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domingo, 9 de julho de 2017

Os carrascos



por estatuadesal
(Por Estátua de Sal, 09/07/2017)
Carrascos

A moda agora é pedir a cabeça dos ministros. A Assunção parece a Salomé, filha de Herodias, que segundo os Evangelhos, pediu a Herodes, como retribuição para os seus dotes de dançarina a cabeça de S. João Baptista entregue numa bandeja. Não sei se a Assunção pede meças à Salomé nos seus dotes particulares, mas em termos de pedidos não lhe fica atrás.  Parece que foi a Belém pedir a cabeça de António Costa mas Marcelo, que já cá anda há muitos anos, mandou-a ter juízo e crescer para a política. Costa, nesse cenário ganharia as eleições antecipadas com maioria mais que absoluta e Marcelo perderia muita da sua influência sobre a governação.
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Degolação de São João Batista.
1924. Por Benedito Calixto,
O Passos anda um pouco mais comedido, depois da anedota dos suicídios falsos, ainda não pediu, de viva voz, a cabeça de ninguém. Incumbiu a JSD de fazer os requerimentos. Os jotinhas juntam-se à D. Cristas mas vão mais longe: querem a cabeça da ministra da Administração Interna, do ministro da Defesa e ainda do ministro da Educação. Não consta que tenha ardido nenhuma escola nem que tenha sido roubada nenhuma pauta com as notas dos estudantes mas os jovens são impetuosos e não querem parecer menos incendiários que a Assunção.
Parece que houve tempestade grossa de granizo no Norte e os prejuízos para os agricultores, sobretudo os vinhateiros do Douro, são incalculáveis. Aguarda-se, portanto, que a direita peça a cabeça do Ministro da Agricultura e do presidente do Observatório Meteorológico.
Se os juízes avançarem para a greve que prometem fazer em Outubro, pondo em causa a homologação dos resultados das eleições autárquicas, espera-se que a direita peça a cabeça da Ministra da Justiça.
Curiosamente, nem a Assunção nem o Passos, nem a comunicação social, questionam a senhora Procuradora-Geral sobre a razão de nada ter feito quando lhe chegou a denúncia de que estaria iminente um grande assalto aos paióis de Tancos, o que teria, em princípio, evitado o assalto. Neste caso, a responsabilidade da Procuradora é cristalina, o falhanço foi óbvio, e não me digam que foi por falta de meios que a D. Joana ficou de braços cruzados, a não ser que os meios estejam todos alocados a perseguir o Sócrates.
Como todos os dias acontecem desgraças no país, se esta moda de cortar cabeças de ministros e servi-las em bandeja pega mesmo, não vai haver cemitérios que cheguem para tanto decapitado. Talvez seja esta a proposta da direita para resolver o problema dos incêndios: fazer mais cemitérios nos sítios onde hoje estão plantados eucaliptos...

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