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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Assunção Cristas, o sentido de Estado e a linguagem


por estatuadesal
(Carlos Esperança, in Facebook, 31/08/2017)
cristas_melo
A presidente do CDS, agremiação cujo desvio reacionário afastou o fundador, procura a permanência no cargo que Nuno Melo aguarda. Este é o genuíno herdeiro ideológico do tio, cónego Melo, o da estátua de 7,5 metros que decora Braga, cuja lealdade a Salazar, ao MDLP e ao ELP era à prova de bomba. Além disso, tem perfil miguelista e caceteiro.
Assunção Cristas, acossada dentro do partido que espera o seu fracasso em Lisboa, onde até o PSD de Passos Coelho conseguirá derrotá-la, esbraceja para se manter à tona num clube condenado a ser a muleta de qualquer PSD.
Curioso é o carinho que a comunicação social lhe dispensa, não faltando a condenação ao primeiro-ministro a quem a senhora deputada, chamou reiteradamente mentiroso, no Parlamento, por tê-la designado por “aquela senhora”, indelicadeza despercebida pela minha origem social e débil domínio do léxico urbano.
A excelsa senhora, que não considera a palavra “mentiroso” um insulto, também viu na referência à sua virtuosa dignidade um “tom de linguagem menos próprio”.
Impróprio é liquidar o grupo económico GES/BES, num Conselho de Ministros virtual, a pedido de uma amiga pouco recomendável, por email, e sem conhecimento do dossiê. Impróprio foi pensar que a carreira académica e umas galochas conferiam competência suficiente para sobraçar uma pasta onde a sua inépcia foi posta à prova.
O que urge perguntar aos portugueses, mesmo aos nostálgicos do Governo PSD/CDS, é se preferem Passos Coelho a António Costa, Cavaco a Marcelo, e Maria Luís a Mário Centeno.
Gostava de poder contar o número de eleitores assumidamente sadomasoquistas.

domingo, 9 de julho de 2017

Os carrascos



por estatuadesal
(Por Estátua de Sal, 09/07/2017)
Carrascos

A moda agora é pedir a cabeça dos ministros. A Assunção parece a Salomé, filha de Herodias, que segundo os Evangelhos, pediu a Herodes, como retribuição para os seus dotes de dançarina a cabeça de S. João Baptista entregue numa bandeja. Não sei se a Assunção pede meças à Salomé nos seus dotes particulares, mas em termos de pedidos não lhe fica atrás.  Parece que foi a Belém pedir a cabeça de António Costa mas Marcelo, que já cá anda há muitos anos, mandou-a ter juízo e crescer para a política. Costa, nesse cenário ganharia as eleições antecipadas com maioria mais que absoluta e Marcelo perderia muita da sua influência sobre a governação.
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Degolação de São João Batista.
1924. Por Benedito Calixto,
O Passos anda um pouco mais comedido, depois da anedota dos suicídios falsos, ainda não pediu, de viva voz, a cabeça de ninguém. Incumbiu a JSD de fazer os requerimentos. Os jotinhas juntam-se à D. Cristas mas vão mais longe: querem a cabeça da ministra da Administração Interna, do ministro da Defesa e ainda do ministro da Educação. Não consta que tenha ardido nenhuma escola nem que tenha sido roubada nenhuma pauta com as notas dos estudantes mas os jovens são impetuosos e não querem parecer menos incendiários que a Assunção.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

A queixinhas



(Por Estátua de Sal, 03/07/2017)
cristas9
A Dona Cristas parece uma daquelas meninas mimadas a quem um menino mau puxou os cabelos e vai logo fazer queixa ao paizinho. Hoje lá foi ao beija-mão ao Professor Marcelo para fazer queixa do governo das esquerdas (Ver noticia aqui). O Costa é o chefe da quadrilha dos meninos maus, e dentro da quadrilha foi a menina Constança e o menino Azeredo que puxaram os cabelos à Assunçãozinha.
Vai daí, ela pede a demissão dos ministros com um ar muito sério para demonstrar que não é uma questão de birra infantil mas sim uma grave questão de Estado, um assunto para pessoas crescidas e não para meninas mimadas. Gostava de ter visto a cara do Célinho a ouvir tanta aleivosia. Provavelmente deve ter-lhe dito que fazer queixinhas é muito feio, que uma boa cristã não faz queixinhas.  e que ainda não chegámos ao Brasil e não premiamos a delação.
As minhas perguntas, para a D. Cristas, são as seguintes:
1. Se o mau do Costa não demitir os ministros a Assunção pede a demissão do primeiro-ministro e a queda do governo?
2. Se, a seguir, o Costa assobiar para o ar e não se for embora - satisfazendo o pedido (ordem?!) da menina zangada -, e Marcelo não o demitir, irá pedir a demissão do Presidente da República?!
Como ambos os cenários acima são ridículos, fica a claro a caricata figura que a oposição anda a fazer em todo este folhetim, o triste papel que a D. Cristas, mais o Coelho, andam a desempenhar. Alguém os viu apresentar alguma proposta para resolver os problemas do fogo e das armas roubadas que andam a cavalgar? Apenas os ouvimos a pedir responsabilidades, a empolar o caos e a pedir demissões.
Triste país, onde ninguém discute a causa das coisas. A desagregação do Estado e dos serviços públicos que decorre da asfixia financeira que o serviço da dívida nos impõe, mais a exigência da redução do déficit público a mata-cavalos. Mas isso a D. Cristas não diz: ajoelha de mãos-postas no regaço do Schauble, pede-lhe a benção e que lhe seja ungida a testa, por ser muito devota e cumpridora.
Perante este cenário, e perante esta oposição de opereta, antes de demitir os ministros dever-se-ia por começar por demitir os líderes da oposição. Parece que Passos já está em queda livre, e já começaram a afiar-se as espadas dentro do PSD. A D. Cristas quer ter o chinelo maior que o pé e fala demasiado grosso, tendo em conta a valia eleitoral do CDS.
É que, como dizia Benjamim Disraeli, não há governo seguro sem forte oposição. E a oposição que temos não chega sequer a ser uma tragédia triste. É mais uma comédia de mau gosto.