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sábado, 24 de junho de 2017

Incêndio de Pedrógão Grande foi o mais trágico da última década na Europa

Pedrógão Grande

O porta-voz da Comissão Europeia encarregado da Ajuda Humanitária e Proteção Civil, Carlos Martin Ruiz de Gordejuela, considera que o incêndio de Pedrógão Grande foi o mais dramático dos últimos 10 anos na Europa, pela consequências trágicas que provocou a nível humano.
Em declarações ao Jornal de Notícias, em Bruxelas, Carlos Martin disse que o mecanismo de ajuda europeu "funcionou em condições bastante difíceis, proporcionando uma resposta coordenada a partir das disponibilidades dos estados-membros, e, sobretudo, deu uma oferta rápida no mesmo dia em que Portugal fez o pedido de ajuda". Trata-se, segundo o responsável, este mecanismo" e uma ajuda suplementar para momentos difíceis".
A base do mecanismo de ajuda europeu é voluntária e só é acionada após o pedido dos países que fazem parte de um dos Estados, embora também preste apoio a nações que não fazem parte da Comunidade Europeia. "O que nós fazemos, após ser acionado o mecanismo europeu, é enviar a todos os Estados o pedido de disponibilização de recursos humanos e matérias e depois coordenamos as respostas de acordo com a capacidade de resposta de cada país", referiu Carlos Gurdejuela.
No que concerne ao pedido de ajuda de Portugal por causa do incêndio que deflagrou no sábado, o mecanismo deu resposta a todos as solicitações por parte das autoridades nacionais. Foram enviados sete aviões Canadair, sendo que o primeiro pedido de ajuda chegou à Ajuda Humanitária e Proteção Civil (AHPC) cerca das cinco da manhã (hora de Bruxelas). "Passado uma hora estava a sair a primeira resposta para Portugal", afirmou o porta-voz.
Para Portugal seguiram também 137 bombeiros, com 29 veículos e 42 mapas digitais retirados do programa europeu Copernico, que é uma rede de satélites usados para fazer uma avaliação precisa do terreno, por "serem muito detalhados e poderem ser produzidos em pouco tempo. No primeiro momento não puderam ser produzidos dadas as condições muito difíceis em que a região se encontrava", explicou aquele responsável. Os meios materiais foram para o terreno acompanhados por um coordenador.
Esta sexta-feira, encontram-se ainda em Portugal os aviões espanhóis e italianos, bem como os bombeiros, sendo que as aeronaves francesas regressaram ao seu país, onde risco de incêndio é elevado.
A Comissão Europeia assume 85 % dos gastos com a deslocação dos meios para a zona onde são necessários e os restantes 25 % são assumidos pelo país que os disponibiliza os recursos de ajuda. Existem apoios para os prejuízos em situações de crise que podem ser acionados pelos países afetados, mas são posteriores e não correspondem à ajuda de emergência.

Fonte: JN

sexta-feira, 23 de junho de 2017

O rei dos camelos


por estatuadesal

(Dieter Dilinger, in Facebook, 23/06/2017)
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Foto: Prof. Drªa Constança Urbano de Sousa, a mulher de fibra que sabe COMANDAR. Pode bem adquirir o título de "La Comandante" por todos os militantes socialistas.

O jornaleiro Camelo Lourenço no Negócios de hoje (aqui) viu já o governo de António Costa desmoronar-se completamente.
Diz que tudo parecia correr de feição para António Costa e nos espaço de seis horas tudo mudou por causa dos incêndios.
Acrescenta que Costa resolveu com ligeireza uma série de crises que, não diz, mas foram heranças do GOVERNO PASSOS-PORTAS como o Banif, o BES, a CGD, etc.
O Camelo descreve com REGOZIJO a estrada que não foi cortada e conduziu os carros para um "crematório a céu aberto" (palavras do Camelo). Refere-se à ministra do Interior como patética e mais estupidezes deste quilate típicas do escrevente mais estúpido da nossa praça.
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Pergunta onde estava o BE e o PCP nesta tragédia. Tem razão, não estavam lá nem tinham de estar dado que não são governo como não estava o PSD nem o CDS. Estava apenas o Governo do PARTIDO SOCIALISTA com António Costa e Constança Urbano de Sousa mais Capoulas Santos a COMANDAREM e DIRIGIREM as operações.
O povo já tinha reconhecido nas sondagens quem é são os governantes e deu-lhes mais de 44% de intenções de votos e cerca de 20% ao PSD e os habituais cerca de 8% aos restantes.
Ao enfrentar as situações adversas com coragem e permanecer no posto é que se vê a FIBRA de quem governa.
Constança Urbano Sousa não se demitiu como queria ontem o idiota Celso Filipe do mesmo jornal.
Ao leme só se pode estar quem seja capaz de enfrentar tempestades e OS PIORES MOMENTOS SEPARAM os péssimos - como os críticos da Cofina tipo Camelo Lourenço, Passos Coelho, Cristas e outros -, dos verdadeiros heróis, os bombeiros, a GNR e quem os comandou 24 sobre 24 horas como fez a ministra Constança Urbano Sousa e o Primeiro Ministro mais outros membros do Governo.
De cobardes faladores como o Camelo Lourenço não reza a história.

Olhos não veem, coração ainda sente



por estatuadesal
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 23/06/2017)
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Com diretos ininterruptos seria expectável que as televisões nos dessem, nos últimos seis dias, todos os ângulos do que está a acontecer em relação aos incêndios. Comparassem a situação da nossa floresta com outros países para perceber em que dimensão falha. Fizessem reportagens sobre os meios para percebermos se são suficientes e se o modelo de bombeiros voluntários é o melhor. Compreenderíamos, com trabalhos aprofundados feitos por jornalistas, os efeitos da ausência de cadastro, do minifúndio, da desertificação, do tipo de florestação, da dificuldade em garantir a limpeza. Os limites da intervenção do Estado e das autarquias, o poder das empresas de celulose e a racionalidade económica desta escolha. Com todos os meios concentrados nos fogos, as televisões poderiam começar a dar-nos o material para o debate que temos de fazer. E não chega convidar especialistas para falar. O trabalho de reportagem não é só o direto onde há ação. Se é para termos um banquete de informação que seja variado.
Mas as horas de diretos não têm essa função. Elas estão no domínio do espetáculo. Substitui a novela pelas notícias. Deixei de ver os diretos dos incêndios logo ao fim do segundo dia. Por um enorme cansaço. Cansaço pelo permanente apelo à emoção, em que jornalistas se tornam poetas e a tragédia real de pessoas reais tem banda sonora.
Cansaço pelo incómodo de ver jornalistas a pedirem às pessoas para relatarem o seu próprio sofrimento, em direto, ao ponto de lhes travarem a fuga com perguntas imbecis. Não me esqueço da imagem de um homem a ser puxado por mulheres para abandonar a casa com um jornalista plantado à sua frente, a apontar o microfone para um rosto ausente. Cansaço com a substituição do jornalismo anónimo, que relata e mostra ficando atrás da câmara, pelo estrelado que usa a tragédia como cenário e o cadáver como um adereço, e transforma o jornalista em protagonista.
O caso mais extraordinário causou indignação a muitos telespetadores, mostrando que o cidadão comum tem mais noção dos limites do que muitos jornalistas. Mais do que a exibição de um cadáver tapado – apesar disso ser discutível –, o problema é um cadáver ser transformado em adereço de um “vivo” de Judite de Sousa, na mais macabra exibição de desrespeito que se pode imaginar. Mas tem razão a TVI quando diz que não são os únicos a falhar e recorda que até houve quem exibisse a fotografia de uma criança que tinha morrido, mesmo sabendo-se que os seus pais nem sequer estão em Portugal.
Numa comunicação social em crise, que viu nesta tragédia um momento para respirar, os tropeções têm sido muitos. Temos falado e vamos continuar a falar de tudo o que falhou nos bombeiros, na proteção civil, no Governo. Mas pode dizer-se que a comunicação social não está a passar neste teste. E o jornalismo escrito foi o único que, apesar de algumas falhas graves, cumpriu minimamente a sua função.
Fiquei cansado porque já nada de realmente informativo me estava a ser dado. Só dor, para que a dor me prenda ao televisor. Em doses repetitivas até já não ser dor nenhuma. Até ser apenas uma coisa que se possa transformar num hashtag.
Para defender a minha capacidade humana de continuar a sentir compaixão pelos outros desliguei a televisão. Às vezes é preciso ver menos para se continuar a sentir. Também estou, como Henrique Monteiro, farto de histórias sobre sobreviventes e mortos do fogo. Preciso, nas televisões, de jornalismo com menos sentimentos e mais informação.

Pedrógão Enorme



por estatuadesal
(João Quadros, in Jornal de Negócios, 23/06/2017)
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É muito triste escrever sobre o tema desta semana. É triste e monótono. Incêndios em Portugal. Andamos há anos nisto. Gastámos milhões num tal de SIRESP que, em termos de comunicações, acabou por ser como o meu pai com o telemóvel. Dezasseis horas incontactável porque estava no modo silencioso.
Vamos ver o que é o SIRESP e sabemos que, na origem, foi adjudicado a uma holding do BPN. 17 de Junho de 2017 e morrem pessoas em incêndios e ouvimos falar no BPN. Os bancos fizeram-nos muito pior do que nós imaginamos. Por tudo o que tenho ouvido por aí, penso que aquele senhor redondo do SLB, o Pedro o Guerra, é que devia ir dirigir o SIRESP.
Para piorar tudo isto, a cobertura jornalística do incêndio mostrou que, além de reformular a floresta, precisamos de dar uma grande volta ao jornalismo. Estou tão farto de ver filmar pessoas a chorar que já não tenho sal no corpo e estou cansado de ouvir textos jornalísticos/poéticos que juntam lume com inferno e céu com penumbra de cinza. Vocês, jornalistas, estão a dar a notícia de um incêndio, não estão a fazer o prefácio de um livro do Chagas Freitas. Ainda nem fazem bem jornalismo e já querem ser escritores.
Não se filma, e entrevista, um homem que acabou de perder, carbonizados, a mulher e os filhos. Ele até pode responder às vossas perguntas, mas tanto falava para um microfone como para um sapato. Perguntar a uma pessoa desfeita como se sente depois de uma tragédia destas devia merecer uma tareia com um pau em brasa, dada pelos psicólogos, que deviam estar a evitar isto. Aliás, preocupa-me é se mande para o Pedrógão, no meio dos psicólogos, o Quintino Aires.
Aproveito para expressar aqui o meu ódio para com aquelas pessoas que vão "ver o fogo". As pessoas que vão ver o fogo... ui. A minha ideia era uma inundação em casa, até ao tecto, e filmada para eles verem quando voltassem de "ver os fogos."
A floresta em Portugal é o centro de mesa daquilo a que chamaram o arco da governação. É a personificação vegetal do centrão. Dos interesses e desinteresses.
Há tanta coisa para esclarecer, e vão ter de rolar cabeças, mas sabem por que é que muitas daquelas pessoas se safaram? Porque estão habituadas a andar 100 km para ter um médico, ficar sem água, etc. É uma luta, têm de improvisar. Aquilo é gente rija que não se queixa porque o metro está atrasado dez minutos ou porque fazem falta mais vinte estações. Viver um ano no interior abandonado de Portugal devia fazer parte do curso dos comandos.
Além dos interesses económicos, o interior vale meia dúzia de votos. Na verdade, se não fossem lá filmar os incêndios, nós nem dávamos pelo que tinha acontecido. Podiam arder aldeias que só saberíamos anos depois. Tirando a aldeia de Picha, que conhecemos porque gostamos de fazer trocadilhos, o resto não fazia parte dos nossos mapas. Estas pessoas que insistem em viver no interior são uma chatice. Aquilo já era para estar abandonado há anos. São uns teimosos. Tiram-lhes os médicos, os correios, as escolas, e elas insistem em viver ali. Chatas!

Um Bentley em Oliveira de Azeméis

Bárbara ReisBárbara Reis

Opinião

Nada a dizer sobre quem ganha para comprar um Bentley. Mas quando um autarca recebe 4000 euros brutos por mês não deixa de ser estranho que tenha um carro igual ao de Mario Balotelli, o jogador italiano que não é conhecido por ser pobre.

23 de Junho de 2017, 7:45

O Bentley de Hermínio Loureiro que foi apreendido pela Judiciária
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O Bentley de Hermínio Loureiro que foi apreendido pela Judiciária DR
Em Oliveira de Azeméis, um Bentley não precisa de ser verde alpino metálico para dar nas vistas. Nem de ser um Bentley Mulsanne, o modelo topo de gama que custa quase meio milhão de euros.
Um Bentley é um Bentley e em Oliveira de Azeméis — que tem 20 mil pessoas e 27 quilómetros quadrados — terá sido difícil ao autarca Hermínio Loureiro atravessar a Avenida Dr. António José de Almeida a caminho do Teatro Caracas, refundado por um antigo emigrante da Venezuela, sem impressionar.
Hermínio Loureiro, que foi deputado, dirigente nacional do PSD, secretário de Estado do Desporto de Pedro Santana Lopes e presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis entre 2009 e 2016, foi detido esta semana por suspeita de crimes de corrupção, prevaricação, peculato e tráfico de influência. Com ele, foram também detidos Isidro Figueiredo, que o sucedeu na autarquia, um funcionário da câmara e quatro empresários. A Polícia Judiciária arrestou 15 imóveis, seis milhões de euros e seis carros de luxo. Um deles é um Bentley Continental GT, o que os especialistas definem como “modelo de entrada”, ou seja, o Bentley mais barato. Custa entre 234 mil e 314 mil euros.
Percebe-se o gosto do ex-autarca. Há muitas pessoas que têm um Bentley. O que Hermínio Loureiro guiava é bem mais discreto do que o Bentley cor-de-rosa de Paris Hilton, o Bentley Mulsanne de David Beckham, o Bentley descapotável de Schwarzenegger e Sylvester Stallone, ou o Bentley Flying Spur do príncipe William. Nada a dizer sobre isso. E nada a dizer sobre quem ganha para comprar um Bentley. Mas quando um autarca ganha cerca de 50% do vencimento-base atribuído ao Presidente da República, ou seja, mais ou menos 4000 euros brutos, não deixa de ser curioso que tenha um carro igual ao de Mario Balotelli, o célebre jogador de futebol italiano que não é conhecido por ser pobre.
PÚBLICO -
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PÚBLICO -
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Hermínio Loureiro, ex-presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis (cima) e o seu sucessor Isidro Figueiredo (de bicicleta, com o ministro do Ambiente, a inaugurar uma ciclovia) foram ambos detidos esta semana

Desde que foi eleito, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa — que na campanha presidencial percorreu o país num carro que, não sendo um boguinhas, é o chamado “carro utilitário” — tem pedido mais transparência na política e menos “compadrio com o poder económico”. No seu discurso do 5 de Outubro definiu a “ética republicana” deste modo: “De cada vez que um responsável público se permite admitir dependências pessoais ou funcionais, se distancia dos governados, alimenta clientelas, redes de influência e de promoção social, económica e política, aos olhos do cidadão comum é a democracia que sofre.”
Não sabemos se Hermínio Loureiro prevaricou ou traficou influência — e infelizmente vamos ter de esperar muito tempo para ter respostas. Mas sabemos que em Portugal não existe sequer uma lei que criminalize o enriquecimento injustificado, nem mesmo uma simples lei que defina regras sobre os valores máximos dos presentes que os titulares de cargos políticos podem receber. Lembro-me de há uns anos Jaime Gama, quando era Presidente da Assembleia, ter perguntado quantos euros custa uma “vantagem indevida” e ter ficado sem resposta. Na rentrée de 2010, o Parlamento aprovara novas regras de combate à corrupção e criara o “crime de recebimento indevido de vantagem” para os funcionários públicos, punido com uma pena de cinco anos. Mas não se definiram valores.
Agora, sete anos depois, a comissão parlamentar para o reforço da transparência parece estar prestes a chegar a consenso para aprovar uma norma geral que obrigue o Parlamento, o Governo, o poder regional e local e a administração pública a fazerem códigos de conduta que incluam o valor dos presentes a partir do qual as ofertas devem ser devolvidas ou entregues ao Estado. Mas arriscamo-nos a ficar sem valores — outra vez. A ideia é que não haja um número absoluto nacional e, em vez disso, cada órgão identifique o seu limite.
Confesso que não compreendo porque é que é diferente oferecer uma obra de arte, um carro ou uma viagem de férias a um deputado da Assembleia da República ou a um vereador de uma pequena freguesia rural. Condiciona mais ou condiciona menos? Um quadro do Picasso condiciona menos em Lisboa do que em Oliveira de Azeméis, onde não há um museu de arte contemporânea? Uma caixa de robalos vale mais no interior porque o mar está longe? Dez euros valem mais no Congo do que na Suíça. Mas dentro de Portugal a diferença não justifica empurrar mais um vez este problema com a barriga.
Em teoria, todos sabemos o que é uma “mera cortesia”. Na prática, porém, a ausência de um valor presta-se a mil interpretações. O CDS propôs um tecto de 150 euros e o Bloco de Esquerda de 60. Mais do que discutir qual valor protege melhor a democracia e a independência (na SONAE, proprietária do PÚBLICO, o tecto são 100 euros e no governo de António Costa são 150), seria bom concordar com a ideia simples de que deve haver um número. Não é por acaso que o tema não nos abandona. Quem não se lembra do presente chamado "liberalidade" em forma de 14 milhões de euros que Ricardo Salgado recebeu de um amigo construtor civil? Uma lei com um valor fixo não acabará com a corrupção. Mas regras claras e espartanas fazem bem à democracia.
Já agora, uma última questão. Esta lei — e lamento se induzi o leitor em erro — nada tem a ver com Hermínio Loureiro. O “seu” Bentley azul não era seu. Está em nome de um empresário seu conhecido. O ex-presidente da Câmara só andava com ele.

Fonte: Público