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quinta-feira, 29 de março de 2018

“Inclusão misteriosa” pode levar à queda da Direcção do PSD Ovar

Alguns militantes do PSD Ovar encontraram discrepâncias na formalização do processo eleitoral, de 17 de março de 2018, para a eleição da Comissão Política do PSD Ovar.


Lista Pedro Coelho

Por esse motivo, o militante António Jorge Valente dos Reis, de Válega, requereu, em 23 de março de 2018, a impugnação do Acto Eleitoral da Mesa da Assembleia da Secção de Ovar e da Comissão Política da Secção de Ovar, realizadas naquela data. Este requerimento baseia-se no estipulado no Regulamento Eleitoral e nos Estatutos do PSD.

“Inclusão misteriosa”

Ovar Novos Rumos tem conhecimento que no documento enviado ao Conselho de Jurisdição Distrital de Aveiro do PSD, o requerimento de impugnação tem como principal argumento, o facto de a convocatória para o Acto Eleitoral, com a data de 15 de fevereiro, ter sido “incluída misteriosamente”, no Povo Livre, no dia anterior, 14 de fevereiro de 2018.

O militante António Jorge Valente dos Reis considera que se trata de “rato escondido, com rabo de fora”, pois, diz, “este Acto Eleitoral nunca foi agendado no Site do PSD, onde constam os outros, a realizar nesse mesmo dia, de 17 de março.”

A “ética política”

Ora, o militante impugnador, diz não querer acreditar que esta “inclusão misteriosa” no Povo Livre online, em data posterior a 14 de fevereiro de 2018, tenha sido feita com a aprovação dos secretários-gerais e do Director do Povo Livre, militantes que António Reis sempre conheceu por terem “ética política”.

Este requerimento é apresentado, com conhecimento ao Conselho de Jurisdição Nacional do PSD, pelo que, se adivinha que o caso poderá evoluir para outras instâncias. Também é sabido que se a Impugnação tiver provimento, o Acto Eleitoral será anulado, não podendo os eleitos concorrer a novo Acto Eleitoral.

Ovar Novos Rumos

Diplomacia, demagogia e hipocrisia: o caso Skripal e o oportunismo político

29/03/2018 by João Mendes

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Indústria petrolífera à prova de sanções diplomáticas. Fotografia via CBS

Percebe-se o desespero de Fernando Negrão e a necessidade de se pôr em bicos de pés para tentar marcar a agenda mediática com declarações como as que proferiu ontem, que de resto mais não foram do que uma espécie de retweet parlamentar das declarações proferidas no dia anterior por Paulo Rangel na SIC Notícias. Ou não estivéssemos perante um líder parlamentar desorientado, cuja primeira linha de oposição que enfrenta está no interior do próprio grupo parlamentar que tenta, sem grande sucesso, dirigir. Um líder parlamentar fragilizado, em sintonia com uma direcção partidária enredada em casos que se sucedem, sob fogo cerrado da imprensa afecta ao passismo. É natural que recorra ao facilitismo deste tipo de subterfúgio.

Porém, atribuir a posição do governo português relativamente à retaliação em curso contra Moscovo, a propósito da execução do ex-espião russo Sergei Skripal, à “aliança com dois partidos que estão do lado errado” é demagógica, populista e imbecil, mas tão imbecil que deixei imediatamente de sentir qualquer simpatia pela forma como foi tratado pelos deputados do seu partido aquando da sua eleição para líder da bancada parlamentar. Afinal, tal como suspeitava, eles merecem-se mesmo uns aos outros.

As afinidades ideológicas do BE e do PCP com a Federação Russa, nacionalista e oligarca, cuja ideologia é ideologia nenhuma, parecem-me pouco evidentes. Mas vamos assumir que existem mesmo. Alguém no seu juízo perfeito acredita mesmo que o PS cederia a pressões do BE e do PCP numa matéria desta natureza? Porquê? Para evitar que os parceiros parlamentares roam a corda e façam cair o governo? E quem sairia a ganhar, caso o governo caísse devido a um caso destes? Fácil: o PS. O PS que todas as sondagens apontam como estando no limiar da maioria absoluta, que iria para eleições antecipadas contra um PSD em frangalhos, contra um CDS-PP com excesso de confiança, apesar da expressão residual, e contra dois partidos que facilmente passariam, dadas as circunstâncias, por emissários do Kremlin. Seria fácil demais para António Costa.

A posição assumida pelo governo é discutível, como qualquer posição assumida por qualquer governo ou governante. Dai a ter sido condicionada pelo PCP e pelo BE vai uma longa distância. Porque, se assim fosse, teria Portugal validado a decisão da NATO de expulsar diplomatas russos? Aliás, se o peso dos parceiros de António Costa em matéria de política externa fosse assim tão relevante, não estaríamos já de saída da UE e da NATO? Não teriam já as nossas tropas estacionadas nos mais variados cenários de guerra recebido ordem para regressar à base?

A soberania que nos resta, entregue que está boa parte dela à UE e a outras organizações supranacionais, só a nós diz respeito. Se vamos andar a reboque de outros Estados, ou, pior, a fazer as tristes figuras que alguns Estados fizeram ao expulsar apenas um diplomata como quem dá a pata ao dono, então mais vale estar quieto. Se Theresa May e respectivos aliados estivessem verdadeiramente interessados em bater o pé a Vladimir Putin, expulsavam todos os diplomatas russos dos seus países e davam ordem para que os seus diplomatas em território russo regressassem. Mas nada disso aconteceu. Nem no Reino Unido, nem nos EUA, nem na NATO nem em lado nenhum.

Quem também não foi afectado pela histeria do momento (e cito apenas este exemplo, poderiam ser dezenas deles) foi a parceria firmada entra a BP e a estatal russa Rosneft, que, envenenamentos à parte, continuam a lucrar com a sua frutuosa joint venture. Sanções diplomáticas sim senhor, mas ai de quem interferir com a mão invisível que ampara o capitalismo à prova de direitos humanos. Grande Rosneft! Passou ao lado das sanções de 2014, passará com certeza ao lado da crise diplomática de 2018, tem como chairman Gerhard Schroder e como CEO Igor Sechin, um oligarca do círculo mais restrito de Putin, mas não se passa nada. Business as usual.

Finalmente, o PSD. Quem é o PSD para se insurgir contra as práticas despóticas de uma ditadura, quando vendeu, ao desbarato, posições sólidas em empresas estratégicas portuguesas a oligarcas do regime chinês, uma ditadura sem respeito algum pelos direitos humanos e tão violenta como a russa, ou à monarquia tirana e absolutista de Omã? Que PSD moralista é este, que se insurge selectivamente em função da sua agenda partidária, mas que batia continência ao regime dos Santos e que se faz representar no congresso do MPLA, um partido cujos mais altos oficiais enriqueceram à custa da miséria do povo angolano? Quem é o PSD para bater no peito contra o nacionalismo ditatorial, sem que nunca se lhe tenha ouvido um pio sobre a agenda xenófoba e fascista do seu parceiro húngaro no PPE, Viktor Orban? Será que estes tipos nos tomam a todos por idiotas com este discursozeco demagógico e oportunista de ocasião?

Alinháceos

  por estatuadesal

(Por Júlio, in Blog Aspirina B, 28/03/2018)

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Criei agora este neologismo para designar as aves da capoeira que desde ontem cacarejam freneticamente para que o governo português alinhe com os nossos aliados e expulse imediatamente diplomatas russos.

Paulo Rangel e Fernando Negrão são os primeiros a merecer o crisma de alinháceos. Para eles, alinhar com a histeria de Teresa May é um dever patriótico de todo o bom português. Pensar, reflectir, usar de prudência, ponderar os nossos interesses de país independente é antipatriótico e indigno. Alinhar é que é baril — nem que seja alinhar com o MI-6, o serviço de espionagem de sua majestade.

É caso para o PSD apresentar rapidamente uma proposta de lei para a alteração do hino nacional. Onde originalmente estava, pela pena de Henrique Lopes de Mendonça, contra os bretões, marchar, marchar, que depois a República oportunista amansou para contra os canhões, marchar, marchar, espera-se que o PSD de Rangel e Negrão proponha agora pelos bretões, alinhar, alinhar.

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P.S. 1: Não faço a mínima ideia se Putin mandou envenenar aquele agente duplo russo que foi parar ao hospital. Quanto ao governo de Teresa May, penso que das duas, uma: ou também não faz a mínima ideia quem foi, mas convém-lhe enormemente que tenha sido o Putin, ou sabe perfeitamente quem foi, mas nunca o confessará. Num caso como no outro, o lema de Rangel e Negrão de “alinhar com os nossos aliados” é imbecil. Que é que Portugal tem que ver com essas merdas de espiões ingleses e agentes duplos russos?

P.S. 2: Lembre-se que a mais recente invenção da direita inglesa contra o popular líder trabalhista Jeremy Corbyn foi acusá-lo de ter sido colaborador dos serviços secretos da Checoslováquia comunista. O jornal Independent publicou sobre isso há um mês uma reportagem hilariante, recordando a velha história de acusações falsas com que a imprensa de direita britânica (quase toda a imprensa britânica!) sempre tentou difamar os dirigentes trabalhistas insinuando a sua ligação ao Kremlin. Depois de Harold Wilson, também Michael Foot e Neil Kinnock foram alvo dessas acusações porcas, vindas de gente ligada aos serviços secretos britânicos e disseminadas pelos jornais do costume. Assim, não me custa nada imaginar que por detrás da actual histeria de Teresa May esteja simplesmente um plano cozinhado por ela e pelo MI-6 para atacar a popularidade de Corbyn. Desde as últimas eleições, os conservadores ingleses estão mesmo assustados com a perspectiva de uma próxima vitória trabalhista.

P.S. 3: E porque é que foram Rangel e Negrão a cacarejar pela cor laranja? Não há galo naquela capoeira?

Posição soberana

29/03/2018 by Bruno Santos

Serão vários os motivos pelos quais o governo português decidiu, e muito bem, não acompanhar a expulsão colectiva de diplomatas russos, levada a cabo por vários países, num movimento concertado sob a liderança do Reino Unido, país que se encontra de saída da União Europeia.

A decisão anunciada por Augusto Santos Silva – o melhor e mais sólido ministro deste governo – foi certamente tomada com o conhecimento e o acordo do Presidente da República, e espelha os princípios de uma política diplomática responsável e equilibrada, que foi sempre apanágio das relações externas portuguesas e que faz de Portugal uma das maiores potências diplomáticas do mundo.

Ao contrário do que a oposição ao governo do PS tenta agora fazer crer, numa atitude irresponsável e profundamente demagógica, procurando colocar em causa a política externa do país e a solidez das suas decisões, Portugal não está sozinho nesta tomada de posição, sendo acompanhado por vários e importantes países da União Europeia que também decidiram não subscrever a estratégia colectiva de expulsões encabeçada pelo país do Brexit. Tanto quanto foi possível apurar, a Áustria, a Bulgária, o Chipre, a Eslováquia, a Eslovénia, a Grécia e Malta, são países que também optaram por não seguir os ditames do Reino Unido.

Outro facto é de relevar. Portugal assume, neste contexto – até ao momento -, uma posição soberana diferente da que a Espanha, seu parceiro ibérico, assumiu, facto que, do ponto de vista das relações internacionais, é muito significativo e só contribui para a solidez e a credibilidade da política externa portuguesa.

Celebrado acordo para o regresso do comboio ao Tua

HÁ UMA HORA

Foi celebrado o acordo que permite o regresso do comboio à linha do Tua, em Trás-os-Montes. O Governo vai financiar a manutenção da linha e a Infraestruturas de Portugal continua a ser proprietária.

ESTELA SILVA/LUSA

O acordo que permite o avanço do Plano de Mobilidade do Tua, em Trás-os-Montes, e o regresso do comboio foi celebrado esta quinta-feira, informou o Gabinete do ministro do Planeamento e das Infraestruturas.

A Infraestruturas de Portugal (IP) e a Agência do Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT) formalizaram o acordo que já tinha sido anunciado a 15 de março e que acaba com o impasse de quase um ano a concretização do Plano de Mobilidade Turística e Quotidiana, a principal contrapartida pela construção da barragem de Foz Tua.

O contrato agora oficializado determina, segundo a informação oficial, que “a IP concessione à ADRVT o troço entre Brunheda e a Estação Ferroviária de Mirandela-Carvalhais, incluindo a infraestrutura de via, infraestrutura de obras de arte, superestrutura de via, passagens de nível e cais de embarque”.

O troço de cerca de 30 quilómetros é o que resta da desativada ferrovia centenária que deixou de fazer a ligação ao Tua, com o novo plano a prever passeios de barco entre este ponto e a Brunheda, a extensão da nova albufeira.

Segundo o acordado entre as partes, a agência “obriga-se a assegurar, por si ou através de terceiro, o transporte de passageiros no âmbito do sistema de mobilidade turística e quotidiana do vale do rio Tua”.

“Foi ainda estabelecido um acordo entre a CP, a IP e a ADRVT para regulamentar os termos em que o serviço de transporte de passageiros é assegurado, com qualidade e em segurança”, acrescenta a informação do gabinete da tutela.

O presidente da agência, Fernando Barros, adiantou à Lusa, em 15 de março, que tinha sido alcançado o acordo, que deveria ser formalizado até ao final do mês, o que foi confirmado oficialmente neste dia.

Depois de meses a discutir quem ficaria responsável pela linha, Fernando Barros indicou ter ficado acordado que a agência será a gestora da linha, o Governo assumirá o financiamento da manutenção e a Infraestruturas de Portugal (IP), que continua a ser a proprietária e assumirá a parte técnica, nomeadamente relativamente às obras de arte.

Este acordo resolve o impasse, mas não implica que o comboio comece imediatamente a circular nos cerca de 30 quilómetros que restaram da linha do Tua, entre Mirandela e a Brunheda.

Será ainda necessário esperar pelos resultados dos testes de segurança ao novo material circulante que o empresário Mário Ferreira, conhecido pelos passeios de barco no Douro e que vai explorar turisticamente esta zona de Trás-os-Montes, tem disponíveis há alguns meses.

Ao comboio turístico juntam-se também barcos para passeios na nova albufeira da barragem, entre a Brunheda e o Tua.

A EDP entregou dez milhões de euros ao empresário para o projeto e para reabilitação da ferrovia, que já foi realizada. No entanto, serão ainda necessárias outras intervenções ao longo do canal da linha, como a retirada de blocos que ameaçam queda nas encostas do Tua e a prevenção de futuros deslizamentos.

Estes trabalhos contemplam a instalação de equipamento informático, através de fibra ótica, “para detetar o movimento de blocos ao longo dos taludes”, além de drenagens e reabilitação dos carris entre o Cachão e Mirandela.

A EDP já disponibilizou, segundo o presidente da agência, “3,5 a 3,7 milhões de euros para estes trabalhos”. Falta também saber de que forma será assegurada, neste projeto, a mobilidade às ou populações ribeirinhas do rio Tua, já que é uma condição imposta como contrapartida pela construção da barragem.