulam, alimentam, permitem. E sobretudo dos povos que negam ser políticos – confiando os seus destinos a meia dúzia de mãos por vezes pouco limpas.

Por isso a Democracia sofre de uma dessas doenças raríssimas. Sofre dos que lhe viram as costas à hora do voto, dos que lhe viram as costas à hora da justiça, dos que a impedem de ser… Democracia: o governo do povo, como a utopia bem define na sua origem.

Precisamos de policiar a Democracia. Antes de ser necessário mandar a Judiciária a casa deste ou daquele, para buscas ou agitações. Sim; precisamos. Mas nunca tornando-a um lugar de bufos e justiceiros de pacotilha.

A arma mais eficaz não tem cano, nem bala, nem pólvora, nem raio laser. A arma mais eficaz somos nós, nunca sozinhos.

Por opção do autor, este artigo respeita o AO90