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sábado, 14 de abril de 2018

sexo e género

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por Carlos Loureiro

Desde 2011 que é possível, em Portugal, a alteração do sexo no registo civil e a consequente alteração dos nomes próprios. Apesar de o processo ter, nos termos da lei, natureza secreta, terão ocorrido pouco mais de 600 mudanças de sexo desde que a lei entrou em vigor.

O que muda então com a lei aprovada nesta sexta-feira pelo Parlamento? Para além da afirmação dos direitos à autodeterminação de género e do direito à protecção das características sexuais de cada pessoa, a par de  proibições de discriminação em larga medida redundantes, são duas as alterações mais relevantes.

A primeira é a dispensa de qualquer relatório médico, exigido pela lei de 2011, ou de qualquer outra demonstração da existência de "perturbação de identidade de género". A segunda é a possibilidade de o procedimento ser requerido por menores maiores de 16 anos, ainda que, aparentemente, sujeita a autorização dos responsáveis legais.

Não ponho em causa a existência do direito à autodeterminação do género e, muito menos, o direito à protecção das características sexuais de cada pessoa. Tenho sérias dúvidas, isso sim, que o primeiro daqueles direitos fique dependente de um procedimento administrativo perante o Estado. Passo a explicar.

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sexta-feira, 13 de abril de 2018

Entre as brumas da memória


Inaceitável...

Posted: 13 Apr 2018 12:52 PM PDT

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13.04.1989 – O dia em que morreu um bispo do Porto que escreveu a Salazar

Posted: 13 Apr 2018 08:54 AM PDT

António Ferreira Gomes, o bispo do Porto, que, em Julho de 1958, escreveu uma longa e célebre carta a Salazar, morreu há 29 anos. A carta em questão, muito crítica da situação política, social e religiosa do país, deu-lhe direito a um exílio de 10 anos em Espanha, França e Alemanha, do qual só regressou em 1969, já durante o marcelismo.

É bom recordar que tinham tido lugar, um mês antes, as eleições a que concorreu Humberto Delgado e que o país se encontrava ainda em grande agitação. Para muitos, sobretudo católicos, a conjugação destes dois acontecimentos – eleições com Delgado e carta do bispo do Porto – foi o verdadeiro pontapé de saída para a resistência e luta contra a ditadura, durante as décadas que se seguiram.

Era difícil ter acesso ao texto da carta, mas coloquei-o online na íntegra, já há alguns anos. Trata-se de um documento histórico que não deve ser esquecido.

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O boneco é engraçado, mas…

Posted: 13 Apr 2018 06:40 AM PDT

A imagem correu pelas redes sociais, logo pela manhã, com centenas de partilhas, mas, de um modo geral, sem o link para o texto de The Economist. Aqui fica para quem não gosta apenas de bonecada. Com especial relevo para a conclusão.

Social democracy is floundering everywhere in Europe, except Portugal.

«Portugal’s left-wing government is thriving partly because it is not especially left-wing. For now it is fixated on deficits and debt rather than investment and public services. A centre-right government would be doing much the same. And so, despite Mr Costa’s warm words, the contraption will surely prove to be a temporary marriage of convenience; his party is already said quietly to be putting out feelers to the Social Democrats. European leftists may find inspiration in Portugal. But they will have to seek ideas elsewhere.»

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Face Lift Book

Posted: 13 Apr 2018 03:00 AM PDT

«Após depor no Senado, Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook, esteve, na passada quarta-feira, na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos para responder a dúvidas sobre o escândalo Facebook/Cambridge Analytica. Começo por dizer que não tenho Facebook desde 2011, logo, se houve dados partilhados até essa altura, espero que saibam que eu já sou uma pessoa completamente diferente, tirando o cabelo. Por exemplo, detestava pickles. Agora, adoro-os, se estiverem acompanhados de frango no churrasco. As razões do meu abandono foram explicadas nas páginas deste jornal, numa crónica publicada a 23 de Setembro de 2011 e intitulada Facebook Free.

Recordo que, a 17 de Março, os jornais The New York Times e The Guardian revelaram que os dados de mais de 50 milhões de utilizadores do Facebook tinham sido usados sem o consentimento pela Cambridge Analytica. Dias depois, o próprio Facebook rectificou a informação e passou a estimar em 87 milhões o número de pessoas atingidas.

Zuckerberg apareceu de fato e gravata na Comissão. Finalmente, teve a oportunidade de pôr aquela T-shirt cinzenta a lavar. Ver o Zuckerberg de fato e gravata causa uma sensação estranha, é o equivalente a ver o Lobo Xavier de fato-de-macaco.

É muita estranha a forma como Zuckerberg bebe água a seguir a uma pergunta. Há quem diga que ele bebe a água devagarinho antes de responder para ter tempo de pensar. Eu acho que aquilo é a pausa para entrada dos pop-ups de publicidade. O Zuckerberg bebe água como quem está com medo que aquilo esteja envenenado. Ou, então, é um robô e bebe só uns golinhos porque tem medo de entrar em curto-circuito. Aliás, pela cara e olhar, eu diria que é irmão da Sofia do anúncio com o CR7. Portanto, beber água como um pisco não me chega, preciso de o ver a comer uma dobrada com tinto para ver se é mesmo humano.

O que percebi, pelo que vi, é que há naquela Comissão senadores que nunca viram uma página de Facebook, por isso há momentos de desconforto entre Zuckerberg e alguns senadores que são muito semelhantes àqueles que tenho quando o meu pai me faz perguntas sobre a forma de funcionar do telemóvel, como por exemplo: "A Siri é mulher para que idade?"

Houve apenas um momento de alguma tensão quando um senador o questionou: "Estaria confortável em partilhar o nome do hotel onde passou a última noite?" Zuckerberg - "Não". Senador - "Estaria confortável em partilhar o nome das pessoas com quem trocou mensagens na última semana?" Zuckerberg: - "... Não." Pensei que ele iria acrescentar: "Mas, se continuas a fazer esse tipo de perguntas, vou ter de dizer os motéis onde ficaste nos últimos dois anos."

Zuckerberg acabou por pedir desculpa e justificou-se dizendo que a Cambridge Analytica lhe disse que iria apagar toda a informação recolhida. Claro que ele acreditou.

Conclusão, o Zuckerberg esteve para a Cambridge Analytica como a maioria das pessoas está em relação à leitura dos termos de utilização e de privacidade do Facebook. Não há pachorra para ler aquilo, confiam neles e fazem "aceite" e siga. Bem-feita!»

João Quadros

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Há um silêncio em Porto d’Olho

Novo artigo em Aventar


por Bruno Santos

Porto d'Olho

Não é um Silêncio igual ao que se faz quando de repente toda a gente pára de falar ou quando um inesperado corte de energia faz calar a televisão e a máquina de lavar roupa.

Não é um silêncio comum, ou mesmo humano, aquele que verdadeiramente nunca se verifica, pois há sempre um ruído mecânico presente, em surdina, sempre um carro que passa ao longe, uma voz da casa ao lado, uma porta que range.

O Silêncio que se vê do alto do Outeiro da Varela, em Porto d’Olho, é o do coração a bater.

É aquele Silêncio que Deus faz quando os olhos emudecem em face da maravilha, quando fica leve o que é pesado e ao alcance da mão o que desde sempre viveu para lá do infinito.

É um Silêncio incomum e paradoxal que traz todas as vozes dentro.
Que pronuncia todas as palavras como se fossem uma, não soprando, contudo, a mais humilde sílaba.
Não é possível, na verdade, descrever um Silêncio destes, assim como se não pode dizer o Pleroma, ou o Nirvana, ou o Céu.

É um Silêncio que desaparece quando se diz, mas que, uma vez ouvido, jamais desaparece.

*Publicado originalmente no jornal Ecos de Basto.

Montanhas Mágicas: há um novo segredo para descobrir no centro de Portugal


por admin

Localizadas no centro/norte de Portugal continental, entre os rios Douro e Vouga, as Montanhas Mágicas encontram-se numa posição de transição entre o litoral e o interior do país. Com 1.688,6 km2 de área geográfica (cerca de 2 vezes o arquipélago da Madeira) este território acolhe cerca de 127.000 habitantes orgulhosos da sua história e do seu património natural e cultural.

Maciço da GralheiraMaciço da Gralheira (Rui Videira)

As Montanhas Mágicas abrangem as serras da Freita, Arada e Arestal, pertencentes ao maciço da Gralheira, e a serra do Montemuro, inserida no maciço com o mesmo nome. Território de excepcionais valores naturais, certificado como destino turístico sustentável, desde Novembro de 2013, engloba quatro sítios da Rede Natura 2000 e um geoparque da UNESCO, pautando-se pela oferta de um modelo turístico responsável e sustentável, focado no ecoturismo, no geoturismo e no turismo activo.

DraveDrave (Rui Videira)

A singularidade dos fenómenos geológicos que aqui ocorrem, a notável biodiversidade que alberga, e as particularidades da sua geomorfologia, fazem das Montanhas Mágicas um destino de excelência para a observação e interpretação da natureza e para a realização de inúmeras actividades de desporto e aventura, entre as quais se destacam o rafting, o kayaking, a canoagem, o canyoning, o pedestrianismo e o BTT.

Rio TeixeiraRio Teixeira

Ocupado desde tempos pré-históricos, por todo o território são visíveis vestígios arqueológicos e monumentos que testemunham a sua longa história: enigmáticas gravuras rupestres de arte atlântica, monumentos megalíticos, pontes e vias romanas, mosteiros e templos medievais, santuários e igrejas de toda a feição, aldeias típicas de xisto e granito, minas históricas e muito mais. Unido pelos maciços do Montemuro e da Gralheira, o território encontra-se numa posição de fronteira entre o norte e o centro de Portugal continental e entre o litoral e o interior.

As Montanhas e os Vales

O relevo do território é predominantemente montanhoso, sendo constituído por dois grandes maciços: o maciço da Gralheira, no qual se inserem as serras da Freita, Arada e Arestal; e o maciço do Montemuro, dominado pela serra do Montemuro, a oitava maior elevação de Portugal Continental e a terceira maior a sul do rio Douro.

Serra da FreitaSerra da Freita - Rui Videira

Morfologicamente esta área situa-se no sector centro-norte do conjunto montanhoso designado por Montanhas Ocidentais do Centro-Norte de Portugal (serra do Montemuro e Maciço da Gralheira), a que sucede, para sul, a Serra do Caramulo. A altitude média é de 600 metros podendo atingir os 1.381 metros na serra do Montemuro (Pico do Talegre) e os 20 metros nos vales dos rios Douro e Vouga.

AroucaArouca (Rui Videira)

Dominado por uma extensa mancha natural, possui zonas de forte densidade florestal, que contrastam com alguns planaltos e a formação de numerosos vales de baixa altitude, entre os quais se destacam, pela sua dimensão e importância, os Vales do Douro, Vouga, Paiva e Bestança.

Os Rios

As Montanhas Mágicas apresentam uma rede hidrográfica abundante e de grande qualidade, integrando as bacias do rio Douro, a norte - municípios de Arouca, Castelo de Paiva, Castro Daire e Cinfães, e do rio Vouga, a sul - municípios de Vale de Cambra, São Pedro do Sul e Sever do Vouga.

Rio BestançaRio Bestança

Neste sentido, a região norte é drenada pela margem esquerda do rio Douro, com ênfase para os afluentes Arda, Paiva, Bestança e Cabrum; a região sul é drenada pela margem direita do rio Vouga, com destaque para os afluentes Caima, Mau, Arões, Teixeira, Varoso, Sul e Mel. Destacam-se ainda os rios Paivô, Frades, Ardena, Tenente e Vidoeiro, afluentes do rio Paiva.

Rio PaivôRio Paivô

A maioria destes rios oferece condições excepcionais para a prática das mais variadas modalidade de desporto aventura, destacando-se o rio Paiva como o melhor, a nível nacional, para a prática de rafting.

História e Monumentos

Os monumentos medievais são testemunhos irrefutáveis de importantes episódios, acontecimentos e feitos históricos que ocorreram neste território ao longo do conturbado período da Idade Média. Relativamente aos monumentos, merecem uma referência especial os mosteiros cistercienses de Arouca e de S. Cristovão de Lafões, que dos primitivos aos actuais edifícios marcaram fortemente a vida, a economia e a cultura dos diversos povos que ao longo dos tempos se fixaram nestas terras.

locais para visitar na Serra da FreitaDrave (Rui Videira)

Merecem igual destaque os monumentos românicos presentes em quase todos os municípios, do território, nomeadamente em Cinfães, Castelo de Paiva, Castro Daire, Arouca e Vale de Cambra, e que se apresentam sob a forma de templos e mosteiros católicos, pontes, memoriais e torres sineiras, evidenciando os traços mais expressivos da arte e da arquitectura românicas.

Aldeia da PenaAldeia da Pena

Em todos os municípios surgiram ricos solares e imponentes casas senhoriais, ostentando elaborados brasões de família nos portais das fachadas principais e adoptando os mais diversos estilos arquitectónicos e artísticos.

Aldeia da Pena

Foi, também, a partir do século XVIII que se verificou um significativo aumento da construção ou reedificação de igrejas, capelas, santuários e calvários, distribuídos de forma equilibrada por todos os municípios das Montanhas Mágicas. Salvo raras excepções, torna-se impossível definir um estilo artístico ou arquitectónico únicos para estes monumentos religiosos, uma vez que na sua grande maioria os mesmos reflectem vários estilos, o que permite ao visitante fazer uma viagem no tempo, contemplando características de várias épocas num só edifício. Importa salientar que um número significativo de igrejas e capelas estão classificadas como Imóveis ou Monumentos de Interesse Público e, em menor número, como Monumentos Nacionais.

aldeia da penaAldeia da Pena (São Pedro do Sul)

A partir do início do século XX, um dos principais acontecimentos que marcou a história das Montanhas Mágicas foi a corrida ao Volfrâmio, minério, utilizado no fabrico de armas e munições no decorrer da I e II Guerras Mundiais. A história da prospecção mineira nas minas de Regoufe, Rio de Frades, Moimenta, Chãs e Fraga da Venda ficou, desta forma, inevitavelmente associada à história da Europa e do Mundo. As ruínas do património mineiro e a memória dos homens que viveram de perto esta realidade constituem um património material e imaterial de inestimável valor.

Esta vila sobe dois centímetros por ano. Ninguém sabe porquê

HÁ UMA HORA

Há uma vila em Inglaterra que tem subido de altitude dois centímetros por ano pelo menos de 2015. Os cientistas não sabem porquê, mas admitem que algo nocivo para a natureza pode estar a acontecer.

Wikimedia Commons

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A altitude da vila de Willand, uma terra na cidade de Devon em Inglaterra, está a subir dois centímetros por ano, descobriram os cientistas da Universidade de Notthingham. As imagens de satélite reveladas por uma companhia subsidiada por aquele estabelecimento universitário, a Geomatic Ventures Limited, descobriu que Willand tem sofrido uma elevação pelo menos desde 2015, mas não sabem explicar porquê.

A descoberta foi possível depois de os investigadores terem o primeiro mapa nacional de movimentações de terra da Grã-Bretanha, que desvenda como é que a terra se mexe debaixo dos pés dos britânicos. Embora esta seja uma tecnologia inovadora, ninguém consegue entender o que está a motivar essa elevação. Andy Sowter, um dos cientistas envolvidos no projeto, explica ao The Telegraph que “normalmente vemos este tipo de levantamentos em lugares onde houve exploração mineira porque a água se infiltra no solo”.

Mas esse não pode ser o caso em Willand porque a Sociedade Geológica Britânica já informou que não há nem nunca houve exploração mineira nesta vila com menos de quatro mil pessoas, que só tem um bar, uma quinta e uma escola primária com 300 crianças. Por serem alterações pequenas, ninguém reparou na diferença de altitude na vila e é possível que a elevação nem sequer tenha provocado danos nas infraestruturas. No entanto, as imagens de satélite mostram que a região tem um formato elíptico com dois quilómetros de diâmetro.

Os cientistas acreditam que a resposta para este mistério está “em profundidade”, já que afeta não só as zonas rurais mas também as zonas urbanas na vila. É que “a vila inteira está a mexer-se”. “Acho mesmo que as autoridades deviam ir lá e investigar o que se está a passar”, defende o cientista. E insiste: “Se for um líquido a infiltrar-se no subsolo ou algum tipo de descarga de lixo, isso pode ser uma ameaça para o ambiente”. Certo é que “esta não é uma situação natural, portanto há algo sintomático a acontecer e é importante descobrir o quê”, sublinha Andy Sowter.