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sábado, 14 de abril de 2018

A mais cobiçada arma russa não é a bomba atómica, é a Gazprom

Novo artigo em Aventar


por Autor Convidado

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[ António Alves * ]

Há cerca de um ano o mundo esteve à beira da confrontação por causa de um vídeo colocado no YouTube. Mostrava um massacre e pretendia provar que o regime sírio tinha usado gás sarin para matar indiscriminadamente população civil. O vídeo mostrava um elevado número de crianças mortas. John Kerry afirmou ao mundo que os americanos tinham provas obtidas "por outros meios", a partir de "fontes independentes", "através de processos adequados" contra o regíme Sírio. Os EUA ameaçaram bombardear a Síria.

"Sabemos que o regime [de Bashar al-Assad] ordenou o ataque, sabemos que eles se prepararam para isso. Sabemos de onde foram lançados os rockets. Sabemos onde caíram. Sabemos os danos que eles causaram. Vimos as imagens terríveis divulgadas nas redes sociais e temos provas [do que aconteceu] obtidas por outros meios. E sabemos que o regime tentou encobrir tudo, por isso temos uma argumentação muito forte" - John Kerry

Os russos e chineses ameaçaram auxiliar a Síria. Felizmente houve bom senso e a crise arrefeceu. Mais tarde, veio a provar-se que os rebeldes fundamentalistas islâmicos, que são financiados por potentados árabes amigos dos EUA, eram useiros e vezeiros no uso de armas químicas e, muito provavelmente, mataram premeditadamente inocentes com gás sarin [2] para inculpar o regime de Assad. Nos media ocidentais o coro que então culpava sem provas o regime sírio era praticamente unânime. Por trás do conflito na Síria está o interesse do Qatar e dos EUA [3] em abrir território para fazer chegar um gasoduto à Turquia de forma a abastecer a Europa e retirar à Rússia a sua força estratégica: o gás de que a Europa depende e a Gazprom tem.

A guerra segue dentro de momentos numa Europa perto de si. Não perca os próximos episódios.   * texto de 2014

Os três estarolas vão à Guerra

Um Bush com um esquilo albino morto na cabeça, um Tony Blair de saias e um Aznar sem bigode e com tiques pós-modernos descobriram armas químicas na Síria e vai daí toca a testar algumas armas novas, que isto da guerra não é para “meninos”.

O Presidente que funga segue os passos do seu antecessor, que cambaleava, e leva dois parceiros para o Tango Sírio. Desta feita o Touro de Rajoy é substituído pelo Galo de Macron. De comum estas três personagens têm os sérios problemas internos com que se debatem e a fragilidade dos seus poderes.

O único pais do planeta que até ao momento usou armas de destruição maciça em larga escala – em Hiroshima e Nagasaki e no Vietnam – junta-se assim  ao país que durante anos conduziu testes de armas nucleares no Sul do Oceano Pacífico, a França, e ao país que desenhou o desastrado Mapa do Médio Oriente, a Inglaterra, para “punir” a Síria por um ataque químico que só os capacetes brancos, leia-se “equipas de televisão da CIA”,  até agora viram.

Estes três países são responsáveis pela guerra na Síria e por 500 mil de mortos e 10 milhões de refugiados mas estão particularmente incomodados com umas putativas 75 vítimas, por “pura sorte” e “feliz coincidência” todas mulheres e crianças, pelos vistos mais susceptíveis aos efeitos da arma química usada por Assad. Não é que Assad seja flor que se cheire, como Hussein não era, Khadafi também não e Mubarak e muito menos o seu vizinho Tunisino Ben Ali não eram. Mas estas ditaduras comparativamente eram “sossegadas”.

Mas é verdade que nos Emiratos, na Arábia Saudita ou no Quatar, ou até mesmo no Kuweit a situação não é melhor que a das ditaduras acima referidas. E não é menos verdade que as Primaveras Árabes se tornaram em Outonos do nosso descontentamento e que entre mortos, refugiados e emigrantes em fuga desta zona do mundo não cessam de aumentar e de abalar a Europa, o Euro e o mundo. O Yemen é mais um exemplo da desastrada intervenção dos velhos aliados, com um enorme rasto de sangue atrás de si e o desaparecimento total do Estado e de qualquer vestígio de instituição que não seja a Guerra.

Estes três países têm serviços secretos especializados em assassinatos selectivos, que recorrem a Drones para eliminar os adversários políticos em países cujos regimes não são do seu especial agrado e têm pouca moral para falar das armas químicas da Síria. Que, de resto, devem estar escondidas ao pé das armas de destruição maciça do Iraque que ainda não apareceram. Tancos, pelos vistos, não é ali.

Percebemos agora melhor a mediatização da fantasia da tentativa de assassinato do ex-espião e da sua filha pelos russos. Era para criar o clima. O vírus, esse, pelos vistos é poliglota.

Síria, 15 anos após as armas de destruição maciça que ninguém conseguiu encontrar no Iraque

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Publicado por João Mendes

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Fotografia: Associated Press

Passaram 15 anos desde a invasão do Iraque e as armas de destruição maciça do regime de Saddam, cuja existência Bush, Blair, Aznar e Barroso juravam poder provar factualmente, continuam em parte incerta.

Esta noite, Trump, May e Macron bombardearam um Estado soberano, em violação da Carta das Nações Unidas, do seu Conselho de Segurança e das mais elementares normas do direito internacional que norteiam as relações internacionais entre estados civilizados, partindo do pressuposto de que o regime de Assad terá usado armas químicas contra a sua população, sem, contudo, apresentarem ao mundo as provas irrefutáveis que afirmam ter. Tal como aconteceu em 2003, quando o Iraque foi invadido. Com todas as consequências que isso teve, da escalada da violência ao sólo fértil onde germinou o Daesh.

Hoje seria o dia em que os peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas entrariam em Douma, na Síria, para investigar o alegado ataque químico do regime. Porque não esperar mais uns dias antes de bombardear a Síria? Teriam Trump, May, Macron e restantes aliados e financiadores do sector militar e da construção receio que o alegado ataque não pudesse ser confirmado? Talvez. E isso seria um problema para os lucros de uns e para o financiamento das campanhas eleitorais de outros.

Porque será que isto acontece? Porque os EUA, Reino Unido e França estão preocupados com a segurança dos sírios inocentes que são vítimas do regime opressor de Al-Assad? Não deve ser. Se fosse por aí, não venderiam armas à Arábia Saudita. Acontece porque o Ocidente quer mostrar as garras à Federação Russa, principal aliado da Síria, apesar de não mexer uma palha para incomodar minimamente o dinheiro sujo que os oligarcas amigos de Putin fazem circular através dos bancos, sector imobiliário ou clubes de futebol europeus, apenas para dar alguns exemplos. E talvez aconteça, quem sabe, para condicionar a instalação de gasodutos que, em muitos casos, precisam de uma Síria alinhada e servil para chegar à Europa.

No meio de tudo isto, Putin aproveita para fazer o papel do moderado e o Daesh exulta, de Corão e Ak-47 na mão, perante o enfraquecimento do regime sírio, que, opressor ou não, tem causado danos profundos na organização terrorista. A factura, essa, será paga pelos suspeitos do costume. E depois ficamos muito admirados porque milhares de desgraçados decidem arriscar a vida num barco de borracha para fugir para a Europa que anda há décadas a bombardear e a financiar guerras no Médio Oriente.

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Os 15 melhores locais em Portugal para sobreviver a um desastre nuclear

por admin

Este artigo tinha tudo para ser uma piada... se não fossem os recentes acontecimentos na Síria e o extremar de posições entre o Ocidente e países como a Rússia ou o Irão. O mundo está cada vez mais perigoso e à beira de um conflito em larga escala e nunca como hoje se falou tanto em guerra generalizada, fazendo lembrar os tempos que antecederam as 2 guerras mundiais. Não queremos ser alarmistas e pretendemos que encare estas sugestões com algum humor. No entanto, as razões aqui apresentadas são válidas e razoáveis e têm como fundamentos principais o facto de se tratarem de locais relativamente abrigados e protegidos e com acesso a água, comida e ar puro. Pelo sim, pelo não... mais vale prevenir. Veja as nossas sugestões sobre os melhores locais para procurar refúgio em caso de uma guerra nuclear.

1. Chaves

Ponte de TrajanoPonte de Trajano - Fernando Ribeiro

Chaves está inserida num vale fértil capaz de produzir alimentos variados e em quantidades suficientes para alimentar milhares de pessoas durante muito tempo. Tem também acesso a fontes abundantes de água e está localizada num local relativamente isolado, calmo e longe de grandes problemas.

2. Vale da Vilariça

Vale da VilariçaVale da Vilariça

O Vale da Vilariça, em Torre de Moncorvo, é um dos vales mais férteis do país. Além disso, esta é uma zona muito próxima a locais onde pode encontrar outros recursos e perto de um grande rio, o Douro, que pode servir como via de comunicação com outras áreas.

3. Estorãos

EstorãosEstorãos

Trata-se de uma das zonas mais rurais e típicas de Ponte de Lima, com grande acesso a água e pastagens óptimas para os animais. A zona de Estorãos é óptima para a criação de gado, o que pode ser importante para conseguir fontes de alimento.

4. Sistelo

SisteloSistelo - Rui Videira

Quem conhece este local percebe as razões da escolha: trata-se de uma aldeia isolada entre diversas montanhas, longe de tudo. Mas, ao mesmo tempo, possui um acesso muito bom a diversas fontes de água pura e os seus pastos e terras estão organizados de forma a maximizar a produção agrícola e a área de pastos para os animais.

5. Serra da Freita

Serra da FreitaSerra da Freita

Decidimos incluir a Serra da Freita em todo o seu conjunto porque esta região possui inúmeros locais, especialmente pequenas aldeias, onde é possível ter fácil acesso a água e alimentos. Além disso, a sua morfologia acidentada proporciona isolamento e abrigo.

6. Manteigas

ManteigasManteigas

Em pleno vale glaciar, Manteigas está protegida pela morfologia das montanhas que a rodeiam e tem acesso a água e a locais para praticar agricultura. O facto de estar numa zona montanhosa como a Serra da Estrela é um ponto a favor.

7. Ilha da Madeira

MadeiraMadeira - Olga Land

Ninguém se lembraria de atacar a ilha da Madeira com algum míssil nuclear. E além disso, a pérola do Atlântico está relativamente isolada, longe dos maiores pontos de potenciais conflitos. Possui ainda boas reservas de água, especialmente no lado norte da ilha, e alguns terrenos bons para a agricultura.

8. Ilha das Flores

cascatas mais bonitas de PortugalCascata da Ribeira Grande - Joel Santos

Também no meio do Atlântico, a ilha das Flores proporciona fácil acesso à água e pastos para animais. Tem a vantagem de estar a uma distância razoável da Base das Lages, o que significa que não corre grandes riscos de ser afectada por algum ataque nuclear a esta base americana.

9. Ilha de São Miguel

locais para visitar na Ilha de São MiguelLagoa das Sete Cidades

Apesar de estar um pouco mais próxima da Base das Lages, a ilha de São Miguel é também uma boa opção. Água com fartura e pastos abundantes para os animais, especialmente gado bovino, caracterizam esta região dos Açores. Possui tamanho e recursos suficientes para vários milhares de pessoas.

10. Castro Laboreiro

Castro LaboreiroCastro Laboreiro

Em pleno Gerês, Castro Laboreiro possui a vantagem de estar inserida num ambiente puro, com água abundante, com bons pastos para animais e num local isolado e montanhoso. A orografia do Parque Nacional Peneda Gerês proporciona uma protecção natural para quem aqui se queira refugiar.

11. Soajo

fim de semana românticoSoajo

Mais uma aldeia em pleno Gerês. O Soajo tem os mesmos pontos fortes de Castro Laboreiro, com a vantagem de ser um pouco mais central em relação ao Parque Nacional onde se insere. Aliás, dentro do Parque Nacional da Peneda Gerês são vários os possíveis locais para procurar um bom abrigo.

12. Rio de Onor

Rio de OnorRio de Onor

Rio de Onor, em pleno Parque Natural de Montesinho, é um caso especial. Não se trata apenas de ser um local isolado, rodeado por montanhas e com acesso a água e alimentos. O ponto mais forte de Rio de Onor é a sua tradição comunitária, em que os habitantes partilham os recursos naturais, como terrenos, fontes de água e gado. Por todo o Parque Natural de Montesinho existem diversas aldeias comunitárias, algo que pode ser essencial para sobreviver durante vários anos já que, sejamos honestos, a cooperação e entreajuda entre as pessoas será essencial.

13. Alqueva

AlentejoAlentejo

Os pontos mais fortes da região do Alqueva serão o acesso a uma fonte enorme de água e a vastas regiões de terrenos agrícolas. No entanto, a paisagem relativamente plana e aberta do Alentejo não é propriamente a mais indicada para procurar refúgio.

14. Buracas do Casmilo

Vale das Buracas do CasmiloBuracas do Casmilo

Situadas em Condeixa-a-Nova, as Buracas do Casmilo são um caso especial: não dariam refúgio a muita gente, mas o refúgio seria de qualidade. Tratam-se de formações naturais nas rochas que podem servir de abrigo. O acesso a fontes de água é relativamente bom. Um dos possíveis problemas poderá ser encontrar bons terrenos para a agricultura.

15. Grutas de Mira de Aire

Grutas de Mira de Aire

Existirá melhor local para procurar refúgio do que uma gruta? Bem... talvez a ideia seja um pouco disparatada a longo prazo. Se pretende refúgio para apenas alguns dias, prepare alguma água e comida e corra para as grutas de Mira de Aire. No entanto, dificilmente conseguirá sobreviver nas grutas a médio ou a longo prazo. Esta opção, portanto, é apenas para ser usada em casos de pânico de última hora.

O défice, Centeno e o euro

Ladrões de Bicicletas


Posted: 13 Apr 2018 11:39 AM PDT

O défice não é uma variável determinada pelo governo. Este apenas gere a despesa pública, enquanto as receitas dependem da evolução do produto, ou seja, da despesa interna - onde se destacam o consumo e o investimento privados - e do saldo externo. De facto, o governo não controla o comportamento das famílias e das empresas, nem as compras do resto do mundo aos nossos exportadores. Nem controla, pelo menos directamente, as importações que absorvem uma parte do rendimento por nós criado.
Portanto, se tem havido uma redução do défice (em % do produto), isso deve-se em alguma medida à boa táctica do PS quanto à reposição dos rendimentos que haviam sido cortados pela política desastrosa da troika. O que se gastou com a reposição foi mais do que recuperado em impostos e na redução de subsídios de desemprego. E também se deve ao crescimento do turismo e a uma bolha do imobiliário, sobretudo produzida pelo afluxo de capitais especulativos e pela retoma do crédito bancário à habitação, bolha que um dia destes vai rebentar e deixar um rasto de crédito mal-parado nos bancos. E obrigará o estado a sanear bancos, fazendo aumentar novamente a dívida pública. Pois, a livre circulação de capitais especulativos e o capitalismo financeirizado é isto. Mas não foi sempre assim, nem tem de ser para sempre assim.
Em resumo, uma contenção do numerador (Défice/PIB) através do adiamento sine die do investimento público e o congelamento das carreiras dos funcionários, algo que acontece desde há muito tempo para favorecer as contas, acompanhada de uma convergência de factores favoráveis ao crescimento do denominador (incluindo a reposição de rendimentos), ofereceu ao governo um défice muito mais baixo do que tinha inicialmente previsto. Sim, o défice pode surpreender um governo, tanto pela negativa (2012) como pela positiva (2017) porque, convém insistir, o governo não controla uma parte do numerador (receita dos impostos) e não controla mesmo a evolução do denominador (produto).
Então, porque é que esta orientação favorável ao défice não prossegue, tanto mais que em Bruxelas tem havido satisfação com Centeno? A resposta é simples. Há outra variável que Bruxelas também quer baixar e, tal como para o défice, também tem ideias erradas quanto à melhor forma de o conseguir. A dívida pública deverá reduzir-se para o nível de 60% do produto rapidamente, como manda o tratado Orçamental. Hoje, Centeno não está em condições institucionais (nem tem convicção) para executar uma táctica de arrastamento quanto a este objectivo, como tem sido feito por outros países. Por esta razão, o governo deseja que o défice do orçamento para 2019 (o défice anual acresce ao montante global da dívida pública) se aproxime de um saldo nulo e, nos anos seguintes, apresente um excedente. Portanto, para cumprir as metas da dívida, o governo não pretende usar as folgas obtidas com o crescimento do produto acima do previsto em 2017, e previsivelmente em 2018, para fazer investimento socialmente útil. O principal objectivo é construir uma imagem de credibilidade junto dos especuladores financeiros através de uma redução acelerada do peso da dívida pública no produto. E isto é possível desde que o produto continue a crescer e o povo mais penalizado com a erosão dos serviços públicos continue a sofrer com resignação, até porque não vê uma alternativa credível.
O governo podia ir mais devagar neste caminho e, se o fizesse, não criaria dificuldades políticas às esquerdas. Mas, aqui, saímos do horizonte da táctica e entramos no da estratégia. Para o socialismo que está no governo, a respeitabilidade financeira é um elemento central do seu programa e a moeda única é o que temos de sofrer para manter o sonho desse socialismo europeu. Até que um dia, quando a esquerda governar todos os países da zona euro, se possa mudar (por unanimidade) a arquitectura dos Tratados num sentido progressista. Sim, é preciso sofrer, caso contrário, como diz Carlos César, irá tudo por água abaixo.
Não será tempo de as esquerdas deixarem de falar a linguagem politicamente correcta, mas teoricamente errada, quando assumem implicitamente que a redução dos défices e, por essa via a redução da dívida, é um caminho respeitável se for percorrido mais devagar do que Centeno deseja? O apoio político ao governo, até ao fim desta legislatura, não deve estar em causa. Mas isso não obriga a fazer um discurso respeitador do quadro conceptual da direita e do ordoliberalismo dos Tratados. É possível fazer uma pedagogia mais clara e insistente do que são os défices e de como são financiados num país com soberania monetária. Com um discurso politicamente incorrecto mas cientificamente correcto, ficaria evidente para muita gente o quão absurdo e socialmente danoso é estarmos no euro e, pelo menos para o BE, tal permitiria tornar mais clara a estratégia política, o que não seria necessariamente mau do ponto de vista eleitoral. Este é um ponto que defendo no vídeo acima.

Seguros para-remuneratórios

Posted: 13 Apr 2018 09:15 AM PDT

Fonte: Associação Portuguesa de Seguradores

O peso dos seguros de saúde têm vindo a subir no total dos prémios de seguros. Segundo os números da Associação Portuguesa de Seguradores, eram 10,6% do total dos prémios emitidos em 2009 e passaram para 13,5% em 2017.
Mas nesse total e a partir de 2016, os prémios dos seguros pagos pelas empresas aos seus trabalhadores ultrapassaram já os prémios pagos individualmente. O número de pessoas cobertas reflecte essa realidade. Em Dezembro de 2014, eram 1,1 milhões de trabalhadores cobertos por seguros e três anos depois, abrangiam já 1,439 milhões de trabalhadores, acima dos seguros individuais que passaram de 851,6 mil pessoas em 2014 para apenas 900 mil em 2017. Qual a razão para esta inversão? Muito provavelmente, o Orçamento de Estado OE).

Até 2014, os prémios de seguros para os seus trabalhadores eram considerados rendimentos de trabalho e sujeitos a IRS. De qualquer forma, o Código do IRS previa também - e ainda prevê - que parte da despesa dos contribuintes individuais em seguros de saúde contava - e conta ainda - para as deduções fiscais à colecta com despesas de saúde, desde que tivessem "sido comprovadamente tributados como rendimento do sujeito passivo". 
Mas a partir do primeiro dia de 2015, a lei do OE para 2015 introduziu um aditamento ao Código do IRS.
No seu artigo 2-A, passou a ficar explícito o que "não se consideram rendimentos do trabalho dependente". Várias despesas patronais, a maior parte delas que contam como remunerações indirectas: "As prestações efetuadas pelas entidades patronais para regimes obrigatórios de segurança social, ainda que de natureza privada", "as prestações relacionadas exclusivamente com ações de formação profissional dos trabalhadores, quer estas sejam ministradas pela entidade patronal, quer por organismos de direito público ou entidade reconhecida", "as importâncias suportadas pelas entidades patronais com a aquisição de passes sociais a favor dos seus trabalhadores", "as importâncias suportadas pelas entidades patronais com encargos, indemnizações ou compensações, pagos no ano da deslocação, em dinheiro ou em espécie, devidos pela mudança do local de trabalho", os rendimentos recebidos pelos trabalhadores "após a extinção do contrato de trabalho, sempre que o titular seja colocado numa situação equivalente à de reforma".
E - além dessas e claro está - "as importâncias suportadas pelas entidades patronais com seguros de saúde ou doença em benefício dos seus trabalhadores ou respetivos familiares desde que a atribuição dos mesmos tenha carácter geral". Estranhamente, já que, a partir de 2014, graças ao OE 2014, esses prémios de seguros tinham ficado incluídos precisamente nos rendimentos de trabalho a tributar (ver pag 7056 III).
Qual é, pois, a importância desta regra que ainda está em vigor?


Antes, os prémios eram correctamente considerados como uma forma indirecta de retribuição e eram penalizados em IRS como rendimento dos trabalhadores. Era uma forma indirecta de remuneração, mas que beneficiava já as entidades patronais porque servia para compensar ausência de aumentos salariais mais acentuados. Tinha outra vantagem: era uma remuneração que podia ser reduzida ou mesmo cortada uniletaralmente pela empresa, e sobre a qual não pagavam contribuições para a Segurança Social (apesar de ser considerado rendimento do trabalho).
Depois, as entidades patronais não só gozam dessas mesmas vantagens de ser uma remuneração indirecta cujos valores podem ser reduzidos a qualquer momento, como ainda por cima podem alegar aos seus trabalhadores que desde 2015 nem sequer vão pagar IRS por isso. Trata-se de um subsídio público às empresas privadas, à forma de retribuição indirecta e, em última instância - e neste caso concreto - às companhias seguradoras. E em muito última instância aos trabalhadores.
Mais e mais inviamente:
1) fiscalmente, os prémios de seguros pagos aos seus trabalhadores abatem totalmente aos proveitos das empresas, pelo que quanto maior for a remuneração indirecta de trabalho, menor será o IRC sobre lucros a pagar. E em 2012 foram 546 milhões de euros pagos pelas empresas em prémios de seguros de grupo, mas em 2017 já eram 742 milhões. E quanto maiores as empresas, maior o bolo a descontar aos lucros.  
2) A expansão dos seguros de saúde, conectados ao funcionamento do sector privado de saúde, aliciou num primeiro momento os profissionais da saúde que viam os seus rendimentos complementados com uma perninha  no sector privado. Estabeleceu-se um negócio entre as companhias de seguros e os médicos em torno do valor do K, ou seja, a unidade de referência para o cálculo de cada acto médico. No princípio, o K era elevado e todos ficaram contentes. Mas o valor do K tem vindo a baixar por decisão das companhias seguradoras e os médicos tornaram-se em autênticos caixeiros viajantes, que andam de terra em terra, de instituição em instituição, de acto em acto, para conseguir a sua remuneração adicional. Ficaram na mão das companhias seguradoras. Pior ainda: antes quando trabalhavam nos consultórios (em complemento com o sector público) recebiam na hora. Agora, as companhias diferem os pagamentos...
Por tudo, os responsáveis pelo Estado têm de ter em atenção aos efeitos perversos das suas decisões. Por que deverá o Estado promover a expansão de seguros de saúde, já que se encontram em clara expansão? Quem e o quê se está a beneficiar com esta protecção pública?