(Por Estátua de Sal, 17/09/2017)
Estive a ver o Eixo do Mal. Interessante. Traziam um guião afinado, desde o Luís Pedro Nunes até mesmo ao Daniel Oliveira. O Eixo anti Passos.
A direita anda preocupada. Com Passos, um cavalo morto, que só ele não sabe que está morto, a direita não vai a lado nenhum. Passos é uma passadeira vermelha para António Costa e para o partido socialista. A esperança da direita é que Passos seja defenestrado e, com outro líder mais macio, seja possível uma reedição do Bloco Central, a aliança entre o PS e o PSD, já tão distante no tempo. Balsemão encomendou-lhes o guião. Com Passos a liderar o PSD a Geringonça vai durar até à eternidade.
E pior, Passos anda a virar xenófobo, racista e troglodita apoiando o candidato a Loures, André Ventura. Ou seja, como dizia o Pedro Marques Lopes, quem não gostar da Geringonça que alternativa de voto terá, sendo de direita? Votar num PSD xenófobo, não subscrevendo tais posturas? Pois.
Quer dizer. A campanha para as eleições legislativas de 2019 já começou. E qual o programa da direita? Apenas um: evitar uma Geringonça II e o afastamento de Passos é fundamental para que esse programa possa almejar ter sucesso.
A segunda parte do programa seguia o mesmo guião de forma sub-reptícia. Era o dossier Fernando Medina. Todos consideraram que usar uma campanha negra para atacar um adversário político - e ainda sem qualquer fundamento, ao que parece e foi documentado -, é o limite máximo da sujeira. Ora, ainda que o não tivessem dito, a sujeira só pode vir da direita, a saber do PSD, ou seja de Passos. E com isto se pretendeu provar que Passos e seus acólitos não sabem fazer oposição séria, e não são credíveis para enfrentar António Costa em 2019, na pior hipótese. Quando os comentadores da direita e do centro tem necessidade de vir a terreiro defender um alto dirigente socialista em época de pré-campanha eleitoral, é estranho, e tal só prova que o contexto político nacional e internacional é, no mínimo, uma tela surrealista. São precisas inovadoras grelhas de leitura para a conseguir ler e descodificar. E, infelizmente, tardam em surgir.
Ainda deram uns toques na proibição de existirem ou não jogos de futebol em dia de eleições. Nada de importante.
Mas enfim. Coitado do Passos. É, neste momento, tão insignificante que não tem quem o empurre do seu lado esquerdo mas os empurrões surgem dos seus pares do lado direito.
Ora, eu que tanto zurzo e zurzi no Coelho, só posso esboçar um sorriso de satisfação.
Até ando com uma certa comiseração dos próceres da direita. Serviram-se do Passos para fazerem a travessia da troika que ele cumpriu com afã e desvelo. Agora estão aflitos para o chutar para canto. Seria fácil se a direita tivesse um nome credível e alternativo a Passos para liderança do PSD. Mas, até ver, só surgem fogos-fátuos e promessas sem garra.
Meu caro António Costa, pode dormir descansado. E a esquerda, BE e PCP, não abdicando dos seus valores e princípios, que não estiquem demasiado a corda, empurrando o PS para os braços da direita, com Passos ou sem Passos. A política é a arte do possível. E, quase sempre, o possível fica sempre aquém do desejável.
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