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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Quem é que no aparelho activista está a precisar de casa no centro de Lisboa?

por helenafmatos

Cem casas no centro de Lisboa para quem não pode pagar renda
O título é bonito, o palavreado da senhora vereadora é decalcado da cartilha. fala-se de despejos que "Atingem maioritariamente pessoas com baixos rendimentos e idade elevada, que não têm capacidade para encontrar habitações que possam pagar e ficam assim sem capacidade para permanecer nos territórios onde subsistem as suas raízes e rede comunitária"
Mas nada disto bate certo.
1) Quais e quantas pessoas são essas "com baixos rendimentos e idade elevada" ameaçadas de despejos? Ninguém sabe e a CML não apresenta números.
2) Em seguida temos a questão dos despejos das pessoas "com baixos rendimentos e idade elevada". Ora acontece que  os inquilinos com rendas antigas, mais de 65 anos ou deficiência igual ou superior a 60% e carências financeiras têm um período transitório de dez anos contado a partir do momento em que o inquilino respondeu formalmente ao senhorio sobre a proposta de aumento de renda. Como é óbvio não estão a acontecer despejos mas sim saídas negociadas porque despejar alguém com mais de 65 anos e baixos rendimentos é quase impossível:

*Os inquilinos com menos de 65 anos, mas que comprovem ter carências financeiras têm um período transitório de oito anos. Têm ainda mais cinco anos em que se mantém o contrato, sendo que a renda não pode ir além de um quinze avos do valor fiscal do imóvel

*Se o inquilino tiver de ser despejado por causa de obras que custem 25% do valor patrimonial do edifício, o senhorio terá de pagar dois anos de renda ao inquilino.

*Tem carências financeiras uma família cujo RABC é inferior a 38.990 euros por ano, ou seja, 3.250 euros por mês.

Estereotipar é humano

por vitorcunha

Ao longo da minha vida, como acontece com toda a gente, fui aprendendo a compartimentar pessoas em estereótipos, que, por muito superficiais e consequentemente caricaturais que sejam, me permitem determinar os limites e os tabus de uma conversa. Por exemplo, o estereótipos como o tipo activista dos costumes que sobe na horizontal (com o qual “bom dia” tanto pode ser uma violação como uma cortesia pela noite anterior), o tipo filho de pedófilo que compensa demasiado encontrando vítimas ficcionais entre estações, o tipo mulher-na-menopausa que pinta quadros fraquinhos numa vivenda algarvia e que lamenta os casos #MeToo mas por despeito de ter perdido a graça, enfim, categorias perfeitamente normais que toda a gente usa.

Ultimamente tenho pensado numa dessas categorias, a do deficiente mental a quem se pergunta opinião sobre sinistros rodoviários e que apresenta como solução a redução do limite de velocidade para 30 km/h. É verdade que é necessário “dar mais tempo a quem precisa”, mas também é verdade que é fundamental dar mais multas a quem as pode esbanjar a “acabar com a austeridade”.

Esta manhã, tentei durante uns minutos não exceder os 30 km/h. Foi difícil, em parte porque o carro - pequeno utilitário de baixa cilindrada, 9 anos de idade, barulhos de plásticos que adicionam poliritmos à simplicidade rítmica da pop comercial - desenvolve naturalmente de forma mais eficiente que a mula que transporta os cidadãos da tal categoria estereotipada; em parte porque a octogenária do carro de trás me gritou “destrava essa merda, ó capado”.

Como bom cidadão que sou, já mandei remover duas velas ao motor e estou ansioso por poder queimar gasolina prego a fundo para combater o arrefecimento global. Vós, os rebeldes, pagai lá a multa por uma questão de princípio tão estúpida como chegar ao trabalho ainda hoje.

História desconhecida de Portugal: quando Lisboa esteve prestes a ser capital de Espanha

por admin

No século XVI, a Espanha era uma das maiores potencias mundiais e detenho vários territórios na Europa e na América do Sul, fruto sobretudo de uma série de bons casamentos reais que acabaram por fazer com que Carlos V e o seu filho Filipe II fossem considerados herdeiros legítimos desses territórios. Um dos territórios herdados foi Portugal, que caiu nas mães de Filipe II, filho da princesa Isabel de Portugal, casada com Carlos V. Viviam-se tempos prósperos em Espanha e Filipe II queria fundar uma nova e sumptuosa capital do Reino. Várias hipóteses estavam em cima da mesa mas 4 delas reuniam um elevado favoritismo: Barcelona, Sevilha, Madrid... e Lisboa. Foi nesta época que aquela que era e ainda é a capital de Portugal esteve prestes a ser também a capital de Espanha.

Filipe IIFilipe II

Foi o Rei Filipe II que decidiu levar a capital para Madrid em 1561, há 457 anos atrás. E, embora por um curto período de tempo (1601-1606) se tenha mudado para Valladolid, Madrid continuou a crescer e a expandir-se até se tornar o que é hoje. O motivo para escolher Madrid foi baseado, por um lado, no seu passado comunal: a expropriação de terra de um nobre proeminente deu aos Reis a Casa de Campo, que mais tarde os transformou num extenso campo de caça ao lado do Alcázar. Além disso, Madrid não tinha bispo, o que significa que nunca tinha sido um centro religioso e dependia de Toledo.

Filipe IIFilipe II

Outro factor chave para o monarca foi a escassa presença de grandes linhagens nobres perto de Madrid. A família nobre mais próxima eram os Mendoza, que se instalaram em Guadalajara. Desta forma, Filipe II assegurou-se de que nenhum nobre pudesse fazer sombra ao seu poder como Rei. E aqueles nobres que entretanto foram para Madrid que vieram só ser cortesãos, directamente dependentes do Rei. Este argumento é o mesmo que seguiu, um século depois, Louis XIV da França, quando se mudou para Versalhes. Ou seja: Filipe II mudou a capital para Madrid para poder estar afastado das influências negativas do clero e da nobreza. Além disso, Madrid tinha uma posição central na Península Ibérica, entre Lisboa, Sevilha e Barcelona.

LisboaLisboa

No entanto, Madrid tinha duas desvantagens: não tinha saída para o mar e estava longe dos principais fluxos económicos. É por isso que outras opções foram consideradas, como Lisboa, Sevilha e Barcelona. Mas esta última não parecia aconselhável já que Barcelona era dependente da Coroa de Aragão, local onde os nobres ainda detinham muito poder e influência e, depois do domínio dos poucos nobres existentes em Madrid, Filipe II tinha o caminho aberto para ter um poder absoluto nesta sua nova capital.

filmes estrangeiros rodados em lisboaLisboa

Em relação a Lisboa, Portugal era um território de incorporação bastante recente, o que terá contribuído para descartar esta hipótese. Filipe II tinha um especial carinho e apreço por Lisboa e pelos portugueses. A sua mãe, Isabel, era portuguesa, e educou o filho no meio de portugueses. Filipe II dominava a língua portuguesa e chegou mesmo a viver uns tempos em Lisboa. Diz-se ainda que um dos seus maiores amigos e confidentes era português, sendo este uma das poucas pessoas em quem o Rei confiava.

LisboaLisboa

Sevilha cumpria, por sua vez, estes requisitos, já que era uma cidade próspera, tinha acesso ao mar através do Guadalquivir e estava muito ligada à expansão espanhola nas Américas. Além disso, a Andaluzia era um lugar próximo e ligado ao Conselho de Castela, Sevilha já tinha um "capital económico" com a Casa da Contratação das Índias, uma nobreza local e um bispado. Apesar de tudo, Felipe II fez boa parte de sua vida na região de Castela e parecia mais predisposto a colocar seu Tribunal em terras castelhanas. E Madrid já havia sido usada como sede das reuniões do Tribunal desde o final da Idade Média. O seu pai, Carlos I, havia concedido o brasão e foral à cidade anos anteriores.

LisboaLisboa

A tudo isto somava-se a posição geoestratégica da cidade: estava no centro da península, cercada de florestas, animais de caça e bom tempo. O tema da caça, por trivial que pareça, determinou a instalação temporária de Reis como Henrique III de Castela. E Filipe II também adorou passar longos dias no monte do Pardo. A cidade também tinha um abastecimento de água através dos manzanares e poços, o que era mais complicado em Toledo, cuja orografia forçou a realização de dispositivos mecânicos para fornecer água para a cidade. Além disso, após a eleição de Madrid como sede do Tribunal, as obras no Mosteiro do El Escorial, sede do panteão familiar, começaram quase que imediatamente, e Filipe II poderia supervisioná-las caso estivesse por perto.

Filipe II: o Rei espanhol que amava Portugal

Filipe II foi coroado rei de Portugal em 16 de Abril de 1581 nas Cortes de Tomar. Antes de agregar a coroa portuguesa a castelhana teve que ganhar o apoio de nobres lusos depois de derrotar António, Prior de Crato na Batalha de Alcântara, instalou-se em Lisboa onde passou cerca de três anos. Durante esse tempo viveu como um português pela sua forma de se comportar, de vestir e de comer, tendo sempre em vista também em sua política os interesses de Portugal, terra natal da sua mãe, a imperatriz Isabel.

Isabel de PortugalD. Isabel

O carinho e afecto que Filipe II sentia por Portugal era evidente por ter mão portuguesa e por ser neto do grande Dom Manuel I. “Filipe concretizou um projecto que vinha desde a Idade Média, o de fazer coincidir a união geográfica com a política”, recorda o historiador, “Dom Manuel tinha um sonho imperial e Filipe II tinha o mesmo sonho que o avô”. Ainda que muitas vezes isto tenha sido ignorado “Filipe II teve muitas atitudes e medidas que se inspiraram em seu avô materno e na grande imperatriz Isabel, sua mãe, tão querida pelos espanhóis”.

Filipe IIFilipe II

Isabel falava em português com seu filho, consumia comida portuguesa e ademais tinha uma dama de companhia de seu país natal, Leonor de Mascarenhas, que foi responsável pelos primeiros cuidados dados ao príncipe. Filipe II que perdeu a sua mãe com somente 13 anos em 31 de maio de 1539, vítima de parto mal-sucedido, sempre teve em conta a importância de tudo o que era português na sua vida e tentou transmitir a mesma coisa aos seus filhos, quando em cartas as infantas Isabel Eugénia e Catarina Micaela pedia que o seu filho pequeno Diego estudasse a língua de Camões.

Filipe IIFilipe II

O seu primeiro matrimónio foi com a infanta portuguesa Maria Manuela, com quem teve o malogrado príncipe Dom Carlos. Felipe II depois da morte de Dona Maria Manuela em 12 de Agosto de 1545, também quase contraiu matrimónio com a duquesa de Viseu, Dona Maria, filha de Dom Manuel I e da sua terceira esposa, Leonor da Áustria, tia materna de Filipe. O monarca também manteve uma relação amorosa ilícita com a portuguesa Isabel de Osório com quem teve dois filhos e a quem ofereceu o Palácio de Saldañuela em Burgos, na Espanha.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Entre as brumas da memória

https://youtu.be/hdFXVYofgFg


Da série «Grandes Capas»

Posted: 18 Jan 2018 12:34 PM PST

O Libération de amanhã, 19.01.2018.
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O problema da habitação

Posted: 18 Jan 2018 08:59 AM PST

Ricardo Araújo Pereira na Visão de hoje:

Na íntegra AQUI.
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18.01.1934 - Marinha Grande e não só

Posted: 18 Jan 2018 06:30 AM PST

Em reacção à Constituição que Salazar começou a preparar desde que chegou ao poder, em 5 de Julho de 1932, e que acabou por ser promulgada em Abril de 1933, à criação da polícia política (PVDE) e à legislação que neutralizou as organizações operárias, fascizando os sindicatos, gerou-se um amplo movimento operário que, depois de alguns acidentes de percurso, culminou na convocação de uma «Greve Geral Revolucionária» para 18 de Janeiro de 1934.

Porque na véspera a PVDE prendeu alguns dos principais responsáveis e activistas, o impacto foi menor do que esperado. Apesar disso, explodiu uma bomba no Poço do Bispo em Lisboa, na noite de 17, e o caminho-de-ferro foi cortado em Xabregas, em Coimbra, explodiram duas bombas na central eléctrica e houve movimentações em diversos outros pontos do país (Leiria, Barreiro, Almada, Sines e Silves). A mais significativa deu-se na Marinha Grande, onde grupos de operários ocuparam o posto da GNR, os edifícios da Câmara Municipal e dos CTT.

Mas a repressão foi forte e uma das suas decisões concretizou-se na criação de uma colónia penal no Tarrafal, para onde acabaram por seguir, em 1936, muitos dos detidos do 18 de Janeiro. Nove acabaram por lá morrer.

Estes acontecimentos puseram fim a décadas de sindicalismo livre, apesar de todos os condicionalismos persecutórios. Além disso, o falhanço que constituíram e a repressão que se seguiu liquidaram a liderança do movimento operário pelo anarco-sindicalismo.

Conselho de leitura: Fátima Patriarca - O «18 de Janeiro»: uma proposta de releitura.
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Olhem bem: há um anzol por cima do vosso ecrã

Posted: 18 Jan 2018 03:13 AM PST

«Se fixarem bem os ecrãs dos vossos computadores, tablets ou “telefones espertos” e, num repente, olharem para cima, hão-de ver um anzol. Um anzol que vai baixando, lentamente, até chegar à presa. Aliás não é um, são vários e não desistem. Já deles aqui se falou, em tempos, na crónica “Contos do mau vigário” (Dezembro de 2009). Mas como continuam, e ainda por cima têm êxito, convém voltar a eles. Até por motivos de actualidade: desta vez, atingiram duas conhecidas redes de supermercados, burlando os seus clientes. Anunciam descontos, concursos e prémios e esperam que alguém caia no engodo. Como o dinheiro é sempre muito atractivo, devem ter caído vários. Alarme: tudo falso, atenção! Mas para os que arriscaram na mira de uns “euros”, o prémio foi mesmo um anzol na carteira. Azares.

Desde a antiguidade que o conto do vigário é um posto e uma lenda. Milhões de criaturas já o tentaram, milhões já caíram nele desgostosamente. O mais idiota de tudo isto é que na maioria dos casos as mensagens de phishing (sim, vem mesmo de pesca, mas aqui o termo quer dizer técnica de fraude informática para roubar dados a quem caia na armadilha) são perfeitamente cretinas e não resistem a uma primeira leitura, mesmo que apressada. Numa recolha do “último grito” em aldrabices de anzol no espaço virtual, há exemplos incríveis.

Vejam-se estes: “NOTIFICAÇÃO MICROSOFT. Para receber as mensagens de forma gentil, clique em: UPDATE para permitir que você verifique as equipes.” Credível? Em que planeta? Os nomes da Microsoft, da Apple, de bancos ou empresas conhecidas são usados em logotipos claramente falsificados ou copiados de forma tão descuidada que só mesmo por distracção conseguem iludir alguém. Mesmo assim há quem caia. Vejam este, onde se pede para clicar num link: “Seguem abaixo o link da nota fiscal Nef= BRTREK-TREKYZZB referente a prestação de serviços”. Alguém clicará? Outro: “Lembre-se de que a ID da Apple expira em menos de 48 horas. Clique aqui para verificar agora.” Para quê, se nunca tive ID da Apple? “Clique aqui para acessar sua conta [no banco X]”. Para quê, se não tenho conta em tal banco? Também recebi, da “Fnac”, uma notificação de compra de uma televisão topo de gama no valor de 1.565 euros, convidando-me a seguir “a minha conta” num quadradinho pintado com as cores da empresa. Como não comprei nada a minha primeira tentação seria conferir tal disparate. Sim? Nunca. É isso que o anzol quer.

“Olá Cliente: [bancoY] De forma a ajudar a manter a segurança da tua conta (…), corima o teu acesso. Clique aqui para confirmar o teu acesso.” Não cheira mesmo a esturro? E este: “Notou Que você pagou duas vezes ao mesmo tempo a conta. Nós lhe falamos que você tem que adiar seus clientes de serviço de perfil [segue o nome umaconhecida operadora de telefones]. Proceder você descarregam documento anexo de documento e você segue as indicações. nós esperamos Você logo em [endereço falso].” Há uns mais delirantes: “Bom dia! O meu nome e Olena. Tenho 30 anos. Sou uma mulher loira com olhos castanhos. Escrevo-lhe, em volta de voce vir a conhecer mais perto. Espero, a minha carta para voce vem-lhe nao esquisitamente antes. Olho a verdadeiros, honesto, homem autentico. Infelizmente, fui capaz de fazer assim um em verdadeiro as vidas nao encontram. Sou preempcao de, bonitos mulher. Se acordei o seu interesse despertado? Como voce meu quadro? Que o produto glucklich se uma resposta escreve tornei-me. Espero, a sua resposta nao fazem esperar. Olenushka!” Em anexo, para descarregar, vem a “fotografia” fatal, que deixará o computador do incauto à mercê dos assaltantes. Ora finalizemos com um clássico da burla, em versão recente: “Bom-dia, O meu nome é Rania Hassan, francês de origem do Emirado do Kuwait. Sofro de uma grave doença. É viúvo e sem família. Leiam o ficheiro em anexo para ter cerca de informações suplementares. Quero fazer-vos uma proposta sou um presente de um valor 3,5 milhões de dólar. vi o vosso perfil e parece que a vossa pessoa que têm necessidade de mim. Deixo-vos o meu endereço eletrónico, contacto-me: [endereço falso]. Que Deus abençoe-os.” Enfim, vêm aos milhares: diários, insistentes, famintos. Mas por que raio nos deixaremos pescar por anzóis tão mal disfarçados?»

Nuno Pacheco

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Entretanto no Iémen

Posted: 17 Jan 2018 02:57 PM PST

Milhares de crianças estão a ser mortas no Iémen.
25.000 de crianças morrem quando nascem ou durante o primeiro mês de vida.
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15 fantásticos locais para visitar na Galiza

por admin

A Galiza, a norte de Portugal, é uma espécie de irmão mais velho do nosso país ou, para sermos mais honestos, o irmão separado à nascença. A história comum entre a Galiza e Portugal fez com que os seus povos adquirissem uma cultura muito semelhante que pode ser comprovada nas suas tradições, na língua galega, na gastronomia e até nas suas aldeias, vilas e cidades. Visitar a Galiza é, portanto, visitar uma parte de nós próprios. A simpatia e a amabilidade do povo galego irão fazê-lo sentir-se em casa. Seja nas grandes cidades como Vigo, Lugo, Ourense, Santiago de Compostela, Corunha, Pontevedra ou Ferrol, ou seja em pequenas aldeias, encontrará sempre uma cara amiga e pronta para o receber.

A Galiza está repleta de belas praias, embora com água um pouco fria. Pode ainda encontrar cidades com centros históricos bem conservados, monumentos romanos como a Torre de Hércules, parques naturais (como o prolongamento galego do nosso Parque Nacional da Peneda Gerês) e pequenas aldeias típicas onde poderá sentir ainda o peso das tradições de antigamente. As semelhanças com o norte de Portugal são tantas que na Galiza até pode encontrar estruturas iguais aos nossos espigueiros, aos quais eles chamam Horreos. Descubra os melhores locais para visitar na Galiza!

1. Vigo

Conta Júlio Verne que o segredo melhor guardado do Capitão Nemo está em Vigo. Sabia que era aqui que o navio Nautilus vinha para se abastecer de ouro? Na ria de Vigo há dúzias de galeões afundados carregados de ouro das Américas. Tesouros que ainda não viram a luz. Mas também há tesouros ao alcance de todos. Como passear pelo Centro Histórico e provar umas ostras n’A Pedra. Ou um dia de praia em Samil. Ou o Parque de Castrelos, com o seu paço e jardins. Ou uma excursão de barco ao paraíso das ilhas Cíes. Ou passear por ruas repletas de elegantes camélias. Ou subir ao Castro para ver um impressionante pôr-do-sol. E para os que se sentem jovens, a lendária noite viguesa... Aberta até ao amanhecer. Isto é Vigo, a maior cidade da Galiza. Uma cidade moderna e empreendedora, aberta ao mundo.

VigoVigo

O visitante de Vigo tem uma oportunidade única de encontro com a natureza virgem: a de conhecer as Ilhas Cíes. São três ilhas situadas na entrada da Ria de Vigo e fazem parte do Parque Nacional Marítimo Terrestre das Ilhas Atlânticas da Galiza. Têm um parque de campismo e transporte regular na época alta que transporta os turistas até ao arquipélago, com várias viagens ao longo do dia, embora devamos ter presente que há uma limitação de visitantes por dia, para reservar com tempo a travessia. Sítio ideal para gozar de um ambiente natural em praias paradisíacas. Grande riqueza paisagística, de fauna (em especial aves marinas) e flora.

2. Santiago de Compostela

Património da Humanidade desde 1985, há séculos que Santiago de Compostela atrai visitantes e peregrinos do mundo inteiro. É a cidade mais cosmopolita da Galiza, mas toma isto com naturalidade, por isso, logo a partir do primeiro momento sente-se que se faz parte da mesma. Aqui há de tudo. No centro histórico, a Catedral e o Pórtico da Glória. Praças emblemáticas como a do Obradoiro, a Quintana e a d’O Toural. Dezenas de igrejas, conventos e palácios. Românico, gótico e barroco. E também lojas, bares, restaurantes e um bonito Mercado Hortícola a transbordar de produtos frescos. Além disso, em pleno centro, a Alameda com as suas árvores de camélias e o Passeio da Herradura, com uma estupenda vista da catedral. E nas margens do Sar, a Colexiata de Santa Maria e as suas impossíveis colunas inclinadas. Santiago é grande. E assim nos faz sentir.

Santiago de CompostelaSantiago de Compostela

O visitante de Santiago não deve perder a oportunidade de subir às coberturas da Catedral. A visita aos telhados do templo era já recomendada no Códex Calixtinus para se poder apreciar a sua esplêndida beleza. O que nós podemos acrescentar é que das mesmas se pode ver grande parte do conjunto histórico e da parte nova da cidade, bem como dos arredores de Santiago, do Monte Pedroso ao do Gozo, tornando-se num miradouro excepcional. Vista de cima, Santiago pode-se compreender melhor, tornando-se ao mesmo tempo mais verdadeira e mais mítica. Das coberturas, podemos ver a Cruz dos Farrapos, aos pés da qual os peregrinos medievais queimavam as roupas velhas do caminho, numa espécie de ritual purificador. É também um sítio óptimo para apreciar as fases de construção do templo e os diversos estilos arquitectónicos empregues até se conseguir o faustoso resultado final.

3. Ourense

Ourense é a cidade da água. Oito pontes atravessam o rio Minho, que no tempo dos romanos era uma mina de ouro. Agora já não há ouro mas sim umas águas muito valiosas: as águas termais. Há-as por toda a cidade e muitas são gratuitas. Como as termas de A Chavasqueira à beira-rio, onde poderá ter o prazer de tomar um banho Zen. As águas brotam também a 65º em pleno centro, na fonte d'Burgas, que com o Santo Cristo e a Ponte Romano, são os símbolos da cidade. Mas, além disso, Ourense tem uma original Praça Mayor... inclinada, e uma zona histórico rica em igrejas e capelas. O Pórtico do Paraíso da Catedral conserva ainda a sua policromia original do século XIII.

OurenseOurense

E na Capela de San Cosme e San Damián, uma curiosidade desconhecida pelos visitantes: aqui e exposto durante todo o ano o presépio mais surpreendente que jamais viu. E se quiser animação, não se preocupe. Se há alguma coisa de que os ourensáns gostam é de sair à rua. O visitante de Ourense deve impregnar-se com a essência da cidade, ou seja, com o elemento que originou o assentamento, as águas termais. A área termal d’A Chavasqueira-Outariz oferece uma oportunidade insuperável de aproveitar as virtudes das águas mineromedicinais quentes que brotam das diversas burgas existentes no espaço da cidade. Para tal, pode percorrer-se o Passeio Termal, que percorre a margem direita do rio Minho, começando no Campo da Feira e acabando em Outariz. O espaço no qual o passeio se desenrola é invejável, com as margens do rio Minho recuperadas, acondicionadas e de grande valor natural. Este conjunto, com piscinas públicas ao ar livre e ambientes privados, está aberto em qualquer época do ano.

4. Corunha

De dia e de noite, aqui há sempre ambiente. Esta é uma cidade para passear e usufruir, com praias em pleno centro e, presidido pela Torre de Hércules, um longo Passeio Marítimo que a rodeia quase por completo. Os corunheses têm fama de viver bem, portanto, siga os costumes deles. Sente-se numa esplanada na Praça de María Pita e descubra a sua apaixonante história. Ou passeie pelos Cantones e admire as suas famosas galerias de vidro, de estilo modernista. E se quiser ir às compras, este é o local perfeito, sobretudo se quiser vestir-se à moda. Além disso, a Corunha tem excelentes museus como o de Belas Artes, a Casa das Ciências, o Domus ou o Arqueológico, no Castelo de San Antón.

CorunhaCorunha

E ao entardecer, nada como o acolhedor e romântico Jardim de San Carlos ou, se preferir animação, os Jardins de Méndez Núñez, em pleno centro. Aqui está o Kiosko Alfonso, hoje em dia sala de exposições e antes um cinema com as salas divididas pelo ecrã, de maneira que se pagava uma entrada mais barata... vendo o filme por trás... Uma das experiências mais inesquecíveis que o visitante pode viver na Corunha e na Galiza é a contemplação de um entardecer visto da Torre de Hércules. O sol vai desaparecendo no Finisterrae atlântico, com uma paisagem de sonho, diante do único farol romano do mundo ainda em funcionamento, que é acompanhado por um parque escultórico com figuras que representam as origens lendárias da torre e da cidade: Ártabros, de Arturo Andrade; Breogán, de Xosé Cid; Caronte, de Ramón Conde; Hércules e Gerión, de Tim Behrens e José Espora; e o bosque de menhires de Manolo Paz. A Torre é obra do início do séc. II do arquiteto de Coimbra Cayo Sevio Lupo. Apresenta o aspeto exterior que em 1791 lhe outorgou a reforma dos engenheiros E. Giannini (autor dos planos) e J. Elejalde.

5. Ribeira Sacra e Desfiladeiro do Sil

Percorra de catamarã os impressionantes Desfiladeiros do Sil e do Minho, adentrando-se noutro mundo. Paragens imponentes com belos mosteiros que durante séculos, afastados do ruído mundano e ao abrigo do clima benigno destas terras, dedicaram o seu tempo e sabedoria a honrar Deus e homens estudando os segredos da videira. Esta é a Ribeira Sacra, o berço do lendário “Amandi”, um vinho tão apreciado pelos romanos que o consideravam o verdadeiro “ouro do Sil”. Um vinho que, séculos mais tarde, os frades beneditinos elaborariam exclusivamente para as adegas dos mais refinados papas. Embora se trate de um dos melhores espaços naturais definidos pelos dois grandes rios, ninguém sabe onde exactamente começa e acaba a Ribeira Sacra. É possível que os seus verdadeiros limites sejam dados pela presença das videiras nas encostas soalheiras. Daqui, saíam os vinhos de Amandi, que alcançaram fama de requintados já em tempos do Império romano, e hoje em dia são abrangidos pela Denominação de Origem que os protege.

Ribeira SacraRibeira Sacra

Os mosteiros foram secularizados e as águas aquietadas em sucessivas barragens, mas a força da paisagem continua a palpitar em cada colheita dos seus frutos. Admire a difícil vindima nos fortes declives só cultiváveis em socalcos, na melhor amostra de paisagem humanizada sem pressa. Os mosteiros mais próximos do fluir do Sil são os de Santo Estevo de Ribas de Sil e o de Santa Cristina. Ao primeiro, transformado em estabelecimento hoteleiro, chegamos vindos da localidade de Luíntra (Nogueira de Ramuín) ou, se quisermos prolongar o caminho, pelo mosteiro de San Pedro de Rocas (desvio na OU-536 em Tarreirigo, Esgos). O centro de interpretação do cenóbio de Rocas, considerado o primeiro da Galiza, valoriza a visita. Ao de Santa Cristina, chega-se por Parada de Sil por uma estrada de ida e volta. A descida até este mosteiro é feita por entre a densidade de árvores centenárias. Também a partir de Parada de Sil, uma breve pista de terra conduz-nos até ao denominado Balcóns de Madrid. Trata-se de um miradouro sobre o abismo que dá vertigens. E na outra margem do rio, veremos o santuário de Cadeiras (Sober) e a planície de Monforte no horizonte. No caminho, não faltarão outros miradouros, como a andaimada entre Vilouxe e Caxide, onde o desfiladeiro alcança a sua altitude máxima.