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sábado, 17 de março de 2018

Marielle: mulher, preta, lésbica, humanista, popular. Inconveniente.

por estatuadesal

(Paula Cosme Pinto, in Expresso Diário, 16/03/2018)

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O Brasil volta a mostrar-nos da pior maneira que aqueles que arriscam desafiar privilégios e poderes instituídos ainda podem pagar caro pela ousadia. Marielle Franco era uma dessa pessoas e a sua vida, vivida em prol da luta pela igualdade e dignidade de todos, por todos, foi o preço a pagar.

Tenho a certeza que a história de Marielle Franco acabará por ser transformada num filme, porque numa sociedade tão discriminatória e desigual como é a brasileira, tudo no seu percurso é digno de aplauso e surpresa. Marielle nasceu menina, preta e pobre, no meio de uma favela do Rio de Janeiro. Tudo isto poderia ter ditado desde logo o rumo da sua vida, como acontece com tantas outras meninas nascidas neste contexto. Sim, Marielle foi pobre durante boa parte da sua vida, sim Marielle foi mãe adolescente, sim Marielle conheceu de perto o que era a vida marginal fomentada pela pobreza e pela falta de oportunidades. Contudo, a vida de Marielle não foi só isso. E quando alguém consegue fugir à norma, isso pode ser perigoso para quem dela se alimenta.

Marielle, que foi ontem assassinada com quatro tiros na cabeça, era uma socióloga formada pela PUC-Rio e mestra em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense. Para tema de dissertação de mestrado apostou num trabalho sobre "UPP: A redução da favela a três letras", universo que ao longo da sua carreira fez sempre parte de uma luta pessoal. Ativista ferrenha pelos direitos humanos, trabalhou em organizações da sociedade civil e entrou na política para coordenar a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Em 2016, a sua fama de justiceira já a precedia, e embora se tenha candidatado com poucas expectativas, acabou ser a quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições, com 46.502 votos. O povo queria Marielle, e confiava nela, porque ela era uma das suas.

MARIELLE ERA A PERSONIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA CONTRA O PODER DOS PRIVILÉGIOS INSTITUÍDOS

Sim, ela era mulher, jovem (38 anos), vivia numa favela até aos dias de hoje por opção, era lésbica, feminista, voz crítica contra a violência policial, bem-sucedida contra todas as expectativas, admirada e respeitada pelo povo, aquele que representa boa percentagem da população real do Rio. Os mesmos que votaram nela e que cada vez mais lhe davam poder e ouviam as suas angústias ganhar palco através da sua voz. Escusado será dizer que isto era demasiado inconveniente. Mais inconveniente ainda era o trabalho que ela estava a fazer enquanto parte integrante de uma comissão de investigação aos abusos da intervenção militar no Rio de Janeiro. Fiel à sua conduta, Marielle pedia o dedo na ferida e tonava-se cada vez mais incómoda. Pagou com a sua própria vida.

A vereadora do PSOL era a personificação da resistência contra os esquemas, o poder dos privilégios instituídos e a discriminação, alimentada por tanta gente, em prol da ganância e do bem-estar de tão poucos. "Quantos mais têm de morrer para que essa guerra acabe?", perguntou Marielle Franco um dia antes de ser morta. A violência da sua execução – sim, é disto que se trata – é uma mensagem clara, vinda de várias esferas dos todos poderosos que se alimentam precisamente desta guerra. A ideia foi certamente deixar um aviso no ar, principalmente aos mais de 46 mil cidadãos que votaram nela: isto pode correr muito mal para quem ousar desafiar a norma da corrupção, da violência, da xenofobia, do medo, da misoginia, da discriminação, dos ricos que serão sempre ricos e dos pobres que se quer que sejam sempre pobres, dos pequenos e dos grandes poderes, dos que mandam e dos que devem acatar ordens e destinos com temor. Marielle estava do lado certo da história, e demasiada gente tinha noção do impacto que isto poderia ter a curto prazo.

Contudo, a motivação destes quatro tiros que tiraram a vida a Marielle Franco podem sair pela culatra. E digo isto porque não sei até que ponto será o medo o grande vencedor neste momento trágico. A indignação, daquelas que têm o condão de cegar o temor e motivar a fome de justiça, podem falar mais alto no meio disto tudo num Brasil que atualmente parece uma panela de pressão. Esperemos que assim seja, e que a revolta não se fique pelas redes sociais.

Uma brava história de um homem

por estatuadesal

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 16/03/2018)

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João Quadros

Stephen Hawking, o físico e pesquisador britânico, morreu aos 76 anos na passada quarta-feira, em sua casa na Inglaterra. Uma enorme perda para o mundo mas penso que nada seria mais ofensivo que desejar: "paz à sua alma", ou dizer - "que Deus o guarde" ou "foi para um lugar melhor".

Ao contrário do que alguns afirmam, Hawking não dizia que não acreditava em Deus, o que o físico afirmava é que Deus não existe. Hoje é sexta-feira, Hawking já morreu há dois dias e , até agora, não se manifestou, o que me leva a pensar (eu já pensava) que ele tinha razão. Se Hawking fez o que fez, preso a uma cadeira com uma terrível doença degenerativa, não havia de ser por estar morto, e a viver no além, que não arranjava maneira de contactar connosco.

Muitos jornais salientaram a "transcendental" coincidência de o Hawking ter nascido no mesmo dia do aniversário de 300 anos da morte de Galileu Galilei (1564-1642) e ter morrido no dia em que nasceu outro brilhante físico, Albert Einstein, a 14 de Março de 1879. Como se Deus tivesse um Dia Universal do Cientista e resolvesse festejá-lo de várias e duvidosas formas.

Ao contrário das piadas que foram feitas sobre a sua morte (algumas o seu enorme sentido de humor apreciaria) acho que este tipo de notícias com coincidências, a fazer crer em algo de divino, é que iriam irritar o Stephen Hawking (caso houvesse aquilo que ele garantiu que não havia). Isso é tudo muito relativo. Fui investigar e Hawking morreu no mesmo dia que Karl Marx (à atenção do Rui Ramos do jornal o Observador) e também nasceu no mesmo dia em que veio ao mundo Kim Jong-un, esse génio dos foguetes.

Há muita gente que precisa de acreditar que "há mais para além disto", estamos todos presos numa espécie de divina superstição, somos humanos e não é fácil. Quando entrou em funcionamento o maior acelerador de partículas do mundo, especialmente concebido para explorar os grandes enigmas do Universo e desfrisar o cabelo do comentarista Rui Santos, houve quem pusesse a hipótese dessa experiência poder criar um Buraco Negro, capaz de engolir toda a Terra e até talvez o nosso Sistema Solar e acabar com o Universo. Um disparate, mas consta que os cientistas, pelo sim pelo não, bateram três vezes na madeira antes de ligar a máquina.

Sou um admirador de Stephen Hawking. não só pela forma como resistiu aos limites da sua terrível doença, como pelas suas ideias em relação ao Universo, e a não existência de Deus. Foi a nossa sorte uma mente brilhante como aquela ter resolvido optar pelo lado do bem. Segundo o que estamos habituados a ver nos filmes do 007, Hawking tinha tudo para ser o arquétipo do génio do mal. Podia ter dedicado a sua vida a produzir uma arma que aniquilasse a raça humana, ou pior, podia ter ido para o Goldman Sachs.


TOP-5

Teoria de nada

1. Portugal consegue vender dívida à taxa mais baixa de sempre - malditos mercados que se revêm nas esquerdas encostadas.

2. Elon Musk, o empresário do espaço e dos carros eléctricos, quer agora fazer humor - está tramado, é mais fácil chegar a Marte que ser politicamente correcto na Terra.

3. Nos EUA, um professor disparou acidentalmente uma arma durante uma aula sobre segurança com armas de fogo - foi a primeira vez que uma arma de fogo foi disparada numa escola nos EUA... acidentalmente.

4. Fernando Negrão considera que Feliciano Barreiras Duarte não está fragilizado- fragilizado era se, apenas, tivesse o apoio de 39% da bancada do PSD.

5. Assunção Cristas já se vê como PM de Portugal - Com 6% nas sondagens, cheira-me que há aqui mãozinha da mental coach do éderzito.

UM LÍDER MAL PREPARADO?

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 17/03/2018)

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Rui Rio é o líder partidário que esteve mais tempo a preparar a sua candidatura à liderança do PSD, durante anos dedicou-se a “fazer a cama” a Passos Coelho. Era suposto que ao fim de anos de preparação soubesse o que queria, fosse claro nas matérias e opções em que se demarca do seu antecessor, tivesse constituído uma equipa experiente e que conhecesse bem. Mas nada disto parece suceder até parece que Rui Rio chegou à liderança do PSD só porque se lembrou de vir a Lisboa dar quilómetros de estrada ao seu velho Simca.

O caso do “scholar visitor” revela muita incoerência e alguma falta de inteligência. O secretário-geral do PSD não deve ter a coerência de Rui Rio em grande conta, se assim não fosse ter-se-ia lembrado que não sabe onde fica a Califórnia e quando foi convidado para secretário-geral do PSD teria dito que não ou informado Rui Rio que tinha telhas muitas frágeis no seu telhado. Preferiu achar que o discurso da ética era para inglês ver e quando foi denunciado disse umas baboseiras.

Rio deveria ter percebido, desde a primeira hora, que estava perante uma falha ética demasiado grave para sugerir que se enquadrava nos golpes de que estava à espera.Na posse de todos os dados Rui Rio mandou os seus valores da ética às urtigas e preferiu fazer os portugueses de parvos. Acabou por se dar muito mal e ao fim de mais de uma semana acabou por entender aquilo que alguém com uma inteligência mediana percebeu na primeira hora.

Como se tudo isto não bastasse, Rio em vez de dar a cara e ao lado do seu secretário-geral informar que aceitou o seu pedido de resignação, optou por uma jogada digna de um pequeno Estaline com sotaque da Foz. Desapareceu, mandou um vice empurrar pela borda fora e fez constar nos jornais que esperava que o pobre diabo se cremasse em público. Enfim, uma forma muito ética de resolver os problemas que ele próprio ajudou a criar.

É cada vez mais óbvio que Rui Rio pode ser um grave problema de casting, um mês depois do congresso só cometeu erros; desde a sua chegada à liderança do PSD que só se aproveitam os momentos prolongados de silêncio. Não admira que suba ligeiramente nas sondagens, todos os políticos que não se deixam ver têm uma boa imagem. O problema é que ninguém ganha eleições estando em parte incerta, com um secretário-geral criativo, e vice-presidentes que parece terem sido escolhidos por estarem disponíveis para jogadas sujas.

Pensar fora da caixa ou seja fora do “economês” da troika

por estatuadesal

(José Pacheco Pereira, in Público, 17/03/2018)

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Pacheco Pereira

Aquilo que talvez mais distinga a possibilidade de se poder andar para a frente num país como Portugal é a capacidade de sair do pensamento, do vocabulário, do argumentário, da política e mesmo da filosofia dos anos da troika e da herança ainda demasiado viva e poderosa do “economês” da troika. Os anos de lixo que vivemos são-nos apresentados como tendo sido um período de resistência “reformista”, quase heróico, após a bancarrota, atravessando todas as dificuldades e conseguindo no fim “sair” sem consequências de maior e ainda por cima “mais bem preparados” para o futuro imediato, “permitindo” a “coragem” “passista” a recuperação “costista”. Teria sido um período de “verdade” da nossa economia e sociedade, uma espécie de limpeza lustral de tudo aquilo que nos tinha “afundado” na bancarrota, o Estado, o despesismo, o “viver acima das suas posses”, os excessos sindicais, o crescimento da função pública, o “socialismo”, a “social-democracia”, e a corrupção BES-Sócrates, e uma sociedade de “direitos adquiridos”, ou em que os mais velhos exploravam “injustamente” os mais novos, porque tinham reformas e pensões.

Eu quase que tenho que pôr todas as palavras entre aspas para indicar que o seu uso é ideológico, e sem qualquer correspondência com a realidade, e que remetem para um universo orwelliano de manipulação das palavras e das ideias. Nem houve reformas, o que houve foi um “brutal aumento de impostos” de que ainda não saímos, nem podemos sair, visto que ele é a coluna vertebral do cumprimento das chamadas “regras europeias”. Nem houve qualquer “recuperação” estrutural da nossa economia, muito menos resultante das “reformas” laborais que tornaram ainda mais desigual a relação entre patrões e trabalhadores, nem houve qualquer diminuição do peso do Estado na economia, bem pelo contrário. E pagou-se um preço caro na institucionalização à margem da vontade popular e da Constituição, de uma servidão a uma certa política europeia, com perda de poderes dos parlamentos e de soberania.

Há três pressupostos que não vou desenvolver aqui, mas sem os quais não se pode pensar fora da caixa da troika: a democracia é um regime frágil face à barbárie; o objectivo da “boa” política é garantir que as pessoas melhorem a sua vida enquanto a vivem; e um desses aspectos básicos da “melhoria” é dar-lhes mais poder, permitir o “empowerment” individual, social e colectivo, assente na procura da igualdade social, cultural e política.

É tão simples como isto: ou se luta por estas coisas, ou perde-se democracia, riqueza e igualdade. Tudo o que se perdeu nos anos de lixo da troika. Ah!, e não era inevitável que fosse assim, podia ser de outra maneira, mas não foi, e esta é a mais importante mentira que deve ser combatida.

Nenhum destes pressupostos é adquirido, e uma das coisas que o “economês” da troika fez foi atacá-los. Atacou a democracia, subordinando-a um determinado tipo de política económica e social apresentado como sendo a “realidade” que não se podia mudar. É difícil imaginar melhor forma de autoritarismo do que chamar para o seu lado a “realidade”. É como dizer que Deus estava ao lado da economia neoliberal. Atacou a democracia pondo em causa a soberania nacional — sim, é um valor da democracia face ao não democrático processo da União Europeia e do Eurogrupo —, diminuindo o poder do Parlamento e desse modo desvalorizando a liberdade do voto popular, que passa a ser de primeira, nos partidos europeístas, e de segunda nos que criticam o caminho seguido pela Europa. Atacou a democracia propondo sistematicamente legislação inconstitucional e criticando o Tribunal Constitucional pelo seu papel na defesa da legalidade.

Atacou o “melhorismo”, disfarçando transferências de bens e recursos entre grupos sociais no presente, empobrecendo uns e enriquecendo outros, com argumentos neomalthusianos sobre o “futuro”. Atacou e desprezou a mobilização dos cidadãos, remetendo-a para um limbo de ineficácia, tentando destruir todos os instrumentos de mediação, enfraquecendo o seu papel na defesa de direitos conquistados.

Estamos tão viciados na maneira de pensar ao modo da troika que não somos capazes de colocar as prioridades no sítio certo. No debate sobre a Segurança Social, por exemplo, uma das áreas mais devastadas por várias crendices neomalthusianas, a questão da “sustentabilidade da Segurança Social” aparece sempre em primeiro lugar, com o pressuposto a reboque de que dar-lhe “sustentação”  é “poupar”, a expressão orwelliana dos anos da troika para “cortar”. E se experimentássemos pensar de outro modo, o modo como um democrata-cristão, um social-democrata e um socialista podem pensar, se forem fiéis às suas fontes? Sim, é preciso reformar a Segurança Social e para isso primeiro que tudo é preciso que ela “segure” quem mais precisa, é preciso maximizar essa “segurança” para os mais pobres, os mais velhos, os mais desprotegidos. Experimentem começar por aí e verão que mesmo com os actuais recursos é possível fazer muito melhor e “dar”, outra palavra maldita, mais às pessoas que precisam. E, depois, e só depois, pensar como isto  se pode fazer de forma sustentável, vendo que recursos se podem trazer para a Segurança Social e como é que se pode racionalizá-los e poupar sem aspas. É que não se chega aos mesmos resultados, se se começar por um lado ou por outro, porque a Segurança Social não é uma coisa neutra em cima de uma mesa sujeita apenas a leis da economia, se é que existem, e da “realidade”, mais uma construção social, atrás da qual estão muitos anos de luta e sacrifício, sem aos quais não existia. E não existia, porque tem adversários e inimigos, e tem políticas e políticos que, em nome da sua visão da sociedade e da economia e do modo com gerem ou são “capturados” por diferentes interesses, não consideram prioritário que haja uma rede universal que proteja as pessoas e proclamam que isso é “socialismo”. O debate à volta do Obamacare nos EUA pode ensinar-nos a perceber com clareza como é que se movem interesses e políticas na questão da Segurança Social ou da Educação ou da Saúde.

Para o PS, que é hoje no plano prático um muito capaz defensor do “economês” da troika, mas em particular para o PSD, ainda subordinado aos mitos do papel do “passismo” e preso na sua herança, é vital que se passe e pense à frente para fora da caixa da troika. Sejam mais radicais a pensar e depois moderados na acção, como é apanágio da democracia. Pensem sem a “realidade” com que vos querem manietar e que não é realidade nenhuma, mas um quadro político e ideológico que devastou a alternativa política na Europa, reforçou o populismo, abriu uma crise em todos os sistemas políticos e, acima de tudo, tirou o poder às pessoas e empobreceu-as. Pensem com seriedade e profundidade o caminho desastroso da Europa, e o modo como evitá-lo, sem tabus. Não vão conseguir fazer tudo e muito menos ao mesmo tempo, mas experimentem e vejam os resultados.

Não é assim muito difícil. Basta começar por outro lado, por um lado diferente, onde há muito mais pessoas e menos abstracções, menos dinheiro mas mais trabalho, mais vontade de igualdade do que de poder. Talvez um dia de manhã, naquela hora de pensamento mais livre, aquela a que os anarquistas chamavam a “bela aurora”, percebam como é o mundo se pensado fora desse terrível molde.

Singularidades da política portuguesa

por estatuadesal

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 17/03/2018)

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Miguel Sousa Tavares

1 Se Feliciano Barreiras Duarte deve ou não permanecer no lugar de secretário-geral do PSD é uma questão que só interessa ao partido e a Rui Rio. A nós, o que nos interessa é constatar que nem após o triste caso de Relvas e outros semelhantes passou de moda esta tentação de confundir méritos individuais com qualificações académicas, nem que arrancadas a ferros: chama-se a isso saloiice e é uma verdadeira doença portuguesa. Hoje, qualquer Zé Careca se intitula doutor por extenso e, depois de Bolonha, são todos mestres de qualquer coisa. E tudo isso para quê, ó mestre e futuro doutor Feliciano?


2 Na sua célebre entrevista à SIC, o juiz Carlos Alexandre, que tinha, e tem, a instrução do processo contra José Sócrates, numa indirecta ao arguido, disse que não tinha amigos ricos que lhe emprestassem dinheiro. Mas, afinal tinha, como mais tarde reconheceu: o seu amigo Orlando Figueira, o procurador do Ministério Público agora sob julgamento, acusado de ter sido subornado para arquivar o processo por branqueamento de capitais contra o ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente.

Esta semana, depondo em tribunal a favor do amigo, o juiz — que a tal ponto nunca teve uma dúvida sob a culpabilidade de Sócrates que o manteve em prisão preventiva nove meses — também não teve uma dúvida em declarar a sua convicção na plena inocência do amigo. Porquê? Porque é seu amigo e essas coisas, declarou, “não estão na matriz dele”. E ele, Carlos Alexandre, que também aceitou a tese do MP de que os 25 mil euros mensais que Sócrates ganhava na Octapharma eram um salário fictício que, de facto, abatia a dinheiro de corrupção, não estranhava os 760 mil de adiantamento por um ano de salários (60 mil por mês) que o amigo Orlando Figueira tinha recebido por ter ido subitamente trabalhar para um banco angolano. A única coisa que o juiz não sabia e que o deixou “estupefacto” foi saber que o amigo fazia frequentes viagens a Andorra para ir buscar os ordenados aos poucos, por forma a que o fisco não desse por nada. Estamos sempre a aprender, afinal.


3 Para o debate quinzenal, António Costa escolheu o tema da limpeza das florestas. Fez bem pois a confusão reinante é geral. O que se limpa e o que se corta? A palavra de ordem inicial foi “tudo!” e seguiu-se uma selvajaria em muitos locais nunca vista: dizimaram-se os matos maus e os bons, os que guardam o húmus que fertiliza e retém a humidade das chuvas; arrasaram-se jardins e pomares; cortaram-se ciprestes e árvores de sombra; parreiras e latadas, tudo o que estivesse a menos de cinco metros de uma construção. Mas onde as autoridades, os ministros e as televisões não chegaram, a gente sábia deixou-se estar quieta a gozar o espectáculo na televisão. Quem limpa o mato que precisa mesmo de ser limpo, quem faz os desbastes, as queimadas, os aceiros? Resposta oficial: todos. Na práctica, faz quem pode, proprietários, autarquias, empresas contratadas, Governo. Com que prazo? Ah, prazo “à portuguesa”, esclareceu Marcelo. “Flexível”, acrescentou o ministro da Agricultura. “A GNR será sensata” a aplicar multas, concluiu o da Administração Interna. Conclusão: não há prazo. Quem paga? Para já, o Governo; depois, o Governo.

Hoje, qualquer Zé Careca se intitula doutor por extenso e, depois de Bolonha, são todos mestres de qualquer coisa.

Pior é a história dos meios aéreos. Vamos no terceiro ministro consecutivo que, com um ano para planear, consegue transformar tudo numa trapalhada. Miguel Macedo transformou mesmo tudo numa tamanha trapalhada, que está a ser julgado sob suspeita de crime; Constança Urbano de Sousa decretou o fim da época e o fim dos contratos antes do fim do calor, com consequências trágicas; e Eduardo Cabrita, com a casa mais do que arrombada e tempo mais do que suficiente, ainda não conseguiu pôr os helicópteros do Estado a voar nem pôr de pé um concurso a tempo e horas, lançando e anulando concursos, emendando cadernos de encargos, e, já em fase de pré-pânico, reduzindo as obrigações aos concorrentes para ver se eles não tiram demasiado partido da situação. Se tudo isto não acabar mal é por pura sorte.


4 Somos avessos a pensar para a frente e, menos ainda, a planear. E estas semanas de chuva intensa já nos fizeram esquecer que ainda há um mês o país suplicava por umas gotas de chuva e antecipava mais um trágico ano de seca. Falou-se intensamente das alterações climáticas, do que deveríamos fazer para estar preparados e... depois o silêncio. Tudo a chuva apagou. Na altura, ouvi Capoulas Santos falar sobre as medidas a curto e médio prazo para fazer frente à seca: estas compreendiam mais médias barragens e ligação de Alqueva a outras barragens do Vale do Sado e do Sul, de modo a continuar a permitir no futuro as culturas de regadio. Como é evidente, Capoulas Santos sabe infinitamente mais de agricultura do que eu, que tudo o que sei é por ouvir dizer. Mas ouvi sempre dizer ao meu guru na matéria, o Gonçalo Ribeiro Telles, uma série de coisas que o tempo só vem confirmando na razão que tinha. Uma delas era sobre Alqueva (de facto, com um lago lindíssimo), mas que ele nunca aprovou, defendendo antes uma quantidade de pequeníssimas barragens apenas destinadas a reter a água das chuvas ou das nascentes de superfície. De facto, não é por acaso que todos os anos se repete a falta de areia nas praias do Algarve e não só: uma barragem feita num rio não é inócua, retém as areias que esse rio levaria para o mar e depositaria nas praias. A natureza é assim: mexe-se a montante, paga-se a jusante. A profusão de barragens construídas, nomeadamente a favor da EDP e dos regadios, pagam-se depois nas praias.

Outra coisa que Ribeiro Telles sempre disse é que qualquer monocultura intensiva rebentava com o solo em pouco tempo. Por isso ele recomendava para o Alentejo as culturas tradicionais de sequeiro, intervaladas por pastagem e agricultura onde houvesse água, mas jamais regadio. O que se está a passar no amplo perímetro de rega de Alqueva é precisamente o contrário: uma monocultura intensiva de regadio, primeiro de olival, e agora também de amendoal, com um gasto de água exorbitante, levado a cabo sobretudo por espanhóis, deliciados com o eldorado de água a rodos e barata que ali encontraram. Esta quarta-feira, li no “Público” um desses raros textos em que, acerca deste tema, alguém se dedica a pensar para a frente e a propor-nos planear uma nova paisagem a nível nacional, em função da qualidade dos solos que temos e da perspectiva futura da água que não iremos ter. Chama-se “Primavera Silenciosa” e é da autoria da bióloga e professora Maria Amélia Martins-Loução. De leitura obrigatória para quem quiser perceber alguma coisa do assunto.


5 Assunção Cristas teve coisas boas e más no seu discurso de encerramento do Congresso. Boas, os temas que disse irem ser os seus principais. Más, a total falta de concretização em cada um deles. Sobre a Europa, por exemplo, limitou-se a dizer “vamos voltar a ter o nosso Nuno Melo!” — e foi quanto bastou à sala para aplaudir de pé. Esta semana, António Costa foi a Estrasburgo, falar sobre a Europa, num momento crucial para a Europa, e dizer qual a posição portuguesa em relação a temas fundamentais, como, por exemplo, a taxação, das multinacionais digitais, pelos lucros gerados nos países onde operam, de que a França já falara na véspera. No final, o “nosso Nuno Melo”, confundindo o Parlamento Europeu com o português, desatou a atacar António Costa pela situação portuguesa. Na sequência, gerou-se um debate entre os eurodeputados portugueses, ao ponto de o presidente do Parlamento Europeu interromper para dizer que a situação política portuguesa não era o tema do dia. De facto, se isto são as ideias para a Europa do CDS e o mandato de eurodeputado do “nosso Nuno Melo”, porque não regressa ele à AR, onde, aliás, foi um bom deputado? É claro que não teria o mesmo salário nem as mesmas mordomias, mas seria o local adequado para fazer oposição ao Governo...


(Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia)

o regresso de passos

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por rui a.

É curioso constatar que, pela primeira vez na história do partido, o líder do PSD está menos dependente de uma derrota nas legislativas para o PS, do que dos resultados que o CDS possa vir a obter nessas mesmas eleições. Na verdade, Rui Rio promoveu, mesmo antes de ganhar a liderança laranja, o «damage control» de uma previsível derrota, nessas eleições, em relação ao partido de António Costa, mas esqueceu-se, ou desvalorizou, o CDS e Assunção Cristas. Deste modo, se o avanço eleitoral deste último partido for considerável, se o PSD baixar substancialmente e não ficar muito distante do CDS, estará aberta a porta para a saída de Rio e para o regresso de Passos Coelho à liderança do PSD e da direita. Na cabeça dos militantes laranja, ele será o único capaz de pôr a sua ex-ministra na ordem e de criar uma alternativa real ao PS, que Rui Rio, pelo menos por enquanto, não parece querer protagonizar.

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Limpar a mata num país sem gente

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 15/03/2018)

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Daniel Oliveira

Como já se previa, o prazo para a limpeza das matas foi alargado. Esperou-se pelo último dia para o anunciar, tentando que o esfoço não abrandasse. Mas era preciso atender a um facto simples: o de se estar a fazer em poucos meses o que não era feito, em alguns casos, há muitos anos. Não devemos dramatizar. Há queixas e lamentos. Muitos. Há sempre que se tem de fazer um corte com o passado. A tendência normal do humano é, mesmo perante a tragédia, resistir a mudar de hábitos. Depois, quando os resultados chegam, novos hábitos se instalam.

Acho bem que o governo tenha marcado o dia de hoje para a limpeza, com alguma folga para a época dos incêndios e acho que era inevitável que alargasse os prazos. Dito isto, não nos devemos iludir com o saudável empenho conjunto de primeiro-ministro e do Presidente da República em mostrar ao País que a limpeza da mata é um desígnio nacional. Não chega muita vontade.

Ouviram-se muitas queixas nas últimas semanas. Algumas justíssimas, sobretudo relativas à informação pouco rigorosa que foi chegando aos proprietários, que não sabiam o que cortar exatamente, levando a alguns crimes ambientais, até com sobreiros abatidos. Uma carta das Finanças terá contribuído especialmente para a confusão. É um dos graves problemas do nosso Estado: a falta de profissionalismo na forma como comunica com os cidadãos, sempre entre a total opacidade (é preciso um contabilista para decifrar uma simples carta da Autoridade Tributária) e absurda vacuidade das formulações que escolhe.

Mas as principais queixas são as que nos alertam que não chegam pacotes legislativos, multas e discursos motivacionais para mudar o Portugal profundo em poucos meses. O esforço hercúleo na limpeza das matas, vivido em muitas aldeias deste País nas últimas semanas, revela quase todos os problemas do nosso território. Não é por decreto que grandes partes do nosso interior deixa de ser quase exclusivamente habitado por velhos e que aparece gente jovem para fazer o trabalho de limpeza. Não é por uma decisão política instantânea que os pequenos proprietários passam a ter o dinheiro que não tinham para fazer o abate das árvores. Não há nenhum discurso que, de um dia para o outro, transforme o minifúndio, grande parte dele abandonado por quem nem vive no local, em unidades de exploração com dimensão suficiente para garantirem os recursos financeiros necessários para a sua preservação.

O clamor nacional do verão, que nos dizia que nada podia ficar como antes, chocou, nestas semanas, com a realidade. Com problemas estruturais do território que não se resolvem com medidas expeditas, pacotes legislativos e exigências de editorialistas. Os incêndios revelaram todas as fragilidades do nosso desenvolvimento e do nosso território. Sendo tudo uma questão de vontade, a vontade não resolve em meses problemas de décadas.

Neste momento apenas se tenta fazer o básico para impedir que haja, este ano, uma tragédia igual à do ano passado. E mobilizam-se proprietários, autarquias e Estado central para a prevenção, parente pobre no combate aos incêndios. Mas não vale a pena ter ilusões: é impossível defender a floresta num interior despovoado, envelhecido e em que a propriedade se baseia no minifúndio.

Entre as brumas da memória

14.03.1975 – «O dia em que o capitalismo se afundou» (M.Soares dixit)

Posted: 14 Mar 2018 11:32 AM PDT

As semanas que se seguiram ao 11 de Março de 1975 foram naturalmente ricas em acontecimentos e convulsões. Três dias depois, no dia 14, para além de ser criado o Conselho da Revolução, deu-se a nacionalização da Banca e dos Seguros.

Da imprensa da época:

«As nacionalizações são saudadas à esquerda e não são contrariadas à direita. O PPD apoio-as, aliás, embora previna que “substituir um capitalismo liberal por um capitalismo de Estado não resolve as contradições com que se debate hoje a sociedade portuguesa”.

Mário Soares mostra-se mais expansivo. Eufórico mesmo, considerando aquele “um dia histórico, em que o capitalismo se afundou”. Dirá, a propósito o líder socialista, num comício: “A nacionalização da banca, que por sua vez detém (...) a maior parte das acções das empresas portuguesas e, ao mesmo tempo, a fuga e prisão dos chefes das nove grandes famílias que dominavam Portugal, indicam de uma maneira muito clara que se está a caminho de se criar uma sociedade nova em Portugal”.» (Realce meu)

(Adelino Gomes e José Pedro Castanheira, Os dias loucos do PREC, edições Expresso / Público, 2006, p. 28.)

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Stephen Hawking

Posted: 14 Mar 2018 07:16 AM PDT

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2021: Odisseia no Espaço

Posted: 14 Mar 2018 03:14 AM PDT

«É bom que acreditemos que os actuais dirigentes do PSD são devotos fãs de livros e filmes de ficção científica. Isso permitiria que acreditássemos que eles têm uma visão de futuro e não vivem fechados numa câmera de eco do passado.

Os últimos dias do PSD têm-se assemelhado à tentativa de realização de uma versão de série B do célebre filme de Stanley Kubrick, baseado na obra de Arthur C. Clarke, "2001, Odisseia no Espaço". A produção de Rui Rio e dos seus mais dedicados colegas tem origem nas mesmas perplexidades: existirá vida fora da Terra? Como reagiremos quando confrontados com algo que nos transcende? Teremos capacidade de compreender a realidade? O argumento da comédia rock espacial já tem argumento, e foi desvendado por um dirigente do PSD no Expresso: o objectivo da nova liderança é ganhar as autárquicas de 2021 e, depois, as legislativas de 2023. Se o PSD perder as várias eleições de 2019, não há drama. Perdão? Acreditando que a direcção do PSD não está neste momento a recriar uma comunidade hippie da década de 1960, podemos questionar-nos: acham os dirigentes do PSD que os seus militantes vão estar à espera de 2021 por uma vitória? É a mesma coisa que um dirigente do FC Porto, Benfica ou Sporting chegar junto dos adeptos e dizer-lhes: o nosso objectivo é ganhar o campeonato em 2021. Seria corrido com uma vaia e o arremesso de tomates.

O objectivo de um partido de poder, como é o PSD, é estar em S. Bento. Agora, amanhã, em 2019. Ou pelo menos acreditar nisso. De outra forma o melhor é procurar alternativas. Assunção Cristas tem uma nave espacial aberta a recolher náufragos espaciais. Como se não bastasse este delírio psicadélico, elaborado ao som do notável "White Rabbit" dos Jefferson Airplaine, o PSD de Rui Rio vai fazendo parte do universo ficcional de "Alice no País das Maravilhas". Nada que choque. O caso do secretário-geral Feliciano Barreiras Duarte como "visiting scholar" de Universidade de Berkeley já não espanta. Foi ali o quartel-general do movimento hippie nos anos 60.»

Fernando Sobral

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América, terrível América

Posted: 13 Mar 2018 03:07 PM PDT

A primeira directora da CIA tem historial negro de tortura.

«Haspel passou grande parte da sua carreira da CIA como agente clandestina e foi nesse papel que, entre 2002 e 2005, supervisionou um programa ultra-secreto da agência que sujeitou dezenas de suspeitos de terrorismo a interrogatórios que a revista New Yorker descrevia, num artigo do ano passado, como “selvagens”.

Como noticiou, também no ano passado, o The New York Times, Haspel liderou o primeiro local de detenção da CIA no âmbito deste programa no estrangeiro (um “black site”). Foi na Tailândia, e, nesse local, dois suspeitos de terrorismo, os sauditas Abu Zubaydah e Abd al-Rahim al-Nashiri, ainda hoje presos em Guantánamo, foram brutalmente torturados. Por exemplo, foi-lhes aplicado o chamado waterboarding (ou afogamento simulado). Abu Zubaydah, foi sujeito a essa tortura 83 vezes num mês e a sua cabeça foi repetidamente lançada contra a parede, entre outras agressões, até que foi concluído que o suspeito não tinha informações úteis a oferecer.»

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Luísa de Jesus: a última mulher condenada à morte em Portugal matou 33 crianças

por admin

A pena de morte foi abolida em 1867 e foi readmitida em 1916, pelos crimes de traição em tempos de guerra – “quanto à pena de morte, somente o caso de guerra com país estrangeiro, em tanto quanto a aplicação dessa pena seja indispensável, e apenas no teatro da guerra”, lia-se na lei promulgada na altura. Só foi totalmente abolida da Constituição em 1976. Portugal foi o primeiro estado moderno da Europa a abolir a pena capital, mas até ser dado esse passo muitas pessoas receberam esta condenação. Luísa de Jesus foi a última mulher a quem isso aconteceu.

Luísa de JesusLuísa de Jesus

Esta história fez correr muita tinta na altura. Não só pela idade da mulher, mas também pelos crimes hediondos que cometeu. "Não se pode achar um monstro de coração tão perverso e corrompido – e de que não haverá facilmente exemplo no presente século", lê-se na sentença. Tudo começava na ‘roda dos enjeitados’. Este era um mecanismo usado para abandonar recém-nascidos à porta de instituições. Era um sistema cilíndrico onde a criança era deixada e, depois de ser rodado, ninguém sabia quem tinha abandonado o bebé. As vítimas de Luísa eram bebés deixados na roda existe na Misericórdia de Coimbra.

Roda dos Enjeitados

Tratava-se um mecanismo surgido em Itália, na Idade Média, que Portugal adoptou, pensando assim combater o infanticídio. A primeira roda foi instalada em Lisboa, no século XVII, no muro do Hospital de Todos os Santos, situado no Rossio (hoje na área da Praça da Figueira), até ser destruído pelo terramoto de 1755. Estava a cargo da Confraria da Misericórdia e da Câmara.

Com o sistema do anonimato, as crianças deixaram de ser abandonadas em “lugares esquisitos”, mas mesmo assim morriam muitas “por falta de cabedais bastantes para despesa do grande número que cada ano se expõem na roda do hospital”. Por isso, para remediar “um tão grande dano”, o príncipe Pedro, a governar em nome do irmão Afonso VI, mandou “assentar” em 1673 em cada tribunal uma “propina igual à que leva cada um dos ministros” por ano e incluir outra no contrato dos dízimos do ultramar também “igual à dos ministros do Conselho Ultramarino”.

Roda dos EnjeitadosRoda dos Enjeitados

Ao todo, Luísa matou 33 bebés por estrangulamento. E o que ganhava com isso? Quem cuidava destes recém-nascidos abandonados recebia 600 reis em dinheiro, um berço e meio metro de tecido de algodão. Diz-se até que algumas mães solteiras abandonavam os próprios filhos e acolhiam outros, por forma a receberem o rendimento mensal destinado às amas de leite, que deveriam cuidar das crianças até estas atingirem os sete anos de idade. O objectivo de Luísa era apenas receber os bebés, livrar-se deles e ficar com o enxoval. No total, desviou cerca de 20 mil réis, o equivalente ao ordenado de seis meses de uma cozinheira ou ao de um ano de uma moça de cozinha do Hospital Real das Caldas. O produto do roubo dos “benefícios públicos” pode, no entanto, ter sido dividido com alguém…

Luísa de Jesus só confessou ter matado 28 bebés, mas foi julgada pela morte de 33. A 1 de Julho de 1772 foi condenada à pena de morte, tornando-se a última mulher a receber esta sentença. Já com a suspeita a tornar-se certeza, o juiz do crime manda fazer uma busca à casa de Luísa. E descobre-se o impensável, mesmo nesta época que ficou conhecida por “século das luzes” e em que a morte se encara com mais naturalidade do que neste século XXI: “Nela se descobriram em um pote de barro vários pedaços de cadáveres corrompidos e fétidos, sem se poder divisar o seu número senão por três caveiras que nele estavam. E semelhantemente debaixo de uma pouca de palha se acharam quatro cascos de cabeças com a carne comida e um corpo de criança organizado, mas já corrupto”.

Luísa de JesusLuísa de Jesus

Mas a pena não ficou por aí: “Os juízes da Relação de Lisboa sentenciaram a infanticida a desfilar com baraço e pregão pelas ruas, ou seja, devia caminhar com uma corda de enforcar ao pescoço enquanto um funcionário apregoava em voz alta os crimes e a pena atribuída. Foi condenada a ser atenazada (queimada com uma tenaz em brasa). E o carrasco recebeu ordens para lhe decepar as mãos antes de a matar no garrote, um dos métodos mais cruéis de executar alguém, através de uma perfuração gradual do pescoço do condenado, amarrado a uma cadeira”, lê-se no site da Sábado. Luísa foi ainda condenada a pagar 50 mil reis de despesas judiciais. Dos registos existentes, foi a sentença mais severa aplicada a uma mulher em Portugal.

Luísa de Jesus foi a quarta mulher a morrer no patíbulo nesse ano de 1772. Será a última executada na forca em Portugal. Cerca de 40 anos depois, em 1810, Isabel e Roxas Lemos, conhecida por “Rainha Pamplona”, foi condenada à morte por traição, mas conseguirá fugir antes de ser enforcada.

R.I.P. Professor Stephen Hawking!

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 14/03/2018)

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A vida foi benévola para si, caro Professor! Quem se pode gabar de vida assim?

Diz-se que é na adversidade que se vêm os homens de fibra! Claro, todos concordamos. Mas foi benévola quando lhe deu um Q.I. que ninguém consegue ter e, talvez por isso, quem sabe, tenha conseguindo atingir o que nenhum vulgar ser humano consegue atingir: tenha conseguido seguir na vida o que o seu grande Mestre, Albert Einstein, teorizou, a Teoria da Relatividade, transportando-a para o Sentido da Vida, ela própria.

Ela própria e não restrita ao verdadeiro sentido Físico da mesma! Sim porque, sabendo como ninguém do seu sentido, conseguiu transportá-la para a sua condição como ninguém: o da relatividade da própria Vida!

Isso será talvez, para além da sua superior inteligência, a marca mais profunda que nos deixa: a da superação perante a adversidade!

Confesso desde já que sou um relapso e mesmo um ignorante nessas questões da Astrofísica, apenas um periódico curioso eu sou, e só muito tarde cheguei ao conhecimento do emérito Professor, que é assim que acho lhe devo chamar.

Professor porque  é aquele que ensina. Professor porque é aquele que investiga e transmite conhecimento e Professor porque é aquele que, percorrendo um caminho, não se abstraindo da sua condição e vida, não prescinde desse caminho para o bem de todos.

Da sua condição de pessoa diminuída nas suas capacidades, só muito tarde vim a ter conhecimento e apenas, muitos anos mais após, esquecendo o mito e vendo a realidade, me espantei!

Eu explico: foi quando, num dos internamentos na ala de Neurologia do Hospital de S. João do Porto, aquando de um dos vários internamentos da minha malograda Graciete nesse Hospital e nessa mesma ala, em passando para a enfermaria, eu descortinava numa sala contígua um jovem na mesma exacta circunstância do Professor Hawking: imobilizado, incógnito, isolado de tudo, desapercebido, dependente, a tudo alheio, sem visitas e sem nada, a não ser o computador que à sua frente estava, pelo qual transmitia, com o qual dialogava e através do qual se mantinha Vivo. E pasmei!

Só depois associei e verifiquei a diferença: as armas eram as mesmas, mas o Professor, talvez devido ao seu Q.I., talvez devido à sua anterior experiência, talvez mesmo à notoriedade advinda da sua vida científica, tenha conseguido esse avanço superior e que se resume a uma única constatação: a da Relatividade ou do Relativismo!

Porque, no fundo e pela minha experiência de vida, é isso que distingue os fortes dos “moles”. O meu chefe de há muitos anos não se cansa de, em sentido de incentivo e de alento, repetir uma frase, frase que mais tarde vim a saber atribuída a Che Guevara, quando eu até pensava que era mesmo do meu Chefe, que isso resume: “A Vida é mais Dura para os Moles”. E assim é!

É que, não comparando o caso da minha Graciete com o do Professor, até porque na maior parte das suas variantes é incomparável, o que distingue a resiliência de uns e de outros é precisamente a assunção desse relativismo da vida e, para além dele, o questionamento da sua situação perante o mesmo.

E, perante tal situação, só existem duas posturas: a da aceitação pura e simples sem questionamento, ou como vulgarmente se diz “por vontade de Deus”, ou uma oposta que é a de, aceitando a inevitabilidade, situação recorrente a muitos dos seus semelhantes, ela relativizar e seguir vivendo e lutando nas circunstâncias pela vida impostas, nunca deixando de lutar pelos desideratos que a sua consciência a si obriga.

E é aqui que, no meu entender, está a enormíssima contribuição do Professor Stephen Hawking para o futuro da Humanidade: o de, perante adversidades tão hostis e impróprias para qualquer ser terreno, não ter deixado de cumprir o seu dever de pessoa beneficiada por tão alto Q.I.: o de cumprir a sua obrigação, a de pessoa tão pela natureza beneficiada, de retribuir perante ela tamanha dádiva!

E a de nos mostrar que, perante a vontade, a superação e o comando da nossa inteligência, todos as agruras da vida podem ser “relativizadas”. É que assim, de certo modo, fez a minha Graciete!

Durante todo o processo por que a Graciete passou, não a ousando comparar com nada, eu não me cansei de dizer a todas as pessoas que me abordavam de que “tudo é relativo” na vida e que, sem qualquer dúvida, nada é apanágio apenas nosso. È de muitos outros também e, daí, o termos que “relativizar”! Relativizar sempre e não há outra postura!

Sem dúvida que, perante esta postura, nos sentiremos mais livres e bem mais preparados para fazermos o que temos que fazer, mas inquestionávelmente com mais propriedade e mais liberdade.

Foi isso que o Professor STEPHEN HAWKING fez durante a vida, mas num sentido cósmico superior!

Obrigado Professor STEPHEN HAWKING! Até sempre…

Conselho de Finanças Públicas ao serviço da Geringonça

15/03/2018 by João Mendes 6 Comments

TC

Imagem via Geringonça

No PSD, Rui Rio tenta dar conta de uma oposição interna em fúria, disposta a quase tudo para fazer a folha à recém-eleita direcção, enquanto lida com os escândalos diários nos quais vê os seus mais próximos oficiais envolvidos, do caciquismo de Salvador Malheiro ao currículo de Feliciano Barreiras Duarte.

No CDS, Assunção Cristas sonha, do alto dos seus 5% de intenção de voto atribuídos pelas mais recentes sondagens, ultrapassar o PSD e ser um dia primeira-ministra. E o sonho, já dizia o poeta, é uma constante na vida. Eu também sonho com a bomba do Gajo de Alfama, numa versão em que limpa o sarampo ao lixo político deste país, indo lá pelo cheio a corrupção. Mais rápido teremos Assunção Cristas a bailar com um touro na arena, enquanto um desses tipos que se diverte a torturar animais lhe espeta umas bandarilhas no lombo.

Entretanto, no reino da Geringonça, o mundo pula e avança. Sem oposição, com a conjuntura internacional do seu lado e com números económicos que continuam a deitar por terra as mais variadas e rebuscadas teorias da conspiração dos devotos da Igreja Universal dos Ressabiados do Diabo, os partidos que sustentam o acordo parlamentar seguem o seu caminho, em direcção a uma eleição que se prevê esmagadora para a direita.

Para ajudar à festa, tivemos hoje o Conselho de Finanças Públicas de Teodora Cardoso, essa perigosa comunista, a anunciar estimativas mais optimistas que as apresentadas pelo próprio governo: défice de 1% para 2017, de 0,7% para 2018, 0,3% para 2019 e um saldo orçamental positivo a partir de 2020, ano em que o CFP estima um excedente orçamental de 0,1%. Já lá vai o tempo em que o atingimento dos números do défice estava indexado ao poder infinito da Santíssima Trindade, com recurso a medidas extraordinárias que não eram sustentáveis. Alguém vá dar um abracinho aos observadores e restante matilha, que eles devem estar a precisar.

Ladrões de Bicicletas


Amanhã: "Pensar a Economia"

Posted: 14 Mar 2018 04:36 AM PDT

A primeira sessão do ciclo "Pensar a Economia", dedicada ao Sistema Financeiro será dinamizada por Francisco Louçã. Organizada pelo Coletivo Economia Sem Muros e pela Cultra, a sessão tem lugar amanhã na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Sala 219) pelas 18h00. Estão tod@s convidad@s.

Lógicas cúmplices

Posted: 14 Mar 2018 03:22 AM PDT

Quando todo o processo começou, quase era estranho explicar a pessoas que não tinham contacto com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que tudo tinha uma lógica. E que a lógica não iria beneficiar os cidadãos.
Mas estava na cara. O SNS sempre foi subfinanciado. Ano após ano, na década de 90 repetiam-se os debates parlamentares sobre o Orçamento de Estado em que se provava que a actividade do SNS no ano seguinte não estava financeiramente coberta. E lá surgia sempre um argumento: "Não há dinheiro". Mas o dinheiro aparecia, depois, noutras rubricas, sem explicação lógica e aprovadas sem uma discussão clara sobre opções. A opacidade democrática no seu melhor.
Depois, iniciou-se esta lógica de moda liberal - sabe-se lá porque pressões estrangeiras, aceites tanto pelo PSD, como pelo PS sem qualquer estudo ou debate, que conviria perceber em que circunstâncias - de que os recursos seriam mais eficientemente geridos se os hospitais se digladiassem e tivessem uma lógica privada de gestão. Agora o estado do SNS já é objecto de uma tese de doutoramento em que se sintetiza o que está a ser feito há muito e com uma certa lógica. Retiro um excerto da edição de hoje do Público:

“O que aconteceu de mais importante neste trajecto de 50 anos foi, em 2002, a empresarialização dos hospitais”, diz Paulo Simões, destacando a introdução dos contratos individuais de trabalho e o fim das carreiras. “Teve um profundo reflexo porque desestruturou as equipas. Ter um lugar num serviço público deixou de ser uma referência. Como me disse um administrador de uma agência governamental, o Estado passou a ter 50 hospitais a concorrer entre si. Passou-se a uma situação de roubar recursos humanos de um lado para outro e os mais favorecidos foram o sistema privado e as parcerias público-privadas que conseguiram captar os jovens mais promissores. Os mais velhos sentiram-se sob um constrangimento enorme e quem pôde foi embora.” Paulo Simões sublinha que “a troika só veio agravar o que já estava no terreno”.


Fez sentido este processo. Mas deve ser parado, quanto antes.

Portanto as facadas, os ataques com ácido, as bombas, os autocarros contra as pessoas… tudo isso tem sido por causa da falta de investimento e naturalmente não têm nada a ver com o fundamentalismo islâmico

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por helenafmatos

António Guterres falou nos "Encontros de reflexão comemorativos dos 50 anos da fundação da Comunidade Islâmica de Lisboa", que decorreram na Mesquita Central de Lisboa. E o que disse Guterres?

Em primeiro lugar que tem de existir"um grande investimento". O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou esta sexta-feira que o investimento de Portugal na diversidade tem de continuar com "grande persistência", lembrando que subsistem no país manifestações xenófobas e racistas. António Guterres disse que "em muitas sociedades europeias não houve este investimento", nomeadamente por parte de governos. "A diversidade é uma fonte de riqueza, não é uma ameaça (...). [Mas] só por si não garante a harmonia de uma sociedade", referiu, acrescentando que, "para que haja efetivo pluralismo e uma coesão", tem de haver "um grande investimento", envolvendo governos, autarquias, líderes religiosos e sociedade civil.

Em segundo diz Guterres que apesar "do investimento feito em Portugal em prol da diversidade ainda há no país manifestações de xenofobia, racismo e ódio contra muçulmanos."

Em terceiro o antigo primeiro-ministro sublinhou que o investimento realizado "tem de ser continuado, e com grande persistência".

Por fim na sua intervenção  assinalou que o radicalismo "é uma perversão do pensamento religioso, que não é monopólio do Islão", dando como exemplos os fundamentalismos budista e cristão.

EM CONCLUSÃO: as facadas, os ataques com ácido, as bombas, os autocarros contra as pessoas... tudo isso tem sido por causa da falta de investimento. Em Portugal existem  manifestações de xenofobia, racismo e ódio contra muçulmanos. E podem ir estes últimos descansados para casa porque fundamentalismos há muitos. Fundamentalismo budista na Europa então tem sido um nunca mais acabar!

Ladrões de Bicicletas


Da ilusória vontade de maior entendimento entre o PSD e o PS

Posted: 16 Mar 2018 07:41 PM PDT

De acordo com uma sondagem do Expresso, «60% dos portugueses querem mais acordos entre PSD e PS, a começar pela Saúde». Os restantes 40% dividem-se, segundo o estudo, entre os inquiridos que consideram «suficientes» os entendimentos em matéria de descentralização e fundos comunitários (12,0%) e os que têm dúvidas, não sabem ou não respondem (que representam 28,6% do total).
Lendo o título, fica-se com a ideia que os tais 60% que querem mais acordos entre o PS e o PSD, pretendem igualmente que esses acordos e entendimentos comecem pelo setor da saúde. Lendo a notícia, contudo, verifica-se que não é bem assim.
A infografia aqui ao lado, que o Expresso utilizou para ilustrar a notícia, é esclarecedora. Tomando os cerca de 60% (59,4%), favoráveis a mais entendimentos, como universo de partida (ou seja, 100%), conclui-se que: 41,3% dos inquiridos gostariam que houvesse um acordo na Saúde; 18% um acordo na Justiça; 17% um acordo na Segurança Social e, por fim, 12% um acordo na educação. Por sua vez, os inquiridos que gostariam que houvesse entendimentos noutras áreas, ou que têm dúvidas, representam cerca de 13%.
Recorde-se porém que estes valores percentuais dizem respeito a um sub-universo da sondagem. Ou seja, dão conta de como se distribuem - por áreas de governação - os inquiridos que gostariam que socialistas e social-democratas se entendessem num conjunto mais alargado de áreas. Por outras palavras, no universo total de inquiridos (que inclui também os que acham «suficientes» os acordos entre os dois partidos na descentralização e na gestão dos fundos comunitários, ou que «não têm opinião, não sabem ou não respondem», o seu peso relativo torna-se bem menor.

O que se pode dizer, em termos globais, é portanto que apenas 25% dos portugueses (e não 41%) gostavam que PS e PSD chegassem a acordo nas políticas de saúde; 11% (e não 18%) que esse acordo fosse alcançado na área da justiça; 10% (e não 17%) que houvesse entendimento dos partidos do bloco central na Segurança Social; e, por último, apenas 7% dos portugueses (e não 12%) vêem com bons olhos um acordo entre PS e PSD na educação. Ou seja, se em abstrato mais de metade dos portugueses (60%) querem que socialistas e social-democratas cheguem a acordo num maior número de áreas, segundo a sondagem do Expresso, quando se passa para o concreto, em termos setoriais, essa vontade parece dissolver-se, atingindo no máximo os 25%. Curioso, não é?

Dependência alimentar

Posted: 16 Mar 2018 10:03 AM PDT

Não se percebe muito bem na imagem. Mas de um lado estão bananas da Costa Rica a 1,78 euros/kg e do outro bananas da Ilha da Madeira, a 2,98 euros/Kg.
Muito haveria a estudar sobre a estrutura dos preços destes dois produtos homogéneos.
Mas a tese neoliberal diz que, num mercado globalizado, os custos intermédios tendem a ser semelhantes, à excepção dos custos do trabalho. E que, portanto, essa deve ser a variável a ajustar para que os produtos nacionais sejam competitivos.
Ora, neste caso, admitindo a ideia absurda de que os custos salariais representam metade dos custos de produção (absurda porque são muito menores do que isso), os custos salariais teriam de baixar 40% para que os dois produtos tivessem o mesmo preço em território português...
Peso dos salários nas bananas da Madeira: 2,98 euros x 50% = 1,49 euros
Peso dos salários nas bananas da Costa Rica: 1,78 x 50% = 0,89 euros
Diferença dos salários pagos entre os dois produtos: 1,49 - 0,89 = 0,6 euros
Peso da diferença de salários nos salários dos bananeiros da Madeira: 0,6 / 1,49 x 100 = 40%
E isto é pressupor que os custos intermédios na Madeira teriam de baixar de igual forma os mesmos 40%, o que pode parecer estranho à luz do pressuposto teórico de que nada se pode reduzir nos custos intermédios... Porque se não for possível mexer aí, os cortes salariais teriam de ser ainda mais pronunciados - 80%!
Faz isto sentido?
Ora, não fazendo, isso obriga a que - não se podendo usar outros instrumentos de política económica - Portugal esteja condenado a ficar dependente das bananas da Costa Rica...
Fatalidades a que nos obrigam, em prol de... em prol de quem?

Sondagem : PS à beira da maioria absoluta, PSD sobe

por estatuadesal

(Mariana Lima Cunha, in Expresso Diário, 16/03/2018)

costa_ri_1Popularidade do Governo continua a subir e António Costa é o único líder partidário cuja popularidade aumenta. A CDU também sobe nas intenções de voto, estando agora a menos de meio ponto do Bloco de Esquerda.


As notícias são boas para os dois lados: no primeiro mês de Rio como presidente oficial do PSD, os sociais-democratas registam a maior subida em termos de intenções de voto de toda a legislatura, ao mesmo tempo que o PS continua a caminhar para a maioria absoluta. Embora se mantenha bem longe do PS, o PSD de Rui Rio sobe 1,5 pontos percentuais, algo que não se verificava desde 2015, e conquista a preferência de 28,4% dos eleitores, segundo indicam os resultados do barómetro da Eurosondagem de março para o Expresso e a SIC.

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A subida do PSD acontece um mês depois do congresso laranja em que Rio foi entronizado líder do partido, um mês recheado de casos do lado dos sociais-democratas. A escolha de Elina Fraga para a direção do partido, a polémica do currículo de Feliciano Barreiras Duarte e as convulsões na bancada do PSD, que elegeu Fernando Negrão como líder com mais votos brancos e nulos do que favoráveis, não parecem ter prejudicado o partido, que desde o início da legislatura tinha subido em quatro ocasiões mas sempre, no máximo, com uma variação positiva de 0,7 pontos percentuais.

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Embora este pico seja novidade para o PSD, isso não significa que o cenário esteja a ficar mais negro para o PS, cada vez mais perto da maioria absoluta. Sem descer do patamar dos 40% há meses, o PS reúne agora 41,5% das preferências dos eleitores e quase soma mais percentagem do que todos os seus adversários juntos. E a reforçar esta tendência, também a popularidade de António Costa sobe – caso único entre os líderes partidários – assim como a do Governo.

Entre os restantes forças políticas, só a CDU consegue subir nas intenções de voto, o que significa também que se instala a menos de meio ponto de distância do Bloco de Esquerda. Para trás fica o CDS, que neste barómetro, com 6,6% das intenções de voto, é a quinta força.

sondagem4

Apesar de não haver dados que sirvam de comparação, uma vez que só se tornou líder do PSD em janeiro, Rui Rio posiciona-se como o mais popular dos líderes partidários depois de Costa (com 10,3% de aprovação) e é seguido por Assunção Cristas, que desce mas continua a ter uns 7,9% mais favoráveis do que os 3,6% de Jerónimo de Sousa e os 1,4% de Catarina Martins.

Portugueses querem mais pactos de regime

Depois de meses de especulação e de Rui Rio ter finalmente no Congresso do PSD comparado a hipótese de um bloco central a discutir “o sexo dos anjos”, o líder laranja nomeou interlocutores para negociar com o PS e chegar a acordos no que toca à descentralização e aos fundos comunitários. Mas os resultados deste estudo de opinião indicam que, para a maioria dos portugueses (59,4%), os pactos devem ir mais longe.

A prioridade é clara: dos que acreditam que PSD e PS se deveriam entender noutras áreas além das duas já definidas, 41,3% consideram que se deveria seguir um pacto para a Saúde. Depois vem a Justiça (18%), numa altura em que Marcelo pede consensos nesse sector e Rio diz querer uma reforma que inclua até uma revisão constitucional; a Segurança Social (16,7%), uma das prioridades mencionadas também pelo novo PSD no Parlamento; e a Educação (11,5%).


FICHA TÉCNICA

Estudo de opinião efetuado pela Eurosondagem S.A. para o Expresso e SIC, de 8 a 14 de MARÇO de 2018. Entrevistas telefónicas, realizadas por entrevistadores selecionados e supervisionados. O universo é a população com 18 anos ou mais, residente em Portugal Continental e habitando lares com telefone da rede fixa. A amostra foi estratificada por região: Norte (20,8%) — A.M. do Porto (13,5%); Centro (29,2% — A.M. de Lisboa (26,7%) e Sul (9,8%), num total de 1010 entrevistas validadas. Foram efetuadas 1170 tentativas de entrevistas e 160 (13,7%) não aceitaram colaborar neste estudo. A escolha do lar foi aleatória nas listas telefónicas e o entrevistado, em cada agregado familiar, o elemento que fez anos há menos tempo, e desta forma resultou, em termos de sexo: feminino — 52%; masculino — 48% e, no que concerne à faixa etária, dos 18 aos 30 anos — 18,2%; dos 31 aos 59 — 50%; com 60 anos ou mais — 31,8%. O erro máximo da amostra é de 3,08%, para um grau de probabilidade de 95%. Um exemplar deste estudo de opinião está depositado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

Jornais do Dia

Capa do Correio da Manhã

Correio da Manhã  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Presidente do CCB quer transformá-lo numa "cidade aberta" para o público
"Valeu a pena resistir aos ataques" sobre a construção do CCB -- Cavaco Silva
Advogado de Trump pede 20 milhões de dólares a atriz porno por violar pacto de silêncio
Procurador-geral dos Estados Unidos da América demite número dois do FBI
Xi Jinping reeleito Presidente da China por unanimidade
Engenheiro de ponte que colapsou nos EUA alertou para fissura dois dias antes
Procurador da Austrália rejeita processo contra Nobel da Paz por crimes contra a humanidade

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Vêm aí as start-up da 2.ª ruralidade
Tur4all, uma plataforma de turismo mais acessível para todos
Montepio, a casa de papel
Um vinho sentimental e da velha Bairrada
Cartas ao director
A Sogrape regressou às origens para mostrar o novo Legado
Duas almas perdidas no Sião

Capa do Expresso

Expresso  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Presidente da Academia que atribui os Óscares investigado por assédio sexual
Standard & Poor's mantém rating de Portugal em escalão de investimento
Guterres: manifestações de racismo, xenofobia e ódio anti-muçulmano não chegaram à vida política portuguesa
Business as usual
Singularidades da política portuguesa

Capa do Jornal Económico

Jornal Económico  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
PGR está a investigar divulgação ‘online’ do processo do caso ‘e-toupeira’
Santana Lopes confirma que vai presidir à Fundação Ricardo Espírito Santo
Governo reage à S&P com garantia de políticas para um modelo económico sólido
Wall Street fecha no verde, numa semana de perdas
Standard and Poor’s mantém ‘rating’ e perspetiva de Portugal inalterados
Euromilhões dá um segundo prémio a Portugal
Subsídio de férias deve ser pago antes do início do período de férias, lembra Fórum

Capa do Jornal Negócios

Jornal Negócios  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Eurosondagem: PS à beira da maioria absoluta
S&P mantém rating e perspectiva de Portugal
Carlos Tavares nomeado presidente do banco Montepio em assembleia-geral
Guterres: Investimento de Portugal na diversidade tem de continuar com "grande persistência"
Governo quer duplicar receita do turismo em dez anos
Sector financeiro e energia dão ganhos a Wall Street
João Vieira Lopes reeleito presidente da Confederação do Comércio e Serviços

Capa do Diário de Notícias

Diário de Notícias  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Rui Rio à espera da demissão de Barreiras Duarte da secretaria-geral
"Quero contribuir para que quando se pensar em aviação se pense em Portugal"
Diplomas pré-Bolonha equiparados a graus superiores nos concursos
Ligações politicas de Nádia Piazza causam mal-estar em associação
Marcelo em dois continentes e três países em dez dias
Jovens ganham menos do que em 2007 e têm dificuldades em ter casa
Distribuidoras querem remédios para VIH e cancro disponíveis nas farmácias

Capa do Jornal de Notícias

Jornal de Notícias  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Incêndio numa habitação em Beja causa três feridos
Presidente da Academia que atribui Oscars suspeito de assédio sexual
Primeira Página em 60 segundos: Toupeira do Benfica recebeu dez mil euros suspeitos
Violência conjugal deixa dez menores órfãos a cada ano
Quase 900 funcionários vacinados à pressa no Santo António
Toupeira do Benfica recebeu dez mil euros suspeitos
PGR está a investigar divulgação online do processo e-toupeira

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Sol  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS

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Expresso Economia  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Em defesa dos diplomas falsos, contra os primitivos reais falsificadores de diplomas
Do contra
A bomba atómica
E se a ‘geringonça’ falasse de pré-distribuição?
A cartografia cor de rosa

Capa do A Bola

A Bola  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
TAD reduz pena a Bruno de Carvalho no ‘caso do túnel’
A BOLA TV transmite este sábado meias-finais da Taça de Portugal
Será este o novo equipamento da Seleção para o Mundial-2018? (fotos)
Imprensa italiana não queria reencontrar Ronaldo
Esta Kiki é um Passo para o céu...
«Morata não foi convocado? Não me diz respeito»
Ewerton conduzido ao hospital após entrada dura (vídeo)

Capa do Record

Record  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Diogo Gonçalves na mira do Leeds
Confrontos com adeptos colchoneros em 2010 obrigam a maior segurança
Um goleador em 'saldo'
Stan Collymore: «Renato Sanches precisa de um lar para 3 ou 4 anos»
Emoções do Jamor no top dos 100 jogos de Hassan
Um mês sem treinar no estádio
Marçal pede desculpas ao treinador

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O Jogo  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Exposição "WAH!" em Évora mostra obras de 20 mulheres artistas portuguesas
Oposição venezuelana organiza concentrações contra eleições presidenciais antecipadas
Procurador da Austrália rejeita processo contra Nobel da Paz por crimes contra a humanidade
António Ventinhas recandidata-se a presidente do Sindicato dos Magistrados do MP em lista única
CCB festeja 25 anos com exposições, música e uma nova peça de teatro
"Valeu a pena resistir aos ataques" sobre a construção do CCB -- Cavaco Silva
ENTREVISTA: Presidente do CCB quer transformá-lo numa "cidade aberta" para o público