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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Zeus

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por Carla Romualdo

Às vezes encontrava-o no restaurante, ele vendia a «Cais» e quase ninguém a comprava, mas o pior nem era isso, era o ar de nojo com que lhe diziam que não, não fosse a sua presença ao lado da mesa contaminar a batata assada e a costela mendinha, diziam-lhe que não com um gesto enfastiado da mão mas não olhavam para ele, e ele agradecia e afastava-se devagar, com aquele corpo lento e cerimonioso, mas havia uma tensão nos seus lábios, rápida, logo afastada, que denunciava uma violência que ele tinha de conter a cada instante, uma luta nunca vencida.

Depois deixou de ter a «Cais», não sei que aconteceu, porque apareceu com uma revista gratuita, uma publicação dos lojistas de uma rua qualquer, e eu disse que não precisava da revista, que o ajudava na mesma, mas foi um gesto indigno, o meu, e arrependi-me logo porque ele insistiu em dar-me a revista. Aceitei-a, ele agradeceu de novo com aquela vénia solene que eu já lhe conhecia, mas desta vez demorou mais tempo a erguer a cabeça, vi-o sonolento, pesado, ferido e percebi que o grande deus caído em desgraça estava cansado da sua penitência. Ler mais deste artigo

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Quotas, caciques e eleições internas

Quotas, caciques e eleições internas

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Diario-de-Noticias

1- Segundo o Expresso, na concelhia de Lousada, num fim de semana, os militantes do PSD com direito a voto passaram de 60 a 670. Um exemplo, entre muitos, do que está a acontecer com o aproximar do prazo para o pagamento de quotas e define quem pode votar nas eleições para liderar o PSD. Está montado o festival de pagamentos em massa de quotas, dos 20 ou 30 militantes por morada, do aparecimento dos caciques a vender votos, dos sindicatos de votos. Numa expressão: o costume. Este tipo de fenómenos nem chega a merecer um encolher de ombros de quem tem por mister olhar para a política, quanto mais dos cidadãos pouco familiarizados com os partidos e com bem mais que fazer. Quem observa estes fenómenos acaba por fazer as análises como se fosse a coisa mais normal do mundo: "O tipo X consegue trazer 50 para votar", "eh pá, pois, mas o Y tem o Z que tem uns 40 que traz em quatro táxis do W". Há mesmo quem diga que é a ordem natural das coisas.

E tudo isto se passa diante dos olhos dos políticos que conseguem falar de grandes questões de Estado enquanto se recusam a perceber, ou preferem não ver, o que estes fenómenos corroem a democracia e a fé das pessoas nos processos democráticos.

É que este tipo de comportamentos, em larga medida, decide a eleição do presidente de um partido. E a conclusão que tem de se tirar é muito simples: o futuro líder do PSD e potencial primeiro-ministro vai ser eleito, em alguma medida, através de aldrabices. No mínimo, será alguém que conseguiu aldrabar mais do que o seu adversário. Repete-se, é isto novo? Claro que não. Tem-se repetido sistematicamente no PSD e, claro, no PS. É feito com a complacência ou, sejamos justos, com o elevado patrocínio dos candidatos que têm a falta de vergonha de olhar para isto tudo e nada dizer, que compactuam e nada fazem, antes ou depois de chegarem ao poder, para pôr um travão a isto.
Mas as consequências ultrapassam em muito o processo eleitoral - infeta os partidos até ao seu âmago. Se um qualquer cacique vai ao gabinete de um candidato e negoceia com ele votos de uns primos que só aparecem para votar e não sabem sequer o que estão a fazer, ou se o mesmo candidato manda pagar (alguns fingem ignorar, acontece muito...) quotas em massa, que tipo de mensagem julga que está a passar, que processos pensa que está a validar? Será muito surpreendente que o cacique depois exija uns cargos para uns primos que nem a arrumar carros arranjam trabalho? E com que cara o líder ou seu representante os vai negar? Que autoridade terá para punir um detentor de um sindicato de votos que arranja uns financiamentos esquisitos? No limite, como poderão os líderes do PSD ou do PS ter legitimidade para falar de moralização da política e de ética quando pactuam ou pactuaram com as práticas que ocorrem nas eleições internas dos seus partidos?
2 - Já fui dos que culpavam a reduzida participação cívica dos portugueses pela grande parte dos males que assolam sobretudo os principais partidos. Este deixa andar para depois criticar, o torpor que pagamos sempre tão caro e que nunca reconhecemos como causa para muitos dos males que sofremos. Basta já ter ido a uma reunião de pais ou condóminos para perceber o empenho que dedicamos a causas comunitárias. No entanto, culpar apenas ou principalmente os cidadãos pelo estado de coisas no partido é, no mínimo, precipitado. Ninguém duvida de que uma maior vontade de ação política por parte dos cidadãos nos partidos lhes traria mais saúde e provavelmente diminuiria as poucas vergonhas acima descritas. Mas ninguém pode negar a maneira como os partidos do centro (para falar só destes) criaram barreiras à entrada de pessoas que queiram participar, particularmente o PSD. E é evidente que, com todos os seus defeitos e sem negar que o mesmo tipo de chapeladas e similares acontece nesse processo, a abertura a não militantes do voto para a liderança ajudou a uma certa abertura do PS. Uma medida que veio, pelo menos, ajudar a remediar o erro histórico de fazer eleições diretas para líder do partido - não cabe aqui agora o debate, mas o processo atual diminui a vida democrática dos partidos.

As máquinas partidárias rejeitam quem traz novas ideias, quem acha que o modus operandi não é o melhor, quem contesta a organização. A máquina já não defende o partido, defende a sua sobrevivência. O PSD é hoje exemplo disso. Rezava a máxima política que o partido expelia quem pensava que não ia conquistar o poder. Neste momento, a máquina partidária está concentrada sim em manter-se a mandar no partido. Prefere um líder que garanta que nada muda no partido, mesmo que seja praticamente certo que não ganhará as legislativas, a um que a máquina pressente que a vai abalar, mesmo tendo mais possibilidades de ganhar eleições.

Seja como for, não se pode continuar a fechar os olhos ao enorme cambalacho em que se transformaram, em grande parte, os processos de escolha para líder dos principais partidos, como não se pode ignorar os efeitos nas suas vidas internas.

Por mim, já perdi a esperança de que mudem, que promovam a sua regeneração. Bem sei que interferir na vida dos partidos é atentar contra a sua capacidade de autorregulação, mas também sei que eles são neste momento, em muitos aspetos, local de más práticas, de péssima propaganda à democracia. Algo tem de ser feito antes que seja demasiado tarde.

1- Segundo o Expresso, na concelhia de Lousada, num fim de semana, os militantes do PSD com direito a voto passaram de 60 a 670. Um exemplo, entre muitos, do que está a acontecer com o aproximar do prazo para o pagamento de quotas e define quem pode votar nas eleições para liderar o PSD. Está montado o festival de pagamentos em massa de quotas, dos 20 ou 30 militantes por morada, do aparecimento dos caciques a vender votos, dos sindicatos de votos. Numa expressão: o costume. Este tipo de fenómenos nem chega a merecer um encolher de ombros de quem tem por mister olhar para a política, quanto mais dos cidadãos pouco familiarizados com os partidos e com bem mais que fazer. Quem observa estes fenómenos acaba por fazer as análises como se fosse a coisa mais normal do mundo: "O tipo X consegue trazer 50 para votar", "eh pá, pois, mas o Y tem o Z que tem uns 40 que traz em quatro táxis do W". Há mesmo quem diga que é a ordem natural das coisas.

E tudo isto se passa diante dos olhos dos políticos que conseguem falar de grandes questões de Estado enquanto se recusam a perceber, ou preferem não ver, o que estes fenómenos corroem a democracia e a fé das pessoas nos processos democráticos.

É que este tipo de comportamentos, em larga medida, decide a eleição do presidente de um partido. E a conclusão que tem de se tirar é muito simples: o futuro líder do PSD e potencial primeiro-ministro vai ser eleito, em alguma medida, através de aldrabices. No mínimo, será alguém que conseguiu aldrabar mais do que o seu adversário. Repete-se, é isto novo? Claro que não. Tem-se repetido sistematicamente no PSD e, claro, no PS. É feito com a complacência ou, sejamos justos, com o elevado patrocínio dos candidatos que têm a falta de vergonha de olhar para isto tudo e nada dizer, que compactuam e nada fazem, antes ou depois de chegarem ao poder, para pôr um travão a isto.
Mas as consequências ultrapassam em muito o processo eleitoral - infeta os partidos até ao seu âmago. Se um qualquer cacique vai ao gabinete de um candidato e negoceia com ele votos de uns primos que só aparecem para votar e não sabem sequer o que estão a fazer, ou se o mesmo candidato manda pagar (alguns fingem ignorar, acontece muito...) quotas em massa, que tipo de mensagem julga que está a passar, que processos pensa que está a validar? Será muito surpreendente que o cacique depois exija uns cargos para uns primos que nem a arrumar carros arranjam trabalho? E com que cara o líder ou seu representante os vai negar? Que autoridade terá para punir um detentor de um sindicato de votos que arranja uns financiamentos esquisitos? No limite, como poderão os líderes do PSD ou do PS ter legitimidade para falar de moralização da política e de ética quando pactuam ou pactuaram com as práticas que ocorrem nas eleições internas dos seus partidos?
2 - Já fui dos que culpavam a reduzida participação cívica dos portugueses pela grande parte dos males que assolam sobretudo os principais partidos. Este deixa andar para depois criticar, o torpor que pagamos sempre tão caro e que nunca reconhecemos como causa para muitos dos males que sofremos. Basta já ter ido a uma reunião de pais ou condóminos para perceber o empenho que dedicamos a causas comunitárias. No entanto, culpar apenas ou principalmente os cidadãos pelo estado de coisas no partido é, no mínimo, precipitado. Ninguém duvida de que uma maior vontade de ação política por parte dos cidadãos nos partidos lhes traria mais saúde e provavelmente diminuiria as poucas vergonhas acima descritas. Mas ninguém pode negar a maneira como os partidos do centro (para falar só destes) criaram barreiras à entrada de pessoas que queiram participar, particularmente o PSD. E é evidente que, com todos os seus defeitos e sem negar que o mesmo tipo de chapeladas e similares acontece nesse processo, a abertura a não militantes do voto para a liderança ajudou a uma certa abertura do PS. Uma medida que veio, pelo menos, ajudar a remediar o erro histórico de fazer eleições diretas para líder do partido - não cabe aqui agora o debate, mas o processo atual diminui a vida democrática dos partidos.

As máquinas partidárias rejeitam quem traz novas ideias, quem acha que o modus operandi não é o melhor, quem contesta a organização. A máquina já não defende o partido, defende a sua sobrevivência. O PSD é hoje exemplo disso. Rezava a máxima política que o partido expelia quem pensava que não ia conquistar o poder. Neste momento, a máquina partidária está concentrada sim em manter-se a mandar no partido. Prefere um líder que garanta que nada muda no partido, mesmo que seja praticamente certo que não ganhará as legislativas, a um que a máquina pressente que a vai abalar, mesmo tendo mais possibilidades de ganhar eleições.

Seja como for, não se pode continuar a fechar os olhos ao enorme cambalacho em que se transformaram, em grande parte, os processos de escolha para líder dos principais partidos, como não se pode ignorar os efeitos nas suas vidas internas.

Por mim, já perdi a esperança de que mudem, que promovam a sua regeneração. Bem sei que interferir na vida dos partidos é atentar contra a sua capacidade de autorregulação, mas também sei que eles são neste momento, em muitos aspetos, local de más práticas, de péssima propaganda à democracia. Algo tem de ser feito antes que seja demasiado tarde.

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88,7% dão nota positiva aos 2 anos de Governo Quase 30% dos eleitores do PSD dão notas máximas ao Executivo. Inquiridos de PS, BE e PCP 100% satisfeitos.

Por Bruno de Castro Ferreira|

10.12.17PARTILHE 1883 0 1 / 3 António Costa Lusa 1883

Quase nove em cada dez inquiridos dá nota positiva aos dois primeiros anos de Governo. De acordo com a sondagem CM/Aximage, 88,7% dos eleitores fazem um balanço muito bom, bom ou assim-assim da prestação do Executivo PS suportado por PCP e BE. Em sentido contrário, 10,4% acham que o Governo agiu mal ou muito mal. VIDEO88,7% dão nota positiva aos 2 anos de Governo Quase 30% dos eleitores do PSD dão notas máximas ao Executivo. Inquiridos de PS, BE e PCP 100% satisfeitos. À Esquerda, nenhum eleitor de PS, BE e PCP classifica a atuação do governo com nota negativa. À direita, quase 30% dos inquiridos que normalmente votam PSD aplaudem o desempenho de António Costa. Já no CDS, essa percentagem baixa para 16%. É no Porto que se encontram os mais satisfeitos, com mais de 64% dos inquiridos a atribuírem as melhores notas ao Governo. Já no Sul e ilhas, essa percentagem baixa para 48,8% - são os menos convencidos.

INFOGRAFIABalanço da atuação do Governo Saiba como os eleitores dos partidos avaliam os dois anos de Governo. Mas o Governo só completou dois anos com o apoio de PCP e BE. O partido de Catarina Martins é visto como aquele que mais contribuiu para o Orçamento do Estado: 69,4% destacam o contributo do BE contra 54,3% que elogiam o PCP. Durante a votação na especialidade, o BE desentendeu-se com o PS que voltou atrás para chumbar uma taxa que permitiria baixar a conta da luz em 250 milhões de euros. Ainda assim, 55,8% não acredita que isso ponha a estabilidade do Governo em causa contra 33,3% que acreditam que a ‘geringonça’ pode ceder.

FICHA TÉCNICA

Universo Indivíduos inscritos nos cadernos eleitorais em Portugal com telefone fixo no lar ou possuidores de telemóvel. Amostra aleatória e estratificada (região, habitat, sexo, idade, escolaridade, atividade e voto legislativo) e representativa do universo e foi extraída de um subuniverso obtido de forma idêntica. A amostra teve 603 entrevistas efetivas: 279 a homens e 324 a mulheres; 57 no Interior Norte Centro, 80 no Litoral Norte, 101 na Área Metropolitana do Porto, 113 no Litoral Centro, 170 na Área Metropolitana de Lisboa e 82 no Sul e Ilhas; 96 em aldeias, 166 em vilas e 341 em cidades. A proporcionalidade pelas variáveis de estratificação é obtida após reequilibragem amostral.

Técnica:

Entrevista telefónica por C.A.T.I., tendo o trabalho de campo decorrido entre os dias 1 e 4 de dezembro de 2017, com uma taxa de resposta de 80,5%. Erro probabilístico Para o total de uma amostra aleatória simples com 603 entrevistas, o desvio padrão máximo de uma proporção é 0,020 (ou seja, uma "margem de erro" - a 95% - de 4,00%).

Responsabilidade do estudo Aximage Comunicação e Imagem Lda., sob a direção técnica de Jorge de Sá e de João Queiroz.

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A pocilga do caciquismo e as directas do PSD

por João Mendes

Pedro Marques Lopes assina um artigo de opinião no DN, Quotas, caciques e eleições internas, que no mínimo merece a reflexão daqueles que se preocupam com a saúde da nossa democracia. O fenómeno do caciquismo, e em particular dos pagamentos em massa de cotas, que antecedem actos eleitorais internos nos partidos do costume, representam uma subversão dos processos democráticos, que devia corar de vergonha todos aqueles que recorrem a estes procedimentos, se tivessem vergonha na cara, que não têm. Nas palavras de Pedro Marques Lopes:

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Raríssima impunidade

por Bruno Santos

Quando o jornal Público deu conta de que as principais IPSS de Vila Nova de Gaia eram totalmente controladas por assessores, familiares e amigos de autarcas da cidade, destacando o facto de a própria mulher do presidente da Câmara ser vice-presidente de uma das principais instituições de solidariedade social do concelho e ter visto o seu salário aumentado 390% em apenas cinco anos, Vítor Rodrigues , actual presidente do Conselho Metropolitano do Porto, veio clamar contra a “cabala” e a “campanha negra”, pedindo aos santinhos, jurando inocência e assegurando absoluta transparência nas relações entre o Município e as IPSS em causa. Dias depois o jornal publicava os documentos que desmentiam o autarca e dava notícia de que uma auditoria tinha sido pedida ao Ministério tutelado pelo Dr. Vieira da Silva. Até hoje.

A impunidade, juntamente com os impostos, é uma das poucas certezas que os cidadãos da República podem ter sobre o governo do seu país. Tudo parece acabar em gavetas sem fundo, onde o tempo cumpre a tarefa de fazer esquecer uma realidade já impossível, contudo, de disfarçar - Portugal é um país com índices de corrupção apenas comparáveis aos de impunidade, e uma parte significativa dos seus recursos são sorvidos pelo poço sem fundo deste tipo de crime, cada vez mais descarado.

Agora é uma reportagem da TVI que traz ao conhecimento público mais um caso grotesto, passado com outra IPSS que se dedica, alegadamente, ao apoio a crianças com doenças raras. O assunto envolve, segundo a TVI, o uso ilegítimo de recursos públicos para fins pessoais, com deslocações fictícias, compra de vestidos de alta costura, carros topo de gama, gastos pessoais em supermercados e, mais uma vez, salários chorudos. Mais uma vez também a IPSS vem defender-se publicamente invocando a tese da “cabala” e da “campanha negra”, os “interesses obscuros” e o “jornalismo de emboscada”, argumentos que se tornaram arma de arremesso sempre que é necessário erguer cortinas de fumo e justificar o injustificável, tentando escapar à responsabilidade civil, política e criminal. Pelos vistos, há até um secretário de Estado envolvido no assunto, que terá andado a receber um ordenado pago com subsídios públicos que se destinavam ao apoio de crianças doentes. Tudo isto é indigesto, indigno e, obviamente, inaceitável. E é também cada vez mais ténue a diferença entre a negligência e a cumplicidade do Ministério que tutela a Economia Social, perante tão evidentes indícios de degradação.

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Haja quem nos limpe o cu

por CGP

O assunto está na moda. Não há think-tank, jornal ou político iluminado que não fale do que aí vem: o progresso tecnológico ameaça acabar com a necessidade de trabalho humano e enviar-nos todos para o desemprego. Os mais excitados falam de um futuro em que estaremos subjugados ao poder do grande capital que deterá os robots com inteligência artificial, escravizando a classe operária. Não falta então quem sugira ideias geniais como a do rendimento básico incondicional (uma espécie de RSI para todos) ou impostos sobre o rendimento dos robots.

Estas teorias catastrofistas assentam em três pressupostos. Primeiro, que estamos a assistir a uma evolução tecnológica sem precedentes que levará à substituição de trabalhadores por máquinas. Em segundo lugar, que esta evolução tecnológica não tem precedentes na história da humanidade, que desta vez é diferente pela rapidez com que acontecerá. Em terceiro lugar, que esta mudança será negativa para a sociedade como um todo, especialmente para os mais pobres.

O problema com estas teorias é a realidade. Comecemos pelo primeiro pressuposto. Se estivéssemos a assistir a uma substituição sem precedentes de trabalhadores por máquinas, isso ficaria evidente nos indicadores de produtividade. A produtividade, grosso modo, corresponde ao volume total de produção dividido pelo número de trabalhadores. Se o dividendo se mantém igual ou cresce e o divisor cai, então a produtividade estaria a aumentar. Infelizmente, não é isso que está a acontecer: as economias desenvolvidas estão num processo de estagnação em termos de produtividade desde o início do século. A produtividade cresce a ritmos cada vez mais baixos, o contrário do que seria de esperar se estivéssemos num processo acelerado de substituição de homens por máquinas.

Mas vamos ignorar isto. Vamos então fingir que a produtividade é mal calculada e que na verdade está a crescer a um ritmo acelerado. Ou então que há outros factores não relacionados que estão a contrabalancear o efeito da automação. Ou ainda que que a automação ainda não começou a substituir trabalhadores humanos, mas que irá começar muito em breve. Não falta quem aponte números: 50% dos empregos irão desaparecer nos últimos 50 anos. Será que isto é novo? Podemos dar um passo atrás. Pensemos no mercado de trabalho nos anos 90: quantos daqueles empregos existem ainda hoje? Quantos trabalhadores em 1992 se fossem transportados no tempo para os nossos dias teriam o seu emprego tal e qual o tinham? Ou, visto de outra forma, quantos trabalhadores hoje estão em empregos que já existiam em 1992? Hoje temos muito menos bancários e mais programadores. Menos empregados de mesa e mais operadores de call center. Menos portageiros e mais hospedeiros. Mesmo os empregos que nominalmente se mantiveram iguais, alteraram-se de forma tão substancial que dificilmente se pode dizer que são o mesmo emprego (pensemos em jornalistas, por exemplo). Se fizermos a análise entre 1992 e 1967 a diferença é ainda maior. No entanto, para além das flutuações conjunturais é difícil identificar uma enorme subida do desemprego em resultado do desaparecimentos daqueles empregos. Se 50% dos actuais empregos desaparecerem nos próximos 25 anos isso não será necessariamente novo. Nem sequer, note-se, deverá causar desemprego temporário, uma vez que 50% dos trabalhadores também deverá reformar-se nos próximos 25 anos. Apesar de tudo, o perfil dos jovens que hoje começam a sua carreira é bastante diferente da média dos actuais trabalhadores. E certamente diferente do que será daqui a 25 anos.

Por outro lado, a substituição de trabalhadores é feita de forma lenta e gradual. O facto de uma tecnologia estar disponível não quer dizer que venha a substituir imediatamente todos os trabalhadores que pode substituir. Pensemos no caso da Via Verde que existe em Portugal há mais de 20 anos. Durante este período, muitos empregos de portageiro desapareceram. No entanto, os portageiros desapareeram do mercado de trabalho mais rapidamente que os empregos nas portagens. Fruto disso, apesar da Via Verde ser uma tecnologia madura, a Brisa ainda hoje contrata portageiros. Ou seja, uma tecnologia simples que substitui empregados de forma directa e com poucos custos de implementação falhou em substituir todos os empregados disponíveis para a profissão. Imaginem agora o que será com tecnologias complicadas.

Para os portugueses que ainda tenham dúvidas, há uma forma ainda melhor de ficar descansado. Portugal, como um país atrasado no conjunto dos países desenvolvidos, tem a capacidade de conseguir de antecipar o futuro, olhando para os países 20 anos à frente. É o caso do Japão, o país com o maior número de robots do Mundo, com um nível de automação a que Portugal só conseguirá chegar daqui a 15-20 anos. E no entanto, o desemprego é praticamente inexistente. Com uma densidade de robots 20 vezes superior à portuguesa, o Japão praticamente não tem desempregados e mesmo os trabalhadores queixam-se mais do excesso e não da falta de trabalho.

O terceiro argumento é de que a automação, substituindo empregos manuais e pouco sofisticados, afectará principalmente os pobres. Mais uma vez, contraria a história: o progresso tecnológico é uma força equalizadora. O progresso tecnológico torna luxos apenas disponíveis para os mais ricos em bens essenciais e generalizados. Pensemos em algo que há umas décadas ainda era um luxo: água canalizada. Um membro do topo da hierarquia no século XV teria acesso constante a água (trazida pelos aguadeiros de serviço). Para pessoas no topo da hierarquia o aparecimento de sistemas de água canalizada trouxe menos benefícios do que para os pobres (que não podiam ter empregados a transportar água). O mesmo acontece com a alimentação, a arte e o entretenimento. O progresso tecnológico (seja ele na forma de água canalizada, máquinas agrícolas, televisões ou aviões) beneficiou sempre desproporcionalmente os mais pobres. A água canalizada tirou emprego a centenas (milhares?) de aguadeiros, mas foi o que permitiu às classes menos afortunadas ter acesso a água

Nesta altura da discussão, há sempre alguém que se levanta e pede exemplos específicos de empregos que irão substituir os actuais. Eu só consigo imaginar o desespero destas mesmas pessoas se em 1930 lhes dissessem que daí a 50 anos, 3% dos trabalhadores seria suficiente para produzir os bens alimentares de toda a população. Consigo imaginar o seu desespero ao tentar imaginar onde trabalhariam os outros 60% de trabalhadores que nessa altura se dedicavam à agricultura. A verdade é que hoje não temos 60% de pessoas desesperadas de enxada na mão de porta em porta à procura de trabalho. Tal como as pessoas em 1930 não conseguiriam imaginar que empregos iriam substituir os empregos na agricultura entretanto automatizados, também para nós será difícil fazê-lo.

Uma boa forma de tentar adivinhar que empregos serão esses é analisar a sua vida e pensar o que é que gostava de ter e não tem. Em 1930 poucas pessoas faziam férias, jantavam fora ou tinham acesso a entretenimento de qualidade. A simples ideia de que estas seriam actividades regulares mesmo entre a classe média baixa seria ridicularizada. Mas isto é hoje uma realidade porque muitos dos recursos humanos utilizados na agricultura foram automatizados e o seu esforço desviado para a prestação deste tipo de serviços.

Em 2017, o que vos falta? A mim salta-me logo uma tremenda necessidade presente e que tenderá a agravar-se no futuro: o cuidado a idosos. O cuidado a idosos com problemas de mobilidade é hoje caro e inacessível à maioria das famílias. Muitos dependem de cuidadores informais ou são abandonados em hospitais. Com o envelhecimento da população, o problema apenas tenderá a agravar-se. Será preciso desviar muitos recursos de outros sectores para suprir todas estas necessidades nas próximas décadas.

Nos anos 60 muitos previam que as viagens espaciais se tornariam comuns no final do século. As pessoas da minha idade cresceram a ver os Jetsons com a certeza de que quando fossem adultos não teriam que realizar tarefas domésticas básicas. A verdade é que hoje as viagens à lua são extremamente raras e lavar a louça extremamente frequente. Enquanto tantos economistas se preocupam com a legião de desempregados que a automação e robotização irão criar, talvez nós, pessoas na casa dos 20-40 anos, devêssemos estar mais preocupados em que o progresso tecnológico liberte recursos suficientes para um dia termos quem nos limpe o cu. Ou então que nos próximos 40 anos apareça um robot capaz de o fazer. Suavemente.

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Semanada

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 10/12/2017)

zeca

Portugal parece ter um Presidente da República que analisa os anos como se pertencesse à Confraria do Vinho do Porto e estivesse a avaliar a qualidade do vinho, para decidir se o vinho da colheita é ou não um vintage. Agora parece que há anos bons para o país tomar decisões e anos maus porque nesses ou é impossível tomar decisões ou essas serão más, porque são anos eleitorais.

Primeiro veio dar palpites sobre o OE para 2019, dando a entender que há orçamentos eleitoralistas, agora foi junto dos autarcas teorizar sobe as qualidades de 2018, por não ser ano eleitoral. Não seria má ideia se o Presidente da República evidenciasse mais confiança na democracia e nas virtudes das eleições, a não ser que considere que as eleições devam ser tratadas como meras passagens de modelos, que nada têm para dizer.

A direita portuguesa está viciada no jogo, só que as apostas não são em corridas de cavalos, na raspadinha ou no jogo do bicho, o que está a dar são os palpites sobre o fim da geringonça. Desde que Passos decidiu esperar um ano para que o governo caísse que toda a direita condiciona a sua agenda política no pressuposto de que António Costa vai cair. Agora foi a vez de Santana Lopes animar as suas hostes, e para o fazer nada melhor do que se armar em Santinha da Ladeira e prometer um milagre, a Geringonça vai cair.

Marcelo Rebelo de Sousa fez a sua melhor aquisição para a casa Civil, foi buscar o Zeca Mendonça, o homem que durante décadas serviu os líderes do PSD e ficou conhecido pela tendência para pontapear jornalistas. Marcelo tem dado tanta importância ao futebol, uma das suas mais generosas fontes de likes, a seguir aos incêndios e ao jantar dos sem-abrigo, que para tratar com a comunicação social foi buscar alguém com jeito para dar chutos.

Catarina Martins decidiu chamar s si todo o protagonismo político, quase apagando um Jerónimo de Sousa; os seus ataques ao governo e a linguagem que usa é bem mais violenta do que os artigozinhos da Assunção Cristas que tanto irritam António Costa. Mas os ataques de Catarina ao governo também fazem lembrar o estilo de governação do PSD, normalmente este partido desempenha o papel de governo e de líder da oposição. A verdade é que as críticas do BE ao governo apagaram a direita.

Se Centeno pertencesse a um governo de direita a esta hora já teriam descoberto as suas origens rurais, com um avô num dos concelhos mais isolados do país. O meio agreste e a rudeza da vida do campo seriam um sinal das qualidades superiores de um ministro das Finanças que se quer rigoroso, com qualidades da aldeia, a lembrar Salazar.

Mas como Centeno é da esquerda já foi esquecido, uma semana depois já não se fala da sua escolha para presidir ao Eurogrupo, Marcelo, por exemplo, prefere falar de receios de que o OE de 2019 seja eleitoralista ou de que o ministro não se possa dedicar ao país.

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Diversos

Posted: 10 Dec 2017 11:03 AM PST

Ainda não tinha visto esta explicação:

«This woman was partially cropped out of the cover to symbolize "all those who could not speak out”. (…) The woman (…) is a young hospital worker from Texas who told her story anonymously to protect her family's livelihood.»

Trump farto de história(s)

Posted: 10 Dec 2017 03:19 AM PST

«“Os presidentes que me precederam fizeram [da mudança da embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém] uma das suas principais promessas eleitorais, e não a cumpriram. Hoje, eu estou a cumprir a minha.” É assim, com lógica puramente eleiçoeira, que Donald Trump justificou outro dos seus gestos incendiários em política externa. Esta era uma velha e repetida promessa eleitoral e uma decisão do Congresso que nenhum dos presidentes, desde 1995, tinha concretizado, e Trump, o conseguidor, deu o passo "corajoso" que ninguém tinha dado. “Vocês sabem que este é um governo único. Que toma medidas ousadas", terá dito Trump ao governo israelita (The Guardian, 8.12.2017). Que o fogo se propague pelo Médio Oriente e que, dentro de meses, se contem provavelmente por milhares os palestinianos mortos, tudo isso é secundário. Estamos habituados. E tanto melhor se, já agora, a decisão ajuda um aliado, Netanyahu, outro encenador de testosterona, a conseguir ser o primeiro dirigente israelita a dispor desta consagração do aliado americano e a desviar as atenções das acusações de corrupção que impendem sobre ele e vários membros do seu staff. Mais do que verificarmos o fracasso de negociações de paz israelo-palestinianas, o que vemos é não haver sequer processo algum desde há anos - não por responsabilidade das duas partes, como se gosta de salomonicamente dizer, mas porque Israel, tratado com toda a condescendência pelo Ocidente e pela Rússia, nem precisa de fingir querer negociação alguma.

PUB Duas parecem-me ser as motivações de Trump. Ambas decorrem de extraordinárias leituras históricas. A primeira de natureza religiosa, com objetivos políticos: agradar aos 81% de evangélicos norte-americanos que votaram Trump em 2016 e que acreditam que a sua decisão relativamente a Jerusalém ajudará ao desencadeamento da "Batalha do Armagedão", na qual "Cristo regressará à Terra e vencerá os inimigos de Deus", antes de mais os infiéis palestinianos que povoam a cidade há séculos. "Para alguns evangélicos", lembra a Diana Butler Bass, historiadora das religiões, "este será o clímax da história. E Trump está a conduzi-los até ele. Ao Juízo Final, à vitória certa." A quem parecer desolador que semelhante retórica religiosa possa ter peso na formação de opinião política de muita gente, Bass faz notar que "milhões de cristãos americanos acreditam nisto e nisto basearam a sua fé e a sua identidade.” (Haaretz, 8.12.2017) Os que estão ainda convencidos que o islamismo político é a fonte de todos os perigos, não se esqueça de acrescentar à lista os delírios políticos que se reclamam do cristianismo e do judaísmo.

Augúrios bíblicos destes podem parecer alheios a um empresário com a ética de predador sexual. Seguramente mais associável à sua mundivisão é aquela que me parece ser a segunda motivação: a da "adoção da política da vitória de Israel" como base, não mais implícita, mas absolutamente explícita, da posição dos EUA no Médio Oriente. Essa é a batalha há muito do lobista pró-israelita Daniel Pipes, cujo "objetivo é convencer Washington a deixar Israel vencer" e deixar os israelitas "decidir livremente como atingir este objetivo". Pipes sabe bem que "quebrar a vontade palestiniana de ir à luta não será nem fácil, nem agradável" - como, aliás, já se está a comprovar. Mas se ela não for "quebrada", a "única alternativa é o desaparecimento de Israel", retórica que há muito se tornou hegemónica entre os israelitas e que se traduz na determinação em não aceitar qualquer Estado palestiniano. Que lição tira Pipes da história? A de que "o compromisso e 'concessões dolorosas' não acabam conflitos; pelo contrário, a história mostra que tal só se consegue com a desistência de um dos lados" (Pipes, Israel National News, 14.5.2017).

De "lições" destas se fez a história do belicismo. De resto, e como o genro de Trump, Jared Kushner, foi apanhado há meses a dizer sobre a Palestina, "não queremos mais lições de história. Já lemos livros suficientes. É altura de perceber como resolver a situação” (The Guardian, 8.12.2017). Pois aí está. Cem anos depois do arranque da aventura sionista na Palestina, os outros que desistam dos seus direitos, da sua terra, da sua vida. E que Trump, armado em árbitro, julgue poder proclamar o vencedor.»

Manuel Loff

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Bernie Sanders votou a favor da mudança da embaixada para Jerusalém

por Bruno Santos

Na passada quarta-feira, o presidente Donald Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel e anunciou a mudança da embaixada americana de Telavive para a “cidade santa”.

A Lei 104-45, de 8 de Novembro de 1995, do Congresso dos Estados Unidos da América, ordena a transferência da Embaixada dos Estados Unidos em Israel para a cidade de Jerusalém. Esta Lei é conhecida como “Jerusalem Embassy Act of 1995”.

A Resolução 176 do 115º Congresso dos EUA, com data de 5 de Junho de 2017, estabelece no seu nº6 que “reafirma o “Jerusalem Embassy Act “de 1995 (Lei 104-45) como Lei dos Estados Unidos da América, e ordena ao Presidente dos Estados Unidos e a todos os responsáveis públicos do Governo americano que actuem de acordo com esse princípio”.

O Senador Bernie Sanders foi um dos 90 senadores que votaram favoravelmente a Resolução 176, a qual não obteve qualquer voto contra e registou apenas 10 abstenções.

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Estimulação programática

por Telmo Azevedo Fernandes

A análise dos dados dos projectos aprovados pelo Portugal 2020 é muito interessante e curiosa. Não posso dizer que seja surpreendente, embora nalguns casos o humor me tenha apanhado desprevenido.

Não tenho vocação para caça às bruxas nem quero ser injusto, mas depois de uma breve leitura deste documento, partilho convosco exemplos dos fundos de incentivo alocados a projectos de investimento aprovados por este Programa.

Desde logo o Banco de Fomento tem 250M€ atribuídos. Duas empresas produtoras de pasta de papel conseguem 65M€ de apoios, a Embraer pode receber 34M€ e a Bosch 50M€. Só para hotéis vão mais de 100M€. Existe a “concessão de apoio à criação e ao alargamento de capacidades avançadas de desenvolvimento de produtos e serviços” a um fabricante de mobiliário para o seu projecto Cama Matriosca no valor de 17M€. Uma unidade industrial do sector metalomecânico tem incentivos equivalentes a 92.500€ por cada novo posto de trabalho que crie em Aveiro e Viana (25M€). Destaque também para os 79% de taxa de comparticipação do projecto submetido pelo Hard Rock Café no Porto (4M€); 24M€ para uma associação empresarial que para não entrar em insolvência além de ter tornado os seus credores bancários em accionistas, entregou activos ao Estado. Para terminar o rol de exemplos, digo-vos que 14M€ foram destinados a uma associação cujo maior projecto é organizar desfiles de moda.

Já todos ouvimos o sermão de empresários sobre a necessidade da baixa de impostos e da redução do déficit público. Mas alguém já ouviu esses mesmos empresários reivindicarem o fecho da Aicep, o fim das garantias subsidiadas, o termo aos bail-outs, o desaparecimento das medidas anti-dumping, o acabar com os “estímulos”, a cessação dos “apoios” ou a extinção dos “incentivos”? Pois…

Com tanto dinheiro a circular em programas deste género, será legítimo interrogarmo-nos se os lucros não serão determinados mais pela habilidade e capacidade de acesso a ajudas públicas do que por rasgos de empreendedorismo ou excelência da gestão.

É que não se pode querer que o Estado nos deixe em paz e, ao mesmo, ter apetite por favores especiais ou condições competitivas privilegiadas atribuídas pelo governo ou suas agências.

Estes benefícios não existiriam num verdadeiro mercado de livre concorrência. Antes são capturados por um número limitado de entidades distorcendo a economia e causando prejuízo a todas as outras empresas, aos contribuintes e aos consumidores em geral.

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