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terça-feira, 11 de julho de 2017

Demissões e outras atrapalhações



por estatuadesal
(Francisco Louçã, in Público, 11/07/2017)
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No início de agosto do ano passado, perguntando sobre se “o incêndio GALP é um caso de silly season?”, quando se discutiu acesamente o convite da petrolífera a três secretários de Estado para assistirem a jogos do campeonato europeu em França, a minha resposta era esta: esses governantes, competentes e influentes, colocaram-se numa situação impossível.
Pode agora estranhar-se que o Ministério Público leve um ano a investigar factos incontroversos, mas todos sabemos que é melhor entranhar que esses são os prazos de quem não tem prazos. Podemos lembrar-nos que houve deputados do PSD que viajaram a convite de outra empresa para os mesmos jogos e que fingiram “trabalho político” nesses dias (um truque para receberem a paga) ou que foi anunciado que uma dirigente partidária de direita teria viajado a convite da Federação de Futebol, ou que autarcas se tivessem juntado às comitivas empresariais, mas todos sabemos que os velhos hábitos morrem devagar.
O problema é que os governantes procederam mal e o governo corrigiu pouco. Primeiro os governantes: haver um conflito judicial com a Galp não era sequer condição para recusar o convite, bastava que fosse uma qualquer empresa, pois a sua acção está relacionada com decisões governamentais, para que fosse errado aceitar o voucher. Mesmo sem outras implicações, “estes convites fazem parte de uma cultura de vinculação do sistema político às empresas e a esse beautiful people que navega à volta dos eventos chiques” e só por isso são instrumentais para as empresas e tóxicos para os governantes. Que seja crime de favorecimento, isso já parece ser uma galinha a querer voar como a águia, mas veremos o que manda o tribunal.
Há no entanto outra lição a tirar destes episódios e é a mais importante: o governo reagiu na defensiva, sem uma política. A primeira resposta foi anunciar um novo código de conduta que deixaria doravante tudo claro. O que não ficou claro era se o dito código permitia estes convites ou se impunha a sua recusa – num caso não serviria para nada e no outro condenaria os secretários de Estado. Foi para ganhar tempo e nestas coisas esse é o pior instinto.
Depois, o ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou que, no caso do membro da sua equipa que tinha estado nos jogos, ficava sem tutela sobre assuntos Galp. Nada disse sobre os outros dois secretários de Estado, mas assim estes tiveram que renunciar a esta tutela uns dias depois. Melhor seria que o governo tivesse agido prontamente. Ora, o governo deixou arrastar, como se não soubesse que este ia ser o desenlace.
Fica pelo menos a moral da história: numa crise, nunca abdicar ao controlo do tempo. Se o ministro se tivesse lembrado disso quando foi o roubo de Tancos, se não tivesse desvalorizado o caso (agora investigado como criminalidade organizada ou terrorismo), se o PM em exercício não tivesse esperado que fosse o Presidente a ter de convocar os chefes militares, então a escaramuça tentada por dois generais zangados por terem sido preteridos em nomeação anterior nem faria notícia de jornal. Razão falta-lhes por inteiro, porque se supõe que não acusam o ministro de ter falhado na definição das rondas ao paiol. Discernimento também não abunda, porque passar culpas não é digno. Mas provam que, na barafunda, todos os ajustes de contas vêm à tona.
O governo, que permitiu esta confusão por não saber o que fazer, bem precisa que o primeiro-ministro ponha ordem na sua casa e arrume a remodelação. Virá então a conclusão: a atrapalhação atrapalhou, mas isso nem minimamente preocupa o cidadão, que quer segurança, férias tranquilas, soluções para as florestas, mais empregos, a baixa do IRS e um bom início do ano escolar. E não se esqueça: haverá eleições em outubro, no tira teimas.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

PS sobe, Costa desce


por estatuadesal

(Raquel Albuquerque, in Expresso Diário, 07/07/2017)
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António Costa vê a sua popularidade e a do Governo descerem no mês de julho, já depois da tragédia de Pedrógão Grande e do assalto em Tancos.
Além dos socialistas, só a CDU sobe no barómetro de julho da Eurosondagem. A popularidade de todos os líderes partidários e órgãos de soberania desce, exceto a do Presidente da República. Inquérito da sondagem já foi feito depois dos incêndios em Pedrógão Grande e do assalto em Tancos.

Naquele que é definido pelo próprio Governo como o momento “mais difícil” que já enfrentou, face à tragédia dos incêndios em Pedrógão Grande e ao roubo de armas em Tancos, o barómetro de julho da Eurosondagem para o Expresso e a SIC mostra que o PS conseguiu ver subir as intenções de voto, embora o primeiro-ministro veja a sua popularidade descer.
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A sondagem deste mês revela que as intenções de voto no PS estão agora nos 40,4%, representando uma subida de 0,4 pontos percentuais em relação ao mês passado. Pelo contrário, o PSD, que tinha estabilizado no mês passado, registou em julho uma descida de 0,4 pontos, ficando agora com 28,6% das intenções de voto.
Além do PS, só a CDU conseguiu subir este mês (+0,3 pontos). Todos os restantes partidos (CDS, BE e PAN) registaram descidas nas intenções de voto. Note-se que as entrevistas para esta sondagem foram feitas entre os dias 28 de junho e 5 de julho, um período que já apanha a tragédia dos incêndios e o roubo aos paióis em Tancos.
Só Marcelo escapa
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Quanto à popularidade, só o Presidente da República é que volta a subir, sem alterar assim a tendência que tem registado. Marcelo Rebelo de Sousa chega em julho a um saldo positivo de 60,9% (mais 0,3 pontos que no mês passado).
Contudo, é caso único. Todos os líderes partidários, assim como o Governo, o Parlamento, os juízes e o Ministério Público veem a sua popularidade descer no início de julho, a uma semana de se debater o Estado da Nação na Assembleia da República.
Apesar da queda, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, continua a ser o segundo líder com mais popularidade, seguido do líder do PSD, Pedro Passos Coelho. Já entre os órgãos de soberania, a queda de popularidade mais acentuada este mês é a do Parlamento (-2,9 pontos).

FICHA TÉCNICA
Estudo de opinião efetuado pela Eurosondagem S.A. para o Expresso e SIC, de 28 de junho a 5 de julho de 2017. Entrevistas telefónicas realizadas por entrevistadores selecionados e supervisionados. O universo é a população com 18 anos ou mais, residente em Portugal Continental e habitando lares com telefone da rede fixa. A amostra foi estratificada por região: Norte (20,3%) — A.M. do Porto (13,7%); Centro (29,4%) — A.M. de Lisboa (26,8%) e Sul (9,8%), num total de 1008 entrevistas validadas. Foram efetuadas 1184 tentativas de entrevistas e, destas, 176 (14,9%) não aceitaram colaborar neste estudo. A escolha do lar foi aleatória nas listas telefónicas e o entrevistado, em cada agregado familiar, o elemento que fez anos há menos tempo, e desta forma resultou, em termos de sexo: feminino — 51,7%; masculino — 48,3% e, no que concerne à faixa etária, dos 18 aos 30 anos — 17,6%; dos 31 aos 59 — 49,4%; com 60 anos ou mais — 33,0%. O erro máximo da amostra é de 3,09%, para um grau de probabilidade de 95,0%. Um exemplar deste estudo de opinião está depositado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social.